PROFESSORES PAULISTAS ACUADOS, ALGO SOBRE IDÊNTICAS PERSEGUIÇÕES NO FILME “O AGENTE SECRETO”, DEPOIS JUNTO TUDO COM DARCY RIBEIRO, FALA DE 1985 E MINHAS CONSIDERAÇÕESDuas coisas me afligindo por estes dias. Primeiro foi quando ouvi um relato descrevendo como os professores paulistas estão sendo tratados pelo atual desGoverno de Tarcísio de Freitas. Não se trata somente de desrespeito, mas da ilegalidade, brutalidade com que, só os apaniguados terão espaço para dar aulas daqui por diante. Uma aberração. Depois, ao assistir o ótimo filme brasileiro, “O Agente Secreto”, diante de tantas cenas impactantes, uma em especial me chamou muito a atenção. O protagonista do filme foi um professor universitário, pesquisador numa universidade pública brasileira e foi perseguido durante os anos da ditadura militar, pois fazia parte de um segmento pensando o Brasil. Isso, pelo visto era incompatível, taxado como agora, simplesmente, “comunista”. O personagem de Wagner Moura foi caçado até a morte e se aqui no Brasil, o golpe do Bolsonaro & Cia tivesse vingado, seriamos todos também caçados, perseguidos e mortos. O professor paulista que não segue à risca as regras ditadas pelo nefasto Tarcisio é excluído. Dentre todos os momentos conflitantes da Educação paulista este o mais preocupante, pois se estes continuarem nos governando, este setor sofrerá um retrocesso que, dificilmente se recuperará. Qualquer recuperação só com estes longe de qualquer participação em governos, sejam locais ou estaduais.
Escrevi ontem aqui neste espaço sobre o que está em curso com os professores paulistas. Hoje fui pesquisar sobre o personagem do filme “O Agente Secreto”, não o seu protagonista, o professor perseguido e ao final, assassinado, mas o de quem promoveu a perseguição durante o governo de Ernesto Geisel (1974/1979). Trata-se do empresário identificado como Henrique Castro Girotti, conselheiro da Eletrobrás, vivido pelo ator Luciano Chirolli. Seu papel é nefasto e representa muito bem, todos aqueles sacanas que se aproximam de governos para benefício próprio. Não estão interessados no que ocorre de transformador dentro, por exemplo das universidades públicas, mas sim, que essas ações os beneficiem. No filme, o professor Armando trava um ríspido diálogo com Girotti num restaurante, onde este é desmascarado. Como consequência, a esposa de Armando é assassinada e é encomendado o assassinato do professor. O empresário envia matadores do Rio de Janeiro a Recife para eliminar Armando. No filme, tudo muito claro, nítido de como muitas coisas são resolvidas neste país. Aquelas cenas são muito impactantes, pois dizem respeito a algo bem próximo de todos nós, ou seja, os destinos da Educação neste país. Durante o regime militar, um claro retrocesso e agora, com gente como Tarcísio, Ratinho Jr, Cláudio Castro, Caiado e outros como governadores, um perigo.
Temo por Bauru, pois observa-se que a alcaide Suéllen Rosin é adepta e muito próxima dos mesmos procedimentos destes citados. Ela não só sobre em palanques com Tarcísio, como fala a mesma linguagem e é totalmente favorável as tais escolas militares, em substituição às escolas estaduais. Elas, na verdade, promoverão a bestificação – diria também, beatificação - da Educação. Diante de tudo, fui buscar em meus alfarrábios um texto publicado algumas décadas atrás pela UnB – Universidade de Brasília, quando da retomada da democracia no país, sendo que aquela universidade, estava se libertando dos grilhões dos militares e assumindo um reitor dentro da concepção dos novos tempos, Cristóvam Buarque. O livrinho, 30 páginas, cai como uma luva para unir o que escrevi até agora. É a transcrição do discurso do primeiro reitor da UnB, o antropólogo Darcy Ribeiro, durante a cerimônia de posse do novo reitor, em 16 de agosto de 1985. O Brasil havia acabado de sair do regime militar, onde situações como a vivenciada pelo personagem Armando foram comuns. Foram tempos de muita perseguição e diante do que vejo Tarcísio promovendo com os professores paulistas, transcrevo algo dessa fala do Darcy, para entendermos como, passado algumas décadas, tudo pode piorar e as escolas e universidades públicas voltarão a padecer e fenecer.
