quarta-feira, 22 de abril de 2020

DICAS (195) e CARTAS(214)


ESSE SOUBE ENCAMINHAR A VIDA - FUI CONFERIR (PELO TELEFONE) COMO ANDA O CARIOCA, DA BANCA DA FEIRA DO ROLO, NESSES DIAS DE QUARENTENA

Escrever das pessoas no meu caso é entrar no blog Mafuá do HPA e rever o que já postei delas. Nesses dias de recolhimento, converso muito com as pessoas. Tudo pelo telefone e internet, papos inolvidáveis. Tem quem ligue e a conversa se estende ao longo de horas. Todos querem e precisam conversar. Uma saída do isolamento é a conversa. Ontem me bateu saudade louca do Cariona, o da banca de livros e discos lá na feira do Rolo. O que estaria fazendo nesse período? Nem preciso de desculpa para lhe ligar, mas tenho uma. Meu inquilino quer ajudá-lo, vender seus livros pelo Mercado Livre, uma forma de ambos ganharem algum no período.

A conversa se estende. O percebo ouvindo rádio e ele me conta. "Você sabe, gosto de rádio, mas não de ouvir música pelo rádio, pois música tenho aqui em casa, coloco um LP atrás de outro, sou eclétrico. No rádio gosto de jornalismo, de conversa e antes ouvia a Bandeirantes, mas ela não pega mais nos nossos rádios. Nem AM temos mais, hoje só FM e quando vou sintonizar a única que ainda resta é essa Jovem Pan. Ouço eles o dia inteiro. Queria até fazê-lo com outras, mas não pegam mais nos rádios de ondas curtas e como você sabe, não tenho computador, não me ligo nessas coisas de facebook, meu negócio é rádio, ouço o que tenho em mãos", me diz. Não tenho o que argumentar, pois é isso mesmo, para tantos como ele, infelizmente só sobrou ouvir essa bosta que é a Jovem Pan. E o fazem, até por absoluta falta de opção. Carioca não é esquerda, muito menos direitoso, sabe separar o joio do trigo e para viver bem, não ter percalços na vida, não entra em divididas, navega sem invadir praias alheias. Ou melhor, sabe navegar sem ferir suscetibilidades.

Mas não é isso, queria ver o que faz e ele me conta, ou melhor vai me contando, em drops, aos poucos, misturando assuntos, um emendando no outro. Sua vida hoje se resume a pouquíssima saídas, na maioria das vezes as quartas para ir ao mercado, quando compra tudo o que vai precisar na semana e também para a Mary, a namorada, ela morando num apartamento com a filha e não saindo de lá para nada, ele numa casa, santuário de livros e discos perto de onde um dia foi o Country Clube. Entre quatro paredes, isolado de tudo, curte aquilo tudo sem neuras. "Henrique, eu não preciso de muita grana para viver. O que tenho me basta. Feira eu só volto quando tudo estiver normalizado. Não me arrisco, sei dos perigos, quero viver. Isso tudo que tenho em casa, esse mar de livros e discos não me deixam só. Agora mesmo terminei alguns e um deles já reservei para o seu aniversário. É junho, não? Uma biografia do Henfil que é a sua cara. Já terminei e quando chegar a data será seu. Terminei também a biografia do Divino, o Ademir da Guia, gostei muito. E agora estou acabando um sobre o Rei Sol, o Luis 14 e suas mulheres, o cara podia e saia com tudo o que aparecia, devasso, muito louco aqueles caras com poder. Tem outros na fila, leio até auto-ajuda e na vitrola agora mesmo rola Janis Joplin e Credence. Quando vejo já acabou o dia".

