quarta-feira, 30 de junho de 2021

DIÁRIO DE CUBA (213)

PAVIO ANDA MUITO CURTO E O TEMPO ESCASSO...* 

“A minha vontade é retirar meu estresse exercitando a minha mão aberta na face desses canalhas”, Tatiana Calmon resumindo meu sentimento em relação a tanta coisa hoje em curso pela aí.

BORGO, O CARICATOEscreva aí, por atitudes iguais a essa aqui do decreto legislativo, não demora muito e o vereador bauruense Eduardo Borgo acabará tropeçando nas próprias pernas. Se não tropeçar, cairá por si só. É muito tropicão pra um só sujeito.

NOVO DECRETO - “Quando eu vi que ia ter um novo decreto, pensei que a ficha da desprefeita tinha caído, e finalmente ela ia tomar medidas rígidas em relação a pandemia, fechando tudo que não é serviço essencial, mas quando eu vejo o decreto percebo que nada mudou. Continua a quarentena consciente, que ela falou no início do mandato, na qual ela ia contar com o bom senso da população, que sabemos que não existe e depois ela decretou a quarentena gospel, não pode abrir bares e restaurantes de noite e não pode vender bebidas de noite e aos finais de semana, porém ter show nas igrejas. Não está faltando leitos, está faltando uma prefeita e um vice que saibam governar a cidade e se importem com a população, com os CPFs e não apenas com os empresários e os seus CNPJs”, Andrea Sevilha.

SHOW GOSPEL PODE - “Para justificar o show de segunda-feira o pastor disse que "os fiéis precisavam deste show para aliviar o espiritual abalado pelas notícias negativas da pandemia", eles precisam aliviar o espiritual e a igreja precisava lucrar vendendo ingresso. E o restante da população que também está estressada por causa da pandemia e não frequenta a igreja, faz como? Fica em casa passando raiva porque sabe que com vírus não se brinca e que a saúde da cidade entrou em colapso. Falta de noção e respeito com os mortos e seus familiares”, Andrea Sevilha.

FORÇAS ARMADAS E PERDA CREDIBILIDADE - “As Forças Armadas brasileiras não possuem nem um resquício sequer do nacionalismo histórico de outrora. E esse processo de colonização da instituição começou no pós-1964, como mostra Moniz Bandeira. De lá para cá, os que ainda resistiram de alguma forma foram saindo e deixando espaço aberto para o que temos hoje. Um Exército entreguista e desleal com os interesses nacionais. Nada melhor para a estratégia de guerra híbrida e dominação de um povo, do que dominar antes de tudo as Forças Armadas da nação. Nós não somos mais um país. Mas talvez a percepção dessa dura realidade demore algum tempo para se fazer claro para alguns...”, Caetano de Holanda.

O MÍNIMO QUE TEMOS OBRIGAÇÃO DE FAZER COM OS CANALHAS DESTA NAÇÃO

PEDERNEIRAS RESISTE - Recebo de dileto amigo algo da resistência tão necessária, não só em Pederneiras, quiçá em todas as cidades de nossa região, enfim, a ficha já caiu faz tempo e Bolsonaro é mesmo mais do que um empecilho. Lutemos pela sua queda e que pague por tudo de mal que fez ao país. Viva a Pederneiras que resiste...

O EX-CAPITÃO JÁ PASSOU DOS LIMITES - Não existe mais o que fazer, o desGoverno atual ainda encastelado em Brasília acabou e já está indo tarde demais, pois produziu estragos incomensuráveis a este país, algo pelo qual, teremos pela frente tempos difíceis, até alguma recuperação. Pelo que se percebe, a decisão pelo defenestramento do capiroto já está tomada, é impraticável a continuidade de algo dessa natureza, mas os donos do poder local, nossas elites estão ainda maquinando como vai ser possível uma transição com alguém a continuar aprovando as "reformas" (sic) por eles impostas, ou seja, a destruição do país, a venda e privatização de tudo o que nos resta de soberania. Falta este sórdido detalhe, mas diante de tanta aberração surgida nos últimos dias, inexorável sua queda. Agora pipocam caos de corrupção, sendo a bola da vez a da venda de vacinas, uma atrás der outra, todas com preços superfaturados e a favorecer os bolsos de gente com ligação umbilical com o presidente. Estão todos entrelaçados e assim deverão cair, coladinhos uns aos outros, danosos, perversos e insanos. Cadeia neles todos!

terça-feira, 29 de junho de 2021

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (166)


CEI DA COVID DO BORGO NÃO É SÉRIA
Uma aberração atrás de outra. Essa CEI proposta e tocada pelo vereador Eduardo Borgo é excrescência explícita. Hoje o convite para depoimento é para que o ex-prefeito Clodoaldo Gazzetta II compareça. O normal seria que todo o questionamento a ele já estivesse todo pronto, perguntas, pontos a serem abordados, mas não, pelo contrário, o vereador pelas ondas da indefectível e repugnante rádio Jovem Pan, ops, digo, Velha Klan, diz algumas horas antes do evento ter início que, perguntas podem ser feitas pelos ouvintes e também pelo Alexandre Pittolli, segundo ele, todas serão feitas ao ex-prefeito. Pede no ar para que lhe enviem as perguntas até momentos antes. Que é isso? Que nome se pode dar a isso? No mínimo não estão levando a coisa a sério. O descrédito dessa CEI está evidenciado. Sem nenhum critério sério, sua condução parece palco para engrandecer alguns e massacrar outros. Fosse eu o Gazzetta, não só não iria como denunciaria a pouca vergonha. Enfim, aquilo é uma Comissão Especial de Inquérito ou extensão do programa inquisitório da Velha Klan para com seus declarados inimigos?

Nota do ex prefeito Gazzetta, se justificando pelo não comparecimento à CEI da Covid em Bauru: "Infelizmente esta CEI perdeu o seu foco, deixando transparecer, cada dia mais, se tratar de uma perseguição pessoal do relator contra o ex-prefeito, enquanto deveriam estar focados em investigar o fura fila da vacinação, a omissão nas medidas de controle epidemiológico, o colapso hospitalar ou mesmo eventos de aglomeração denominados de outra forma. Lamentável".

Pergunta para o presidente da CEI, vereador Manoel Losilla, diante dos fatos ocorridos nesta manhã, quando o vereador Eduardo Borgo, numa rádio da cidade anuncia que perguntas para o ex-prefeito poderiam ser feitas pelos ouvintes e todas seriam feitas ao convidado: "Caro vereador Manoel Lossilla, na qualidade de presidente da referida CEI, o questiono se é correto fazer uso da CEI, como o fez escancaradamente o vereador Borgo, para uso pessoal, numa clara demonstração de sua utilização para fins específicos e totalmente em desacordo com a responsabilidade que se teria que ter em algo de tão sério propósito? É isso mesmo que ocorre nesta CEI presidida por V.Sa? As perguntas feitas aos convidados podem mesmo ser formuladas por ouvintes de uma rádio, que todos sabem é insuflada por um locutor que incita as pessoas a se posicionar contrariamente contra o ex-prefeito? Não seria algo totalmente fora de propósito? Que atitude V.Sa tomará contra o citado vereador, pois o ocorrido denigre e muito a credibilidade da CEI, transformando-a num palco de extensão de programa da rádio onde Borgo deu entrevista nesta manhã? Com as consideração de sempre, Henrique Perazzi de Aquino".

E por fim diante de falas autoritárias deste, volto a inquerir o presidente da CEI: "Caro sr Losila, não aceite a forma acintosa e autoritária como o vereador Borgo quer tomar decisões e impor a vontade dele sob as demais diante da CEI. Assisti hoje e vi algo por demais autoritário por parte dele. Não permita isso, pelo bem da continuidade da CEI. Ela não pode ser palco para esse vereador fazer uso em conluio com o pessoal da Jovem Pan. Muito grato pela atenção".

MAFUÁ MUDANDO DE NOME PARA "IGREJA MAFUÁ DO HPA" E ASSIM, ADENTRANDO O MUNDO DO "TUDO LIBERADO"
"Igreja Rasgando os Céus 28/06/2021. Bauru.... Mais de 1000 óbitos! Taxa de ocupação de leitos acima de 110%! 87 Pessoas aguardando vaga em um leito! (Covid e outras enfermidades). Enquanto isso... Os Bares e alguns outros estabelecimentos fechados por causa de um decreto "meia boca"! A quem interessa tudo isso? Quem está verdadeiramente preocupado com a economia da cidade? Acordem pelo amor de Deus!!! Distanciamento? Protocolos sanitários? Respeito? Isso é revoltante", um dos tantos lamentos pelas redes sociais, aqui feito por Priscila Corrales. Assistam o vídeo da igreja bombando de gente e vírus na noite de ontem: 


Outros tanto estão circulando pela cidade, num grito coletivo contra a insanidade de algo propiciado pela atual alcaide municipal, a imPerfeita (sic) e também novíssima (sic) Suéllen Rosim, que decreta Lei Seca na cidade a partir das 18h e aos finais de semana, inviabilizando os bares e restaurantes - o que não deixa de ser correto, se a cidade num todo estivesse com a pisca alerta ligado e plugada no sério isolamento social. A legislação bauruense é dúbia, de duplo sentido e favorece uns apaniguados, no caso como sei viu pelo festão de ontem á noite, os evangélicos neopentecostais que, abrem as portas de seus templos e assim distribuem o vírus gratuitamente para tudo, todas e todos.

