quinta-feira, 5 de novembro de 2020

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (164)


HISTÓRIA BASTANTE PROVÁVEL, PORÉM, COMO QUEM A ESCREVE TEM RECEIOS, SAI COMO SE FOSSE DE FICÇÃO - PASSAGENS E ORLANDO
Bauru está sendo sobrevoada por aviões lotados de passageiros fazendo tours mamatas. Alguns nomes e histórias são lançados ao ar - como os aviões de carreira -, como balões de ensaio, para aplacar a fúria e amenizar algo muito pior, que ainda não nos foi revelado e nem sei se um dia seremos, sobre os desmandos por detrás do derrame ocorrido nas hostes da COHAB nos últimos doze anos de administração Gasparini Jr. Eu, depois de quase nove meses de confinamento em quarentena já nem sei se o que escrevo é sonho ou me foi mesmo contado por alguém, sendo aqui publicado como mera peça de ficção, pois a realidade é muito permeada por peças ilusórias. Valem como anedotário, uma vez que algumas ocorrências nunca serão mesmo comprovadas.

Conta a lenda que um bauruense tinha negócios para fazer na cidade de Orlando EUA e descendo no chiquérrimo aeroporto local, dá de cara com dois personagens bem bauruenses e destes hoje envolvidos na trama das passagens aéreas molambentas da COHAB. Não sei se houve reconhecimento mútuo, mas a cena ficou marcada em sua memória, foi contada para amigo e este conversando comigo dias, ouço o relato e de tudo, lhe pergunto:
- Meu caro, me esclareça algo, como alguém na nossa idade, bem acima dos 50 anos, pode querer ir passear em Orlando diante de tantos lugares maravilhosos mundo afora? O que um sujeito nesta idade vai fazer em Orlando? No mínimo, o cara não tem nada na cabeça, pois não vejo nada de proveitoso para se fazer em Orlando na nossa idade, se tivesse nas condições deles, um dos últimos lugares da lista seria lá. 

Ele é lacônico na resposta, curto e grosso:

- Só se foi dar o fiofó escondido. Não existe outra alternativa.
Rimos e assim acordei no meio da noite, sem saber se aquilo era sonho ou me foi mesmo contado, de alguns destes terem passado mesmo por Orlando. Fico cá matutando e tentando juntar os pauzinhos, louco para conseguir juntar caraminguás para viajar pra Cuba, Portugal, Espanha, América Latina, mas nunca Orlando. Será que os endinheirados todos adoram mesmo a futilidade existente em lugares como Orlando? E o que fazem os que lesam patrimônios pela aí com a dinheirama arrebanhada de forma ilícita? Será que não tem mais onde gastar do que juntar em sacos e ir pra lugares desta natureza? Fúteis e inúteis até nestes pequenos detalhes.

Meu amigo encerra a ilusória conversa:
- É a degradação total dos costumes. Lesar o patrimônio público em abundância e depois gastá-lo da forma mais fútil e pueril possível.

Eu escrevo isso e continuo aqui tentando de tudo quanto é jeito e maneira me lembrar se isso tudo é sonho ou existiu de fato. O que existiu de fato e a GAECO já divulga são passagens aéreas pagas pela COHAB, causando frenesi entre beneficiados, mas tudo isso café pequeno diante de tudo o mais ainda a ser revelado. Disso tudo abro hoje o JC e lá novamente o amigo Fernandão, chargista de mão cheia, publicando como charge a ilustração que queria ter neste texto, as tantas pedras no sapato deste imbróglio todo.

