domingo, 27 de dezembro de 2020

CARTAS (223)


PEDIATRAS DE BAURU QUEREM TUDO ABERTO ESCANCARADO E AGEM CONTRA O QUE PREGA A CIÊNCIA
Li estarrecido no dia 06/12, domingo, longa missiva publicada na Tribuna do Leitor do Jornal da Cidade, “Carta aberta de um grupo de pediatras de Bauru à sociedade bauruense”. Eis o link para sua leitura: https://www.jcnet.com.br/.../743315-carta-aberta-de-um.... Na verdade, todos eles endossavam que tudo deveria ser aberto e funcionar em Bauru, pois as razões do mercado suplantam as da vida humana. Tentaram embasamento científico, a tal da consistência na defesa do arrazoado, mas ficaram somente na superficialidade e na verdade produziram um texto dantesco diante do que o mundo está presenciando, quando com a abertura e licenciosidade está se dando o alastramento da doença. Eu pensei em responder e quando conversando com o dileto amigo Marcos Paulo Resende, percebo que ele já o havia feito, porém a carta ainda não foi publicada e após duas semanas, peço a ele sua autorização para tornar pública o desagravo ao triste papel dos pediatras de Bauru. Marcos acha que sua carta ainda será publicada, eu já perdi as esperanças, pois sei como se dão essas coisas (ele sabe melhor que eu) quando a indústria da mídia massiva que domina a agenda política é encostada na parede e precisam decidir entre o que existe e o que não existe, optando pela opinião dos pediatras, em detrimento da resposta praticamente provando eles todos terem defendido o lado mercantilista do mundo. Se a resposta ainda não saiu lá, sai aqui compartilhada por este mafuento observador:

Carta aberta aos 62 pediatras bauruenses
No dia 06/12/20 foi publicada na Tribuna do Leitor uma carta aberta assinada por 62 pediatras de Bauru à sociedade bauruense. A longa explicação sobre o que se sabe até o momento do contágio do SARS-CoV-2 entre crianças e as justificativas para reabertura das escolas me chamou a atenção por vários 'poréns' na carta. As explicações sobre o contágio de fato batem com o que foi publicado até o momento sobre a doença, mas falham miseravelmente nas justificativas cheias de buracos.
Qualquer pessoa pode acessar publicações nas revistas científicas como a Nature.com, estudos como o "Distinct antibody responses to SARS-CoV-2 in children and adults across the COVID-19 clinical spectrum" que tratam desse assunto específico e outros mais publicados. Realmente crianças não estão nos chamados grupos de risco e raramente desenvolvem a doença, porém um alerta já foi ligado também nesse caso com novas cepas do vírus que além de possivelmente ser mais transmissível, tem provocado mais internações entre os mais jovens. Crianças podem ter uma taxa de transmissão menor (mas transmitem) assim como um adulto assintomático também pode ter um potencial menor de transmissão por estar com uma menor carga viral segundo estudos que podem ser lidos na nature.com.
Mas o primeiro dos grandes 'poréns' é que entre as observações que vários estudos apontam para reabertura das escolas está o da não transmissão comunitária, controle da pandemia com testes em massa, rastreio e isolamento de uma área quando do surgimento dos primeiros novos casos, países como a China, Vietnam e Nova Zelândia fizeram isso com excelência e estão não apenas com escolas abertas mas com atividade econômica funcionando, recentemente a China descobriu 12 novos casos numa área, isolou a região e fez milhares de testes (rastreio). O Brasil desde o início está no escuro com a pandemia, não testamos em massa, não fazemos rastreio, não isolamos nada, não temos um plano de combate a covid-19, não temos plano de vacinação, não temos sequer Ministro da Saúde e um governo que transformou o Brasil em pária no mundo e uma escalada de uma crise sanitária que toma ares de genocídio.
O segundo grande 'porém' é o total desconhecimento dos 62 pediatras da realidade da maioria das escolas e da população brasileira entre as mais desiguais do mundo. Muitas escolas sequer tem água regularmente para lavar as mãos, quando leio na carta os requisitos para uma reabertura "segura" como tapetes sanitizantes, aparelhos de ozônio, luz ultravioleta e outros equipamentos e acessórios similares, minha vontade foi de rir mas me contive diante da gravidade do momento que estamos passando. Escolas mal tem materiais, estruturas para uma aula digna entre alunos e professores quanto mais pedir por tais itens que não serão atendidos e será mais uma responsabilidade nas costas dos professores que já não conseguem dar conta do ensino diante de tanta precarização do Estado com a Educação.
Me recordo de um artigo recente do Ruy Castro em que cobrava da classe médica onde uma parte considerável ajudou a eleger esse insano governo (mesmo cientes do negacionismo do Bolsonaro) e que deveriam publicamente fazer um mea-culpa e fortalecer a cobrança diária para que possamos ter em primeiro lugar um Ministro com um plano nacional de combate e vacinação para dar dignidade inclusive para os heróis da saúde da linha de frente do combate a covid. Qualquer coisa fora disso é sim uma carta política e beirando a irresponsabilidade.
E sobre o aumento do quadro depressivo nas crianças, um estudo publicado já mostrava um aumento da depressão que vem de alguns anos, depressão que com ou sem pandemia será um quadro comum visto a sociedade ocidental doente em que vivemos referindo um consumismo insano à algo felicitante, aceitação social e "sucesso" pessoal, nossa concepção de indivíduo que foge de qualquer ótica coletiva só pode nos levar a um profundo e escuro buraco depressivo.
Marcos Paulo Rezende

