quinta-feira, 23 de maio de 2019

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (167)


HISTÓRIAS DE QUEM NÃO ABANDONA A CANCHA DE LUTA


ANA E ELISA: DUAS BRAVAS GUERREIRAS NO TEMPORÁRIO ESTALEIRO

ANA LELLIS - Já escrevi dela belos textos, pela perseverança de lutar e dar continuidade na cidade de Bauru a algo iniciado tempos atrás em Sampa e trazido para nós, com amor e carinho. Foi uma das fundadoras do Núcleo DNA Petista e sempre que pode, esteve presente em reuniões, passeatas e atos variados e múltiplos. Transmitia disposição e encorajava a todos. Hoje, um pouco combalida se recupera no Hospital de Base, onde permaneceu desacorda por vários dias, mas já começa a dar sinais de recuperação e isso nos encoraja a todos. Num dos textos que publiquei tempos atrás, algo com alguns dos pensamentos que a nortearam a vida inteira: https://mafuadohpa.blogspot.com/search…. Mora com a filha Priscila Lellis Krupelis lá no Chapadão e hoje, Ana Lellis pode receber visitar no novo horário para essa finalidade daquele hospital, das 8 às 20h. Só de ir vê-la, voltei de lá recarregado, pois ao segurar em suas mãos, ali estava embutido uma carga emocional com toda uma vida dedicada às causas sociais. Garra nunca lhe faltou.


ELISA CARULO
foi merendeira da Prefeitura Municipal de Bauru e uma das antológicas militantes do PC do B na cidade, tendo uma história de muita luta, décadas de exclusiva dedicação à atividade política. O tempo passou rapidamente e hoje, mesmo querendo sair e estar presente nos atos todos sendo realizados país afora, não consegue a contento, pois os impedimentos de saúde lhe brecam a vontade de colocar o bloco na rua. Moradora do Roosevelt, hoje fica mais em casa e refém dos remédios, a maioria disponibilizados pela saúde pública, mas nem sempre com entregas regulares, daí sua situação chega a se agravar. Dela publiquei alguns anos atrás um belo perfil, onde tentei retratar um bocadinho de sua vida e militância, dessas a deixar imensa saudade em todos que continuam na lida, pois sempre foi das mais aguerridas e solidárias. A vejo hoje numa imagem na TV, hora do almoço, reclamando da falta de remédios e bate aquela enorme saudade no peito.
Obs: Ambas são também foliãs do bloco farseco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é Mixto, tendo já saído em alguns anos junto dos foliões na descida do Calçadão da Batista nos sábados de Carnaval.

SEU PAVAN CONTINUA INSISTINDO EM BOTAR SEU BLOCO NA RUA
Na série Retratos de Bauru, a de número 206, publicada por aqui em 08/09/2017, retratei a história do seu Pavan, famoso pela loja de carimbos no centro da cidade. Eis a reprodução daquele texto: "SEU PAVAN, EX-CARIMBADOR DA RODRIGUES, CIRCULA COMO PODE PELAS RUAS BAURUENSES - Nesses tempos mais que ruins, dantescos, nada como ficar numa nuvem só recordando o passado. Faço isso em cada escapulida pelo centro, pois o que mais ocorre é ir trombando aqui e ali com gente a lembrar de um já remoto passado, para mim, muito mais ameno que os tempos atuais. Uma grata recordação que tenho do centro da cidade é de uma loja ali na avenida Rodrigues Alves, quadra 6, a Carimbos Pavan. A primeira lembrança é de dona Diva, aquele simpática senhorinha, jeito meigo, espevitado, falante como só ela, um primor no atendimento. Era a cara do estabelecimento. Depois vinha seu marido e depois, mais duas personagens, todos crias do lugar. Tonhão bateu cartão ali por décadas, árbitro do futebol amador e fonte de um inesgotável bate papo e depois, na retaguarda da fabricação dos carimbos, o Julinho, que deve ter aprendido a fazer a coisa ali no atendimento e lá nos fundos, numa casa transformada em fabriqueta dos ditos cujos. Foram por muitas décadas a referência em carimbos em Bauru e na região. Muitos vinham de longe para fazer carimbos ali com eles. Isso durou até quando deu. Hoje a loja está fechada e um desses, o patriarca de tudo, eu vejo pelo centro, circulando como pode e escrevo umas linhas saudosas dele e dos seus.

SEU PAVAN é um senhor grandalhão, desses do tamanho de um guarda roupa, quase dois metros de altura. Era o contraste na loja, pois a esposa era magrinha, corpo esbelto, cabendo em qualquer vestido tamanho “P”. Ele não, seu tamanho sempre deve ter sido pra lá do “GG”. Cresci vendo ambos detrás do balcão do “Carimbos Pavan” e ambos batendo um bolão, conversadores (ela muito mais que ele). Conseguiram transformar uma simples loja de carimbos num dos pontos mais tradicionais do centro bauruense. Durou décadas e o negócio foi tocado até quando deu. Com a morte da esposa, seu Pavan arrefeceu, tentou tocar mais um tempo, mas deixou tudo aos cuidados do Julio e do Tonho. Eles tentaram mais um tempo e seu Pavan foi curtir a aposentadoria.
Durante muito tempo morou ali no edifício Carmen, defronte o Bradesco, rua Agenor Meira com Ezequiel Ramos. Com a morte da esposa, foi-se do centro, mas possui um lugar só seu, um cantinho no Bar La Taska e não tem semana que não permanece um tempão ali sentado, curtindo a conversa com seu quase irmão, o dono do estabelecimento, que pela semelhança muitos creem sejam irmãos, mas o são só amigos. Seu Pavan não gosta de permanecer muito tempo entre quatro paredes e circula pelas ruas, onde todos o conhecem. Segue amparado pelas suas muletas, sua tradicional bermuda branca e quase sempre com uma estampada camiseta. Vê-lo nas ruas seguindo pelos conhecidos trajetos do passado é voltar no tempo, olhar num Bauru lá de trás e tentar tocar o barco pra frente, cada um ao seu modo e jeito. Os Pavan merecem um acarinhamento especial pelo proporcionado a todos nós, algo que tento fazer aqui neste xumbrega texto".
Esse texto pode ser lido, com mais fotos clicando a seguir: https://mafuadohpa.blogspot.com/search….

Agora o reencontro, passado mais uns poucos anos e ele querendo e fazendo de tudo e mais um pouco para vencer as adversidades e impedimentos da vida, para botar o bloco no rua, ou seja, continuar frequentando as ruas bauruenses. Ele mora num daqueles prédios perto do Camélias, isolado do centro da cidade por muitos quilômetros de distância e na sua situação, com o auxílio de duas muletas, algo um tanto intransponível. Não para ele. Dias atrás o vejo saindo pelo portão do prédio onde reside e se dirigindo lentamente até o ponto de ônibus, devagar e sempre, porém sem desistir. Busca forças bem lá dentro de si e consegue, com auxílio do motorista e alguns passageiros a subir e depois descer do coletivo, mas não deixa de perambular, bater perna, ver o sol e as pessoas circulando pelos lugares onde esteve presente uma vida inteira, o centro da cidade. Nessas duas fotos, uma homenagem de minha lavra para quem promove um esforço mais que dantesco, porém, não se entrega e estará circulando pela aí enquanto forças tiver, pois tem dentro de si essa chama que não se apaga nunca, a de circular e bater asas.

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