A DECEPÇÃO DO DELEGADO E A CHARGE DO FERNANDÃO, TUDO NO JC DE ONTEM
A decepção é do ex-delegado de polícia de Bauru, tempos de antanho, o Alfredo Enéias Gonçalves D'Abril em artigo publicado ontem na página 2, Opinião do JC: "Mais irregularidades" (Eis o link para sua leitura na íntegra: https://www.jcnet.com.br/.../740291-mais-irregularidades...). Ali, além de enaltecer os velhos Gasparinis, patriarca e sua esposa, fala do filho não ter saído com a mesma compostura, "sem as mesmas virtudes morais". Daí, discorre também sobre os vereadores e assessor parlamentar envolvidos na trama das passagens aéreas, fornecidas pela Cohab, quando este, descaradamente ainda alega como justificativa: "fui a Brasília cuidar de assunto do município". D'Abril ri e dou risada junto, belo texto, escrachando com a situação e ajudando a escancarar a pouca vergonha em curso e da qual a Cohab e seu presidente chafurdaram até se enlamear. Para completar algo de bom hoje na página 2 do único jornal impresso da cidade, a charge do amigo Fernandão, rei do traço sobre como deve estar os procedimentos dos envolvidos, cortando volta do local, é para emoldurar. Isso tudo precisa ser levado mais a fundo, revelado todos seus podres, pois talvez com a limpa, aconteça uma bela renovação nos quadros políticos destas plagas. Aguardando com a maior expectativa...

VEREADOR VIAJA NAS ASAS DA COHAB, É DENUNCIADO POR JORNALISTA E EXPLICA POUCO, MAS INTIMIDA QUEM DIVULGA
O vereador Sandro Bussola foi um dos acusados nas investigações sobre os desvios da COHAB e na qualidade de denunciado, explica pouco, mas investe contra o jornalista, que meramente divulgou o que já era público. Está saindo chamuscado, tosquiado e pela reação, o mínimo seria a Câmara dos Vereadores de Bauru afastá-lo de suas funções - sem remuneração -, até pelo menos o final das investigações, pois no primeiro revés, já investe contra quem promove esclarecimentos, no caso o jornalista. Não ficou feio pra ele, ficou é HORRÍVEL. Quem produziu texto esclarecedor sobre algo muito em voga hoje, nessa mistura do que de fato seja a função de vereador e seus assessores foi outro jornalista, em texto publicado hoje no Opinião, do Jornal da Cidade, reprodução abaixo:

VIAGEM DE VEREADOR QUESTIONADA,por Aurélio Alonso.
A função do vereador é vigiar o Poder Executivo, propor projetos de lei e acompanhar atentamente a execução orçamentária. Nos últimos anos, a atividade de legislador vem sendo deixada de lado. As Casas Legislativas viraram meros homologadores de comendas e muito clientelismo servil aos interesses do prefeito de plantão.
Não é atribuição de vereador buscar emendas em Assembleias e Câmaras federais. Essa distorção aumentou no Brasil, porque o parlamentar municipal virou cabo eleitoral de luxo de deputados. Por isso, é comum o vereador viajar a São Paulo e Brasília para visitar os seus "padrinhos" políticos, com a despesa custeada pelo Legislativo.
Uma viagem a São Paulo tem um custo com pedágio, combustível, alimentação e hospedagens. Para Brasília, a despesa fica mais cara, pois é na maioria das vezes feita de avião, cuja passagem tem preço mais elevado (se for de carro ou ônibus também não é tão barato comparada à viagem à capital paulista). O correto é o vereador custear com seus próprios recursos essas viagens. Afinal, o subsídio visa cobrir despesas de suas atividades legislativas, mas nota-se que a função de vereador virou profissão. Há tolerância de permitir determinadas viagens com custeio com verbas públicas, desde que sejam esclarecidos o itinerário e se preste contas. A autorização destes gastos depende de passar pelo crivo da mesa diretora da Casa, do qual foi a forma de controlar a despesa. Independente de existirem formas de inibir a despesa, a minha opinião é que está na hora de acabar com a mamata. Usa-se o argumento da busca de emendas parlamentares (outra deformação da atividade que transformou o deputado em despachante de luxo que direciona essas verbas para atender a interesse de política paroquial). É uma descarada forma de fazer lobby a determinados projetos que muitas vezes não atende ao interesse púbico e simplesmente ajuda apaniguados com vistas às eleições futuras.
Por analogia, o vereador tem sua atividade na cidade que representa, a Constituição lhe concedeu inviolabilidade de voto e opinião na circunscrição do município. Fora dos limites do município, o edil não tem essa prerrogativa: se exceder ao dar uma opinião e cometer calúnia, injúria e difamação será processado. Então, vereador não é deputado e sua atuação fora da cidade que ele pague a despesa do próprio bolso. Só para lembrar, já houve casos de uso desse dinheiro em casas de prostituição, congressos fajutos, abuso de gasto com combustível e manipulação de notas fiscais para se locupletar da grana.

