domingo, 17 de maio de 2020

UM LUGAR POR AÍ (136)


O AFROUXAMENTO DA QUARENTENA NO OESTE PAULISTA - A ZONA SUL NÃO ESTÁ NEM AÍ COM A ZONA NORTE E ESTES AFROUXAM SUAS MEDIDAS PROTETIVAS
Tudo é uma sucessão de fatos. Na padaria, agora pela manhã, a japonesa voltava da corrida na Getúlio e se pavoneava de estar sem máscara. Dizia para o proprietário do estabelecimento: "Ainda bem isso tudo está para acabar". Ele sorriu em forma de consentimento. Só com a chegada de mais pessoas, ela colocou sua máscara, feita quase de forma obrigatória. Esse o trivial da região onde moro, uma onde os privilégios abundam e quando não passam do limite, insultam o suportável do bom senso. Sigo por aqui, só na observância. Esses, como a citada acima já tem certeza absoluta de que o vírus, se ainda estiver pela aí, não vai chegar a ela, ou à região onde mora. Sim, isso está mais do que claro e evidente, o vírus chega com menos intensidade na Zona Sul, a dos privilegiados, pois esses, quer queiram ou não, desdizendo ou não, se trancam e possuem condições de passar por essa fase numa boa. E passam, flanam que é uma beleza. Não só flanam como tripudiam, riem de tudo e não vêem a hora de todo o comércio estar aberto.

Comércio aberto em Bauru é piada, para inglês ver, pois de um lei municipal, que seria para cumprimento geral, poucos a fazem de fato. A abertura meia boca, meio que consentida é o que prevalesce pela cidade afora. Os donos dos estabelecimentos já não suportam mais ver suas portas fechadas e diante de índices que não sobem, apostam que o vírus não chegará por aqui na intensidade de outros lugares. O subnoticiamento, os números oficiais falseiam com a verdade dos fatos e diante de um número sempre baixo, a frouxidão se estabelece. Ou a verdade é contada de vez para o bauruense ou ele vai ter essa noção de que são apenas doze mortos, coisa pouca e estará cada vez mais nas ruas e forçando pelo fim da quarentena. O que ele não leva em conta é o número de leitos disponíveis, o número de internados e dos que procuram pelos hospitais. Esse o grande problema. Quando você compara o número de internados, o de doentes, percebe o quanto está sendo feito. Que muitos irão se salvar, ótimo, melhor ainda se o número de mortos continuar baixo, mas enquanto persistir esse número alto de doentes, o sistema de saúde não aguentará por muito tempo. Para a entidade do comércio só interessa saber que o número de mortes é ínfimo, daí prega o pau, vamos forçar a abertura. Saber eles sabem que vai dar merda, mas como pensam primeiro nos seus negócios e só muito depois no semelhante, no empregado, foda-se o resto.

Na capa do jornal de hoje, a manchete submete a essa linha de pensamento: "Falta de unidade entre esferas de governos agrava a crise da Covid". Sim, nada está unificado, até porque existe um desvairado no Palácio do Planalto, mas a própria mídia, quando deveria se posicionar ao lado do bom senso, se mostra de forma velada ao lado dos que apostam na abertura. Na publicação de artigo no espaço Opinião, como se fosse o editorial daquele órgão de imprensa, texto do Walace Sampaio, presidente do SinComércio: "Agora vai: nosso comércio reabre" e noutro, matéria com o cientista de dados Maurício Féo, quando na manchete evidencia o lado da dificuldade em se prolongar o tempo em reclusão: "Quarentena dá resultado, mas leva tempo". Tudo conspira contra e a mídia ajuda pouco, ou pratica uma espécie de jogo duplo, quando diz e na sequência desdiz. Com isso, reforça os que querem escancarar e ajuda a manter no clima de "o pior já passou" entre os periféricos. Imagino o que essa rádio Jovem Pan, ops, digo, Velha Klan deve estar fazendo na cabeça dos incautos periferia afora, na defesa dos interesses clorofinistas do Senhor Inominável, objeto de defesa do que move o motor dessa insana e péssima instituição jornalística.

