segunda-feira, 30 de setembro de 2019

MEMÓRIA ORAL (245)


CRÔNICA DE UMA NOITE NO PRONTO SOCORRO CENTRAL DE BAURU*
*Acompanhando um amigo aguardando atendimento e este mafuento HPA só na observação.


Atendo a pedido de dileto amigo e com ele vou para o Pronto Socorro Central de Bauru, noite de segunda, 30/09, chegamos lá por volta das 19h e ele num atendimento com certa urgência. O procedimento de praxe é passar primeiro pela identificação e preenchimento ficha de entrada, com o passo seguinte sendo chamado para a sala da Pré Consulta. Uma profissional com anos de janela, faz tudo sozinha, recebe os formulários, chama um por um, mede a pressão e faz as perguntas iniciais básicas, até para poder identificar o encaminhamento mais adequado. Séria, compenetrada no que faz, não tem tempo para conversinhas fiadas, nem muitos sorrisos e me chama a atenção pelo jeito rápido e eficiente de executar seu serviço. Não tem tempo a perder, pois sabe, na maioria das vezes o salão à sua frente sempre cheio e muitos querendo ser atendidos da forma mais rápida possível. Ela faz o que pode e dá sequência à rotina de mais um dia de trabalho.


O salão de espera pelo atendimento permanece na maioria das vezes lotado, com um fluxo de entrada e saída quase ininterrupto. Ali dá de tudo um pouco e só os mesmo com alguma tarimba sabem tocar aquilo tudo com a devida calma e tranquilidade. Aquilo não foi feito para pessoas com nervos fracos, pois os acontecimentos inusitados acontecem a todo instante, tipo um barril de pólvora prestes a explodir e dependendo da forma como as coisas são tratadas, isso pode ser acelerado ou simplesmente brecado. O horário de nossa chegada não favoreceu muito, pois logo de cara ouvimos ser o pior para o atendimento, troca de plantão, onde o tempo de espera sempre cresce e se multiplica. Chama minha atenção a forma como as pessoas são chamadas para o atendimento, a funcionária lá na sala da Pré Consulta anuncia os nomes sentada em sua cadeira, sem sistema de alto-falantes e os pacientes tem que se desdobrar para ouvir seus nomes e rapidamente adentrar a sala. Ao serem atendidos por essa primeira etapa voltam para o salão principal e ali aguardam um tempo muito maior, até serem chamados para o atendimento médico. Acompanhantes só nos casos específicos, do contrário o paciente adentra sozinho.

Numa placa defronte todos os nomes dos médicos de plantão e também como é o procedimento básico de atendimento para cada tipo de situação, indo da emergência para a menos grave, essa esperando mais tempo. Cada um ali com sua dor e querendo permanecer o mínimo possível naquele ambiente. Vejo um jovem cheio de correntes nos pulsos, anéis nos dedos, demonstrando ter certa autoridade em sua comunidade, mas ali, com a mulher com muita dor, permanece resignado, respeita as regras e a acompanha sempre a abraçando, numa atitude a engrandecê-lo. No mesmo momento vejo uma filha acariciando o rosto do seu velho e cansado pai, esse com dor, ela tentando minimizar sua estada, num certo momento lhe diz aos ouvidos: “Aguente mais um pouco, em casa isso tudo passará”. No outro, uma garota bem nova, dos seus quinze anos empurra a cadeira de rodas com a mãe, essa com o pé bastante inchado, devido um tombo pela manhã. Ouço ela dizer ter ido primeiro numa UPA – Unidade de Pronto Atendimento e para ali sendo encaminhada, pois único lugar com ortopedista de plantão. Na porta percebo um senhor evangélico acompanhando a esposa e esse tentando encontrar dentre o pessoal do atendimento alguém da mesma religião que a sua, pois crê desta forma um facilitador para ser mais rapidamente atendido. Sua estratégia, pelo menos desta vez não deu muito certo e ali permaneceu o mesmo tempo que todos os demais.

Duas pessoas falam sozinhas no salão de espera. Uma mulher com uma mochila nas costas, roupas um tanto sujas e com características de esquizofrenia. Gesticula muito sentada na última fileira das cadeiras e pelo visto não está ali em busca de atendimento, mas somente para passar o tempo, distrair a mente. Quando se cansa sai para fora e desaparece na escuridão do começo da noite. Um senhor tem os olhos vidrados nas chamadas para atendimento, fala para ele mesmo e em voz alta, chama a atenção quando se levanta e praticamente grita contra os que fazem uso do celular, naquele momento quase todos, desde alguns funcionários, como todos os aguardando no salão. Cabeças se levantam e o olham com alguma surpresa, para logo mais, quando ele se retira, tudo voltar como dantes, ou seja, todos plugados em seus celulares. Ninguém com uma mera revista, jornal ou livro, mas todos com seus celulares e plugados em alguma coisa, estabelecendo contato com o mundo ali do lado de fora.