CAFEO COMPLICA A ECONOMIA, QUER DAR UMA DE BRONCOLINO, MAS PISA NO TOMATE
A coluna de hoje do economista (sic) Reinaldo Cafeo, a "Descomplicando a Economia", no Caderno de Economia do Jornal da Cidade, não deveria ser publicada neste caderno e sim, numa página dedicada as previsões astrológicas - ocupando o lugar de João Bidu - ou mesmo de Humor - diria, de péssimo humor. Das duas uma, Cafeo brinca com o leitor leigo, o que passa por cima dos textos e nem dá bola ou ele chuta muito mal e erra o alvo em quase tudo. Ou seja, produz bicudos. Leiam antes dos comentários o texto de Cafeo, eis o link: https://www.jcnet.com.br/.../744985-2021--ano-da....

A finalidade do Cafeo no JC, descubro tardiamente, não é responder e sanar dúvidas de Economia, mas sim substituir o saudoso Broncolino - O Primeiro a Rir das Últimas. Ele hoje comprova estar na seção de Humor, uma que desde o falecimento de Broncolino foi extinta, mas agora tenta ser ocupada pelo até então economista. De onde ele tirou que 2021 será um ano melhor? Bola de cristal furada, opaca ou mesmo suja, dificultando a sua interpretação, enfim, nem vacinas ainda definimos. Dizer que a inflação teve apenas uma pequena alta e está sob controle, além dos juros estarem baixos - queria muito saber o que juros baixos tem a influenciar positivamente a economia brasileira, essa em frangalhos - é demais pra qualquer um. Fala que os agentes econômicos vão resgatar a confiança em 2021 e daí não contenho o riso. Depois fecha com chave de ouro preconizando que as pessoas precisam ter um bom planejamento familiar, lembrando da regra 50/15/35, ou seja 50% da renda para gastos essenciais, 15% para prioridades financeiras e 35% para gastos com seu estilo de vida. Sentei e as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Quantos brasileiros conseguem pegar o orçamento do mês e separar 50% para gastos essenciais? Tem que ser um puta de um salário, algo em torno de uns R$ 10 mil mês, no mínimo, ou seja, percentual ínfimo dos brasileiros. Geralmente vai tudo e ainda fica faltando, mas o incrível são os 35% para o estilo de vida, inacreditável um negócio desses.

Com todo respeito que sempre tive para com o saudoso Broncolino, pois possuidor de elegante e fino humor, creio o jornal ter feito uma substituição fora dos padrões de qualidade. Creio o nome de sua Coluna deveria ser "Chutes e Bicudos, todos distantes do Gol". Fora da realidade é pouco, mas creio que a intenção foi alcançada, ri para não chorar.

EM BAURU, VENCEU O PODER DE WALACE SAMPAIO E DOS DONOS DO CAPITAL E O COVID NADA DE BRAÇADA
Somente agora, passado o Natal, ou seja, o momento quando os comerciantes puderam fazer o que quiseram com o horário de abertura e fechamento do comércio é que se pode falar em fechamento de portas diante do agravamento do COVID na cidade e região. Antes nem pensar, pois por determinação mediante forte pressão, tudo era decidido pelos detentores do mando de fato do poder local, os próceres da livre iniciativa e seguidores fiéis das leis de mercado e estes já haviam determinado para as autoridades que definem se algo deve fechar ou não, no caso a Prefeitura Municipal, o que iria ser feito até depois do Natal. No estado de SP e quiçá no país inteiro, a mesma coisa. Somente agora, quando o comércio tem queda livre de circulação de pessoas, algo neste sentido pode ser pensado e olha lá, tudo feito sob o jugo, orientação e seguindo o que vai pela cabeça destes. Aqui em Bauru, ficou bem explícito quem de fato manda e decide, sendo a Prefeitura, após ter perdido publicamente o poder da canetada final, meramente executora do que gente como Walace Sampaio, o presidente do SinComércio dá as cartas neste quesito na cidade. Basta ver o que aconteceu quando alguém fala em fechar as portas por prevenção, daí na sequência uma movimentação nas portas da Prefeitura e na sequência tudo atendido. Já para o número de leitos, praticamente no limite da ocupação, situação até pior que antes, quando tudo permanecia fechado, isso não é levado em conta, pois o que conta é a determinação das leis do mercado. O resultado disso tudo veremos na sequência, mas mesmo assim, a culpa não deverá recair sobre quem impôs manter tudo aberto, pois este nunca foi o lado mais fraco na questão. Com a chegada da novíssima prefeita, Suéllen Rosim, situação inalterada, pois ela já entendeu que em time assim impossível alterações. As orientações ditadas pela Ciência sempre acabam perdendo, enfim, assim é que o jogo é jogado nestas plagas.

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