A Zona Sul não está nem aí para com o pobre e este, com sua atitude de indiferença, não percebendo a gravidade da situação, principalmente para o seu lado, negligencia, está mais nas ruas do que o pessoal mais abastado e assim, só faz aumentar a transmissão, ou mesmo sem o sacar, piora as coisas para o seu lado. A mídia ajuda muito, deixando todos na dúvida e na dúvida, vamos sair do isolamento e rosetar. Numa fotinho de canto de página na edição de hoje, a foto de uma aglomeração numa movimentada rua na vila Dutra, com gente aos borbotões na rua João Quaggio. Esse é exatamente o que se vê pela cidade afora, periferia borbulhando de gente. Quando ligo a TV e vejo cenas de Manaus, Fortaleza ou Belém nítido isso com as cenas da periferia lotada, num descuído de doer na alma, diferente da zona dos ricos. Quando estes recebem informação desencontrada e tendo poucas opções além das habituais ali na seu habitat, se preservam como podem e isso é nítido em como se dá a convivência coletiva. E é essa convivência, eles ali todos juntos nas ruas, algo maravilhoso até meses atrás, o que difunde o vírus e os debilita enquanto agrupamento social, pois os dilacera, fragmenta, esfacela, esfarela na amplitude das mortes.

O rico sabe se cuidar e ao pobre resta a informação recebida, como lhe é difundida e os seus meios de tocar a vida, seguir em frente nos seus redutos, porém sem ter se dado conta, ou algo ter sido escamoteado do entendimento para eles, da desgraça ocorrer no descuido. O vírus chegou ao país via aeroporto, pelos mais abastados, esses difundiram, depois souberam se cuidar e se proteger e agora, o vírus se espalha como o vento entre os mais pobres, ceifando entre esses gente aos borbotões. Eu quero é mais ver como pode ser resolvido, com o aumento da conscietização entre os pobres, os periféricos, do que com os ricos. Uns sabem se cuidar, outros seguem o que lhes diz o noticiário, o amigo, o patrão e vai só se danando. Essas são elocubrações matutinas, de um mafuento louco de vontade de ir saracotear na feira, mas contido pelos grilhões impostos pela dona do estabelecimento, no caso minha companheira. Ela, de certa forma, amplia meu tempo de permanência neste mundo, pois do jeito que sou, já queria estar nas periferias para dar meu quinhão de falatório ajudativo, aumentando os riscos deste sessentão no grupo de risco.

O EXEMPLO DO QUE OCORRE NOS BAIRROS NESTE EXATO MOMENTO
"Aglomeração - Um leitor denunciou e o Jornal da Cidade flagrou, na tarde deste sábado (16) um grande número de pessoas que se aglomeraram na rua João Quaggio, na Vila Dutra, em Bauru, para confraternizar e soltar pipas. Nesta imagem captada pela reportagem (foto de Malavolta Jr.), é possível contabilizar ao menos 50 moradores reunidos, grande parte deles sem usar máscaras", texto do JC. O vírus se espalha com o vento nas periferias, fruto de uma estratégia não unifica para o enfrentamento do Covid-19, quando um lado diz para abrir tudo, outro prega o confinamento e a população da periferia, a mais afetada, menos informada, padece achando que tudo já voltou ao normal.

UM OUTRO EXEMPLO, ESSE DE TATIANA CALMON:
"Peço desculpas a quem acha que as ações solidárias devam ficar no anonimato. Seguirei tentando ajudar, fotografando e postando as entregas. Se a foto lhe incomoda, preciso te dizer: A vida real é pior...