Quem pega os prontuários e chama as pessoas para o atendimento é o funcionário da segurança, com crachá o identificando e a firma terceirizada. Supre muito bem o papel a ele designado, voz com boa entonação, alta e nítido, mesmo não sendo o mais apropriado para fazê-lo. Do lado de fora vem o som de uma música tocada em grupo, com acompanhamento de um violão. É um grupo de jovens evangélicos que não entram no salão, mas permanecem bom tempo lá fora, cantando seus hinos e instigando estarem ali para cumprir uma missão de conforto junto aos ali adoentados ou com suas dores. Abordam alguns do lado de fora, rodeiam esses com suas músicas e como estão em grupo, riem e falam alto, como todo agrupamento de jovens costuma fazer. Do lado de fora do PS um único carrinho de lanches, onde um senhor aparentando ter uns 60 anos faz lanches e tudo o mais sozinho, recebe, dá troco sem luvas, serve, prepara e conversa. Muitos o conhecem e destoa da movimentação do dia, quando muitos carrinhos de lanche permanecem abertos. Ele é o único ali à noite e mata a fome dos permanecendo muito mais tempo do que o previsto inicialmente.

Não consigo enxergar mal atendimento no que vejo e a morosidade se deve a tantos fatores, que quando levados em consideração, olhando para as condições de trabalhos dos profissionais ali detrás dos balcões, em certos momento dá vontade de ajuda-los a fazer fluir aquilo tudo mais rapidamente, mas como tudo na vida tem o seu tempo, esse parece ser o tempo desses lugares. Não vi ninguém esbravejando no período em que ali estive. Meu amigo foi atendido por um médico, fez curativos, tirou RX, voltou para a fila de atendimento, esperou novo tempo e foi atendido por outro médico, nova especialidade, foi medicado e devidamente orientado. Tenho certeza que tudo poderia ser feito com mais fluidez e rapidez, mas não dá para desabonar como vi tudo sendo feito, pois não vi falta de empenho em nenhum semblante. O serviço fluía, acontecia e os problemas, com mais ou menos demora, iam sendo resolvidos, encaminhados e as pessoas voltando para suas casas, algumas com aquela sensação de melhora já estampada no rosto, outras bem menos, ainda com dores, mas com ataduras, faixas, gessos, compressas, etc.

Saímos de lá depois das 23h, cansados, estafados e com fome. Os banheiros não estavam sujos, mesmo sendo utilizados à exaustão pelos ali presentes. No salão um bebedouro sem copos plásticos, muito utilizado, com gente conseguindo copos não se sabe aonde e outros o fazendo em conchinha. Assim a noite foi fluindo, eu tentando captar nuances poucos vislumbradas, sem escrever com aquele espírito negativista ou de mera crítica. Tenho muitas a fazer, mas prefiro citar os acertos, pois enxerguei muitos. O pessoal tenta dar o melhor de si, percebi isso e com melhores condições, num local mais amplo, mais arejado e mais adequado, tudo fluiria muito melhor, mas como sonhar é preciso, necessário, creio nisso, numa mudança de rumos, essa vindo não só na cabeça dos que estão lá no exercício do serviço público, mas ajudados pelos que dele necessitam. Tudo é uma enorme corrente e uma só funciona com o auxílio da outra. Meu amigo pode até reclamar de ter aguardado pouco mais do que esperava, mas não o vi reclamar do atendimento. Esse ocorreu a contento e isso fica ressaltado nessa noite de segunda, eu e ele ali no único lugar onde não imaginávamos estaríamos nessa noite.

domingo, 29 de setembro de 2019

CARTAS (205) e PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (151)


CARTA DE MINHA LAVRA E RESPONSABILIDADE PUBLICADA HOJE NA TRIBUNA DO LEITOR DO JORNAL DA CIDADE:


LULA LIVRE DE FATO

No exato momento em que a Lava Jato está no seu pior momento, descrédito comprovado até pelas pedras do reino mineral, quer decidir pela quase liberdade do ex-presidente Lula, colocando-o num semi aberto por "bom comportamento".

O país estarrecido com o péssimo comportamento de Moro e Dallagnol, esses comprovadamente com atuações na contramão dos preceitos mais básicos do mundo jurídico, quando já deveriam ter sido afastados dos seus cargos pelo bem do que ainda pode restar de credibilidade na Lava Jato, agora propõe enquadrar novamente o mais importante preso político do planeta, referendando um julgamento viciado desde o princípio. Não cola.

