quarta-feira, 6 de maio de 2020

ALFINETADA (190)


ENFIM, QUAL O LADO CERTO? UM OLHAR NÃO PELO LADO DO GRANDE COMERCIANTE, MAS DO PEQUENO - FECHAR OU ABRIR, EIS A QUESTÃO?
"Então vamos lá.
Você vai na CAIXA e aí descobre que vc não tem direito ao auxílio de 600,00 e aí??
Você não tem mais dinheiro pra comprar comida e ai???
Como alimentar minha família, e aí???
Se olharmos os governantes, os políticos que sugerem pra você ficar em casa e aí???
Uma parte da população onde se tem um padrão de vida confortável e que estão confortáveis em seus isolamentos vem mas redes sociais e pede pra vc ficar em casa e aí???
Mas o pai de família, a mãe de família e seus filhos estão no limite, sem recursos, sem perspectiva, e sem comida e aí???
País de famílias desempregados sem dinheiro vão viver de que? e ai???
E aí depois disso tudo que falei se vai pedir pra mim ficar em casa???? Se me pedir vou te mandar a MERDA. Pois tenho uma família pra sustentar e alimentar e vou pra luta e que a minha fé e DEUS me proteja é o que me resta.
Autor Desconhecido"
, postado por Edmar Donizete Silva.

O amigo Edmar está errado em pensar exatamente como no texto que publica hoje em sua página no facebook? Não, mas também tem o outro lado. Sempre isso, dois ou até mais lados. A situação dele, como pequeno empresário ficou desesperadora e, acredita que a solução venha com a abertura das portas e o enfrentamento de peito aberto, tentando algo que não será mais possível, o retorno à vida como tínhamos antes. Muita coisa mudou. Pouca gente percebeu isso, vamos demorar muito tempo para voltar a uma suposta normalidade, se é que ela vai um dia voltar. O texto não está errado em afirmar que, os com mais recursos podem pedir pra que fiquemos em casa, pois tem grana para se manter. E os que não tem, o que fazer? Eis a questão. A encruzilhada é exatamente essa.

De um lado os donos do capital, os grandes empresários e seus negócios, gerando muita grana, para, os donos do negócio. Sempre foi assim no mundo em que vivemos, o do capitalismo. O que gera a riqueza do empresário e do comerciante é a força do trabalho. O empresário sabe disso. Sem o trabalhador ele não é nada, torna-se um inútil. Para o grandão que quer a abertura de tudo, ver morrer milhares de pessoas, isso não é nada, pois para eles faz parte das regras do jogo onde estão metidos. Eles sabem que, morrendo muitos hoje, amanhã bem cedo terão um exército de outros à espera das vagas. Eles trocam seus funcionários num piscar de olhos. Não existe dó nessa troca e o que não admitem em hipótese nenhuma são que seus lucros sejam comprometidos por decisões estatais impondo o isolamento como forma de sobrevivência. Os grandões sobreviveriam facilmente alguns meses sem lucros e poderiam muito bem pagar seus funcionários, mas regateiam, pois não suportam perdas. Só entendem o direito de sugar o seu semelhante, até o momento em que esses se tornem inúteis para a exploração ou mesmo morram. Para eles, tanto faz se isso ocorre de um vírus, qualquer outra doença ou esgotamento físico. Trabalhadores são descartáveis, substituíveis. Os pobres podem se expor, os ricos não. As passeatas deixaram isso bem claro, uns protegidos dentro dos carros e a patuléia voltando ao trabalho.

