terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (133)


BIRRA, IMPOSIÇÕES E CONSEGUIR O INTENTO NA MARRA, EIS O FINAL DE ANO NA CÂMARA MUNICIPAL DE BAURU
Na história do Brasil Jânio Quadros certa vez tentou fazer impor seu jeito de governar sob todas as coisas e se vendo num beco sem saídas propôs um golpe, ou seja, renunciou e assim esperava retornar nos braços do povo. Nada disso ocorreu e ele foi mantido defenestrado do poder. As tais das "forças ocultas" são mesmo um horror e fazem parte desse insano jogo, que dizem ser o democrático. Conviver com os diferentes, a oposição e cabeças contrárias não é mesmo tarefa para todos. Quem teve uma vida inteira de imposições, crendo que só os seus atos são os acertados, pois tem mente privilegiada, quando contrariado entra em neura e tem crises públicas, como foi visto ontem na sessão interrompida da Câmara dos Vereadores de Bauru, encerrada com a renúncia de sua Mesa Diretora e tendo que, na última hora, ser composta outra, até para encerrar os trabalhos do dia e ver o que pode ser feito na sequência, no caso hoje. Como não existe acordo à vista, creio que o efeito Jânio Quadros vai também prevalecer na Terra Sem Limites e assim, o que o presidente da casa tinha como ideia e concepção será vergado e assim seguirá o jogo. O mundo jurídico e político é feito de muitas regras, a maioria para exatamente isso, postergar, relevar, jogar pra adiante o que poderia ser decidido hoje.

José Roberto Segalla (DEM), Coroné Meira, Miltinho Sardin e Yasmin Nascimento renunciaram, sob alegação levantada pelo presidente de que, se o proposto pelo presidente da Casa não fosse decidido ali no ato, correriam o risco de ter as contas da Casa rejeitadas. Queriam votar tudo na Bacia das Almas, no Apagar das Luzes, mas pelo visto, o negócio deu errado, pois no meio do caminho tinha um tal de Ricardo Cabelo. De todas as aberrações sendo propostas, uma estava sacramentando que para ser assessor parlamentar seria necessário curso superior, ou seja, nada de conhecimento popular e o local só permitido para letrados, como se estes fossem, por causa de estudo, detentores de todo saber. Hoje a decisão e verificação se quem ganhou foram os querendo impor sua sapiência sob os demais ou vice versa. Queda de braço entre os sabichões e a ala advinda de outras escolas. Só assistindo e de camarote.

COLOCANDO TODOS NO MESMO PATAMAR
Hoje eu ouvi algo na Tribuna da Câmara dos Vereadores de Bauru que me lavou a alma: "O ex-juiz (Segalla) e o ex-comandante (Meira) tentam se mostrar melhores, os sabe-tudo, impor algo como sempre fizeram a vida inteira sob seus subordinados, mas eles precisam entender que aqui dentro eles não são melhores que a mim, o ex-caminhoneiro (Cabelo)".

AREIA MOVEDIÇA - DE MANHÃ QUERIA ELOGIAR O FEITO, MAS À TARDE TUDO VOLTOU AO NORMAL
Ouvi atentamente a fala na abertura da sessão extraordinária de hoje na Câmara dos Vereadores do Ricardo Cabelo (Republicanos) e do enfrentamento aos considerados por ele como do Alto Clero daquela Casa de Leis (Segalla e Meira), ele assumindo ser do Baixo Clero, me identificando demais com o jeito como os tratou. Ele soube também enfrentar dignamente o grande mal hoje representado pela rádio Jovem Pan, ops, digo Velha Klan, quando após todos os acontecimentos deu espaço para que os dois aqui citados se explicassem e falassem contra sua pessoa, mas não abrindo espaço para sua defesa. Desta rádio, creio a ficha deles está por um fio, com sucessivos problemas nos últimos dias e envolvendo seus dois mais famosos personagens a ocupar os microfones. Cairão por eles mesmos, por absoluta falta de credibilidade, portanto, falar e ter espaço nessa rádio é demérito não só para quem ali exerce um ofício danoso, mas para quem bajula o que ali acontece e denigre o jornalismo num todo. Já do confronto com os dois, algo salutar, pois demonstra ser dos poucos corajosos lá dentro e a produzir um enfrentamento com quem se acha os "gostosões" e "sabichões" do pedaço. Neste quesito Cabelo foi no ponto e souber ferir ambas as feras no que possuem de mais sagrado, a soberba. Ponto pro Cabelo.