O semiaberto é querer passar um passa moleque na íntegra postura da defesa de Lula, devendo ser rejeitado. Se ele esperou até agora pelo momento de ser liberto pela porta da frente, incólume e de cabeça erguida, aceitar o gracejo dos hoje algozes seria reconhecer um procedimento errôneo, o que de fato não ocorreu por parte dele e sim, de quem o condenou injustamente, sem provas e para impedi-lo de ganhar o pleito eleitoral para governar esse país. Diante de todas as patacoadas de Bolsonaro & Cia, insuportáveis até pelos sensatos que nele acreditaram, Lula não vai se vergar a continuidade de espúrias decisões da vergonhosa inJustiça brasileira.

A História, nem precisou de muito tempo e já julgou quem de fato está certo ou errado nisso tudo, pois após as denúncias do The Intercept, o bom caratismo apregoado por alguns caiu por terra e o que se vê hoje é como o conluio ("Com STF, com tudo", como vaticinou Jucá) conseguiu tomar o poder através de um golpe institucional e está a destruir com um país outrora soberano. As máscaras caíram por terra e quer queiram ou não, Lula continua incólume. Ainda aposto minhas fichas na reconstrução deste país, sem os gendarmes hoje no poder.
Henrique Perazzi de Aquino - Professor de História e Jornalista (www.mafuadohpa.blogspot.com).


LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE IMPRENSA, A RÁDIO, O COMANDANTE E O POSICIONAMENTO DE UM PARTIDO POLÍTICO – O PT, ATÉ POR TUDO QUE SOFREU E SOFRE, NÃO PODE SE CALAR DIANTE DO OCORRIDO
O tema é a liberdade de expressão. Os detalhes ainda não são de todo conhecidos, mas mesmo assim, algo precisava ser feito, pois na beirada de adentrarmos algo mais que perigoso para este país, no mínimo uma tomada de posição, algo em repúdio a lamentável acontecimento. Uma enquete dentro do programa InformaSom, da rádio 94FM Bauru abordava o tema do pacote anticrime e a ampliação do excludente de ilicitude para policiais, com um agravante de tocar num acontecimento local envolvendo policiais militares e um jovem na periferia da cidade. Foi o bastante para o comandante desta polícia se dirigir à rádio, exigindo que a sua vontade estivesse acima de toda uma liberdade prevista e garantida constitucionalmente. Constrangedor é o mínimo que se pode taxar, pois foi na verdade uma aberração, uma vez que o país ainda está sob os domínios de uma lei maior não permitindo tal atitude. Na sequência, a rádio se cala, vida que segue e se o ocorrido não tivesse vazado, com certeza, seria colocado no esquecimento pelas partes envolvidas.

A denúncia só foi divulgada pela coragem de Roque Ferreira num post pelas redes sociais. Na sequência escrevi um texto do Guardião abordando o mesmo tema e agora, faço mais, conclamo o partido político no qual milito, o PT – Partido dos Trabalhadores a se posicionar a respeito. O posicionamento da rádio num todo pode deixar a desejar, o de alguns dos seus locutores idem, porém o ocorrido vai além disto, fere preceitos de um regime dito democrático, um perigoso precedente e na quietude, a possibilidade de algo dessa natureza tornar-se corriqueiro. Primeiro instala-se o medo coletivo, a existência de temas tabus não podendo esses sequer ser abordados e a partir daí, um coletivo domado, regrado, vigiado e contido. O PT foi governo por mais de uma década e algo dessa natureza era impensável durante aquele período. As liberdades democráticas foram todas garantidas e preservadas, algo claudicante após o golpe institucional de 2016 e mais ainda após a chegada ao poder de Jair Bolsonaro. Principalmente esse partido, o PT, não pode se calar diante desse fato. Ele pode ser um triste divisor de águas no período atravessado pelo país. Instigo com esse texto sua nova direção, mais arejada e representativa, a emitir uma nota pública de repúdio, tornando-a pública e encaminhada a todos os órgãos competentes desta cidade, desde o Sindicato dos Jornalistas até o próprio Comando da Polícia Militar, além do Governador do Estado de SP.

Fica a dica. No mais, para encerrar, estou lendo justamente agora um pequeno livro, o “Liberdade de Expressão” (Editora Futura SP, 2003, 104 páginas), de Heródoto Barbeiro, Carlos Heitor Cony e Artur Xexéo, compilando um momento dentro do programa de rádio da CBN, o Liberdade de Expressão, quando os três se reuniam, um em cada canto e discutiam ao vivo, resgatando um “hábito dos mais prazerosos do ser humano: papear, prosear, trocar ideias, jogar conversa fora” e tudo sem nenhum tipo de censura. Como vejo que isso não pode se perder com atitudes autoritárias e mesmo fora da lei, reproduzo a seguir somente o texto de orelha do livro, muito pertinente para o momento:

LIBERDADE... de expressão não se confunde com liberdade de imprensa. Vai mais além. É um direito fundamental humano, uma vez que atende ao princípio do direito de informar e ser informado. Garante que todos podem expressar livremente suas ideias, seus sonhos, sem qualquer limitação. A liberdade de expressão é um ideal a ser perseguido não apenas por jornalistas, mas por qualquer pessoa que queira divulgar um manifesto, uma reflexão, fazer uma denúncia ou dizer porque está ou não contente com os governantes. Nos meios de comunicação, é a amplificação tecnológica da tradição de colocar uma caixa de sabão em um parque público e gritar a plenos pulmões o que lhe vem na alma.

