terça-feira, 31 de março de 2020

CENA BAURUENSE (199)


DIÁRIO DA QUARENTENA EM POSTS DIÁRIOS AQUI COMPARTILHADOS

01. Em 20/03: Em foto de autoria desconhecida, viralizada no dia de ontem, algo da inauguração do supermercado Confiança Nações e nela a maior aglomeração humana, principalmente de idosos, destes dias de pandemia em Bauru.
02. Em 21/03: Impactou Bauru no dia de ontem, sexta, 20/03, a movimentação dos sindicatos dos Bancários e Professores da Escola Pública diante da maior agenciadora de mão de obra em telemarketing na cidade, a Paschoaloto, próximo ao Bauru Shopping, propiciando a paralisação das atividades em tempos de pandemia. Hoje, todos em casa, sem saber como serão seus dias durante o transcorrer do que teremos pela frente, pois os salários não foram garantidos.
03. Em 22/03: "Calçadão de Bauru com todas lojas fechadas neste sábado", com essa legenda o jornalista Aurélio Fernandes Alonso reproduz como estava o centro comercial bauruense na manhã de ontem e, quiçá, nos próximos dias.
04. Em 23/03: Numa foto tirada sexta passada, 20/03, a Unidade local do Poupatempo já atendia por triagem e com portas meio a meio. Hoje, pelo que se noticia, tudo fechado e atendimento só mesmo pelos meios virtuais.
05. Em 24/03: Recado na porta da farmácia, área comercial do Supermercado Confiança Nações é a mesma espalhada pelos mais diferentes locais da cidade e a demonstrar a desaparição dos três produtos mais procurados no momento.
06. Em 25/03: Com o isolamento social instalado, como se dá a obtenção da renda diária dos que sobrevivem de seus pequenos comércios nas esquinas, como o deste senhor, até semana passada no Calçadão da Batista, em foto tirada por Roque Ferreira?
07. Em 26/03: "Catador que atua no meu bairro bateu no meu portão. Virou pedinte. Ferro velho está fechado. Renda cidadã É EMERGÊNCIA. Ou teremos saques e violência", é o que escreve Alberto Lula Pereira e compartilho com foto de minha lavra, tirada meses atrás na rua Henrique Savi: Renda Mínima urgente, esse o papel de consciente Governo Federal.
08. Em 27/03: Na rotatória do alto das Nações, caminho pra Unesp, Geisel e Zoológico, um outdoor teve o complemento que merecia e explicita algo do crescente clamor popular.
09. Em 29/03: Ontem pela manhã na descida da Brisola, defronte posto de combustível, homem enrolado num cobertor tenta se aproximar das pessoas e é rejeitado, conseguindo pouca coisa para sua subsistência.
10. Em 30/03: No parque Vitória Régia, debaixo de muitas árvores, próximo da nascente de uma bica d'água, uma barraca e alguém por lá, levando a vida como pode e consegue.

MAIS DO DE SEMPRE, O QUE NOS MANTÉM EM CADA
1.) SÃO ESSES... - COMO FAZER CHEGAR ATÉ ELES A RENDA MÍNIMA
Eu cá estou no meu bunker, fechadinho, saindo quase pra nada. Tudo caminhando, situação difícil, mas não desesperadora. Vai ser possível chegar ao fim disso com dignidade. Contas negativadas, mas nada muito fora do controle. Tudo poderá ser recuperado. Dito isto, vamos ao que mais deveria preocupar nos dias de hoje, com esses da ilustração. Olho para o desenho e enxergo todos os demais na mesma situação. O que posso eu vou fazendo daqui de onde me encontro. Participo de doações variadas, cestas distribuidas aqui e acolá. Cada um faz a sua parte como pode. Sei que isso é muito pouco, diante de tanta gente sem conseguir obter renda. A Renda Mínima do Governo Federal é a solução para o período. A Câmara e o Senado já aprovaram e hoje deve ocorrer a sanção presidencial. O valor ainda não é o almejado, mas será de grande valia se chegar de fato para quem de direito. A luta dos sensatos agora é nesse sentido, fazer com que essa grana, os R$ 600 ou mesmo R$ 1.200 chegue a todos os que dele necessitam e sem isso o período será mais do que de muita amargura. Esse país vive de pressão, seus políticos só conhecem essa linguagem e que assim seja. Estou me preparando para ter todas as informações de como esse valor possa ser recebido e repassar para um número cada vez maior de pessoas, para que essas o usem para o seu sustento. Essa a forma como posso ajudar. Existirão aproveitadores e esses se descobertos devem ser linchados, pois o momento é de união de esforços para que ninguém passe necessidade, fome mesmo. Os com registro e já cadastrados como empresa individual simples terão a situação facilitada, mas os autônomos, ambulantes, biscateiros, mendigos, andarilhos, gente sem eira nem beira, esses necessitarão de ajuda, primeiro para conseguirem receber e depois, para que bestiais não os sacaneiem. Os tempos serão duros e minha missão daqui por diante será a de esclarecer, informar, dar o meu quinhão para ver os desvalidos deste país consigando ter esse mínimo em mãos. Nada está muito bem definido. A informação é que o Ministério da Infra Estrutura disponibilizará um formulário específico para esses, algo ainda não existente, com preenchimento e entrega também ainda confusos. Estejamos atentos, tanto para não nos deixar ser enganados por esses todos atuando dentro do desGoverno do capiroto, querendo dar nó em pingo d'água, como tudo o mais que surgirá de dificuldades. É o que me resta fazer com os instrumentos que tenho nas mãos. E farei.

