quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

UM LUGAR POR AÍ )156)


CAMINHOS E ESCOLHAS, O CASO ABILIO DINIZ E O POSICIONAMENTO DOS GRANDES EMPRESÁRIOS BRASILEIROS
Confesso algo abominável, mas até tempos atrás nutria certa simpatia pelo empresário Abilio Diniz. Sua ascenção e como se fez sua caminhada até ter em mãos um dos maiores grupos supermercadistas do país. Sentia nele uma certa sensibilidade social, uma conversa sedutora e me deixava levar. Durante os governos do PT, principalmente nos de Lula, nunca teve um posicionamento destrutivo, perverso na sua plenitude. O achava diferente dos demais empresários deste país, principalmente os grandões. Ele também teve seus problemas na administração do grupo, teve que se desfazer de parte de suas sociedades e assim continua na crista da onda - vão-se os anéis, ficam os dedos. Mas o que mudou de lá para cá? O golpe de 2016, Temer e Bolsonaro, isso fez com que a maioria dos empresários brasileiros, primeiro apoiassem a reforma trabalhista, que fumbicou de vez com os direitos trabalhistas. O empresário que esteve apoiando tudo o que foi feito, impossível um olhar de carinho para com estes. Diniz não se pronunciou sobre nada disso. Quem cala consente, daí, neste domingo quando me deparei com seu livro na Banca do Carioca, na feira do Rolo, tudo isso me veio à mente e tentei traçar como se deu a caminhada de gente como Diniz após a chegada do fundamentalismo ao poder. Onde estão hoje e onde se situam? Aquela admiração de antanho se perdeu com o tempo. Diniz envelheceu e não possui nem mais o poder de antes, mas podia muito ter estar falando em nome da maioria dos iguais a ele, numa demonstração de gostar de fato deste País e buscar algo sensato como solução, principalmente na superação do que passamos hoje. Não faz nada disso e isso me atormenta. Qual é a dos ditos empresários brasileiros, os tais cabeças pensantes, os que mandam de fato, os que possuem influência e voz, os intelectualizados? Estão todos coniventes e aceitando numa boa o que foi feito com o Brasil? Que eles todos estão perdendo e muito com o momento atual, mesmo ganhando, poderiam estar em outra e daí, me questiono, da mentalidade predominante da maioria da elite e classe empresarial brasileira, a que dá sequência ao estilo e prática Casa Grande & Senzala. Quantos se mostram como envernizados e moderninhos por fora, mas por dentro pão bolorento? Diniz me fez pensar nisso tudo e, é claro, só fotografei seu livro, não tendo coragem nem de por mais as mãos neste momento. E aqui em Bauru, qual o posicionamento dos empresários desta terra varonil, qual a linha de pensamento e ação destes? Apóiam incondicionalmente o capiroto? A classe trabalhadora cada vez mais encurralada num paredão e estes posando de bons mocinhos. Não engulo mais essa.

AS DUAS CASAS, LADO A LADO EM JACUBA
Jacuba é logo ali na curva da esquina. Distrito de Arealva, fica do lado de cá da pista. Pode ser considerada menor que muitas vilas desta aldeia bauruense. Lugar pacato, poucas ruas, uma praça central e no entorno pequenos comércios. Dias atrás estive por ali e algo me chamou a atenção. Parei em frente ao Posto de Saúde, tendo na esquina o Cartório e fiquei aguardando alguém com um procedimento. Tive tempo para espairecer a cabeça. Primeiro uma casa me chamou a atenção, com sua frente toda parecendo uma bela colcha de retalhos, com cacos de azulejos e pisos compondo sua fachada e noutra algo feito sob encomenda, com plano de arquitetura, bem construída, imponente e reluzente.

Com tempo, me pus a compará-las. Numa, com toda certeza, um profissional foi contratado, executou o serviço, impecável e o resultado está ali pra quem quiser ver. Na outra, seu proprietário queria obter o mesmo resultado, mas talvez com menos recursos, optou por outra estratégia, o uso de sua própria criatividade e, juntando cacos e pontas de estoque, montou um mosaico diversificado, dentro da concepção que possui de beleza. Essa me chamou mais a atenção. A outra, levantada com recursos e condições diferenciadas, tem lá sua importância, mas nada se compara com a critividade e ousadia de quem se propõe a executar algo e o faz mesmo na adversidade. Não sei como a arquitetura considera e qualifica isso, mas creio eu tenha significativa importância. Respeito em primeiro lugar.

Não estou aqui para discutir estética, beleza, mas naquele momento, diante das duas residências e tendo as duas famílias ali em suas casas, pois presenciei movimentação em ambas, tive uma vontade indisfarçável de ir papear com o morador dessa cheia de desejos de, ele mesmo, ao seu modo e jeito, fazer algo e chamar de seu. Fiquei na vontade, mas se puder ainda volto lá só para elogiá-lo. O outro não precisa de elogio, sua casa deve ser confortável, é bonita e não existe muito para se discutir. Já dessa outra, se o abordasse, teria assunto para uma tarde inteira de boa conversação. O brasileiro quando quer é dos mais criativos. Ele mesmo faz e acontece e numa pequena vila, como Jacuba, onde tudo é tão parecido, nada foge do trivial, está tudo tão certinho, um pedaço do mundo onde tudo rola de forma traqnuila, sem grandes incidentes, ver essa fachada, já me fez viajar na maionese. Posto as fotos, delas duas lado a lado e depois, a que me fez escrever este texto. Ela é uma casa em constante mutação, pois a cada novo dia, seu proprietário pode encontrar por aí um novo caco e descobrir que ficará lindo se adicionado a outro que já está lá fixado e daí, creio que tudo vai tomando forma e se transformando num obra de arte a céu aberto.

