domingo, 18 de novembro de 2018

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (107)


DA IMPORTÂNCIA DE SE VIVER CERCADO
Esse cercado, entenda, não quer dizer preso e sim, abrigado e protegido, principalmente por um grupo de pessoas amigas. Tempos atrás escrevi em algum lugar algo sobre isso. Em resumo era mais ou menos isso: viver em Bauru (ou qualquer outro lugar do planeta) não é tarefa fácil, mas muito mais descomplicado por causa desse núcleo de amigos criado e mantido no nosso entorno. Simples assim. Se as coisas andam ruins ou chatas, nada como se escorar nas relações firmes que temos e assim a vida fica um tanto mais facilitada. Coloco isso em prática a cada dia e sei dos seus benefícios. Os tempos, como sabemos, vemos e sentimos não está nada fácil. Dizem, podem piorar, porém a caminhada se torna sempre menos pedregosa quando temos gente igual a gente reunida e buscando juntas ultrapassar as barreiras.

Dou uma importância muito grande para esse grupo de amigos. Eles me mantém vivo, não me deixam esmorecer e recebo deles o incentivo para continuar atuando. O que seria de mim sem eles? Tudo mais complicado, tenho certeza. Só nessa semana me reuni com diferentes grupos em saídas em dias alternados, todos da mesma linhagem, numa resistência coletiva e um dando força ao outro para continuar com a chama acesa. Conto algumas dessas experiências, até para demonstrar que minha tese é correta. Tenho que me apegar em algo e neles esse algo mais para não desistir. Imagino eu sem amigos, isolado e fazendo tudo sozinho. Ou já teria desistido, ou no mínimo estaria batendo muito mais cabeça do que faço nesse momento.

Num dia Antonio Pedroso Jr chega de Sorocaba e do caminho liga para seleto grupo de pessoas e pede para o encontrarem num bar da cidade. Sentamos juntos, proseamos até não mais poder e traçamos juntos estratégias de resistência. Ele chegou ao lugar com uma pequena mala, deixando-a aos seus pés o tempo todo, uma pequena trouxa de roupas. Um amigo o abrigou e da conversa decidimos idas e vindas para inúmeros procedimentos que tive na semana. Num outro, fomos assistir um show no teatro de Pederneiras e mais do que o show foi rever grandes amigos daquela cidade, principalmente Maurício Passos, um militante social como poucos que conheço na vida. Sentamos num lugar na cidade, escolhido a dedo, pois não queríamos marcar presença num reduto de gente pensando diferente da gente. A conversa se estendeu e aquelas sete, no máximo dez pessoas ali reunidas todas saíram do lugar com uma certeza: revitalização para os enfrentamentos pela frente.

Ontem um outro amigo, Gilberto Bessa convida para um encontro em sua residência em torno da visita à cidade de um músico cubano. Ele muito simpático, conhecendo todos os presentes, faz questão de ir agrupando cada um em torno de separadas mesas, pessoas com quem a afinidade existia assim de bate pronto. Assim conheço e faço um novo amigo, Muchacho Garcia, da vizinha Iacanga e o papo fluiu tanto, a ponto de já estarmos marcando a minha ida para lá e a dele para um encontro do bloco do Tomate em dezembro. Revi outras pessoas queridas e esse recarregar de baterias é o primordial.

Uma outra amiga me disse certa vez: “Boi preto segue boi preto”. Diante da manada seguindo por um caminho sempre existirão os diferentes buscando outras alternativas e vias. O pessoal do bloco Bauru Sem Tomate é MiXto faz a minha alegria há exatos seis anos. Como é bom as festas, que na verdade não passam de possibilidades de estarmos juntos. Todas as reuniões ocorridas no Mafuá possuem esse peculiaridade. Fui também nessa semana junto do pai Lulinha, renovar o benzimento em minha guia de santo. A importância de lá estar, mais do que a reza e a crença é o fervor dos amigos reunidos e acreditando numa força coletiva, ou seja, nós na condução do timão dessa nave. Outro dia o deputado Paulo Teixeira passou pelo mafuá num encontro político e vendo um cartaz de uma festa Bolivariana, que tempos atrás realizamos na casa do Oscar Sobrinho. Ele olhou para o cartaz e disse: “Mas isso aqui é a sede da URSAL?”. Sim, as pessoas reunidas em torno do que fazemos, tem além da alegria transformadora na veia, um ideal de vida bem diferente do pregado por essas leis de mercado e o neoliberalismo. Não posso deixar de citar os encontros do Núcleo DNA Petista, seja na casa do Cláudio Lago ou nas saídas para atuação ou bate papo. Como são importantes para manter a chama acesa. E o que dizer dos encontros dominicais no Bar do Barba e na Banca do Carioca na Feira do Rolo? São do mesmo quilate. Quando o Carioca me abraçou hoje e disse, “gosto muito de você, cuide mais de você”, tenho a certeza de que não só ele, mas quase todos à minha volta olhamos uns pelos outros, numa espécie de proteção coletiva.

Tudo que faço possui esse viés coletivo. Eu não penso sozinho e mesmo se assim fizesse, pela minha forma de encarar o mundo, nada melhor do que estar escorado em outras pessoas pensando e agindo da mesma forma. É com esses que vou, sigo e sempre estarei. Esse viver cercado de gente como a gente, ameniza o sofrimento de viver numa sociedade injusta, desigual e hoje, mais do que nunca, intolerante e preconceituosa. Seria horrível viver sem esses. Nem sei se conseguiria fazê-lo isolado. Dias atrás liguei para Tatiana Calmon, querendo saber se o Roque Ferreira estava lá pelo sindicato. Passei para conversar com ela e ainda não o fiz com ele, mas isso é frequente. Estava precisando ouvir outras opiniões, escutar mais antes de algumas decisões. Tudo entre amigos. Escrevo essas coisas todas numa sentada após a soneca nesse modorrento dia de domingo. Acordo pensando nesse rol de amigos e presto uma justa homenagem a todos eles dessa forma.

OBS.: Eu me esqueci de muitos lugares e pessoas importantes para minha vida. Todos são por demais importantes na minha vida.

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