Ela é dinâmica, daí a necessidade de ser perseguida sempre, uma vez que está submetida às pressões que a sociedade, mesmo democrática, faz sobre ela. É uma luta que não termina nunca, sob pena de sucumbir à ação da censura ou dos agentes sociais poderosos atingidos por ela. A liberdade de expressão é um patrimônio social e por isso deve ser protegida por política pública, o que não isenta o cidadão da responsabilidade de velar pela sua existência. Historicamente, tanto a liberdade de imprensa como a liberdade de expressão sofreram restrições nos períodos autoritários da sociedade e foram restauradas graças a ação daqueles que entenderam que a existência delas é um caminho para deixar de ser o objeto e passar a ser o sujeito da história”, Heródoto Barbeiro.

Obs: Encaminho esse texto para Claudio Lago, presidente do Diretório Municipal do PT, Câmara dos Vereadores de Bauru (Marcos Souza, José Roberto Segalla, Alexssandro Bussola, Thiago Roque, Vinicius Santos Lousada), representante do Sindicato dos Jornalistas (Ricardo Santana) e para Direção da Rádio 94FM para que todos estejam a par da ideia de uma representação coletiva repudiando o ocorrido na semana passada.
HPA – Bauru SP, domingo, 29 de setembro de 2019.

sábado, 28 de setembro de 2019

DIÁRIO DE CUBA (112)


DEPOIS EU EXPLICO*

* Os acontecimentos deste sábado, postados com alguma desordem, como devem ser as coisas neste país de pernas para o ar.


ALUCINADO FINAL DE SEMANA ENTRE LEITURAS, BRUXAS E AFINS
Diante de tantas aberrações desses últimos tempos, com algumas propostas para bater asas e se perder por aí, resolvi me trancar entre quatro paredes e ler. Escolhi três publicações, as ainda consideradas por mim como passíveis de insistência de persistente leitura. Me entrego de corpo e alma nessa ainda aberração diletantista já quase perseguida por essas plagas. Resisto e insisto.

TREM É A CARA DESTA CIDADE, QUER QUEIRAM OU NÃO ALGUNS...
Participei ativamente quando da criação deste evento envolvendo as origens desta aldeia férrea. Algo alvissareiro ocorrendo quase todos os anos junto à mais bela estação férrea de todo interior do estado de São Paulo (frase dita a mim pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão, quando veio pela última vez rever a estação férrea bauruense). Dei o meu quinhão, hoje um tanto afastado, mas nunca ausente, pois se neste ainda não fui, devo ir amanhã. Falar de ferrovia entre os tantos interessados nesse tema é uma das molas propulsoras destas plagas. E neste momento quando percebo uma alvissareira movimentação nas hostes públicas, no que diz respeito à recuperação não só de locais históricos, com a proposta vingando do Mercado Popular no barracão defronte a Feira do Rolo, como carros férreos sendo recuperados e até o passeio da Maria Fumaça com alguma possibilidade voltar a correr nos trilhos, nada melhor do que sentar com quem do meio e tomar conhecimento das novidades pelos meios de quem as produz.

HOJE TEM LULA LIVRE NO CALÇADÃO DA BATISTA
Inveterados petistas estarão com barraca montada na Esquina da Resistência, cruzamento da Treze de Maio com o Calçadão da Batista. Em boa parte da manhã deste sábado a bandeira do LULA LIVRE estará sendo agitada, com a boa conversa fluindo, inclusive uma explicando que o ex-presidente não quer cumprir pena no semi aberto, como proposto pela falida Lava Jato, mas sair pela porta da frente, sendo absolvido e se julgado for, dentro da normalidade do ordenamento jurídico, o que de fato, mais que comprovado, não existiu quando o condenaram. O projeto do PT para os próximos anos pode ser conferido na conversa com a população. Promoção do DNA Petista e já fazendo parte da nova forma de administrar o Diretório Municipal do PT em Bauru, agora novamente em contato com o povo, por todos os meios e lugares. O maior partido brasileiro mostrando a que veio.