COMO SE ELES QUISESSEM OUVIR O QUE PENSAMOS DA ELEIÇÃO DELES...
Eu fico cá do meu canto espiando a apuração das eleições norte-americanas e cada vez me certifico mais e mais de sermos mesmo bando de bocós de mola. Eles não estão nem aí para nosso achismo e opiniões sobre o processo lá deles. Eles assim o fazem há décadas, diria algumas centenas de anos e isso de delegados escolherem e referendarem o voto popular é algo bem deles, quando o povo finge que vota e depois, numa salinha reservada os "donos do poder" resolvem e batem o martelo. Alguém já assistiu esses jogos pela TV Globo, quando escolhem o Melhor em Campo? Primeiro, o voto popular, quando o telespectador liga, mas como pode sair algo desagradando o que eles pensam como o correto, eles tem lá um time de especialistas que vai resolver a questão e colocar tudo no seu devido lugar. Igualzinho a eleição norte-americana. Eles se acham e não estão nem aí se achamos isso ou aquilo deles. Lhufas para nós. Ficamos do lado de cá opinando, discutindo, achando tudo um horror e eles lá, três dias nos fazendo de bobos. Eles nem aí, encenando aquilo tudo e plateia aplaudindo e pedindo bis, se inteirando dos detalhes do pleito, aprendendo o nome e todos os estados norte-americanos, o quanto cada estado pode gerar de delegados. Democracia é coisa pra nós, eles possuem a deles, método do qual não vão se desviar por causa de nós. Aquilo lá não é para ser reverenciado, mas defenestrado, combatido e nunca servindo de exemplo. Cansei disso de ligar as TV e todas elas estarem com equipe e horário até maior do que a utilizada para o pleito brasileiro que se avizinha. E, pelo visto, tudo montado para durar mais alguns dias, garantindo audiência e divulgação para o que fazem, como fazem e a gente engolindo tudo - sem vaselina. Sim, enfim eles são os mandões do planeta e cabe a nós, presenciar tudo, algo ainda permitido para nós, os simples mortais.

FERNANDO AZEVEDO NOS DEIXOU HOJE
Acharam (Thiago, seu filho achou e dele compartilho) meu texto, escrito em 2015. Fernando era um cara que já conheci pronto e acabado, sabia se impor e se colocar em tudo, opinando e se situando. Esteve presente em momentos marcantes destas plagas. Lembranças de conversas, embates, diálogos proveitosos e de alguém dotado de uma criatividade incomum. Vivo de lembranças...

"FERNANDO AZEVEDO é pessoa das mais conhecidas em Bauru e região, pela intensa atividade desenvolvida por aqui tempos atrás. Foi uma das pessoas mais ativas, criativas e charmosas durante um tempo, publicitário de mão mais que cheia. Figura exponencial, daquelas que marcavam presença e gostavam de se impor. E se impunha. Comandou durante anos o escritório regional da Imprensa Oficial do Estado na cidade e acredito que, seu último endereço tenha sido junto à EE Ernesto Monte, ali ao lado da Prefeitura. Foram tempos de grandes publicações, movimento intenso e na agitação, Fernando deitou fama. Ele fez muito mais, atuava por tudo quanto é lugar, um ser político dentro do contexto da época onde atuou. Ali permaneceu até as peças desse tabuleiro serem substituídas, como normalmente ocorre nessas instituições recheadas de cargos de confiança. O ostracismo veio com a aposentadoria e o sumiço de Bauru. Por onde andará Fernando? Ele continua ativo, com a verve aguda e hoje residindo numa Casa de Repouso na vizinha Macatuba, distante da agitação daqui e de leve tentando se manter atualizado. A vida é outra, uma grande transformação, mas da calmaria sei que ele deve estar extraindo um bom suco, pois rodeado de gente, deve estar transmitindo ensinamentos mil para tudo e todos à sua volta", publicado inicialmente em 10/04/2015.

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