Num outro post pelas redes sociais, Ivo Fernandes, do grupo Coletivo Samba, em forma de pilhéria, gozação mais do que explícita, chega junto na vista grossa da imPerfeita: "Mudamos!!! Agora somos a Igreja Coletivo Samba!!! Dando seu testemunho Pastor Marcão e apóstolo Ed Florindo. Culto aos Domingos nas melhores casas do Ramo!!!". Sim, se os pastores se dizem filhos de deus, por que não os sambistas? Evidente que, Ivo é pessoa séria e brinca - assim como eu no título deste texto -, pois sabe muito bem da necessidade de levar o vírus a sério, algo que parcela significativa dos neopentecostais não o fazem e muito menos Suéllen. Fazer festa como se viu na igreja Rasgando os Céus é mais que um crime neste momento e algo de sério, que não virá pelas mãos da alcaide, já deveria ter sido barrada pela do Judiciário - cadê o promotor Ensilson Komono sempre tão preocupado com os destinos da cidade?

"Quanto tempo vocês estão sem ir a um show? Você que é músico e está passando fome. Você que é dono de bar e teve que fechar o seu negócio... otários! A igreja da prefeita está bombando! Vocês não entendem que pra eles a pandemia já acabou? Não entendem que eles são muito melhores que nós, meros mortais? E suas festas são abençoadas? É a aglomeração do bem de que fala a prefeita. É o gozo santo", esse o grito do professor Tauan Mateus e todos os sensatos desta cidade. Até quando seremos governados por gente totalmente no desvio e usando de dois pesos e duas medidas para tomada de suas decisões. Hoje pela manhã, o pastor da tal igreja se pronuncia e diz que os fiéis queriam o culto e que deus - o dele, claro - também quer que continue a fazer esses contatos celestiais. Enfim, ele deve estar cumprindo uma missão de diminuir na maior quantidade possível os terráqueos, espécie de controle da natalidade. Ele sabe o que faz, ou melhor, faz parte dos ungidos de Springfield!

OUTRA COISA
OS QUE JAMAIS SE VERGAM DIANTE DAS INJUSTIÇAS – PEDROSO POR JEFERSON
Recebo do professor Jeferson Barbosa da Silva, hoje exilado de Bauru em Natal RN, sentindo muito a perda do Antonio Pedroso Jr e de lá me envia este texto entre aspas, que público na íntegra:

1º - Desde sempre o público leitor, cada vez mais rarefeito, prefere ler a história contada por contadores de histórias, gente como o nosso Pedroso, o nosso Henrique do Mafuá, do que ter de encarar aquela seriedade de uma história carimbada pela Academia. A razão disso é o trabalho com as fontes. Um contador de histórias opera com as memórias, essencialmente, a dele e de seus parceiros, memórias lembradas, memórias ouvidas e mentalmente gravadas, memórias escritas nos jornais velhos. O historiador profissional não aceita essas fontes a não ser passando-as num raio-x de anos ou décadas.

2º - José Honório Rodrigues, historiador, em seu livro clássico, "Fontes da Historiografia Brasileira", escreve: "Deus não é dos mortos, mas dos vivos, pois, para Ele, todos são vivos. Assim também é a História". Quer dizer, mesmo uma pessoa, por exemplo, que já está esquecida há muito tempo, da qual ninguém lembra mais, nem fala nada, pesquisando-se a sua existência em boas fonte de consulta, a gente poderá trazê-la de volta para o que está acontecendo agora, neste tempo presente, pois, para a História, essa pessoa nunca morre, pode estar sendo sempre em parte, revivida.

3º - A esquerda brasileira, a bauruense, inclusive, começa a sentir algumas pulsões de mudança e renovação. Ótimo! Maravilha! Já demorava! Agora, se eu sempre soube nesse jogo, que não sou nenhum Neymar, nenhum craque conhecido, famoso, comentado, não posso concordar com os novos técnicos querendo me escalar para ser um gandula nas partidas do campeonato. Pedroso se despede com toda a qualidade pessoal de sua coragem política, batalhando, arrojo tenaz e voluntário, tantos livros arrancados dos interessados esquecimentos, sem querer se mostrar como o craque que sabia não ser. Mas, não aceitou, jamais, ser escalado como gandula. Lição que a nós outros suscita urgente reflexão...”.

NOTA DO HPA: Gente como Pedroso Jr, até mais que eu, escreve sentido, pulsando, com o coração latejando. Somos emotivos, até mais do que a precisão histórica. Nos move uma causa e dela não arredamos pé. Adoro isso de resgatar histórias esquecidas e fazê-las voltar a ser lembradas, rejuvenescê-las e assim, tornar possível a pessoa estar novamente nas paradas de sucesso. Agradeço por me colocar no rol de gente da estirpe de Pedroso Jr. Isso torna o que faço envolto numa aura de maior importância. E assim, aos trancos e barrancos, nem sempre escrevendo num português escorreito, sigo em frente, ao meu modo e jeito, sem me deixar desviar de uma rota. Sou assim, sempre serei. Pedroso era assim também, até mais sério que este mafuento.

"ADEUS, MEU CAMARADA
É O SEGUINTE, ANTONIO PEDROSO JÚNIOR
, 67 anos, foi-se embora na madrugada fria deste 28 de junho, em Bauru. Sem apelação ou aviso, quando seu imenso coração parou de repente. Infarto. Uma merda, uma merda, uma merda! Era um múltiplo, de voz poderosa, que volta e meia atropelava palavras, pronunciando os indefectíveis “brusa” e “bicicreta”, combinados com fina agudeza política e intelectual. Leitor e escritor voraz, dizia: “Meus amigos de bar falam ‘brusa’ e eu falo também”. E arrematava, gargalhando, “Qual o ‘pobrema’”?

Proprietário de um senso de humor inexpugnável, com o saudável costume de rir de si mesmo, era literalmente comunista desde criancinha. “Uma das lembranças mais remotas que guardo é a de acompanhar meu pai num comício da campanha do Lott, quando eu tinha de cinco para seis anos de idade”. O velho, apelidado pela polícia de Pedroso, o perigoso, era um valente líder comunista e ferroviário, capaz de se deitar nos trilhos para deter uma locomotiva durante uma greve. Bauru, na primeira metade do século XX, era a fronteira da exploração do Oeste paulista, propagada como “o maior entroncamento rodoferroviário da América Latina”. Ali se cruzavam as estradas de Ferro Noroeste do Brasil, Sorocabana e a Companhia Paulista. Conectávamos orgulhosamente Santos à Bolívia.

OS MELHORES PROFISSIONAIS da engenharia nacional e alguns franceses se mudaram para a cidade, entre 1900-30, seguidos por levas de operários negros e caipiras responsáveis pela abertura da mata e assentamento de trilhos, e por imigrantes portugueses, espanhóis e italianos, que cuidavam das oficinas e pilotavam as composições férreas. Todos eram submetidos a um regime de trabalho semiescravocrata, com indecentes preconceitos de classe e raça. Desenhou-se a partir dali uma cruel etapa da ocupação do território por latifúndios, através da matança impiedosa de indígenas. Somando tudo, um Vesúvio de tensões sociais sempre pronto a entrar em erupção.
É neste quadro que a cidade vê surgir, desde o final dos anos 1910, pequenos grupos comunistas, que ganham consistência após 1945. Essa é a escola de Pedroso, o perigoso, que mais tarde teria no filho um discípulo fiel.

O QUE MOLDOU A PERSONALIDADE do garoto e da irmã foi ver o pai preso no início de abril de 1964, e ser sumariamente demitido da ferrovia. A mãe, dona Alzira, se virou do avesso em serviços culinários e domésticos tentando fugir da fome. Juntou caraminguás e vários empréstimos para montar um bar. Era uma portinha ao lado da casa periférica, que foi tocado por ela e pelo marido, quando os gorilas o devolveram às ruas. O nome do boteco? “Carcará, como o da música, o que pega mata e come”, repetia o filho a vida inteira, em homenagem ao primeiro sucesso de Maria Betânia, um ano após o golpe.

Conheci Pedroso e seu jeito largo e sem cerimônias em 1976, candidato a vereador, numa sublegenda do MDB. O cabeça de chapa era outro perigoso agente vermelho, Milton Dota. Trata-se de um advogado encorpado, ex-líder estudantil egresso de 68, várias vezes vereador, e que segue se pegando com fascistas na rua até hoje, do alto de seus 81 anos.
Pedrosinho, como os mais velhos o chamam, não se elegeu. Mas puxou dos pais o inconformismo e a capacidade de juntar gente e botar todos em movimento.

