sábado, 9 de maio de 2020

PERGUNTAR NÃO OFENDE (159)


PANDEMIA NAS QUEBRADAS - ELA INVADE AS COMUNIDADES E UMA MEA CULPA: QUEM POSSIBILITOU A CHEGADA ATÉ ESSES LUGARES


https://www.pagina12.com.ar/264232-la-curva-que-no-se-aplana

Textos como esse são os que mais me interessam nos últimos dias. Como e porque o vírus chegou e se espalha nas quebradas, nos subúrbios e periferias deste país e continente. Aqui no link citado, algo de Buenos Aires, nosso vizinho tomando medidas melhores que as que o Brasil adota, mas mesmo assim, quase impossível controlar a proliferação desse danado, andando no ar e agora se espalhando cada vez mais nas comunidades mais pobres, de onde sairão, com toda a certeza, a maioria dos mortos. Na impossibilidade de adotarem medidas restritivas eficientes, pela insalubridade e tudo o que já sabemos, esses são os que mais sofrem. Para quem não quiser clicar no texto e ler a matéria inteira, basta olhar as fotos e constatar, a crueldade do que acontece lá é a mesma ocorrendo também aqui. Imaginar o que se passa nas nossas "comunidades", isso é aterrador. tentar entender como isso se deu e foi possibilitado outra. Dói olhar para trás, mas agora, o estrago já está feito, consumado. Remediar de pouco adianta, valendo mais todos fazer neste momento, de tudo e mais um pouco para impedir e brecar a continuidade da proliferação.

Existe um consenso, o vírus foi trazido do lado rico para lado mais pobre da população. Uma certeza, ele chegou via aeroporto ao Brasil, por todos os que viajaram para outros países, principalmente europeus e os EUA e aqui, na chegada, muitos destes imunes ou conseguindo tratamento adequado, minimizaram sua situação, mas se descuidaram em tomar cuidados para não repassar o vírus para os seus "serviçais" (termo forte, né! - bem brasileiro), desde a empregada doméstica, o porteiro do prédio, o pedreiro que vinha fazer uma obra em sua casa e assim, os primeiros mortos não foram os que trouxeram o vírus, mas os que foram contaminados sem ao menos nunca ter conseguido pisar fora deste país. Outro dia vi a amiga Maria Inês Faneco desabafar sobre isso num post, algo mais ou menos assim: "Ralamos aqui, nunca viajamos pra fora e agora recebemos desses bostas esse vírus de presente". É a mais pura verdade. Eu viajei, estive nos EUA, Nova York e New Orleans, da passagem deste ano, até quase o final de janeiro e posso falar de carteirinha, escapamos eu e Ana por pouco. Poderíamos fazer parte dos milhares que trouxeram o vírus na bagagem, incubado e aqui o espalhariam. Foi por pouco. Não sei se resistiria, pela minha debilidade diabética, mas não fujo de minhas culpas. Poderia ter sido um dos transmissores.

No meu caso, não tenho como esconder, cheguei de volta no finalzinho de janeiro e adentrei ao carnaval, de peito aberto e sem nenhum cuidado de prevenção ou algo parecido. Não existia nenhum alarme ou medidas informativas até aquele momento. Só notícias vindas da China, o início de algo como um novo vírus. Nem aqui, nem na maioria dos lugares, nenhuma precaução nesse período. A seriedade só foi descoberta depois, algo pelo qual, os chineses tiveram todo o cuiidado desde o início e assim se safam mais cedo. O Carnaval aqui não foi foco de proliferação, como querem alguns, mas foi por pouco. O vírus adentrou o país pouco depois ou até paralelo ao carnaval. A forma de contágio inicial foi outra, já conhecida e querer demonstrar o contrário é coisa pra desparafusado. Com a chegada do vírus, para esse desGoverno vigente, tudo tratado desde o início e até agora, como mera "gripezinha". Deu no que deu. Ainda não tivemos tempos para sentar e matutar algo mais dos primeiros contagiados, mas creio, a conclusão não será diferente dessa entendida por mim como a mais plausível. Chegou e foi aqui introduzida via avião, aeroportos e viajantes tendo contato com o que já estava se alastrando no Velho Mundo e EUA.