Ele está bem e me diz gastar o mínimo possível. A casa é dele, conseguiu quitar, ele e a namorada, cada um renda, cada um em sua casa, vidas espartanas, ele com suas manias, faz sua comida e a divide em porções, passa bem. "Levo a vida na maciota. Eu só tomo cerveja aos finais de semana. 12 latinhas de cerveja no sábado e 12 no domingo, contadinhas e no restante da semana, só água, suco. Minha comida é regrada e sem percalços. Quando quero desfio uma carne seca e a degusto ouvindo música. Gasto o mínimo possível e mesmo tendo pouco, me é suficiente", diz. Sobre a proposta do meu inquilino querendo lhe ajudar, declina de forma bem educada e me explica: "Eu já tenho um casal que faz isso, há um bom tempo. Eles me salvam nesses tempos de paradeira. Ele escolhe o que quer, acertamos um preço, ele leva e me paga com cheque para trinta dias. Depois coloca na internet e nem sei quanto ganha e nem quero saber. O que me pagou me satisfaz. O cara é especialista nisso, tem mais de 11 mil títulos vendendo lá, vivem disso e fizemos uma parceria, boa para mim e para ele, não tenho motivos para mudar nada. Eu não furo ele, nem ele me fura, assim seguimos".

Carioca está melhor do que a imensa maioria do vejo e percebo nesses tempos de coronavírus. Sabe levar a vida, sem tropeços, tudo certinho, tim tim por tim tim, de um jeito divinal. Trancadinho em sua casa, desfruta do maravilhamento ali armanezado e é feliz, deixa a vida lhe levar. Sua banca, assim como toda a Feira do Rolo estão paralisadas e a banca que iria montar na feira noturna no parque Vitória Régia, no dia que ia inaugurar, lhe ligaram e aviusaram que fechou tudo. Vai começar depois da pandemia, vai ser irradiante, como me diz, separou algo de bom e vai levar pra lá, assim como faz no tradicional ponto aos domingos. Ele sabe esperar, sabe da necessidade de permanecer em casa, quietinho, sem arroubos, olhando pela janela algo de sua rua, mas sem botar os pés na rua. "Vou fazer o que na rua? Até os que me vendem peças, discos e livros estão parados. Tem dois para serem visitados, mas vão ter que esperar. Quem sabe faz a hora, eu sei que tudo tem o seu momento e o meu é permanecer aqui em casa".

Desligo despreocupado e da mesma forma como foi rolando a conversa tento passar tudo para o papel, desordenadamente, sem preocupação com sequência. Carioca não é um bom vivant, pois sua a camisa, sabe garimpar o que lhe provem o sustento e escolheu viver extraindo leite de pedra. Carioca pode até não ser um exemplo para muitos, pois ele conseguiu galgar algo, chegou num patamar onde agora desfruta e não necessita mais esgrimar tanto. Está longe daqueles tantos, a maioria do povo como se percebe que, tem que ganhar hoje para comer amanhã e recomeçar tudo no dia seguinte. Chegou no que queria e não quer ir além disso, pois sabe que se arriscar pode perder tudo e paar ele do jeito que está é o ideal. Eu me encanto em cada conversa e quando estou meio pra baixo, procuro sempre ouvir suas histórias, bater papo, até para levantar o astral e aprender o quanto é importante viver, saber viver com pouco e assim ser muito feliz.
OBS.: Carioca deve ser um dos caras que mais fotografei na vida.


UMA CARTA NO JC
POR QUE NÃO COBRAM AÇÃO EFETIVA DO GOVERNO FEDERAL E DE BOLSONARO AO INVÉS DE FORÇAR UMA INSANA CARREATA?

Tribuna do Leitor, do Jornal da Cidade, edição de hoje, quarta, 22/04, missiva de minha lavra e responsabilidade:

Até Donald Trump, mas não Bolsonaro, nem o Sincomércio
Até Trump que é Trump capitulou e, além de manter, amplia os instrumentos de transferência aos cidadãos e de auxílio às empresas para a manutenção dos postos de trabalho. Isso se chama garantir o futuro do Capitalismo.

Aqui Bolsonaro age na contramão, instiga a abertura do comércio, tira o seu da reta e não assume seu papel. Caso siga inerte em relação às medidas de proteção aos trabalhadores desempregados, pequenos empresários e comerciantes, o retrato do caos estará implantado num curtíssimo espaço de tempo.