Entender isso é uma coisa. Essa a situação da classe trabalhadora. Agora vamos para a de gente como o Edmar, com pequena empresa de vendas e hoje sem conseguir vender nada, parado, sem reservas e num mato sem cachorro. Quem poderia lhe ajudar? Ele até tentou o Auxílio Emergencial e lhe foi negado, talvez pela informação de ser pequeno empresário. Deveria procurar sua entidade de classe, quem o representa e esse o auxiliar. As entidades patronais sabem que é obrigação do Governo Federal estar ao lado, principalmente dos pequenos, dando-lhes todo o auxílio. Quando isso não ocorre, pau nessa entidade que não o representa dignamente e quando essas não cobram do Governo Federal o mesmo auxílio que foi dado para os trabalhadores, ser também extensivo a esses pequenos, em forma de prorrogação de prazos, juros menores, mesmo auxílio em dinheiro no período, tudo errado. Na maioria dos países europes e nos EUA isso ocorre, enfim, o capitalista inteligente sabe, o negócio não pode quebrar. Só não ocorre aqui no Brasil, pois não se cobra a contento junto a quem de direito. Isso é obrigação num momento como esse. Todos entendem a aflição generalizada, que poderia ser amenizada com gente digna, trabalhando em prol do seu povo nos palácios, principalmente nos de Brasília. Isso pouco resolve, mas explica algo de nossas escolhas. Todos os explotrados deste país, desde trabalhadores a pequenos comerciantes e empresários deveriam estar unidos em busca de reparação federal, daí sim conseguiríamos algo de forma rápida. A união, como se sabe, faz a força. Desunidos, perderemos todas, enfim, o capital não perdoa e só funciona sob forte pressão.

OUTRA COISA
O TRAQUE DE MORO, MAS ELE TEM CONVICÇÃO...
O cara é assim mesmo, já sabíamos. O ex-ministro da inJustiça Sergio Moro foi depor, prometeu mundos e fundos, mas na hora H, mijou fora do penico, cagou para trás, como se diz na gíria das quebradas e soltou um traque. Ele deve ter provas mil, mas não as revelou, pois como também se diz no mundo das invertidas, "quem tem c tem mêdo". Ele criou o monstro e sabe do que ele é possível, fez parte da conjuntura possibilitando a chegada do Senhor Inominável, tão cruel e insano como e na hora de pular do barco, sabe que, se disser algo a mais, tudo pode se voltar contra ele, pois participou também ativamente de tudo. Ladino, manhoso, tinhoso, expert em fazer acordo com a parte contrária (a da Justiça), aprontou até quando pode no comando da Lava Jato (Lula que o diga) e agora se faz de santo (do pau oco). Se tudo o que tem para revelar foi isso que o Jornal Nacional, num esforço descomunal tenta colocar no ar como algo aproveitável, prevejo dificuldades mil para sacar o presidente de seu mandato e conseguir o intento dele e da TV Globo de elegê-lo para a presidência da nação. Ele, o que dizia saber tudo, ter revelações do arco da velha, esconde o jogo, escamoteia de revelar o que sabe e comprova o que já sabíamos, fraco, pueril, vazio, inodoro e insípido. Do Senhor Inominável, tudo de ruim, cada dia mais e deste Moro, nojo, por se mostrar fraco, cagão.
E quem me diz que as partes já não chegaram num acordo de bastidores, bom para ambas as partes? Um convicto de merda! Dois exemplos bem límpidos dos tempos atuais, esse que precisamos todos nos unir e fazer o possível e o impossível para riscar do mapa, botar pra correr o quanto antes. Com muita luta a gente consegue...

ENFIM, É ISSO, A EXPLICAÇÃO DE ESQUERDA E DIREITA.
O professor da USP é meio pedante, mas a explicação é sensata, segue a verdade dos fatos. Ou seja, ser de direita é algo pra ser ter vergonha, mas aqui não, virou sinônimo de gente de bem e esquerda, coisa de "comunista", num balaio surreal, disvirtuando os conceitos e finalidades. Melhor colocar ordem nessa arruaça... Eis o link: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/3442249019138416

4 comentários:

Marcos disse...

Uma amiga em comum me pediu para dar uma olhada nesse texto e expor algo sobre isso onde trocava mensagens com ela essa semana em algo parecido.

Sim, o Edmar e tantos outros estão errados ao pensarem como o autor desconhecido do texto. Há sempre dois lados em tudo, há o lado da ciência e o lado das ilusões, há o lado da terra plana e o lado da terra esférica, há os lados da velha luta de classes.

Vivemos cada vez mais a era do individualismo, da falta de empatia, uma era dominada pela pseudo-ciência, dos coach da auto-ajuda que regam o que de pior há no ser humano que é o seu egoísmo, a ganância, o salve-se quem puder. O brasileiro médio idealizado com as ilusões do sucesso ligado ao enriquecimento, à ascensão social, passou ao possuir qualquer pequeno negócio, qualquer birosca se achar empresário e parte de uma elite, quando na verdade o pequeno também é um trabalhador, empresário é quem detém os grandes meios de produção e comanda o sistema financeiro, mas para a imbecilidade da auto-ajuda e suas fórmulas mágicas de sucesso, o pequeno passa a acreditar piamente nisso e pensar como parte do outro lado na luta de classe, o lado do baronato.

