quarta-feira, 19 de junho de 2019

FRASES DE UM LIVRO LIDO (141)


FHC SEMPRE DISSE SABER JAVANÊS, DAÍ TER SE DADO TÃO BEM NA VIDA
Um dos livros mais instigantes de Lima Barreto é este, "O Homem que Sabia Javanês". Toda a obra de Lima Barreto tem esse toque de mostrar o lado perverso e dos aproveitadores, os sacanas, os que vivem levando vantagem. Lima viveu no começo do século passado na cidade do Rio de Janeiro, muito pobre, um escritor como poucos e observador impecável do cotidiano, diria, irretocável. Os Bruzundangas, também dele, traça um retrato das mazelas deste país. Neste que aqui hoje comento, uma história pra lá de surreal e mais do que possível no Brazil zil zil, esse onde uns poucos levam vantagem e vivem no bem bom, promovendo sacanagens mil com a imensa maioria do povo brasileiro, disfarçados de sabichões. Esse homem que sabia javanês viveu e fez das suas muito antes da existência da Lei de Gerson.

Conto primeiro algo do livro. Um resumo mais do que curto, para só depois fazer a comparação com um personagem ontem desmascarado na vida brasileira. Castelo, o personagem principal, conseguiu levar um vida na maciota, tudo por ter se aproveitado de um anúncio de jornal, quando uma certa pessoa procurava alguém para lhe ensinar javanês. Ele nada sabia da língua, mas como ninguém no seu entorno sabia, conseguiu o emprego e se safou como bom malandro, aprendendo uma coisinha aqui, outra ali e enganando quem lhe contratara. E por saber a tal língua, algo espalhado com o vento e único por essas plagas, acabou por conseguir um belo de um emprego, foi ser diplomata e desta forma, sem nunca ser descoberto ou confrontado, passou a vida inteira cheia de muitas benesses, simplesmente por aparentar ser um sujeito fora do comum, enfim, alguém que sabia falar javanês.

Na verdade esse texto é um conto de Lima Barreto, dos mais reveladores. Escolhi uma frase dita por Castelo, quando numa mesa de fino restaurante se abre com um colega, outro da mesma laia, o Castro: "Sabes bem que até hoje nada sei de javanês, mas compus umas histórias bem tolas e impingi-las ao velhote como sendo do crônicon. Como ele ouvia aquelas bobagens!". Ou seja, Castelo se tornou o rei da enrolação, embromador profissional, contorcionista e malabarista da sorte, de muita sorte, tanto que, ouvia frequentemente pelas ruas algo assim: "Vejam só, um homem que sabe javanês - que portento!". Numa outra passagem: "Na rua, os informados apontavam-me, dizendo aos outros: Lá vai o sujeito que sabe javanês". O Brasil é especialista em sujeitos que se especializam em se dizer entendidos de javanês. Conheço vários, inclusive muitos aqui na aldeia bauruense. Nesse texto me reservarei a confabular com quem me lê sobre um desses, um com projeção nacional, tendo chegado até a Presidência da República.

Não falo de Bolsonaro. Esse é um tolo, bronco e foi eleito assim o sendo, pelo simples fato de ter tocado os broncos deste país que o elevaram à sua máxima potência. Falo de outro, muito mais esperto e ladino, FHC, para ser mais explícito Fernando Henrique Cardoso, hoje um vetusto senhor com 88 anos e tendo a vida inteira se safado de pagar pelos seus erros e pisadas de tomate. Foi sendo liberado de tudo o mais, pois mais liso que quiabo, sempre se vangloriou de saber muito bem a linguagem javanesa. Expert em aprontamentos mil, porém, sempre muito bem relacionado, frequentador de salões requintados, cheios de rococós, escapuliu até da cana dura, como nesse exato momento nos mostra uma gravação do ex-juiz Sergio Moro, quando ainda mandante da Lava Jato e diante das denúncias envolvendo esse cidadão, o isenta de ser investigado e ter de pagar pelos seus erros. O motivo sempre foi mais do que simples, o danado aprendeu javanês e ninguém neste país tem peito para enquadrar alguém com este diferencial.