PEDROSO, O PERIGOSO, MORREU EM 1978, aos 59 anos, em plena ditadura. Nunca foi anistiado ou reconduzido ao emprego. Nem ele e nem milhares de batalhadores anônimos perseguidos por alcaguetes, policiais e milicos de quinta categoria. A partir dali, o filho abraçou a causa de sua vida, a reparação aos perseguidos pelo arbítrio.

Montou o primeiro Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) fora das capitais, quando o vento político começou a virar em favor das causas populares. Eram tempos em que mobilizações de massa pipocavam pelo país.

Nosso herói – tenho de chamá-lo assim – decidiu, com a ajuda de outros, fazer um levantamento dos presos, cassados e assassinados na região. Redescobre num casebre um velho amigo de seu pai, Alberto de Souza, ex-policial, participante da Revolução Paulista de 1924 e militante da Coluna Prestes e do levante de 1935. Encontra a família de Darcy Rodrigues, lugar-tenente de Carlos Lamarca e exilado em Cuba. Chama, entre muitos, Pebá Batista, companheiro de Marighella que ciceroneou Che Guevara pela cidade em 1966 (sim, é verdade!), Arcôncio Pereira da Silva, veterano das lutas contra o Estado Novo, contata José Duarte, lendário líder sindical e dirigente nacional do PCB e do PCdoB, e muitos mais, quase todos enfrentando dramática pobreza. E resolve escrever “Subsídios para a história da repressão em Bauru”, livro que deu voz e rosto a dezenas de combatentes esquecidos.

PEDROSO, O JÚNIOR, FORMOU-SE ADVOGADO, depois de atuar no movimento estudantil, no início dos anos 1980. Mostrou-se um disciplinado militante comunista, montou duas livrarias, uma delas com o sugestivo nome de Palmares, escreveu mais cinco livros sobre a ditadura e as perseguições aos de baixo, passou a defender ex-presos políticos nos tribunais de São Paulo e Brasília e a atuar na comissão de Anistia. Tornou-se uma espécie de memória viva do movimento operário no interior paulista. Nunca foi um acadêmico, mas era fonte de inúmeras teses, biografias e livros sobre nossa história recente.

Há vinte anos casou-se com Ana Célia e mudou-se para Sorocaba. Pedroso tinha uma gota renitente, que se acentuava com inevitáveis rondas aos botecos de onde quer que estivesse. Passou a ter problemas nos pés, o que impedia o uso de sapatos. Fizesse frio ou calor, lá vinha ele arrastando um par de sandálias pelas ruas. Em sua última tentativa de se eleger vereador, em 2000, inventou o apelido e o símbolo pelo qual se tornou popular: “Chinelo neles!” Quando nasceu o filho, Pedro Antônio, hoje com 18 anos, logo apelidou o moleque de Chinelinho.

NOSSO CAMARADA MONTOU partidos, debates, controvérsias e homenagens a antigos militantes, que sempre foram sucesso de público. Mas nunca alguém – este que vos fala incluso – organizou uma homenagem a ele. Talvez por faltar outro Pedroso para fazer a tropa trabalhar e montar uma sessão pública na cidade em que nasceu e morreu.
Vamos fazer isso, quando essa pandemia acabar, com o insanável “pobrema” de homenagear um tipo inquieto, provocador e ótimo de conversa sem sua presença para nos fazer rir.

Porra, Pedroso, chorei pra caralho hoje. Que merda, cara, que merda! Adeus meu insubstituível amigo e camarada, adeus", professor e amigo Gilberto Maringoni.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

FRASES DE UM LIVRO LIDO (166)



NÃO CONSIGO ESCREVER NADA SOBRE O FALECIMENTO DO AMIGO ANTONIO PEDROSO JUNIOR, DAÍ COMPARTILHO O QUE AMIGOS POSTARAM HOJE NAS REDES SOCIAIS:
- "NOTA DE PESAR - FALECIMENTO DE ANTONIO PEDROSO JUNIOR
Muito triste o falecimento do militante social e político, escritor e pensador desta aldeia bauruense, intransigente defensor da causa dos injustiçados e perseguidos pela ditadura militar, Antonio Pedroso Junior. Muito sentido, amigo pessoal dele, frequentador junto com ele de rodas de prosa, bares e muita conversação, estou passado e me recolhendo pessoalmente. Dia muito triste. Deixa imenso legado com todos seus livros, traçando uma nova visão diante de tanta história mal contada. Sem palavras", foi o que consegui postar logo ao tomar conhecimento do falecimento do amigo, por volta 9h30 manhã.

- “Caramba, a semana já começa triste, imensamente triste. Pela manhã recebo mensagens pelo whats de que Antonio Pedroso Junior, ou Chinelo, como ficou popularmente conhecido, havia morrido. Sim, sei que a morte é inevitável e todos nós a encontraremos um dia, querendo ou não, mas a sucessão de perdas atuais está imensa e incomensurável. Pedroso já era um veterano na faculdade quando iniciei meus estudos em direito na ITE e minha militância política estudantil. Passei a admirar aquela figura que falava aos estudantes com a autoridade de quem conhecia bem os horrores da ditadura, pois, seu pai, liderança ferroviária e antigo militante de esquerda, fora perseguido e preso pelos algozes do regime autoritário. E Pedroso seguia seus passos, tornando-se também uma liderança entre os estudantes. Possuidor de uma memória prodigiosa, aliás, característica que herdou de sua mãe, dona Alzira, pessoa encantadora, Pedroso, assim como ela, era capaz de passar horas contando histórias, com riqueza de detalhes. E não foi por acaso que tornou-se o grande memorialista e pesquisador das lutas da classe trabalhadora e de seus militantes, com diversos livros sobre o assunto, que tornaram-se referência para quem quer conhecer um pouco mais deste período dantesco de nossa história. E foi graças à leitura do livro “Subsídios para a história da repressão em Bauru”, organizado por ele no final dos anos 70, como parte da campanha pela Anistia, que buscava trazer de volta ao país centenas de brasileiros que foram obrigados a viver no exílio, que pude conhecer e conviver com o velho camarada Alberto de Souza, de quem Pedroso e seu pai eram amigos. Com muita felicidade tive a honra de ter o livro que publiquei sobre o camarada Alberto de Souza, prefaciado por ele. Polêmico muitas vezes, solidário sempre, mantinha uma relação afetiva com seus amigos que não permitia meio termo e fico feliz de tê-lo como amigo até o fim. O mais incansável contador de história se vai, deixa seu legado, seus livros e a lembrança que dele tiveram seus inúmeros amigos; mas sem dúvida, com a sua partida as conversas de boteco ficarão menos divertidas e saborosas. Companheiro Pedroso, presente!”, Arthur Monteiro Filho.

- “Eu era a menina recém chegada de Óleo, para estudar em Bauru. Você era o militante experiente de esquerda, filho de um grande líder ferroviário de Bauru. Amizade à primeira vista. Incondicional, para sempre. Minha doçura e sua mania de proteger. O melhor de nós. Você deve ter apressado o meu recrutamento para o MR-8. Os caras encarregados de fazer isso eram meio lerdos. Rs. Quanta tarefas fizemos juntos, entre cervejas, risos, piadas infames e alguma crítica ao bundamolismo. Rs Ontem falei contigo. E hoje soube de sua morte. Dor infinita. Você fará muita falta. Mas cara, este chinelo cansou de bater nestes porras! Você seguirá sendo meu irmão, guru e herói. Vá em paz, Antonio Pedroso Junior! Voce sabe que a Historia te juntará a um monte de gente boa. Saudades eternas!”, Dalva Aleixo.

- “Muito triste Perdi um amigo, companheiro, parça e conselheiro !! Bauru perdeu um pensador e escritor da sua história !! A política perdeu um militante, resistente, resolvido ideologicamente e um bravo lutador pelas causas sociais !! Vá em paz Antonio Pedroso Junior !!”, Zé Canella.

- “Estou triste demais por perder o Pedroso. Por perder o amigo leal, companheiro de tantos chistes e risos nos bons momentos. Por perder o amigo solidário com todos que estivessem passando por alguma necessidade. Por perder uma amizade que começou numa época de expectativas, de confiança em termos um mundo sem explorados e exploradores. Pedroso, Rubão, Roque, Marcelo, Fábio, esta cidade já foi mais respirável, civilizada, inteligente, sensível. Estou também triste porque meu passado, uma parte dele que valeu a pena, está ficando cada vez mais esburacado, cada vez mais feito de ausências de pessoas imprescindíveis”, Geraldo Bergamo.

- “Hoje despertou do sonho da vida o dono de uma memória prodigiosa, um cara espirituoso, parceiro dos amigos e um incansável batalhador por um mundo mais justo e menos desigual. O último abraço foi há mais de um ano, mas as lembranças de décadas são muitas e jamais serão esquecidas. Até qualquer dia, Antonio Pedroso Junior”, Vitória Fernandes.

