quarta-feira, 17 de junho de 2020

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (160)


AÇÃO DA EMDURB COM MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA NA REGIÃO DO TERMINAL RODOVIÁRIO

                                               "Nós somos os homens ocos,
                                                          os homens estofados,
                                                          escorados uns nos outros,
                                                          a cabeça cheia de palha."
                                                          T.S.Elliot - The hollow men
Quando vi pela primeira vez as fotos da Valéria de Carvalho
 Costa, a indignação foi a primeira reação. No mínimo, faltou sensibilidade na ação. No mínimo, pois faltaram muitas outras coisas. Compartilho a postagem do vídeo (Eis o link do post: https://www.facebook.com/valeria.decarvalhocosta.9/videos/2588767391336743/) nas redes sociais com o seguinte texto: 

QUE RAIO DE AÇÃO FOI ESSA DA PREFEITURA NO TERMINAL RODOVIÁRIO? 

Que a Prefeitura Municipal através da EMDURB tenta melhorar o aspecto do terminal Rodoviário de Bauru é uma coisa, outra bem diferente é esta ação intempestiva de recolher os cobertores dos moradores da praça/estacionamento defronte o local. Perguntas que não querem calar:

- Por que algo desta natureza justamente agora, com o começo do inverno e diante de uma pandemia em ascenção?

- Para onde foram levados os tais cobertores? Foram todos jogados no lixo?

- Já existe um local apropriado para deslocamento de todos os ali localizados?

- Existe um trabalho anterior de orientação junto a esses, convidando-os para pernoitarem em outro lugar?


São muitas perguntas sem resposta e muita indignação diante de algo que ficou registrado, tanto em fotos, como em vídeo e neste momento, aguardando uma resposta convincente dos órgãos competentes da Prefeitura. Enfim, qual a intenção disso tudo e da forma como foi realizada?

Amanheço e posto uma foto isolada, a da perua Kombi da Emdurb lotada de cobertores com o seguinte texto: “Dentre todas as fotos publicadas por Valéria de Carvalho Costa no estacionamento do Terminal Rodoviário, dois dias atrás, com a retirada dos cobertores de todos os que ali se encontravam em situação de rua, essa ainda se encontra sem respostas: Enfim, o que foi feito, não só com aquelas pessoas, mas com os cobertores lotando essa perua kombi? Foram reaproveitados ou simplesmente descartados?”.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES:
Precisamos levar em conta todos os lados da mesma questão. Não estou em condições de ligar para os responsáveis pela Emdurb e ouvir suas justificativas, mas creio, pelo passar do tempo, elas já deveriam ter ocorrido, publicadas em notas com os detalhes do ocorrido. São dois dias do fato e com grande repercussão pelas redes sociais. Leio agora no Jornal da Cidade, ótimo texto da jornalista Tisa Moraes na edição de hoje, “Ação visa acolher moradores de rua em razão da Covid e gera polêmica – Pessoas que vivem na praça da Rodoviária reclamam da retirada de pertences; Sebes e Emdurb negam atitude arbitrária”. Eis o link para a leitura da matéria completa:

https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2020/06/726997-acao-visa-acolher-moradores-de-rua-em-razao-da-covid-e-gera-polemica.html.

Reproduzo também comentário postado ontem por Markinho Pires, conhecido carnavalesco na cidade e atuando como moto-táxi, inclusive na região do terminal rodoviário: “Meu não é por nada não, mas lá tá difícil até pra ir de carro, tudo nóia usando droga e pedindo dinheiro. Não sou a favor de fazerem isto, mas tá feio lá”. Eu frequento rotineiramente o terminal e sei do que Markinho escreve. Não existe como tapar o sol com a peneira. Leio constantemente relatos de frequentadores do terminal assustados com os rumos de abandono e descaso não só de quem deveria cuidar e manter o local limpo e seguro, como das histórias ali vivenciadas, algumas com algum risco, até mêdo. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A solução para estes vivendo nessa situação, se junta a de outros com outros interesses e quando tudo no mesmo balaio, muita confusão. A Sebes e a Emdurb sabem estar diante de um problema de difícil solução, agravado em muito pelo que se vê país afora, com aumento desproporcional do número de pessoas em situação de rua. Que ali não é lugar ideal para continuarem vivendo, ponto pacífico e só de saber da existência de quem se preocupa com isso, buscando soluções, algum alento.

Li as justificativas, algumas compreensíveis, outras necessárias, mas mesmo assim, muita coisa não bate com a realidade dos fatos. Pelas fotos se vê que não foram retirados somente os cobertores inservíveis. O que foi feito é que todos foram jogados na caçamba da Kombi, misturados inclusive com lixo (num certo momento se vê um servidor jogando galhos no monte de objetos). Ou seja, o destino de tudo, sem nenhuma triagem deve ter sido mesmo o lixo, o que é uma pena. Outro fator é para onde essas pessoas estão sendo deslocadas? Retirá-los do centro, onde conseguem algum durante o dia para sua subsistência e enviá-los para abrigo no Ginásio Improta, depois do Hospital Estadual, caminho para Unesp é algo palatável, mas muitos rejeitam, pelo afastamento de onde tiram o sustento. Essa história me faz lembrar outra, a da derrubada de núcleos habitacionais, tipo cortiços localizados em áreas centrais de várias cidades brasileiras e o deslocamento de seus moradores para locais distantes dos olhos de quem circula pelas regiões centrais. Seria essa a mais usual higienização brasileira ad eternum?