No jogo seguinte, ocorre a nova composição da Câmara, desta feita sem Segalla e Meira, reconduzindo ao cargo nada menos que Sandro Bussola (DEM), que está encalacrado até o pescoço com tudo o que ocorreu de ruim lá pelos lados da Cohab. Se por um lado deu um enorme ponto dentro, ao compor até o final da legislatura atual com algo bem suspeito, mostra que por lá, nem sempre o discurso condiz com a atuação dos edis. Em alguns momentos, da boca pra fora, elevando o tom, parecem ser o que de fato não são. Ou seja, no frigir dos ovos, a imensa maioria deles representam algo muito parecido, mesmo sendo do Alto ou do Baixo Clero. As discordâncias são meras questiúnculas em busca de poder e de reconhecimento público. O ponto ganho pela manhã, Cabelo perdeu quando aceitou ser vice-presidente da nova composição da Câmara.

Tenho uma amiga, que não cito o nome, pois não tenho sua autorização que afirma aos quatro ventos estarmos em Bauru diante de uma enorme AREIA MOVEDIÇA e todos os passos dados, num sentido ou noutro, para frente e para trás, para os lados, cima e abaixo - quase sempre abaixo da linha da cintura -, indistintamente conduzem a um só caminho, para o epicentro do afundamento proveniente do areal afundativo. Não existe saída possível para nenhum dos hoje atuando na política e quando se observa a ação dos que são pagos para fiscalizar, cada qual agindo segundo suas conveniências. Da empolgação por um feito, o desmonte logo a seguir, pois agem assim, de uma forma quase uniforme, parecendo ter sido combinada, seguindo um script determinado nos bastidores. Ou seja, tudo fazendo parte do imenso areal envolvendo a "Sem Limites" num todo. Este só mais um capítulo, o do final de um ciclo, sendo fechado com uma barraco e outro, logo ali na curva da esquina se iniciando, com outros tantos já se delineando. Bauru se merece, pois o afundamento é amplo, geral e irrestrito.

TUDO QUE É SÓLIDO SE DESMANCHA NO AR - O BAR AEROPORTO VAI FECHAR
Já escrevi muito sobre ele no Mafuá do HPA, meu blog com escritos publicados diariamente desde 2007. Escolho um deles, o "Bar Aeroporto do estimado Ico, resiste e insiste mantendo estilo de áureos tempos", publicado inicialmente em 29.05.2015: https://mafuadohpa.blogspot.com/search...

O Ico já havia anunciado o fechamento e muitos já comentavam, mas eu ando meio atrasado - tipo o Barrichello - e só hoje vim a tomar conhecimento que o único bar que costumo frequentar em toda a Zona Sul bauruense, o do original aeroporto de Bauru, não aguentou o tranco e vai encerrar atividades. O pessoal lá do Aeroclube queria que ele, após 25 anos de portas abertas providenciasse sozinho a reforma total do local e cansado de tantos embates, acrescido dessa interminável pandemia, não deu outra, Ico joga a toalha e vai cozinhar daqui pra frente só em seus aposentos e para escolhidos a dedo. Uma pena!

Eu, que não frequento bares desde março deste ano, devido ao enclausuramento, era muito dado (ui!) a este e quando estivermos todos vacinados, pretendo só frequentar os da periferia, entranhas desta terra, rebarbas e beiradas, mas confesso, deste tinha velha paixão. O lugar é bucólico, traz recordações inenarráveis em seus frequentadores e nem sei como comentar da tristeza que se abate sobre mim, quando daqui por diante, algum amigo chegar de lugar distante e me dizer: "Me leva pra comer um original bauru". Levava no Bar Aeroporto, mas daqui por diante não sei mais onde levarei. Ou seja, perdi a bússola.

Eu e a patroa estamos bolando um jeito de sentarmos lá ao ar livre dia destes e reverenciar pela última vez o sacrosanto lugar, comer o bauru e o carpaccio, os melhores destas plagas e depois viver de recordação, como já faço de tantos outros lugares e pessoas. Nada é para sempre e este velhusco até que durou muito. Foram 25 anos de muita história e se algum historiador for esperto vai se encostar no velho Ico e relembrar algo da boêmia destas plagas, talvez num livro, recheado de fotos e de todos que por lá marcaram presença. Botequins são lugares da mais pura e sentida história de um lugar e este representa algo dentro de mim, onde agora ao tentar escrevinhar essas mal traçadas, começo a rememorar alguns dos que por convivi, encontrei e reencontrei. Ali já vi de tudo, desde homéricos barracos, enlaces e desenlaces, gente sendo levada em casa e outros que eram buscados para ali bater cartão. Teve gente que, se não morreu ali dentro, foi por pouco, outros adorariam ter seu enterro saindo dali e assim, na junção de tudo e todos que por ali passaram, um dos ícones dessa cidade. Já sinto saudades e ele ainda nos estertores, com as portas permanecendo abertas até Ico vender seus pertences todos e ir descansar - se é que vai conseguir. Se tivesse grana eu comprava aquilo e transformava no maior puteiro de Bauru, mais alvissareiro do que um dia já foi a Casa da Eni, mas sou limitado e só um sonhador.
Em tempos de fundamentalismo, faríamos dali um oásis de muita perversão e desbunde. É o que me resta fazer ainda neste mundo.

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