- “Pedroso, que notícia triste! Já estava me preparando, nas férias, pras conversas intermináveis no bar, nosso local de resistência. Nossa luta, aqui, se apequena. Mas se engrandece em sua memória. CHINELO NELES! Vai em paz, mestre”, Adham Marin.

- “NOTA DE PESAR - Entristecidos, nós, do Partido dos Trabalhadores – Bauru SP, comunicamos o falecimento do militante social e político ANTONIO PEDROSO JUNIOR, na data de hoje e nesta cidade. Ativista, escritor, advogado, intransigente batalhador pelos direitos dos injustiçados políticos e perseguidos pela ditadura militar, com ele se vai parte da história deste segmento. Estamos todos consternados e cientes da imensa perda. Deixamos nossos abraços para familiares, amigos e sentiremos sempre saudade de tão aguerrida pessoa ao nosso lado nos embates. BAURU SP, segunda, 28 de junho de 2021. Henrique P de Aquino - Secretário de Comunicação e Claudio Lago - Presidente do PT Bauru”.

- “Minha homenagem ao Antonio Pedroso é por meio da foto de dois de seus livros, que tenho guardados em casa. Pedroso foi o grande memorialista da resistência bauruense. Lembro dele emocionado ao falar sobre os irmãos Petit ou sobre o Márcio Toledo. Esses livros são relíquias. E como Bauru está ficando sem graça...”, Cristina Carmargo.

- “PERDEMOS UM COMUNISTA IMPRESCINDÍVEL, ANTONIO PEDROSO - Chocado, impactado, triste, com raiva! Acabo de receber a notícia da morte de um gigante, Antonio Pedroso Jr., aos 67 anos, em Bauru. Comunista da melhor cepa, advogado de perseguidos políticos, historiador, autor de vários livros sobre as brutalidades da ditadura, boa conversa, bom copo, bom garfo e amigo desde a adolescência. Puta que o pariu! Mais tarde quero escrever direito sobre esse camarada. Ele merece todas as homenagens e mais algumas. Ainda não sei as causas, mas parece não ter sido Covid”, Gilberto Maringoni.

- “A última vez que falei com o Pedroso foi em Sorocaba, durante o lançamento de um dos meus livros. Faz uns sete anos. Sua trajetória de resistência política, através dos livros e de sua militância, está sendo contada aqui no facebook, neste dia triste de sua morte, em relatos comoventes de amigos próximos a ele. Meu caso é diferente. Éramos talvez pouco mais que conhecidos. Houve uma época em Bauru que nos falávamos sempre. Depois só de vez em quando. Mas tenho uma coisa interessante pra contar do Pedroso. Lá pela virada do século a gente fazia umas festinhas numa chácara que era dele. E ele sempre tinha mil histórias. Uma delas, picante e muito engraçada, marcou particularmente nossa quase-amizade. Sempre que nos encontrávamos ele a lembrava e então ríamos muito. No entanto, nessa última vez em que nos falamos, em Sorocaba, eu de algum modo não me lembrava mais da tal história engraçada. Mas eu sabia que era engraçada quando ele fez uma leve referência ao caso. E rimos outra vez, como se eu a tivesse inteira na memória. Não disse nada a ele, acho que por achar desrespeitoso ter extraviado uma de suas pérolas. Ainda hoje o “branco” persiste, mas posso rir só de me lembrar da cara e da risada do Pedroso quando a contava. Fico pensando que é simbólico, pois fica a impressão de que ele ainda tinha muita história pra contar. Meu respeito pelo Pedroso! Minha admiração!”, Márcio Abecê.

- “.....Amigo e coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração assim falava a canção.......” Certas pessoas a gente conhece, convive e logo nos primeiros momentos já entendemos que tem muito a acrescentar em nosso conhecimento, em nossa militância. Sua trajetória pautada na plena convicção nos serve de estimulo a continuar acreditando, que é possível mudar e fazer uma sociedade mais justa mais fraterna e de plena justiça social! Uma boa conversa, porque não, acompanhada de uma boa cerveja, sempre foi a sua preferência, discorria sobre todos assuntos e quando tinha oportunidade, abria a enciclopédia que havia em sua mente e contava histórias e falava de todas suas peripécias ao longo de sua vida de militante de esquerda! Assim foi o nosso amigo Pedroso, que, entendemos de forma prematura, nos deixou nesta manhã! Partiu, mas estará para sempre em nossa lembrança, como grande amigo e companheiro!! Siga em paz meu amigo e tenha a certeza que aqui iremos continuar na luta até a vitória sempre...!!!“…caminhando e cantando e seguindo a canção somos todos iguais braços dados ou não…!!!!”, Estela Almagro.

- “Em tempos de tanta notícia triste, de tantas perdas irreparáveis, de tanta angústia e nó na garganta, a gente sempre acha que não poderá ficar pior. Mas hoje ficou, com a notícia inacreditável, inaceitável e devastadora da partida do AMIGO Antonio Pedroso Junior!! Como assim, Chinelo? Partir antes daquele último causo, daquela última aula de história!! Tô passado, não creio!! Pedroso não era apenas uma enciclopédia sobre a história da esquerda e da resistência em Bauru, era um amigo presente e uma alma generosa. Ainda me lembro, pouco antes da pandemia, uma viagem que fizemos juntos, eu, ele e Nádia Barnes, uma carona que lhe dei no percurso SP-Sorocaba. Era apenas para deixa-lo na sua casa, mas ele fez questão que entrássemos, para um café, um restinho de prosa, e um carinho típico de alguém como ele: me deu livros, esses aí da foto. Guias de engajamento, um deles de própria lavra, "Subversivos Anônimos", escrito pelo Chinelo pra resgatar a honra de militantes que, como ele próprio, lutavam por liberdade e libertação. Até mais, companheiro!! E obrigado por tudo!! #rip”, Sérgio Pais.

- “Muito triste com a notícia da partida do Antonio Pedroso Junior. Bauru perde um cara ímpar, humanista, articulado, resistente e muito boa gente, eu perco um amigo. Partiu dele a indicação que eu fosse para a Secretaria de Cultura de Bauru na gestão Tuga Angerami. Neste período pandêmico conversamos muito por telefone e aguardávamos um momento favorável para nos encontrarmos, infelizmente. Já está fazendo falta amigo Chinelo. Meus sentimentos a família. Descanse em paz!”, Gilson Dias.

- “Que perda! Antonio Pedroso Júnior, batalhador contra a ditadura militar, de um tempo em que Bauru ainda não tinha sido dominada por bolsonaristas”, Luiz Carlos Azenha.

- “MORRE ANTÔNIO PEDROSO - Acabo de ser informado sobre o falecimento de um grande companheiro, Antonio Pedroso Junior, amigo de longa data. Militante comunista e advogado, historiador de mão cheia, era uma figura lendária em sua cidade, Bauru, no interior de São Paulo. Devo tê-lo conhecido no início dos anos 80, quando David Capistrano Filho assumiu a Secretaria de Saúde do município, na gestão Edson Gasparini/Tuga Angerami, ambos ligados ao PCB, ainda clandestino. Era de um humor permanente, um sujeito tremendamente afável e amigável, generoso e solidário. Há vários anos não nos víamos pessoalmente. Mas as lembranças serão eternas, para todos seus amigos e companheiros. Pedroso presente! Agora e sempre!”, Breno Altman.

- “Um grande cidadão brasileiro! Fui seu contemporâneo da Faculdade de Direito de Bauru nos anos 80. Grande advogado dos perseguidos políticos da ditadura militar. Exemplo de militância política, social e jurídica! Deus o receba em sua infinita bondade”, Luiz Henrique Rafael.

- “Para mim sempre foi Pedrosinho. Conheci o velho Pedroso que deitava no trilho da ferrovia, obrigava o comboio a parar e ainda convencia o maquinista e seu foguista a aderirem à greve. “Pedrosinho nunca negou a estirpe. Seus livros serão sempre imprescindíveis para quem quiser estudar a história da repressão no período da ditadura militar. Nunca traiu seus ideais e era um amigo generoso. Ficaremos sem as suas chineladas nos glúteos infames que tanto grassam neste país. Minha solidariedade ao Pedro, à doce Ana e aos inúmeros amigos”, Zarcillo Barbosa.

- “Amigo de infância, colega de classe e de campanhas eleitorais. Sempre fiel aos seus princípios sociais e políticos, nunca negociou suas convicções. Chinelo e Roque figuras insubstituíveis na política bauruense. Meus pêsames à família que sofre neste momento. Vai em paz meu amigo!!!”, Álvaro Cândido Gonçalves.