Essa foi a forma inicial de contágio, depois uma vez feita a primeira transmissão, a corrente se amplia e se perde a possibilidade de identificação de como foi possibilitada a passagem de uma para as demais pessoas. Hoje, ao ver a periferia e as comunidades mais pobres padecendo, muitos ainda não se dando conta da gravidade da situação. Sei que, o vírus chegaria de uma forma ou de outra, mas como me diz meu amigo Claudio Lago, se algo tivesse sido feito desde o início nos aeroportos, a porta de entrada, poderíamos ter brecado muito mais esse avanço, hoje praticamente incontrolável. Todos puderam circular livremente pelos aeroportos e algo ainda na lembrança é daquele cara da TV Globo, um que veio do Nordeste para apresentar num sábado o Jornal Nacional. Passou por Congonhas e lá ficou muitas horas esperando seu vôo de retorno. Pegou o vírus aí, pois ali estava um dos focos de transmissão e o levou para sua casa e tudo o mais à sua volta. Hoje é tarde para discutir isso, muitos falharam no início e agora, tudo proliferado com desmedido avanço. O pobre, brasileiro ou argentino, ou de qualquer país latino, tem toda razão quando culpa a classe mais abastada de ter trazido o vírus e sem cuidados, ter facilitado a transmissão. Quem não se lembra de uma das primeiras mortes, uma senhora de idade, empregada doméstica de uma família paulistana, que havia acabado de voltar da Europa. Na casa da patroa, todos se salvaram, mas ela não, com menos recursos, foi quem se danou e com certeza, deve ter repassado a outros. A corrente seguiu em frente.

Dona Cleusa Madruga, a do Kananga do Alemão, me diz algo sobre o Tadeu Vian, cantor do grupo e também pedreiro, esse seu ofício, o ganha pão diário. Ainda está no hospital, quase um mês, melhorando, mas também com coronavírus. Ao dar entrada no hospital, o problema era outro, mas depois foi constatado que, esse problema que ele já tinha se agravou por causa do corona, contraído, provavelmente, de um trabalho num condomínio rico da cidade, serviço de pedreiro, quando teve contato com o dono do imóvel, que acabara de voltar da Europa e apresentou sinais de estar com o vírus. Não sei como se deu a evolução neste, mas no Tadeu foi o que o levou ao hospital. Tudo começou desta forma e jeito, sem tirar nem por. Melhor estarmos todos bem cientes de como se deram as primeiras transmissões. Isso posto, nada como fazer uma mea culpa. Eu mesmo não sendo abastado, tive a possibilidade de viajar para o exterior e por pouco não volto num período crítico. Hoje, temos que fazer de tudo e mais um pouco para ajudar as comunidades mais pobres, pois se temos condições de nos cuidar com mais afinco, permanecer isolados em quarentena, eles não possuem, nem as facilidades, nem os meios e condições para fazê-lo. O foco maior hoje deve ser neles, esses que pegaram algo pelos quais poderiam muito bem ter passado longe da contaminação. São reflexões que faço ao acordar no meio da noite, ler esse texto de cabo a rabo e permanecer na cama, ruminando tudo isso na cabeça. Precisava por tudo isso pra fora. A gente não tinha o direito de fazer isso com os menos favorecidos e pior, muitos que o fizeram não estão nem aí, fingem não tomar conhecimento que tudo começou via algo feito por ação dele proveniente. Uma tristeza sem fim.

OBS.: Todas as fotos ilustrando este texto são da matéria do jornal Página 12, publicadas em sua edição de ontem, 08/05/2020.

2 comentários:

Mafuá do HPA disse...

"Não foi a favela que trouxe este vírus para o Brasil ,muito triste vc achar que eles tem que morrer de fome ,eles não tem culpa de nada mas vc tem pela sua ignorância e egoismo , pobre nenhum da favela foi para o exterior ,o grande problema do mundo é esse não ajuda e quer falar merda ...ninguém esta entrando no esgoto , no lixo para pedir votos não , estamos entrando para alimentar quem tem fome", ESSE O EXATO ESCRITO DE MARIA INÊS FANECO CITADO NO TEXTO, AQUI RESGATADO, POIS DIZ MUITO SOBRE O ASSUNTO.

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkk Toma essa comunista