Acompanho e admiro o belo trabalho da Sebes – Secretaria do Bem Estar Social em Bauru, mas não vejo muito integradas as ações deles com a Emdurb – Empresa Municipal de Desenvolvimento Rural e Urbano. Nessa poderia ocorrer uma delas, mas faltou transparência e ação coordenada. Não sou favorável aquelas pessoas continuarem com seus pertences ali naquele canto de praça, além do que, sabemos alguns deles causando transtornos, mas faltou tato, jeito no modus operandis da operação de retirada. Por mais que justifiquem tudo ter ocorrido em consenso, isso só será compreensível se o outro lado for ouvido. O problema é muito complexo e para tanto, muitos detalhes, inclusive o de quem faz campanha pela cidade para arrecadar cobertores, visando que estes não passem frio no período e agora, de uma só tacada observam tudo ser devidamente jogado no lixo. E no mais, quem me diz que hoje, nesse exato momento, no mesmo local não estejam ali localizados os mesmo retirados/despejados dias atrás? Pessoas em situação de rua merecem todo o respeito e consideração, isso sempre necessitando ser colocado em primeiro lugar por todos que cuidam e tratam diretamente com este delicado trabalho. A questão social neste país só se agrava e quando tratada a ferro e fogo, nenhuma solução aproveitável e só o agravamento das tensões. E neste momento - crise política, pandemia, agravamento questão social - é tudo o que não precisamos.

OUTRA COISA DA MESMA COISA - PASQUIM E AROEIRA
1.) ESTE GOVERNO NÃO AGUENTA DOIS PROGRAMAS DE TELEVISÃO
Como todos sabem, sou pasquineiro de quatro costados, mantendo alguns ainda intactos entre meus salvos ao longo do tempo. Num destes, na primeira capa a manchete com uma entrevista do deputado federal, senador e ministro do STF, o gaúcho Paulo Brossard, falecido em 1989, aos 90 anos e de toda sua fala algo que pode muito bem se encaixar no vivido hoje pelo desGoverno do Senhor Inominável: "Este Governo não aguenta dois programas de televisão". A imprensa alternativa desancavava os malfeitores, malversadores do bem público e os humlihavam sem dó e piedade. Hoje, a imprensa, mesmo diante de toda perversidade, milicianismo em curso, ainda pega leve demais com os propondo a destruir o que nos resta de liberdades. Se quisessem não restaria pó sobre pó, pois sendo puxado o fio dessa meada, todos hoje encastelados no poder cairiam de podres. Achei o jornal por acaso e ao dar com a entrevista, ela me arrebatou. "Ah, se ousassem querer mesmo derrubar esses todos!", estou a repetir com meus botões. Mas não, pegam leve, não sei se querendo vê-lo sangrando aos poucos, mas também por saberem que ele, mesmo tão maléfico, fez tão bem o serviço sujo, do interesse desta elite cruel e insana, uma que a nossa mídia massiva acoberta e defende. Só mesmo a imprensa alternativa para ir no ponto, na veia e colocar o dedo na ferida. Hoje ela se apresenta pelas redes sociais e precisam, com urgência, desvendar de uma vez por todos todos os desmandos praticados pela máfia no poder. Cansei de ver a coisa ir sendo cosntruída aos poucos, sendo que do outro lado, eles podem estar se fortalecendo, buscando saídas nada legais. Já do Pasquim, sempre eles tinham frase de duplo sentido, logo abaixo do título do jornal e neste algo sui generis: "Um jornal que não aguenta nem um programa de televisão".

2.) ISSO QUE EU CHAMO DE "COLEGAS DE TRABALHO"
O traço e a verve do cartunista Aroeira eu já conheço de muito tempo. Eu o acompanho desde muito tempo e desde sempre uma empatia ululante, dessas de bater os olhos a primeira vez e nunca mais conseguir desgrudar os olhos. Aroeira tem um lado, o deste Brasil que hoje padece nas mãos do nefasto serial killer, o nazista e miliciano a nos governar da forma mais autoritária possível. Sua charge a demonstrar as proximidades entre o desGoverno do Senhor Inominável e o Nazismo é um primor. Não foi o primeiro e nem será o último. Enfim, a coisa é tão escancarada que, só mesmo os néscios não percebem. Do autoritarismo vigente para um salto a mais, fechamento de Congresso, eliminação de adversários e instituições, o roteiro deste Ovo de Serpente, sendo chocado diante de nossos olhos é mais que realidade, pois está aí, a cada dia um novo ato a comprovar que o chargista acertou na mão e em cheio. Quiseram processá-lo e pelo visto, terão um pequeno probleminha pela frente. A categoria dos chargistas/cartunistas é unida e está toda ela produzindo charges de igual teor e assinando junto dele, ou seja, terão que processar todos. Isso é mais, muito mais que simples COLEGAS DE TRABALHO. Isso são verdadeiros amigos, companheiros de luta e de empreitada. Me somo a esses e vejo que só chegaremos no objetivo final agindo da mesma forma e jeito, um encampando o que outro fez, chamando também para si a responsabilidade e lá na frente, todos juntos se defendendo e esgrimando unidos pela derrocada do mal maior a nos infernizar a vida. Ações como essa são um maravilhamento da vida.

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