“Meu camarada de longa data morreu. Antônio Pedroso Júnior, Pedrosinho, o Chinelo. Com qualquer desses nomes, era conhecido por muito amigos e inimigos. Aliás, o apelido Chinelo foi uma referência sobre uma foto no jornal da Cidade no dia que anunciávamos a candidatura de Tuga a prefeito em 2000, onde Pedroso aparecia de chinelos por ter problemas de saúde nos pés. Marcelo Borges veio ano “nosso escritório”, um boteco na avenida Rodrigues Alves, nos gozar, dizendo: “Você e o Pedrosinho de chinelos não vão a lugar nenhum”. Pedroso não perdia uma oportunidade e logo criou o bordão: “uma boa e merecida chinelada nos glúteos dos traíras”. Pedroso foi um dos políticos mais inteligente e sagaz que conheci. Militante comunista da boa cepa. Nosso primeiro contato foi com Pedroso fazendo política na ITE, nas disputas pelos Diretórios e, depois, durante a ditadura militar, distribuindo a famoso jornal Hora do Povo, na rua Batista de Carvalho, participando ativamente na reconstrução da UNE em 1979, na luta pela Anistia e movimento estudantil. Com a eleição de Edison Bastos Gasparini, fomos trabalhar junto no governo de Gasparini e, com a morte deste, de Tuga Angerami, governo que revolucionou a maneira de tratar a questão de saúde e cultura da cidade, entre outros feitos históricos. Anos depois, fizemos inúmeras campanhas políticas em Bauru e no Estado, todas pelo PSB, partido que convenci o Chinelo a voltar em 1999 para me ajudar a construir uma alternativa à política que reinava em Bauru. Perdemos algumas na praia, como na campanha para prefeito em 2000, por causa da banda podre da campanha que ruiu toda nossa estratégica chegando mesmo a proibir a exibição do candidato a vice na chapa de Tuga Angerami, o companheiro Eraldo Bernardo. O resultado foi que na reta final, perdemos para o terceiro colocado. Isso porque ainda não tinha segundo turno. Pedroso era extremamente inteligente. No primeiro debate, levamos umas 10 fitas cassetes com uns títulos deixado bem à mostra que deixou preocupadíssimo a cúpula da campanha do principal adversário que, dali em diante, fugiu dos outros debates. Em 2002, bebendo um suco de cevada no Amadeus, com a ajuda do camarada Pedrinho Coelho, lançamos como candidato ao governo de São Paulo, pelo PSB, Carlos Roberto Pitolli, de Bauru. Campanha difícil, mas fizemos o nosso papel de indicar um camarada para o debate político. Em 2004, rompidos com Tuga pela campanha de 2000, e para não deixar de participar da campanha, lançamos Luiz Carlos Valle como candidato a prefeito, com o qual rompemos antes do primeiro turno e apoiamos Tuga no segundo turno.
Na campanha de 2008, com Rodrigo Agostinho, candidato gerado por mim e por Pedroso nos bares da vida, ganhamos, mas perdemos; o eleito prefeito, alcunhado “Traíra do Cerrado” por Pedroso, negou toda a estratégia selada em reuniões e partiu pra outras bandas mais coniventes e convenientes. Político da boa cepa, Pedroso era intransigente com os maus caráter da política, os aproveitadores de plantão, os sanguessugas da coisa pública. Escritor e historiador, concebeu vários livros sobre os perseguidos pela ditadura militar e era quem conseguia justiça para que muitos perseguidos políticos recebessem reparação pública pelo que sofreram durante a ditadura. Ajudei a conceber o projeto gráfico de alguns desses livros e construí website , como o Subversivos, para servir de prova dessas histórias. Ultimamente estávamos planejando transformas os livros e e-books. Poderia me estender com outras histórias que passei junto com Chinelo, grande figura humana. Vai deixar muitas saudades. RIP, camarada”, Pedro Romualdo.

- “Ou você morre jovem, ou aprende a dizer adeus. Envelhecer é isso: aprender a se despedir dos que partem antes. E tem sido um duro aprendizado, pois as despedidas tem sido quase que diárias. Não dá tempo de curar uma dor e já tem outra pancada, antes de secar os olhos, outras lágrimas brotam em nossa face. Morrer é natural. Naturalmente definitivo. Naturalmente irrevogável. Naturalmente dolorido. Mesmo sendo democrática e isonomica, não naturalizo as mortes pela pandemia, não naturalizo as mortes por falta de atendimento médico, não naturalizo as mortes provocadas pelo sistema e por seu braço armado. Morrer é para todos, mesmo alguns achando que não. A senhora morte e incorruptível. Hoje respiro, escrevo, leio, choro, rio e transbordo. Amanhã, talvez”, Tatiana Calmon.

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (145)


AS MAIS DE MIL CRUZES CIRCUNDANDO O PALÁCIO DAS CEREJEIRAS
“Isentões, tomem tento, aquelas velinhas no Vitória Régia representam 1000 vidas de crianças, jovens, adultos e idosos, vítimas da maior tragédia sanitária destes tempos, multiplique-as por 500 e ilumine sua mente obscura ou covarde; ou as duas coisas. Não adianta se ajoelhar e pedir pelas almas, justificando a inoperância das autoridades públicas no trato com a pandemia. Não, Deus não quis assim. Tampouco o processo kármico a que estariam fadadas a cumprirem seja o causador destes óbitos. Com certeza, cada uma delas preferia estar viva, e poderiam estar sim. Tínhamos vacina. Foi a negligência e sordidez de um governo cruel e irresponsável que provocou o morticínio. Fora Bolsonaro e Suéllem!”, Cláudia Eugênia de Sena Melo. Na sequência mais um: “Infelizmente a omissão, a negligência, a falta de amor ao próximo do chefe da nação e da nossa blogueira estão ceifando vidas, destruindo muitas famílias e nada estão fazendo para evitar esse suicídio coletivo. Tristeza”, Cristina Bianconcini.

Quando escritos como esse pululam pelas redes sociais, prenúncio de que algo esteja se desenrolando em prol da conscientização popular. Que seja um tiquinho, mas já um sinal. Guardião, intrépido super-herói bauruense entra na dança e diante do descalabro de mais de mil mortes em Bauru, causadas pelos desdobramentos da pandemia, dá o seu pitaco: “Sim, é impossível não dissociar Suéllen de Bolsonaro, pois ambos são muito parecidos, práticas e procedimentos muito parecidos, ela se espelhando nele para tocar sua vida política, daí, inevitável, se algo deu mais do que errado no país num todo e o maior culpado é a ação destemperada e criminosa do presidente, o que se passa em Bauru não foge à regra e diante de tanto negacionismo, uma fuga absurda por enfrentar a pandemia como de fato deveria ter sido feito desde o começo, as mil mortes bauruenses, caem no colo da prefeita e ela não consegue, nem que o queira, se desvencilhar da pecha de ter, com sua ação, incentivado a cidade a chegar tão rapidamente neste quantitativo”.

Guardião se apega a algo mais: “Vejam bem, a prefeita hoje já passou do período de lua de mel, aquele onde o eleitor, aquele que lhe deu o voto, já está se dando conta da enrascada onde se meteu. A ação na pandemia é só um dos quesitos e na somatória de todos, ninguém está conseguindo encontrar algo de positivo em seis meses de governo. Ela se mostra omissa, despreparada, se isolando cada vez mais e sem nenhum plano de trabalho concreto, uma proposta para a cidade, daí, inevitável, o que ela já começou a presenciar quando das saídas e do contato com a população. No Posto de Saúde do Geisel, um primeiro confronto, quando teve que ser retirada às pressas, por estar desagradando os munícipes ali em busca de tratamento de saúde e ela, toda pomposa, querendo aparecer. Não está dando mais e se ela não se deu conta, ou produz algo realmente consistente ou terá vida curta como alcaide municipal. As adversidades só crescem e na maior delas, em apenas seis meses vereadores já estão se pronunciando pela tribuna da Câmara pedindo pelo seu afastamento”.

Enfim, mensagens como as duas postadas no início deste texto estão se multiplicando a cada dia em Bauru e isso se deve a ação, ou melhor, a falta de ação da prefeita. “Bauru já não é a mesma. Se antes tínhamos um batalhão de choque, pronto para o que der e vier em relação à prefeita, hoje estes estão na encolha, recolhidos e sem ação concreta, pois diante de tanta perversidade e insensibilidade, impossível continuarem defendendo o indefensável. Ninguém pega assim no pé de ninguém sem que nada houvesse em seu detrimento. Quando a prefeita já se torna unanimidade, eis que na sequência disso tudo, um algo a mais e a pergunta que não quer calar: E agora, o que faremos, como faremos para nos livrar deste entulho, que já nos provou nada de positivo trará para a cidade? O Palácio das Cerejeiras está como o Palácio do Planalto todo cercado de cruzes e algo precisa ser feito para brecar essa situação”, conclui Guardião.
OBS.: Guardião é obra da verve do traço de Lanedo Gonçalez, aliada a pitacos escrevinhativos deste mafuento HPA.