ÚLTIMOS DIAS DO SEBO DO BAU NA RODRIGUES...
Seu Bau faleceu meses atrás, conseguindo conviver com livros até seu derradeiro dia, aos 93 anos de idade. Seus sebos fizeram história em Bauru, desde o primeiro montado junto a um mercado lá na vila Independência até os famosos, esse na Rodrigues e o do filho, na esquina da mesma avenida com a Treze de Maio. Ao falecer, o sebo permaneceu fechado por quase um mês, quando o filho resolveu reabrir, mas na dificuldade de manter o seu e este, onde o pai atuava, decidiu que o melhor mesmo é fechar um e centrar fogo em somente um. A notícia do fechamento já corria de boca em boca e hoje saiu nas páginas do Jornal da Cidade e muitos correram para lá, enfim, a notícia dava conta que tudo estava sendo vendido por meros R$ 2 reais. Tanto faz ser um livro, CD, LP ou qualquer outro objeto lá encontrado. Na manhã deste domingo, a frequência foi grande e lá estive arrematando algumas peças para meu acervo. Nelas, terei para sempre a lembrança do velho Bau, um senhor que nos seus tempos de São Paulo era porteiro no prédio onde residia Elis Regina e no dia fatídico de sua morte, ficou com os filhos em sua casa, hoje os famosos João Marcelo e Maria Rita.

Seu Bau soube tocar seu negócio e o fez ao seu modo e jeito até o final de sua vida. A organização era a sua e quando o cliente não encontrava nas prateleiras o que desejava, nada melhor do que perguntar a ele, pois ele sabia onde se encontrava cada coisa. Até hoje, seu filho ao tentar dar um jeito em tudo para fechar o local, se depara com coisas que nunca mais pensava botar os olhos. Na manhã de hoje, assim como eu corri para lá movido por esse ímpeto de ter livros e CDs do meus gosto e preferência, dou de cara com o artista plástico Esso Maciel, que adoentado, reclamão de suas dores, conseguiu estancar temporariamente todas e para lá se dirigiu em busca de algo salutar para continuar vivendo. Passei por lá pouco mais de meia hora, saindo com as mãos todas sujas (todo sebo devia ter um torneira na saída), mas recompensado, pois preciosidades trouxe na algibeira. A novidade é que, o sebo fecharia hoje, mas fui informado que, diante da procura e de ter ganho uma semana de lambuja para entregar o prédio, o dia para fechamento definitivo fica definido como a sexta que vem. Portanto, mais uma semana para os interessados em vasculhar aquele lugar que, quem frequentou sabe, tem história nas paredes. Volto lá semana que vem só para procurar LPs. R$ 2 reais cada.

PLACA DERRUBADA, PLACA RECOLOCADA - HOMENAGEM À JOÃO PESSOA EM REGINÓPOLIS
Quando escrevi o livro "Reginópolis, sua História", junto com Fausto Bergocce, dentre as tantas maravilhas que íamos descobrindo juntos da história da pequena cidade, algo sempre nos chamava a atenção e juntos íamos em busca das respostas. Ao nos deparamos com uma placa datada de 1930 e com uma inscrição inusitada, pois não dizia respeito a história da cidade, fomos em busca da explicação de sua existência. Eis seus dizeres: "Modesta homenagem do povo batalhense; a memória do saudoso brasileiro Dr João Pessoa. Batalha, 24.10.1930". Ela faz parte da história de Reginópolis e foi encomendada pelos batalhenses (naquele ano ainda não se chamava Reginópolis e sim, Batalha) em homenagem ao Presidente da Paraíba (na época o cargo de governador era assim denominado), por conta de seu assassinato, fato que desencadeou a Revolução de 1930, protagonizada por Getúlio Vargas. Esse assassinato mudou a história do Brasil, pois Getúlio que já havia perdido a eleição, pode após essa morte reunir forças e desencadear o movimento que o levou ao poder. O crime já foi dissecado pela História e o fato é que, quem a encomendou, com certeza, era getulista e estava com a confecção e posterior instalação na praça João Batista Villas Boas, centro da cidade, externando todo o carinho pelo possibilitado posteriormente ao país.

A placa resistiu ao tempo, atravessou gerações e permaneceu num pedestal até alguns anos atrás quando um caminhão fazendo uma manobra diante da reforma de uma residência veio a derrubá-la. Removida pelos funcionários da Prefeitura, seus pedaços foram guardados no Almoxarife e de lá só foram recuperados pela insistência de Fausto, que constantemente questionava a prefeita, Carolina Araujo cobrando a sua recuperação. Dias atrás ela liga pessoalmente para ele em Guarulhos, onde reside, lhe envia as fotos aqui reproduzidas e diz: "Eis seu monumento preferido novamente no devido lugar". Ele todo contente me liga e conta a história nos seus mínimos detalhes, como só ele sabe fazê-lo. Poucos (ou mesmo, mais ninguém) na cidade hoje conseguiriam desvendar o seu significado, mas uma vez tendo permanecido por tanto tempo num lugar de destaque, não era mesmo de bom alvitre ela ser suprimida da paisagem da cidade. Restituída em seu local de origem, gerou desde sempre perguntas ainda não totalmente respondidas pelos autores do livro e nem pelos munícipes consultados: quem seriam os "batalhenses" e qual a real motivação para terem encomendado e fixado a placa na cidade? Mistérios como esses permeiam a história de toda cidade, pois quando não desvendados ainda com seus artífices vivos, os registros acabam ficando registrados no campo das hipóteses. E por fim, parabéns para a prefeita por ter recuperado a placa e o pedestal.


