segunda-feira, 3 de junho de 2019

BEIRA DE ESTRADA (109)


NÃO AGUENTOU DOIS MESES
Esse ponto comercial, localizado na rua Primeiro de Agosto, defronte a praça Rui Barbosa, entre a agência do Banco do Brasil e uma Auto Escola foi aberto menos de dois meses atrás e já fechou, tornando-se mais um local de portas abaixadas, diante de algo que mais cresce nos tempos atuais, a infrutífera tentativa de se dar bem nos negócios em tempos de crise. Faço uma breve reflexão sobre esse ponto comercial. desde o primeiro momento em que o vi sendo aberto, deu uma vontade de ir lá ter uma palavrinha junto dos seus expoentes. Investiram um valor considerável num comércio restrito, para poucos. Amigos me diziam, "mas eles vendem uma coisa aqui e outra ali, estão se firmando". Nunca os vi assim. Na verdade, são tantos hoje investindo tudo o que possuem num sonho, o de ter seu próprio negócio, mas o fazem também sem nenhum estudo de caso. Sem capital de giro, aquele necessário dinheiro para se garantir, até pelo menos o local ficar conhecido e se firmar, quando nem isso existe, as possibilidades diminuem. O aluguel dali é uma exorbitância, mas mesmo assim, vejo gente arrojada arriscando suas fichas. Torço muito para que tenham sucesso, mas sei que as adversidades todas conspiram contra nós todos. Neste caso específico, só de olhar lá dentro em toda vez que ia ao banco, buscava encontrar ali o movimento, gente ali dentro, para me certificar de que conseguiria seu intento. Dias atrás, após ter presenciado dias e dias quase sem movimento, seu proprietário capitulou e abaixou as portas. Perdeu tudo o que investiu. Não sei se é mais triste vê-lo ali dentro atrás do balcão e sem movimento ou agora, quando tudo o que tinha dentro já foi removido e o sonho desfeito. Qual o próximo passos dessas pessoas após ter seu pequeno negócio ido por águia abaixo? Penso muito nisso, mas de minha parte afirmo, não investiria meu único dinheirinho num negócio desse tipo, muito segmentado, com custos altos e com essa pífia movimentação financeira do país nesses bicudos e quebradiços tempos.

FECHANDO TUDO

Que a agência central dos Correios, a da praça D Pedro está um deserto isso é facilmente constatável. Basta dar por lá uma passada e nem reflexo de tempos outros, quando aquilo ali fervilhava. Preparativos avançados para tudo ser repassado para a iniciativa privada e na bacia das almas, como o fazem com tudo neste cruel e insano momento brasileiro, onde defender o que ainda é nosso está parecendo um crime. Desolação entre os funcionários, pois não estão tendo ânimo para reverter a situação, mesmo aqueles que tanto lutaram contra o avanço do malefício da chegada do Bolsonarismo predatório. Sou de um tempo que essa agência permanecia cheia, com filas para tudo, inclusive na sua Agência Filatélica, muito movimentada, inclusive com eventos grandiosos para os lançamentos de selos. Hoje tudo deserto e essa já com seu fechamento decretado. Não mais teremos agência filatélica na cidade. Participei em tempos de antanho de encontros memoráveis ali naquele espaço, onde éramos todos atendidos por uma simpática funcionária, muito dedicada, conhecendo a todos pelo nome e mais que tudo, gostando e muito do que fazia. Achei essa foto dela junto do marido, outro resistente dos Correios, ambos felizmente conseguiram se aposentar em vida e agora desfrutam de algo juntos, o que provavelmente não irá acontecer com a maioria dos trabalhadores brasileiros daqui por diante. Bate uma enorme tristeza em ver o que estão a fazer com os patrimônios brasileiros, a derrocada final e já imagino o que será do futuro deste país quando tudo o que esses vendilhões estão colocando à venda já não mais existir.
Zilda se aposentou em tempo.
Esse país não avança, aliás caminha a passos largos para a beira do abismo, mas bestiais continuam apoiando ações de quem nos governa dilapidando tudo. Olho para minha velha coleção de selos, muitas pastas ainda guardadas em gavetas, revejo o que já foi esse comércio e comparo com o hoje, chegando na conclusão de que, se antes acreditava ter um pequeno tesouro em mãos, hoje sei tenho um monte de papéis velhos e desbotados, desvalorizado e sem serventia. Tudo perde o valor quando jogam contra o país, incentivando as pessoas a atuarem contra o próprio patrimônio e nem imagino a tristeza do casal da foto diante disso tudo. Por onde andará o Nando, filho do seu Paulo, que tinha uma revenda de vinhos defronte o SENAC, desde menino no ofício de filatélico, esmero nunca mais presenciado. A última notícia foi de estar residindo em Curitiba e fico aqui tentando vê-lo atuando diante das adversidades e contradições nas quais desembocamos.


O SINAL ESTÁ FECHADO PRA NÓS...
Assim como na música, estou cá parado diante de um semáforo, cruzamento da Rodrigues com a Rio Branco e a cabeça fervilha. Acabo de circular pela cidade, seu centro velho e o que mais se vê são as portas fechadas, lacradas e com placas de “Aluga-se”. Muitos não se deram conta, mas para adentramos o “deus nos acuda”, falta pouco. E como deus não acode, esperemos pelo pior. Ainda bem existem os que resistem e insistem em continuar dando murros em ponta de faca, colocando o bloco na rua e persistindo em apontar o dedo para o atual rei: “Ele está nu!”. Sim, nu e em estado putrefativo, porém, com apoio advindo das tais forças vivas desta nação, ele não só se segura, como se sustenta.
Esse pessoal hoje no poder avançou demais o sinal, aprontaram demais com o país, mas também o emburreceram desmedidamente. Tá difícil de dialogar, mesmo com os fudidos, os tomando na tarracheta e mesmo assim, não enxergando nada. O balconista da loja na praça me pede para ter calma com o Bozo, enfim, “são só cinco meses”. Pergunto se ele tomou conhecimento da última dita por ele, a de que “quem gosta de pobre é o PT”. Ou seja, tentei lhe dizer, ele te odeia e nada fará por ti, disse isso textualmente e tu continua cego. Caso perdido. O sinal continua fechado para os que protestam, criticam, cutucam, apontam os erros e as cagadas, mas isso não me faz entregar os pontos. Se o fizer, será meu fim. Mais dia, menos dia, a derrocada será tão grande que todos terão que enxergar o óbvio. Tomara não seja tarde. Enquanto isso continuo minha ladainha de não desistir. Não há mal que sempre dure, seu disso, mas meu velho corpo está cansado de tanto sinal fechado. Esse aqui mesmo na minha frente, estou por um fio para avançar mesmo no vermelho. Vermelho, epa, se é vermelho não é para seguir em frente, enfim, essa cor denota luta e esperança de dias melhores. Piso no acelerador... Não se desesperem, consegui chegar em casa sem nenhum arranhão, pelo menos desta feita. Amanhã será outro dia.

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