PRA COMEÇAR A SEMANA, ALGO INACREDITÁVEL
E COMO A IMpERFEITA RESOLVE ENFRENTAR A CRISE, COM UMA FACADA NEWS AOS MOLDES DA "SEM LIMITES"
- "Bauru e suas peripécias... Amanheceu circulando hoje nas redes sociais uma foto de um alguidar com velas, sapo (desculpa, mas tenho que rir kkkkk) e a foto da prefeita Bauruense, para dar entender que a blogueira está sendo vítima de feitiçaria... Baguio mal forjado da pêga! E as mortes por Covid só aumentam... É o mesmo artifício da facada", Jô Moura.

- "Nem sei se vale a pena espalhar a noticia. Supostamente fizeram um "trabalho" pra ela na frente da prefeitura, negócio maior armado. Parece um golpe pra ela ficar se vitimizando, demonizando os adversários e reforçando preconceitos religiosos. Uma canalhice ímpar. Mas que é bem o joguinho sujo dessa gente", Tauan Mateus.

- "Agora é fakeada espiritual. Se bobear, vai precisar fazer culto de cura e libertação, para salvar a alma e a saúde da varoa, que está sendo perseguida pelos principados. Já rolou a live? "Pessoal, estou com aqui com o Dr. Orlando, vice-prefeito, nosso secretário de Saúde. Preciso falar com vocês de um assunto muito chato, mas necessário. Nesta manhã, acordei com calafrios, muitas dores de cabeça e sentido náuseas, depressão, desânimo e ouvindo vozes. Fui a todos os médicos e fiz inúmeros exames, mas não descobri a causa. Até agora. Nossos adversários resolveram jogar sujo comigo. Hoje, fui vítima de um atentado contra minha vida...", jornalista Rodrigo Ferrari.

- "Realmente, não dá nem pra deixar o benefício da dúvida, parece que a intenção tá clara mesmo", Guilherme Neves Cruz.

- "Resposta dos atos ! Não tem argumento e nem inteligência então apela para a intolerância religiosa ! Isso é muito podre", Greice Luiz.

- "Bauru nunca decepciona... Tem até despacho fake... Ebó de crente, num tem marafo, nem pimenta e nem verdade.... Afff", Tatiana Calmon.

- "Precisamos de alguém sério pra governar, ela não é, ainda fica apelando com essa e de quebra marginaliza a religião... o golpe tá aí", Evandro Bavaviera.

VASCO E A LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO - DIA DO ORGULHO LGBT
"É a primeira vez que um clube e atletas se posicionam de maneira contundente quanto a essa questão. Não sem resistência interna", jornalista Rodrigo Ferrari. Quando vi a imagem ontem do centroavante do time vascaíno, o argentino Cano tirando a bandeirinha de escanteio e a levantando como um estandarte, ali um momento auspicioso dentro do enfadonho futebol brasileiro atual. Já tivemos grandes lutadores dentre nossos jogadores, hoje quase nenhum e com o gesto do time do Vasco da Gama, vibrei e achei mais que justa a homenagem. Se já torcia pra eles voltarem pra 1ª Divisão do Brasileirão, agora torço de carteirinha. Um gesto vale mais que mil palavras. Por fim o lado triste da coisa: "Curiosamente, os 3 são os gringos. Isso só reforça que boa parte do elenco e dos jogadores brasileiros no geral compartilham da mesma visão de merda do Castan (zagueiro do Vasco). Pra cada Cano, temos aqui uns 10 projetinhos de Felipe Melo (zagueiro bolsonarista do Palmeiras), infelizmente", Rodrigo Brandão.

domingo, 27 de junho de 2021

FRASES (209)


CRÔNICAS DO FIM DO MUNDO*
* Neste domingo, TRÊS escritos perdidos, postados desordenados, deste pedaço perdido do mundo, que minha companheira carioca, quando aqui aportou doze anos atrás me dizia, ser o fim do mundo e hoje, constato, mas sei também, que o fim do mundo está disperso e dividido entre tantos outros lugares, enfim todos muito parecidos, numa semelhança assustadora. 
Noite de sexta, 25/06, mil velas no Vitória Régia, protesto pelas mil mortes na cidade.

Manhã de sábado, 26/06, mil cruzes na Nações Unidas, protesto pelas mil mortes na cidade.

CHEGANDO MUITO PERTO DO BOZO
"Desde o começo, eu sempre disse que o problema de Bolsonaro com as vacinas e o tal tratamento precoce estava na propina. Nunca foi negacionismo, mas sim pragmatismo e oportunismo canalha. As vacinas que funcionam, como são escassas no momento, não demandam propina para serem vendidas. A cloroquina e o remédio para verme, por seu turno, estão disponíveis aos montes no mercado. Bolsonaro usou a pandemia como um pretexto para lucrar. Foi assim que mais de 500 mil brasileiros morreram. Para que uma família de parasitas pudessem ganhar algum”, jornalista Rodrigo Ferrari, Catanduva SP. A charge do amigo carioca Carlos Latuff vai na mesma veia, agora revelada e o fio da meada para defenestrar de vez o charlatão, perverso e insano do poder. O que o Brasil menos precisa é de gente assim, dele e dos seus, todos que o rodeiam.

 1.) NEGACIONISTA DERRUBADOR DE CRUZES
Aqui por Bauru, felizmente, a ficha já caiu para milhares e se existia apoio para o capiroto e os seus, isso está em baixa e deve se acelerar, pois no próximo sábado, pelo que leio e me empolgo, 03/07, nova manifestação nas ruas e desta feita, como não poderia deixar de ser, mais e mais encorpada. Cresce também em Bauru a quantidade de munícipes descontentes com o modo como a imperfeita (sic), a novíssima (sic) alcaide, saída do mundo mais obscuro do fundamentalismo negacionista e bolsonarista toca a cidade nestes tempos de pandemia. Não será simplesmente produzindo uma Lei Seca aos finais de semana que colocaremos fim à tragédia. Esse jogar pra torcida já não produz efeito como dantes e, ela praticamente encurralada não pode mais nem querer ir fazer suas lives em postos de saúde, como como já se viu no do Geisel, teve que de lá sair escoltada. Está se transformando em apenas seis meses em unanimidade de como não deve ser a atuação de um alcaide municipal. Bauru reage e se mostra nas ruas, em dois auspiciosos momentos deste final de semana, protestos silenciosos, mas com uma amplitude incomensurável. No primeiro, na noite sexta, os mil copinhos sob a arquibancada e palco no parque Vitória Régia e no dia seguinte, ontem, sábado, 26/06, cruzes no canteiro central da avenida Nações Unidas nos lembrando as mil mortes. Muitas poderiam ter sido evitadas e pouco é feito nesse sentido. Em Bauru ainda se ministra kit preventivo nos ambulatório públicos e isto, mais que caso de saúde, deveria ser caso de polícia. Existem os ainda cegos, guiados pelo ódio destes tempos, mentes curtas, diria mesmo mentecaptos, como este cidadão que parou sua moto na avenida e foi lá, de forma isolada derrubar todas as cruzes ali fincada. Representam uma minoria, violenta e destes que, se hoje, mesmo diante de tudo o que se sabe do envolvimento do presidente com a corrupção na compra de vacinas da Índia, é capaz de segui-lo. Nós temos que, o restante da população provar que somos diferentes e não desistir de eliminar esses incompetentes e criminosos governantes. Ser eleito não é sinal para que siga promovendo boçalidades quando investidos dos seus cargos. Já passou da hora de colocar todos estes pra correr. E as cruzes lá da avenida, se um derruba, que nós todos juntos, vamos lá e a levantemos novamente, pois não dá mais para tapar o sol com peneira.

2.) O FIM DO MUNDO SE LEVANTA
Desço antes do almoço para tarefas inadiáveis no Mafuá, uma limpeza que sei quando começa, mas não sei quando termina, pois a coisa lá anda feia. Na primeira parada, a banca de revistas e todos por lá reverberando os dois auspiciosos feitos de resistência desta insólita Bauru. Mesmo com a parte contrária ainda querendo espernear, Bauru reage e se alevanta. Dali para no posto de combustível e o frentista, velho conhecido, me cumprimenta efusivamente com o toque os punhos cerrados e me pede: "Tem ainda adesivos do Fora Bolsonaro?". Dou alguns, os últimos, pois todo o estoque do que consegui com os amigos da Apeoesp já estão distribuídos e em circulação. Ele me diz algo mais e me animo: "Sabe que, agora já posso falar sobre o assunto com clientes, pois antes nem isso era possível, hoje muitos param e falamos dessa maldição bolsonarista numa boa". O que me diz é sinal de que, algo está em curso e mudando o cenário. No mercado, a próxima parada, diante de minha máscara Fora Bolsonaro, dois se aproximam e me cumprimentam e muitos sinais de positivo. Só um senhor, este de meia idade, me vira a cara, emburrado e com cara de poucos amigos. Provoco, diante de sua manifestação, passo muitas vezes diante dele e não consegue esboçar nenhum muchocho. O dia segue assim, mais altos que baixos e creio que, o ato marcado já para o dia 03/07, próximo final de semana deve ser mais do que auspicioso. Não passei ainda na Nações e se encontrar as cruzes arriadas, eu mesmo desço e as enfinco novamente na terra. Faço parte do time dos que resistem, insistem e persistem, possuidores da absoluta certeza de que, capiroto e todos os seus estão na contramão do mundo e precisam ser defenestrados da vida nacional, pelo bem da oxigenação necessária daqui por diante. Sabemos que, ainda existem muitos derrubadores de cruzes espalhados entre nós e um deles encontrei ao retornar para casa na farmácia, minha última parada. O cara estava na fila e esbravejava contra tudo, falando sozinho e em busca de palanque. Quando disse que escolheria a vacina, pois algumas não eram recomendáveis, não me segurei nas calças: "Meu senhor, pare de falar abobrinhas e tome logo a que lhe aprouver, a que houver no seu momento e se quiser dar uma de macho, permaneça em casa, quieto e não venha expor todos os aqui junto de ti neste momento". Sua mulher, junto dele, o puxa e me diz, olhando para todos na fila: "Eu canso de dizer a ele, mas não se emenda. Ele se finge de bobo, mas já tomou a vacina e fala isso só da boca pra fora". Sabe o que aconteceu? O danado levou uma sonora vaia no meio da farmácia e ficou desenxabido. Quebro as pernas dos negacionistas e se todos fizermos o mesmo, algo está mudando aqui deste lado do fim do mundo. Assim a gente faz o imPerfeita e seu vice deixarem também de andar por aí de braços cruzados.