O PT ESTÁ NAS RUAS E HOJE MARCA PRESENÇA NO CALÇADÃO DA BATISTA
O PT de Bauru como já é sabido está de cara nova, composição renovada e agora tendo como presidente Claudio Lago, montou barraca na Esquina da Resistência e ali permaneceu toda a manhã em bate papo com a população circulando pelo Calçadão da Batista. Abaixo Assinado em prol da liberdade do ex-presidente bombou em assinaturas e algo chamou a atenção de todos, a quantidade de pessoas que iam parando, querendo conversar, saber mais da situação do partido, de Lula, do que pode ser feito para botar pra correr Bolsonaro e todos os que atravancam o país no momento. Enfim, manhã de intenso trabalho, união de muitos que ali estiveram e predispostos a reverter a situação de tempos atrás. Na despedida, aquele gosto de quero mais e no sentimento pulsando na população, novos atos sendo marcados e atividades diferenciadas sendo agendadas. O PT está vicejando que é uma belezura em Bauru e esse novo momento anima a todos, pois com ele chegando o dia de ver Lula sair da masmorra curitibana e pela porta da frente. Temos todos um imenso trabalho pela frente e o melhor de tudo é que nem a imensa propaganda mentirosa que fazem pela mídia massiva está conseguindo desconstruir esse novo momento despontando logo na curva da esquina e tomando conta de todos. O Brasil tem jeito e o PT sabe o que precisa ser feito, a turma de Bauru já arregaçou as mangas de suas camisas e está nas ruas dando o seu quinhão para reverter o baú de maldades despejado sobre nós todos após o golpe de 2016 e o conluio que destruiu esse país. Vamos juntos!

O gaiato passa e grita: "Vão pra CUBA!". Felizmente, gente como ele hoje estão se tornando minoria, mas como ainda existem, acendeu a chama em todos: E por que não marcamos uma visita coletiva pra rever e conhecer melhor a experiência cubana? Uma ideia mais que alvissareira.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (126)


ESCANCARADA CENSURA AO VIVO NA FM94

Não bastasse todos os desmandos em curso pelo conluio atuando no país, os desdobramentos já chegam com a devida pompa até a aldeia bauruense, reflexos do que ocorre no Planalto Central. Que a dita democracia está claudicante, disso até as pedras do reino mineral possuem a mais absoluta certeza, mas não era esperado que tudo ocorresse tão rapidamente, em apenas nove meses de desGoverno Bolsonaro. A última ou, se quiserem, a primeira ocorrência de grande vulto se deu em Bauru nesta semana e foi escamoteada, jogada pra debaixo do tapete, mas como nada fica muito tempo sem que o mundo internético tome conhecimento, Roque Ferreira recebeu e passou adiante uma grave denúncia:

"RÁDIO 94 FM SOB CENSURA INTIMIDAÇÃO - Recebi a seguinte informação no dia de hoje 26/09/2019: Na terça feira dia 24 de novembro estava no ar o Programa Informason, quando apareceu na emissora o para de forma intimidatória questionar conteúdo de matéria que estava ou estaria sendo veiculada pela emissora. Não cabe ao Comandante da do 4º BPMI, sair em viatura oficial do Estado, adentrar sem ser convidado em veículos de comunicação para de forma autoritária e intimidatória questionar conteúdo veiculado pela emissora. O Comandante, poderia ter se utilizado dos meios disponíveis a qualquer cidadão. Caso não tivesse acordo com o conteúdo publicado deveria ter solicitado oficialmente cópia do programa, e em sendo o caso solicitar direito de resposta a emissora, ações que estão previstas na legislação.

No Brasil a imprensa é livre, e esta liberdade esta garantida na Constituição Federal. Nenhuma instituição ou membros que a integram pode a seu “bel prazer”, se utilizar da força para tentar impor censura prévia, ou se utilizar de posto ou cargo para a vil pratica da intimidação. Expressamos nossa solidariedade aos profissionais da FM 94 Bauru, e nosso repúdio a este ato de violência contra o livre exercício jornalismo, e que também se configura como ato de censura à livre expressão. O fato foi relatado à Comissão da Defesa da Pessoa Dos Direitos Humanos, Da Cidadania, Da Participação e das Questões Sociais, da Assembléia Legislativa de São Paulo, o que levou a Deputada Federal Beth Sahão-PT, a solicitar explicações ao Comandante da Policia Militar do Estado de São Paulo Coronel Marcelo Vieira Salles, e ao Comandante do 4º Batalhão da Policia Militar do Interior Tenente Coronel da PM Ézio Carlos Vieira de Melo, sobre o grave fato ocorrido. Nos tempos em que estamos vivendo hoje, sempre é importante ressaltar que a liberdade de imprensa e de expressão estão garantidas na Lei Maior, a Constituição Federal, e também que o servidor Público, inclusive os de segurança, só pode fazer aquilo que a Lei Determina".