Li esse conto faz muito tempo, algo em torno de uns 40 anos e na semana passada encontrei um exemplar resumido, ilustrado magistralmente pela pena/aquarela do Odilon Moraes, edição com capa dura lá na geladeira da Humanidade Livre, onde você abre a dita cuja na calçada e leva o livro que quiser. Levei esse, reli numa sentada e ontem, ao tomar conhecimento das revelações do The Intercept, essas envolvendo FHC, de imediato associei a saga do Castelo com a vida nada espartana do maior exemplo vivo de como ir se safando das agruras e intempéries da vida. A ficção de Lima Barreto tinha endereço, pois ele não se segurava nas calças vendo como uns poucos malandramente sabiam embromar tudo e todos ao seu bel prazer. Seu texto é uma denúncia das mais dignificantes da literatura brasileira e hoje, passado tanto tempo, cai como uma luva para a esperteza deste personagem da vida política brasileira. Faço a associação e aqui a explícito sem medo de errar o alvo, pois cara de um focinho do outro. Diria até, se a obra não tivesse sido escrita tanto tempo atrás, décadas e décadas antes do nascimento de FHC, que o escritor o fez pensando neste político. São tão parecidos, mais que almas gêmeas, espertos por natureza.

Em tempo 1: Indiquei a obra para uma carnavalesca da cidade, já pensando numa adaptação do tema para a passarela do samba. Tomara consiga transpor para o Carnaval o clima daqueles que, sacanamente levam a vida na maciota, mínimo esforço, fazendo uso de uma engenhosidade para ser bem sucedido. Lobos em pele de cordeiro.
Em tempo 2: Qualquer dia faço um relato sobre quem aqui na aldeia bauruense são os que sabem fluentemente o idioma javanês e dele fazem uso para tirar vantagens sobre os demais.

AS REVELAÇÕES DO THE INTERCEPT SOBRE FHC
Moro encobriu a verdade dos fatos, jogou sujo e favoreceu o tucano FHC, encobrindo suas falcatruas. Tanto um como o outro foram pérfidos com o país e merecem punição exemplar. Lava Jato fingiu investigar Fernando Henrique Cardoso apenas para criar percepção pública de ‘imparcialidade” e acalmar o ânimo dos críticos. No entanto, Sérgio Moro discordou da ação e questionou Deltan Dallagnol. Leia as mensagens secretas da #VazaJato https://interc.pt/2IQk2JK

3 comentários:

Anônimo disse...

Tu és o maior fluente em javanês da cidade

Mafuá do HPA disse...

Resposta do mafuento HPA, em linguagem bem distante da javanesa:
Certa feita um juiz aposentado desta cidade, numa animada conversa comigo me disse: "Nesta Bauru todas as fortunas foram construídas de suas formas, ou o cara fez sacanagem durante o percurso ou ganhou na loteria". E finaliza com uma pérola: "O problema é que por aqui ninguém até agora ganhou na loteria". Esses sim são os javaneses destas plagas e são eles aqui combatidos. Você os defende?
Henrique - direto do mafuá

Mafuá do HPA disse...

comentários via facebook:

MARIA HELENA FERRARI RJ - Oportuna lembrança e perfeita analogia do meu amigo Henrique Perazzi de Aquino. O que tem de mequetrefe falando javanês hoje em dia é brincadeira!... E viva Lima Barreto!

Luciana Dias - Bravíssimo mestre. Muita conjugação de verbos e histórias. Gostoso de ler.

Rui Zilnet - 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽

Maria Aparecida Lopes - Esse se acha...Prepotente, orgulhoso e arrogante

Fausto Bergocce - Viva Lima Barreto!!!

Aparecido Ribeiro - Esse espertalhão sempre conseguiu repassar suas culpas aos antecessores e sucessores.

Henrique Perazzi de Aquino - Aparecido Ribeiro, simples. Ele fala fluentemente em javanês.