A fala de Darcy Ribeiro é tudo o que mundo universitário precisa, mas demonstra também, quando muita coisa deixa de acontecer, do distanciamento entre as partes e, o algo ocorrendo em São Paulo, com o retorno dos anos de chumbo: “Custei muito a entender que o único compromisso que se pode ter em matéria de ideias é com a busca da verdade. Toda ideia é provisória, toda ideia tem que ser posta em causa, questionada. Tudo é discutível, sobretudo numa universidade. (...) Era preciso que o Brasil tivesse gerado e formado previamente, formado muito bem, algumas centenas de cientistas e pensadores, cobrindo todos os campos do saber e das artes, para que o Brasil ousasse, como nós ousamos, repensar a universidade neste país. (...) Nós nos recusávamos a aceitar a universidade de mentira que se cultivava no país, tão insciente de si como contente consigo mesma. (...) O desafio que se impõe à inteligência brasileira é o de capacitar-se de que este país não pode passar sem uma universidade séria. (...) Limpe a mente, abra o coração, tome partido e ouse. Vá diante, aceite errar para acertar. Eu errei muito, nós todos erramos demais, tanto que este nosso país ainda não deu certo. (...) Esta é a função da utopia: ordenar, concatenaras ações, para fazer frente ao espontaneísmo fatalista e, sobretudo, para impedir que os oportunistas façam prevalecer propósitos mesquinhos. (...) A dura verdade é que nós, universitários, temos sido e somos, também nós, coniventes com o atraso do povo brasileiro. Somos coniventes com o projeto que fez de nós um povo de segunda classe. (...) Por que, nós que fomos capazes de fazer indústrias e cidades e algumas façanhas mais como essa Brasília, não fomos e nem somos capazes de fazer essa coisa elementar: ensinar todos a ler, escrever e contar? (...) Temo muito que nossos acadêmicos não tenham sido fiéis ao povo brasileiro. (...) O importante é que não se perca a liberdade de tentar acertar por diversos caminhos. A responsabilidade de ousar. O direito de errar. (...) País que deu certo, para mim, é aquele em que cada pessoa tem um emprego, em que todos comem todos os dias, em que toda criança cai à escola, em que todos tem moradia, em que todo velho e doente é amparado. Isso é um país que deu certo. (...) É preciso que a esquerda, reintegrada agora em seus direitos, não faça o que fazia a direita: não comece a ser intolerante. (...) E nós, intelectuais, com poder precaríssimo, mas precioso, de mobilização da consciência nacional, estamos fazendo o que?”.
Hoje, bem nítido, dois países dentro do mesmo Brasil e numa férrea disputa. Um, com Lula nos governando e propondo uma escola/universidade livre, soberana e libertadora; outra proposta, repressora, autoritária, sem autonomia e focando em temas conservadores, limitadores, este segmento capitaneado hoje pelo que está a ocorrer em São Paulo, sob a batuta do Tarcísio. Darcy sempre jogou luz sobre nós, nossa consciência de classe. Sei ter misturado as bolas todas com a fala do Darcy, mas se resistimos até agora, creio algo mais possa ainda ser feito para impedir essa derrocada total na Educação, proposta por gente nefasta como este Tarcísio. Vejo os professores acuados, medrosos e sem voz, pois quando a levantam, ficam mais marcados. Mas nós, os ainda conscientes, fora deste ambiente, como falou Darcy, “estamos fazendo o que?”. Amanhã pode ser tarde demais.
Escrevi ontem aqui neste espaço sobre o que está em curso com os professores paulistas. Hoje fui pesquisar sobre o personagem do filme “O Agente Secreto”, não o seu protagonista, o professor perseguido e ao final, assassinado, mas o de quem promoveu a perseguição durante o governo de Ernesto Geisel (1974/1979). Trata-se do empresário identificado como Henrique Castro Girotti, conselheiro da Eletrobrás, vivido pelo ator Luciano Chirolli. Seu papel é nefasto e representa muito bem, todos aqueles sacanas que se aproximam de governos para benefício próprio. Não estão interessados no que ocorre de transformador dentro, por exemplo das universidades públicas, mas sim, que essas ações os beneficiem. No filme, o professor Armando trava um ríspido diálogo com Girotti num restaurante, onde este é desmascarado. Como consequência, a esposa de Armando é assassinada e é encomendado o assassinato do professor. O empresário envia matadores do Rio de Janeiro a Recife para eliminar Armando. No filme, tudo muito claro, nítido de como muitas coisas são resolvidas neste país. Aquelas cenas são muito impactantes, pois dizem respeito a algo bem próximo de todos nós, ou seja, os destinos da Educação neste país. Durante o regime militar, um claro retrocesso e agora, com gente como Tarcísio, Ratinho Jr, Cláudio Castro, Caiado e outros como governadores, um perigo.