O intrépido Guardião, super-herói dessas plagas, avesso à barbárie golpista, militarista e aos desmandos jurídicos dando sustentação ao conluio em curso, observando tudo dá o seu pitaco: "Bauru não podia mesmo ficar de fora dessa, até para nossos macanudos marcarem posição junto ao chefe absoluto. Uma simples enquete de rádio no programa InformaSom é o motivo para a ida na rádio e ali, mesmo contrariando lei vigente, escancarar que hoje o que está em curso é a vontade de quem detém o poder, ela acima de tudo e todos. A rádio possui um jornalismo defensor do atual Governo, mas nem isso foi levado em consideração. O recado foi dado e serve para tudo o mais: contrariar o todo poderoso incide em CENSURA. Ou as bocas se fecham por bem ou será dessa forma e jeito, pelo menos é o que desejam. Foi constrangedor, ainda mais porque a rádio não deu sequer um pio e tudo só veio à tona porque alguém contou a história reservadamente fora do circulo e ela chegou às mãos do Roque Ferreira".

Guardião não se contém e diante dos comentários postados junto ao texto publicado no facebook conclui: "A rádio, por ser favorável ao que dita o atual Governo e ainda sem que ninguém saiba ao certo como se deu a invasão aos seus domínios, preferiu se fingir de morta. Não deu um pio. O texto do Roque foi feito para defendê-los, a favor da Liberdade de Expressão e da Imprensa, tudo garantido pela Constituição e faço o mesmo, mesmo sendo contrário à linha de atuação da rádio, de mão única, na contra-mão dos interesses da classe trabalhadora. Mesmo assim, o repúdio tem que ser dado em alto e bom som, justamente agora, quando de uma primeira ação clara de CENSURA. Não será se escondendo, demonstrando medo e receio que as coisas irão melhorar. Ou todos unidos nos posicionamos contrários ao ocorrido, ou isso poderá ganhar mais corpo e daí, mais difícil a reversão. Nem precisa deixar claro a baita saudade de tempos outros quando tudo se podia dizer sem esse medo coletivo já instalado e vigente (em que Governo mesmo isso ocorria?), mas ainda dá tempo de reverter tudo e não deixar o obscurantismo tomar conta de nossas vidas e voz. Assim sendo, toda solidariedade ao pessoal da 94FM Bauru. Que assim revejam o posicionamento até então tomado...".

Eis o link da publicação do Roque: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2689305951088153&set=a.101141503237957&type=3&theater
OBS.: Guardião é obra do traço do artista Gonçalez Leandro, com pitacos escrevinhativos do mafuento HPA.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

CARTAS (204)


QUANDO UM AMIGO PARTE, PARO TUDO E O REVERENCIO COM O DEVIDO LOUVOR


A LEMBRANÇA QUE QUERO TER DE FÁBIO NEGRÃO
"Eu, assim como um dos mestre de todos nós, Fábio Negrão fomos um dia inveterados boêmios, desses de dançar pelos bares com quem aparecesse pela frente, aqui o faz com a cantante e encantante Denise Amaral. Isso não denigre ninguém, aliás, só enaltece, pois o que seria desta vida sem os rastapés e os enroscos pela aí. Num dia de abril de 2014, eu e ele nos encontramos no Makalé Bar, lugar onde batíamos cartão, pois ali, além da cerveja gelada, da certeza de reencontrar gente da nossa laia conversativa, também ainda se podia desfrutar de boa música. Foi uma noite e tanto. Num certo momento, Fabião se achegou do meu lado e me disse no pé do ouvido: "Veja lá o que você vai fazer com essas fotos". Eu as guardei até o dia de hoje, quando me pus a procurá-las, pois diante de duas fotos que vejo os amigos publicando dele, prefiro essas, com ele na esbórnia, ainda todo pimpão, tentando driblar as adversidades e pululando pelos bares desta insólita aldeia. Ele foi muito ao Makalé por esses tempos, como também foi em outro ali mais perto de sua casa, o General Bar, do amigo Vagnão. Não quero escrever muita coisa dele, pois as fotos aqui reproduzidas, guardadas por certo tempo e hoje sendo espalhadas ao vento (nem todas, tenho mais um tanto daquele dia), dizem por si só de como foi o mestre de toda uma geração. Outro dia vi uma foto significativa dele, enfrentando os gendarmes da ditadura quando da visita do presidente general Figueiredo à Bauru. Ele na frente da resistência no palco dos acontecimentos, a praça Rui Barbosa.