3.) SINAIS DOS DE BAIXO PARA CIMA - BARBA VENDEU SUA SANFONA PARA TENTAR PAGAR CONTAS E MANTER PORTAS ABERTAS
Eu não circulo entre os mais abastados e o faço hoje de forma insipiente dentre os que gosto de ser e estar, os que me movem, os dos andares de baixo. Da feira dominical, um sinal evidente de conscientização. Todos os ali atuando ou quase a maioria o fazem por necessidade, por não terem outra saída e ali estão, sendo, fazendo e acontecendo para continuar levantando algum para sua subsistência. A tal da Lei Seca bauruense é uma piada, de muito mal gosto. Todos sabem que, os points visados estão fechados e os nas vicinais vendem e se bebe muito. Alguns comerciantes são conscientes, outros nem um pouco. Outros, como ouço, me dizem que, o fechamento deveria ser geral e não só em alguns setores. Seriedade de araque. De um comerciante, o querido Barba, do bar do mesmo nome na esquina da Julio Prestes com Gustavo Maciel, boca de entrada da Feira do Rolo, ouço algo a me estremecer e, como sei muito bem, a sua situação é a da maioria dos pequenos comerciantes aqui a reverbero.

Estava com saudade dele e de seu ambiente, desses lugares onde dá de tudo um pouco e acontece também de tudo numa manhã dominical, ali junto de nossa maior feira e nas franjas da ferrovia. Barba está aberto, vendendo caldinho de feijão e mocotó, alguns salgados e refrigerantes, além é claro, dos sucos que revende numa banca próxima do bar. Queria muito abraça-lo, mas me contenho e pergunto: “Como vão as coisas? Você tá vendendo bebida alcoólica hoje?”. Sua resposta é direta é reta: “De jeito nenhum. Eu sei que o momento é muito ruim, a cidade está virada, muita gente doente e os hospitais lotados. Eu respeito a legislação e não vacilo. Mas te respondendo a outra pergunta, só eu sei o que tenho feito para pagar minhas contas e manter as portas abertas. Só para você ter uma ideia, tive que começar a vender algumas coisas de minha cozinha e do próprio bar, pois o movimento está muito ruim. Tive que vender minha maior preciosidade, a SANFONA e mesmo assim continuo aberto nem sei como. Tudo muito difícil”.

Eu tive que me encostar num poste para não cair. Revendo a história do Barba, ele e sua sanfona tiveram um momento auspicioso quando numa descida da escola de samba do Geisel, a Coroa Imperial e ele junto da bateria num dia de chuva, todo encapado, ou melhor, envelopado. Depois abriu o bar e sempre que lá estivemos, aparecida com o instrumento e tocava para deleite de todos. Era uma espécie de troféu pendurado num nobre lugar dentro do seu estabelecimento. Hoje, ele faz das tripas coração para continuar com as portas abertas e se tudo voltar ao normal um dia, não mais teremos a sanfona para alegrar os frequentadores. Barba e tantos outros tentam não fechar as portas de vez, não sabe mais o que fazer e conta com o seu público, o dali da feira, pois dos demais que vinham sempre, há mais de um ano, muito poucos por ali passarem. Ao contar essa história deste abnegado dono de bar, penso em todos os outros e culpo esse abre e fecha brasileiro como o provocador do agravamento da situação dos pequenos neste país. Não tivemos um lockdawn decente e no vai e vem, quem mais sofre são estes, sujeitos a legislação tacanha, precária e meia boca, junto do desdém de outro tanto de inconsequentes.

De uma coisa eu tenho certeza e nem isso vai resolver sua situação, mas algo precisa ser feito para resgatar seu bem maior, a sanfona. Porém, além disso, o vejo consciente e levando a coisa a sério, seguindo as regras, porém, cansado e lutando contra uma correnteza muito forte. Esse o painel da maioria dos pequenos desta cidade e país, labutando e remando contra a maré. Culpo os atuais governantes, principalmente o desGoverno Federal, negacionista até a medula, por tudo o que deixou de fazer e também a imPerfeita (sic) bauruense, que seguidora do capiroto, faz pouco caso e toma medidas paliativas, tornando a vida, principalmente de pequenos comerciantes, como o Barba, uma luta insana e diária pela sobrevivência. Ou seja, estamos todos num mato e sem cachorro, governado pelo que de pior poderíamos esperar. Com estes no comando e na continuidade da pandemia, o caos é mais do que inevitável.

sábado, 26 de junho de 2021

REGISTROS LADO B (51) e RELATOS PORTENHOS / LATINOS (92)


NO 51º LADO B, PAULO JOSÉ OLIVEIRA SILVA, PROFESSOR, COMUNICADOR, ATIVISTA, MEMBRO DA URSAL E PROPAGANDISTA DA PÁTRIA GRANDE – PAPO DIRETO E RETO DE TUPÃ
Diretamente da República Popular de Tupã (sic), um papo com um renomado senhor, muito conhecido naquela região, instigante questionador e fazendo das suas, ora como comunicador, com um ousado programa dentro da TV Universitária, algo da necessária resistência destes tempos, onde dar murro em ponta de faca, deve mesmo fazer parte daqueles que ousam e estão propostos a não deixar a peteca cair. Este Paulo não deixa e também atua como assessoria pensante e pulsante dentro da política de uma cidade vizinha de Tupã, Arco Íris. O danado não vê o tempo passar e nem tem tempo para ter algo parecido com stress ou mesmo depressão, pois além de suas atividades normais capitaneia por onde esteja algo sobre a difusão das ideias da URSAL, acrônimo para União das Republiquetas Socialistas da América Latina ou União das Repúblicas Socialistas da América Latina. Fala disso dentro da picardia que o tema requer, pois diante do emburrecimento dos tempos atuais, ele prega declaradamente que, unidos, coesos e subversivos, os países do Cone Sul possuem alguma chance de salvamento. O assunto é sério, tanto que, dando prosseguimento a essa verve ele hoje é um dos poucos entendidos nas questões referentes a Pátria Grande, conceito político que se refere, a princípio, à federalização dos estados da América hispânica, constituindo uma só unidade política.

Este tema merece mais que um capítulo, pois ajuda e muito ele a se constituir como pessoa questionadora e questionante. “Muitos tem questionado nos últimos anos acerca da unidade da América Latina. Afinal de contas, quais os aspectos que unem os diversos países que integram o continente? Será correto falar de uma grande nação latino-americana, unida por traços culturais e sonhos comuns? Em América Latina: a Pátria, Darcy Ribeiro procura ligar os diversos pontos que formam a grande comunidade denominada “América Latina”. (...) Os povos latino-americanos conseguiram cultivar valores e princípios que até hoje são referência para o restante da humanidade”. O texto acima é de autoria de Darcy Ribeiro e está na apresentação do livro “América Latina: Pátria Grande” e estará no cerne da nossa conversa, pois discutir, analisar e propor, ou melhor SONHAR com uma América Latina unida, coesa, compacta e lutando pela sua libertação faz parte da vida de muitos visionários, um deste este professor Paulo, propagador da ideia.

Tive o prazer de em 2019, quando da eleição argentina que levou ao poder Alberto Fernández e Cristina Kirchner, eu e ele irmos juntos pra Bueno Aires só para acompanhar o pleito e depois, a festa nas ruas, quando o povo argentino conseguiu dar cabo em quatro anos de neoliberalismo predatório, o produzido por Maurício Macri e seus asseclas. Paulo parecia uma criança e mesmo com seu corpanzil pesado, buscava forças para não mais querer sair das ruas e o fez até minarem as forças físicas. Suas impressões daquele momento é algo pra boa prosa, pois vai além daquele dia. Ele é estudioso e admirador da cultura platina, principalmente do peronismo enquanto movimento social. Bom saber dele se o peronismo representa algo revolucionário ou seria meramente uma das forma de governar sem totalmente o povo estar livre, leve e solto? Enfim, ele empolga ao falar deste tema, pois sabe que, mesmo aos trancos e barrancos, muito avanço social ocorreu com estes e assim como com Lula no Brasil, o que representam de fato esses movimentos para os povos latinos em busca de sua libertação?