Tanto que é esse brasileiro médio que apoiou em massa o Bolsonaro e são incapazes de cobrar quem realmente deve ser cobrado, tomados pelo ódio e pelo ópio das crenças, do moralismo hipócrita passaram a ser não parte da elite, mas a atuarem como vassalos e capitães do mato dessa elite e do fascismo. O sujeito tá fodido vendendo bolo nas ruas e se acha o empreendedor porque assim lhe foi vendida a ilusão.

Na falta do Estado que quer mais o caos social, vejo muito a solidariedade de sempre entre as comunidades miseráveis e a militância de sempre garantindo o pão de muitos, assim como a solidariedade entre aqueles que se chamam de camaradas um ajudando o outro nesse momento. Tenho muitos amigos em SP que são do meio musical e estão todos parados e sem seu ganha pão mas todos cientes da pandemia, ajudando no isolamento e repartindo com os que estão na urgência da necessidade, vi amigos que não poderiam mais sustentar um alto aluguel de SP se juntarem a outros para dividir uma casa, aqui mesmo tenho contribuído com cestas para conhecidos que chegaram ao momento crítico e também alguma contribuição com grupos que estão levando o pão às comunidades carentes. Porque uma sociedade deve ser assim, viver coletivamente e por isso um ódio ao comunismo de gente que nem sabe o que é isso e passaram a viver tanto no individualismo, a pensar como elite e agora se veem numa situação de abandono pedindo para uma volta ao normal que não existe mais, o dia que o comércio voltar não haverá os clientes de antes porque as pessoas não vão se expor e seguirão comprando somente o essencial, além da grave crise econômica que como um efeito dominó vai destruir muito com toda a cadeia produtiva e de consumo.

Não percebem que romper o isolamento será levar a morte para dentro de suas casas e também levar outras pessoas à morte, tudo em nome da ganância, do individualismo. Nunca se preocuparam com os milhões que passam fome e no fundo não é a fome que está pegando neles, mas o orgulho ferido em perceberem que não fazem parte de uma elite e serão engolidos por esta e ver um "retorno" à uma classe social que no fundo jamais deixaram de ser.

Tudo isso só serviu para desnudar ainda mais o capitalismo e mostrar como a ciência social de Marx não tinha uma vírgula sequer de equívoco. Um país contaminado pelo ódio, pelo individualismo e pelo sonho de riqueza, será o que vai levar ao nosso grande fracasso frente a uma pandemia e um sistema social condenado ao fracasso pela falta de coletividade e empatia com um ideal de justiça social.

Camarada Insurgente Marcos

Marcos disse...

E só um adendo sobre a atitude criminosa das entidades patronais que rosnam loucamente pela volta do comércio expondo os trabalhadores ao contágio quando eles mesmos estarão seguros em suas casas.

Estão totalmente contra ciência e pregando o tal do distanciamento de 1,5m, controle de entrada nos estabelecimentos e uso de máscaras e álcool em gel como se isso fosse passaporte de imunidade ao vírus, nem na Ásia com cultura de máscaras isso é efetivo imagina numa sociedade como a brasileira onde reportagens já mostraram o grande número de gente usando máscaras de forma totalmente errada, fora dos padrões e sem higienização, fora os transportes públicos lotados com gente saindo pela janela. Não tem como dar certo.

O sr. Wallace Sampaio diz que não entra no mesmo barco do Bolsonaro, mas tudo que vem do governo como as nefastas reformas e fim do isolamento social está bem em sintonia com o governo, não?? Na hora de defender o lado patronal sentam-se todos no mesmo barco.

Que respondam por crime contra a saúde pública. Bando de hipócritas.

Camarada Insurgente Marcos

Marcos disse...

E a moral cristã que rege os nefastos costumes deste país nunca foi sobre dividir o pão e sim o salvar a si próprio, jamais algo coletivo.

Mafuá do HPA disse...

caro Marcos
Gostei de tudo. Ótimas observações. Foi na veia, sem tirar nem por.
Henrique - direto do mafuá