A INTENÇÃO DA PREFEITA SUÉLLEN E DA SECRETÁRIA DE CULTURA TATIANA SÁ É TRANSFORMAR A "CIA ESTÁVEL DE DANÇA" E TUDO O MAIS POR LÁ NUM JOGRAL GOSPEL
As atitudes são nítidas, claras e todas no sentido de aniquilar de vez toda e qualquer manifestação cultural pelo viés público. Nesse post por mim compartilhado, da vereadora Estela Almagro, só mais um detalhe do que virá pela frente. Desde que assumiram juntas, a cidade e a Cultura, ocorre o mesmo que no desGoverno do ex-capitão em Brasília, o terra arrasada. A destruição total e absoluta de toda e qualquer manifestação cultural livre. Só permanecem funcionando algo onde exista uma total conivência com os princípios fundamentalistas, o que vai em total desalinho com os preceitos mínimo culturais. Neste momento, com esse novo Diretor de Ação Cultural, Thiaguera, músico gospel sertanejo, totalmente desconhecido da classe artística, só ali estando para dizer amém a todas as perversidades propostas pela triste dupla, Suéllen e Tatiana. A Cultura pública municipal não mais existe em Bauru, pelo menos enquanto Suéllen for a prefeita. Vai ser um horror, mas muito em breve, tanto a Cia Estável de Dança, como o Teatro Municipal de Bauru receberão somente apresentações gospel. A perversidade da dupla não tem limites, ou seja, tudo o mais é possível.
A PUBLICAÇÃO DA VEREADORA ESTELA ALMAGRO SOBRE O ASSUNTO:
AO NEGAR RECURSO PARA CIA ESTÁVEL DE DANÇA, SUÉLLEN CONFIRMA SUA PRÁTICA DE DESIDRATAR A POLÍTICA CULTURAL EM BAURU
O governo Suéllen Rosim promove mais um ataque frontal à cultura de Bauru. Sem justificativa, a administração barrou a participação da Cia. Estável de Dança na edição de 2022 do Curso Internacional de Férias no município de Salto (SP) ao não repassar cerca de R$ 10 mil.
Dessa forma, o governo Suéllen demonstra que pretende transformar a Cia. Estável de Dança de Bauru em um jogral gospel, retirando o caráter cultural-artístico inovador e inventível, e formador de talentos da Companhia de dança, que desenvolve um processo criativo com a linguagem cênica, usando a dança como forma de expressão máxima.
Sem o recurso público, pela primeira vez sem justificativa plausível, os 8 bailarinos deixaram de embarcar para o curso a partir de 14 de janeiro, quando participariam de 58 aulas no período de 10 dias.
A Cia.tem como fundamento a formação de bailarinos em curso internacional com intercâmbio com profissionais internacionais da dança.
Desde sua criação, há 10 anos, a Cia. Estável marca presença neste importante curso de formação de bailarinos. Houve apenas um ano em que a administração antecipadamente informou a impossibilidade do repasse.
CADÊ ASSINATURA?
Neste ano, foi montado um processo que necessitava da assinatura da prefeita Suéllen Rosim. Como não houve a assinatura, o setor de Finanças da Prefeitura de Bauru não providenciou a liberação do recurso para inscrições e transporte dos bailarinos.
O diretor artístico da Cia. Estável de Dança Sivaldo Camargo acrescentou que, na tarde desta terça-feira, dia 18, ouviu de pessoas da administração a tentativa de justificar o injustificável para explicar o não repasse dos recursos.
Precisamos reagir a esse desmonte da política cultural em Bauru, no seu sentido mais amplo !
Vamos exigir explicações !

2 comentários:

Marcos disse...

Ahhh, Henrique!! Fico a imaginar qual seria o comentário irônico do Almir ao ler sua postagem sobre o Abílio Diniz e empresários brasileiros. Que falta enorme ele já faz. Mas deixo o meu comentário.

O problema não são os empresários, estes estão a defender sua classe, o problema é a 'esquerda' bacurau que não entende o marxismo e a luta de classe e insiste em ter um burguês para chamar de seu... que acha ser possível reformar o capitalismo e conciliar classes com interesses antagônicos.

Camarada Insurgente Marcos

Mafuá do HPA disse...

Obrigado Marcos, quando escrevi fiquei com a mesma impressão e também pensei no Almir e no que me diria. Foram sentimentos de antanho, muito tempo atrás, hoje abomino todos, mas mereço a estocada, pois incompreensível algum sentimento de querência para com gente nos fumbicando sem dó e piedade. Grato. Henrique, direto do Mafuá