2.) SONHOS EM TEMPO DE PANDEMIA - SONHAR NÃO CUSTA NADA
Trancado em casa nesses obrigatórios momentos, minha rotina usual não é a mesma. Os horários estão todos doidos. Durmo no meio da tarde, algo que muito pouco fazia até então. Nem tempo dava, hoje me sobra. Tento colocar o despertador para continuar acordando as 6h da manhã, para não tentar me perder de vez. Algo da antiga rotina precisa ser mantida. Essa uma delas. Ao acordar as 6h, tento reproduzir aqui dentro de casa algo da mesma rotina que tinha até bem pouco tempo, enfim, não posso deixar a coisa degringolar. Além de tudo, tenho sonhado mais. Os dois últimos, um de sexta pra sábado e este agora, me fazendo acordar 4h20, levantar e vim batucar no computador, tudo para não esquecer o que queria depois escrever e, com certeza, teria dificuldade para lembrar. No primeiro, não tenho mais nem a vaga lembrança do roteiro ali traçado, mas ao acordar, tinha a certeza de estar diante de um roteiro pronto e acabado de um baita filme. Para mim, com ele fresco na mente e pelas peripécias acontecidas, a construção mental possibilitada e ali juntada, estava diante de uma obra de arte digna de Fellini, Pasolini, Nanni Moretti ou algo do gênero. Perdi tudo. Não consigo lembrar de mais nada e lá se foi a esperança de ficar rico vendendo um belo roteiro cinematográfico. Agora nesse momento a mesma coisa. Desta feita o sonho se deu tendo até um ator já seu papel principal, o amigo Paulo Betti, ele contracenando comigo, algo arrebatador, um corre-corre danado e aqui na cidade “sem limites”, Bauru. O sonho foi tão intenso, tanto que acordei suado, muito antes da hora. Novamente a sensação de ali residir outro roteiro pronto, uma história não só mirabolante como boa demais pra ser levada para as telas. Sabe o que aconteceu entre o levantar, urinar, tomar água, acender as luzes pelo caminho e chegar até o computador? A perdi. Não consigo mais lembrar de nada. Nem um mero fiapo. Comigo as coisas se dão assim. Nem sempre sonho, mas quando o faço, eles são incomensuráveis e, creio eu, dariam belas histórias se passadas para o papel, mas de tão bem construídas, rica em detalhes na fértil imaginação dormindo, não existe como, impossíveis para mim de lembrar, quanto mais passá-las para o papel. Fico desolado. Perco oportunidades de me tornar famoso roteirista com essa bagunça mental. Ana Bia Andrade, minha companheira de todas as horas sonha muito mais que eu, todos os dias e se perguntarem a ela, bem capaz de narrar todos eles, nos mínimos detalhes. Eu não. Lembro que sonhei e aquilo tudo a me ferver durante sua transcorrência, se esvai entre os dedos, evaporação no estilo vapt-vupt. Acordo desolado, tento retomar a coisa e nada. Se volto a sonhar já é outro tema. É normal isso? Preciso urgente de algo onde possa gravar meus sonhos. O que me sugerem? A mente possui desvãos tão ricos e desconhecidos por todos nós.

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