Uma casa no meio de quase nada , um casal de idosos com a dispensa quase vazia, sonhos abortados, pois depois de certo tempo, até sonhar é impossível.
Chegamos para levar uma cesta de alimentos e produtos de higiene, batemos na porta e esperamos que chegassem. Vieram devagar, com as passadas que a idade permite. Quando falamos o que fomos fazer, se adiantaram com visível alívio.
Tudo que levamos pesava, mas, de repente tudo ficou mais leve para eles.
Alimentos para quase um mês...
O senhor, chorava de gratidão. Lágrimas que em mim doeram muito e que fizeram chorar quem participou da entrega.
Um país de necessitados, e felizmente ainda encontramos muitos que ajudam.
Só a solidariedade pode reduzir a dor da fome e do frio.
De grão em grão.
Obrigada a todos que nos ajudam a ajudar.
Doações na Cussy Jr, 3-40, de segunda a sexta das 8 as 12. Se quiser ajudar e nao puder levar, entre contato por aqui ou pelo zap 991324759".

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK AGLOMERAÇÃO:

Helena Aquino Mas eles não acreditam. Esse é o problema

Tião Camargo O Bolsonaro fez o povo desacreditar no coronavirus

Juliana Vitorino Se a voz real viesse daquele estúpido entitulado presidente nosso cenário seria outro, o rei das Fakenews usa as redes sociais, de fácil acesso para a periferia afim de fortalecer o que ele chama de gripezinha, quanto menos pobres menor o papel do Estado, menor os gastos com SUS, educação, moradia, projetos sociais...

Diego Silva E tem caso positivo na região

Silvio Rodrigues Onde estão os adultos? As crianças não têm noção do perigo.

Claudia Mello Silvio Rodrigues aqui onde eu moro é um dos locais que eles soltam e fazem campeonatos se vê muitos adultos homens velhos soltando pipas

Almir Sombra Eles podiam estar em casa, lendo um livro, assistindo um filme na Netflix, curtindo um pão caseiro quentinho com muita manteiga, leite e café, como fazemos agorinha, montando um quebra-cabeças de 1000 peças com papai e mamãe, postando no Face, assistindo uma live na Web ou só flanando pela rede, mas preferem soltar pipa...

Henrique Perazzi de Aquino Almir Sombra sim, soltar pipa é melhor que tudo isso junto, mas neste momento, quem mais perde são os adeptos.

Almir Sombra Eu estava sendo irônico porque a maioria deles não tem nada disso. Na verdade, eles não tem nada ou muito pouco a perder.

Vera Lucia Almir Sombra a vida nao vale nada?????? eles tem tudo a perder...... a vida

Almir Sombra Boa parte deles vive por um fio. A vida é um valor agregado.

Gilson Jacintho Fora as festas clandestinas em outros bairros a fora .

Tatiana Calmon Karnaval Hoje estão na indústrial...mais de 300 pessoas. Campeonato de pipa

Maria Luiza Mello Se as mortes ficassem só entre esses imbecis e irresponsáveis tudo bem, mas o pior que estes imbecis transmitem o vírus. Além de irresponsáveis são assassinos.

Claudia Mello Aqui onde moro é local que eles soltam e fazem campeonatos se vê muitos adultos homens velhos soltando pipas ontem tinha um campeonato marcado que acabou não acontecendo tinha uns poucos gatos pingados acho que mudaram para esse lugar

Pedro Romualdo Soltar pipa e grandioso

Danielli Santos Na nobre avenida Getúlio Vargas a igreja bola de neve ecoava um timido som de bateria, detalhe o estacionamento no subsolo aberto, com carros e um "guarda" na porta. Bem vemos que a descrença no poder da doença nao afeta só as periferias

Karen Romano Aqui no Mary Dota igual ... desnecessário essa aglomeração

Xokito Juarez Rua da minha casa... estava aseeim mesmo

Cristina Maria Cristina Se só pegasse nesses jumentos tudo bem, mas não, esses burros transmitem para as pessoas que não tem nada com essa reunião de jegues. Fico doida com isso!!

Nani Bittencourt Hj estava cheio de novo!

Soninha Alfredo Segundo estatísticas, pessoas da periferia tem uma relação com a morte diferente das classes médias e alta

Soninha Alfredo Eles são acostumados desde sempre com o sofrimento, pra eles tá tudo bem sempre

Luiz Marcos Ferreira Ah...! Se fosse apenas na Vila Dutra.
Em geral, há muita gente não levando à sério a situação