Da prosa com o Paulo, algo além destes temas e também um pouco da história da formação deste estado de coronéis e hoje predominantemente reduto conservador e do neoliberalismo, diria, tucanato. Enfim, como sobreviver e conseguir surfar com estes no poder? Ele vivencia algo muito bom para ser divulgado. Ele fala e conta histórias do interior paulista com muita propriedade, desde a da denominação do nome de Tupã e de como a ferrovia o definiu seguindo as letras do abecedário, de A a Z, seguindo as linhas do trem, onde Bauru está no começo dos trilhos e sua Tupã quase no final. Falaremos também bocadinho das relações do futebol entre nós, das alegrias e tristezas de torcer pra times de nossas aldeias. Enfim, um papo entre dois velhos (sic) rabugentos e falantes, diria mesmo, dois grilos falantes e com o microfone nas mãos. Assunto não nos faltará neste 51º LADO B – A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES, este projeto que não fica somente em gente de Bauru e como nesta semana, vai um pouco mais longe e desbrava outros temas, mas não se afasta da boa conversa e de temas onde eles possam ir sendo tratado dentro de parâmetros propositivos e até libertários.

Algo dele já dito por mim no blog Mafuá do HPA:

- Em 23/10/2019: “PARA QUEM VAI VER DE PERTO A ELEIÇÃO ARGENTINA - COMPANHEIROS DE VIAGEM - Esses dois da foto passaram ontem por Bauru vindos de Tupã e a caminho de Sampa onde hoje embarcaram com destino pra fazer o mesmo que este mafuento HPA, presenciar in loco a eleição argentina, a que irá defenestrar de vez o neoliberalismo desgraçento de Maurício Macri, o que danou a vida da Argentina. Eles já estão chegando por lá, eu embarco na sexta pela manhã e depois, dias intensos pelas ruas e lutas, ao lado do povo argentino, na transformação ainda possível pelas vias eleitorais, tirando-nos desse estado onde o ser humano é menosprezado e desvalorizado. Nós, mais Gilberto Maringoni e tantos outros estaremos por lá escrevendo, fotografando, registrando e também participando, primeiro como testemunhas oculares da História. Eles levam na algibeira presentes, como a camiseta Lula Livre para hermanos amigos. Paulo José Oliveira Silva e Carlos Benitez, dignos representantes da URSAL de Tupã sabem muito bem onde se metem. Vamos que vamos, pois a América Latina está dando passos retumbantes para sair da situação de penúria que o capitalismo neoliberal nos enfiou. Basta de governantes desalmados e por bem ou por mal, colocaremos todos para correr...”.
Vou para a conversa de hoje municiado com bastante sustância deste ideal de luta e transformação social, dos tantos que, cada um ao seu modo e jeito não deixam a peteca cair, fazem e acontecem, todos em busca de um mundo melhor, muito mais palatável do que este cruel onde estamos metidos. Paulo luta por isso e versaremos sobre nossos sonhos logo mais e em todos os dias de nossas vidas.

COMEÇA AQUI O 51º LADO B COM O JORNALISTA, PROFESSOR, COMUNICADOR E MEMBRO DA URSAL DE TUPÃ PAULO JOSÉ OLIVEIRA SILVA - PAPOS INTERIORANOS E LATINOS - Eis o link com gravação de 1h21: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/4668351799861459


ROTEIRO DO CRIME*
* Texto de minha lavra, o 19º publicado no jornal semanal DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição desta semana.

Quando fui convidado a escrever estes textos semanais para o DEBATE tinha uma convicção, a de não enfocar temas nacionais e manter meus escritos no locais. Tenho comigo que um jornal regional pode tratar de temas nacionais, mas a pegada principal deve ser o tema local e o regional. Que deixe o tema nacional para os órgãos dos grandes centros, os jornalões, revistas e mesmo os noticiários das grandes rádios e TV. Porém, em alguns momentos é inevitável rever o posicionamento. O faço neste momento, após passar o dia praticamente inteiro envolto com os depoimentos de hoje da CPI do Senado, quando dois irmãos ali estariam, o servidor público, Luiz Ricardo Fernando de Miranda, Chefe de Importação do Ministério da Saúde e Luiz Claudio de Miranda, deputado federal DEM-DF.

Confesso não ter assistido integralmente nenhum outro dia de depoimento na CPI. Via trechos, mas hoje, talvez movido por um tipo de premonição fiquei focado desde o início, por volta das 14h30. Perdi pouca coisa e, creio, ao final da contenda, não ter me decepcionado. Muita baboseira na forma como os a defender o desGoverno tentaram desqualificar a ambos, mas no final, o fio da meada está mais do que puxado e daqui por diante, um escândalo de proporções muito mais amplas do que o do Fiat Elba, que derrubou o presidente Fernando Collor. O servidor da Saúde percebe algo de errado num contrato milionário, muita coincidência junto e diante das evidências de irregularidades, leva o caso ao irmão, este deputado da República. Com a documentação comprovando a ilicitude vão até o chefe maior da nação e lhe apresentam o fato. Esperavam encontrar ali amparo no combate ao que viam em curso.

Para surpresa, o presidente não se mostra surpreso e diante de deputado de sua base de apoio e do servidor, confessa: “Vocês sabem de quem é isso, então já viu, né!”. O deputado mencionado é seu líder na Câmara, Ricardo Barros PP-PR. A confissão do nome demora para acontecer e se dá quase nos estertores dos questionamentos e justamente por uma mulher, a senadora Simone Tebet MDB-MS, após repetir o tempo todo não se lembrar do nome dito a ele pelo presidente. O crime está comprovado, declarado, oficiado, escrachado e como uma fratura exposta, incrimina o capiroto dos pés à cabeça. Ele, como afirmou o presidente da CPI, Omar Aziz MDB-AM, prevaricou, pois tomou ciência da falcatrua e nada fez. Fez que não era nada, enquanto o servidor era pressionado para liberar a dinheirama, o derrame via uma dessas empresas de fachada de paraísos fiscais. Este foi bravo e não assinou a coisa. Melou o “negócio da China”, ops, digo, da Índia.

O fio da meada está dado, basta apurar. Havendo um bocadinho só de seriedade não sobrará pedra sobre pedra destes bandoleiros hoje no poder. A máscara caiu e se mostram imensamente piores de tudo o que até então denunciavam. A corrupção são eles próprios. A CPI hoje chega ao seu ápice, culmina com algo altamente positivo, pois desvenda quem de fato lesa essa nação e qual os procedimentos, o modus operandi. Pior que tudo foi presenciar o choro do deputado depoente, que de santo não tem nada, mas tem medo, daí chora ao revelar o nome do autor da maracutaia. No Brasil, todos sabemos, quem tem tem medo. Ele, mesmo com algum poder, ali estava prostrado e sua frase diz muito: “Eu sei o que eu vou passar”. Vivemos algo muito próximo de um estado policialesco, onde se investiga quem denuncia e este costumam pagar o pato. Algo pode mudar e vai depender dos próximos passos. Com muita coragem e determinação, o castelo bolsonarista deve ruir, mas eles ainda causaram certo embaraço a todos nós. Nenhum poderoso enfronhado no desvio e ainda por cima armado, cai sem muito espernear. Agora sim veremos se as tais instituições estão em pé e atuantes.

A última imagem que vejo na TV antes de desligar o aparelho é a dos dois irmãos se abraçando atrás da bancada onde depunham. Eu fiquei com essa imagem na retina e sei o quanto devem estar temerosos de sair agora para a rua e de como farão até o caminho de suas respectivas residências. Nada foi ainda desfeito, o presidente ainda conta com percentual de abilolados dispostos a tudo e estes representam um eminente perigo. Somos frágeis demais, nossa insipiente democracia deve resistir aos milicianos e fundamentalistas, mas talvez embates virão e nem saímos ainda da pandemia, ela nos seus piores dias. Terei problemas para fechar os olhos hoje. Talvez sonhe com a imagem do Ricardo Barros ululando dentro de minha mente e do seu ressentimento, tramando algo pérfido, o tal do próximo lance. Existe um maquiavelismo mórbido nas ações destes hoje plugados como sanguessuga junto à Bolsonaro e estes farão de tudo e mais um pouco para não perder o conquistado. Devo ter pesadelos e quiçá o dia amanheça com aquele bruta sol, anunciando um dia verdadeiramente novo. Torço por isso, mas se preciso for, teremos que voltar e permanecer nas ruas. O momento é agora, amanhã será tarde demais.