Seguidor do presidente, Wallace Sampaio e o Sincomércio não fazem nenhuma pressão junto ao Governo Federal para que cumpra suas obrigações, mas joga pesado contra os que querem viver e se manter em quarentena, cientes dos evidentes riscos.

Essa carreata é insana, assim como nada de cobrarem de quem deve de fato fazer algo. Eles sabem, a fome impulsiona o desespero, mas nada como lhes perguntar: quem quer salvar?

O prefeito está certo no que faz. Já os que propõem a licenciosidade, não nos esqueceremos de como agem quando mais necessitamos.

ESPANTANDO A LOUCURA E A FOBIA
MINHAS CONVERSAS COM OS PRATOS

Ontem eu conversava com os pratos na prateleira. Eles lá enfileirados e o o último deles, lá embaixo se dizia esquecido e que fazia uso só dos de cima. Retirei tudo, misturei uns com os outros e mais tranquilo, tudo voltou a calmaria entre eles. Ufa!
Eis o link: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/3407786279251357/

Estaria ficando lelé da cuca? Ou já sou e nem sabia?

2 comentários:

Mafuá do HPA disse...

NA EDIÇÃO DE HOJE, UMA RESPOSTA PARA MINHA MISSIVA:
Tribuna do Leitor
Políticos desleais ao povo!
por Admilson A. Rocha
23/04/2020 - 06h00
Em atenção ao comentário do sr. Henrique Perazzi de Aquino do dia 22/04, na Tribuna do Leitor, o sr. está de brincadeira, comparar os EUA com o Brasil é uma total falta de conhecimento do mundo. Nos EUA as leis funcionam, são rígidas e seu povo as respeita. É uma das primeiras e maiores economia do mundo, os políticos cumprem os seus mandatos com muita responsabilidade e lealdade ao povo. Aqui no Brasil não precisa nem falar, os políticos, para aprovar uma lei ou reforma encaminhada pelo presidente, querem vantagens, ou ela não será votada ou aprovada. Bolsonaro está encontrando muita dificuldade para governar em razão de não nomear nenhum político de partidos para compor o seu ministério e nem para presidir a presidência da Caixa, BNDES e outros cargos.
Ele não aceita negociar nada e aí os deputados e senadores se revoltaram e querem destituí-lo do cargo, porque as suas contas correntes não estão sendo engordadas. A maioria do povo brasileiro está de acordo com o Bolsonaro, porque estamos enxergando que a roubalheira acabou ou reduziu muito e este é o caminho para um novo Brasil.
Eu não morro de amores pelo nosso presidente, mas sou um dos muitos brasileiros que apoia seu governo, ele está muito preocupado com a saúde e abrir a economia, mas a dificuldade é muito grande, encarar os políticos, o STF... Precisa ser muito macho, ser um leão e não um cordeiro, o contrário de governos anteriores e corruptos.

Mafuá do HPA disse...

NA EDIÇÃO DE HOJE MINHA RESPOSTA AO TAL DO ADMILSON:
Tribuna do Leitor
Réplica
por Henrique Perazzi de Aquino

24/04/2020 - 04h17


Missivista Admilson Rocha me cita (Jornal da Cidade de ontem). Ele deve ter escrito antes de ver a pantomina teatral do desgoverno do Senhor Inominável (como denomino o presidente), quando apresentou em 22/04, num power point de quinta categoria, projeto para em dez anos (mas o mandato não termina em dois?) resolver tudo.

Inclusive contempla o ponto crucial de minha carta: o governo federal não só ajudar o trabalhador durante em períodos como o atual, mas também o pequeno comerciante.

Será? Não acredito.

Porém, se todos cobrássemos a quem de direito, todos estaríamos mais tranquilos durante esse período. Por que SinComércio, Walace Sampaio e nem ele, Admilson, cobram o presidente para cumprir com suas obrigações?

Que tal todos juntos partirmos para o confronto? Continuar divagando por aqui não resolve nada.