Temo por Bauru, pois observa-se que a alcaide Suéllen Rosin é adepta e muito próxima dos mesmos procedimentos destes citados. Ela não só sobre em palanques com Tarcísio, como fala a mesma linguagem e é totalmente favorável as tais escolas militares, em substituição às escolas estaduais. Elas, na verdade, promoverão a bestificação – diria também, beatificação - da Educação. Diante de tudo, fui buscar em meus alfarrábios um texto publicado algumas décadas atrás pela UnB – Universidade de Brasília, quando da retomada da democracia no país, sendo que aquela universidade, estava se libertando dos grilhões dos militares e assumindo um reitor dentro da concepção dos novos tempos, Cristóvam Buarque. O livrinho, 30 páginas, cai como uma luva para unir o que escrevi até agora. É a transcrição do discurso do primeiro reitor da UnB, o antropólogo Darcy Ribeiro, durante a cerimônia de posse do novo reitor, em 16 de agosto de 1985. O Brasil havia acabado de sair do regime militar, onde situações como a vivenciada pelo personagem Armando foram comuns. Foram tempos de muita perseguição e diante do que vejo Tarcísio promovendo com os professores paulistas, transcrevo algo dessa fala do Darcy, para entendermos como, passado algumas décadas, tudo pode piorar e as escolas e universidades públicas voltarão a padecer e fenecer.
A fala de Darcy Ribeiro é tudo o que mundo universitário precisa, mas demonstra também, quando muita coisa deixa de acontecer, do distanciamento entre as partes e, o algo ocorrendo em São Paulo, com o retorno dos anos de chumbo: “Custei muito a entender que o único compromisso que se pode ter em matéria de ideias é com a busca da verdade. Toda ideia é provisória, toda ideia tem que ser posta em causa, questionada. Tudo é discutível, sobretudo numa universidade. (...) Era preciso que o Brasil tivesse gerado e formado previamente, formado muito bem, algumas centenas de cientistas e pensadores, cobrindo todos os campos do saber e das artes, para que o Brasil ousasse, como nós ousamos, repensar a universidade neste país. (...) Nós nos recusávamos a aceitar a universidade de mentira que se cultivava no país, tão insciente de si como contente consigo mesma. (...) O desafio que se impõe à inteligência brasileira é o de capacitar-se de que este país não pode passar sem uma universidade séria. (...) Limpe a mente, abra o coração, tome partido e ouse. Vá diante, aceite errar para acertar. Eu errei muito, nós todos erramos demais, tanto que este nosso país ainda não deu certo. (...) Esta é a função da utopia: ordenar, concatenaras ações, para fazer frente ao espontaneísmo fatalista e, sobretudo, para impedir que os oportunistas façam prevalecer propósitos mesquinhos. (...) A dura verdade é que nós, universitários, temos sido e somos, também nós, coniventes com o atraso do povo brasileiro. Somos coniventes com o projeto que fez de nós um povo de segunda classe. (...) Por que, nós que fomos capazes de fazer indústrias e cidades e algumas façanhas mais como essa Brasília, não fomos e nem somos capazes de fazer essa coisa elementar: ensinar todos a ler, escrever e contar? (...) Temo muito que nossos acadêmicos não tenham sido fiéis ao povo brasileiro. (...) O importante é que não se perca a liberdade de tentar acertar por diversos caminhos. A responsabilidade de ousar. O direito de errar. (...) País que deu certo, para mim, é aquele em que cada pessoa tem um emprego, em que todos comem todos os dias, em que toda criança cai à escola, em que todos tem moradia, em que todo velho e doente é amparado. Isso é um país que deu certo. (...) É preciso que a esquerda, reintegrada agora em seus direitos, não faça o que fazia a direita: não comece a ser intolerante. (...) E nós, intelectuais, com poder precaríssimo, mas precioso, de mobilização da consciência nacional, estamos fazendo o que?”.
Hoje, bem nítido, dois países dentro do mesmo Brasil e numa férrea disputa. Um, com Lula nos governando e propondo uma escola/universidade livre, soberana e libertadora; outra proposta, repressora, autoritária, sem autonomia e focando em temas conservadores, limitadores, este segmento capitaneado hoje pelo que está a ocorrer em São Paulo, sob a batuta do Tarcísio. Darcy sempre jogou luz sobre nós, nossa consciência de classe. Sei ter misturado as bolas todas com a fala do Darcy, mas se resistimos até agora, creio algo mais possa ainda ser feito para impedir essa derrocada total na Educação, proposta por gente nefasta como este Tarcísio. Vejo os professores acuados, medrosos e sem voz, pois quando a levantam, ficam mais marcados. Mas nós, os ainda conscientes, fora deste ambiente, como falou Darcy, “estamos fazendo o que?”. Amanhã pode ser tarde demais.
publico ainda hoje... aguardem...

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