Ou seja, cada um tem um belo momento com ele. Eu não tive o prazer de desfrutar de sua amizade nos tempos da resistência à ditadura militar, mas algum tempo depois, ele ainda na Unesp Bauru, descontente da vida, mas sempre um bom papo, conversas a atravessar a noite. Minha homenagem a ele é essa, ele alegre, ruando como fazem os grandes seres humanos. Hoje ele se foi fisicamente, só isso e os bares todos, os pontos de encontro onde a gente se reunia para desfiar o rosário contra os dragões da maldade que nos assolam, esses estão mais tristes, pois nem peças de reposição à altura existem mais. Foi-se alguém pelo qual valia a pena a gente fazer algo e escrever um bocado de linhas, que o diga a sua amiga e colega de trabalho, Dalva Aleixo, pois ela o acompanhou nas agruras dentro do hospital nos últimos meses. Um efusivo VIVA para esse guerreiro!", Henrique Perazzi de Aquino.

"Conheci Fábio em 1979, no movimento estudantil, quando a ditadura ainda fazia suas vítimas. Mas fiquei mas próximo do Fábio quando aceitou coordenar o projeto CPPT (Centro de Pesquisa e Produção Teatral) que apresentei para a Vice-Diretora da FAAC/UNESP na época Loriza Lacerda, durante este período tivemos uma convivência diária e de muito trabalho, e que constatei nesta época foi a relação de amizade que ele tinha com os alunos, sua casa estava sempre aberta para reuniões ou festas e ele sempre disposto a ajudar a todos. Descanse em paz meu grande AMIGO", Sivaldo Camargo.

"Fábio Negrão faleceu. O único professor que levou pra gente aquele livro de mídia radical, famosão no jornalismo e que a gente ia demorar pra saber se não fosse por ele. Que lia em voz alta na sala, porque sabia que talvez alguns ali não leriam em casa mesmo. Gerava debate, questionava, instigava. E falava de verdade quando não tava bem. Ia embora. Batia na tecla diante da morosidade estudantil, da burocracia acadêmica, da cultura do lattes. E não é só porque ele morreu que eu tô falando isso. Quando cheguei na faculdade já comentavam dele, nem sempre coisas legais. E quando tive aula com ele vi que era outra coisa. Outras ideias - muitas vezes levadas pelo outro lado. Naquela época e mesmo depois, era um professor realmente disposto a conhecer seus alunos e alunas, que nunca deixou de dar um sorriso e um abraço. Eu não quis deixar em branco essa memória aqui. Que os anjinhos te abençoem no céu, professor", Bibiana, jornalista do Jornal Dois.
"As aulas da minha turma com o Fábio Negrão eram aos sábados de manhã e quando tinha sol eram para fora da sala, perto da cantina. Um professor que se sentava ao chão com os alunos... Já formada, o jazz nos deixou sempre próximos. Nosso último encontro foi depois de uma cantoria no TemploBar Bauru, no bom e velho balcão. Com tom professoral, ele me disse: Zonta, está mandando bem, deveria cantar mais. Está gostoso de ouvir... Fabio Figueira vá na luz e no som. Valeram as lições e as muitas conversas na mesa do bar", jornalista Luly Zonta.

FÁBIO NEGRÃO, GUERREIRO INDOMÁVEL!
"Conheci o professor Fábio Negrão em 1978 e juntos participamos de jornadas inesquecíveis na luta pela liberdade, democracia e fim da Ditadura Militar. O camarada era um aguerrido combatente e não fugia jamais da luta. Participamos juntos em janeiro de 1979, da Jornada Nacional de Cine Clubes em Santa Tereza no Espirito Santo e em Maio do mesmo ano, do Congresso de Reconstrução da União Nacional dos Estudantes em Salvador-Ba. Viagens e eventos memoráveis. Atuamos juntos no antigo MDB – Movimento Democratico Brasileiro – e no então clandestino Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR-8 -, o popular “oito”, participamos de atividades memoráveis como o protesto contra a visita do ditador João Figueiredo à Bauru, em agosto de 1980, onde o companheiro Pedro Romualdo registrou Fábio enfrentando cara-a-cara o então temido Delegado Romeu Tuma.
A luta pelo passe escolar com 50% de desconto de 1979, foi outra luta memorável que devolveu os movimentos populares para as ruas de nossa cidade. Conseguimos mobilizar parcela considerável da comunidade bauruense pela luta pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita, promovendo debates, palestras em defesa da causa. E o companheiro Fábio foi um guerreiro, participando ativamente de todas as lutas encetadas no período, sempre com uma coerência inconteste. Alternava suas atividades políticas com a cultural, em especial a música e o teatro. Gostava de tocar seu contrabaixo e de representar, tendo inclusive trabalhado na montagem bauruense da Casa de Bernarda Alba que lhe proporcionou uma inesquecível viagem para a Espanha, onde o grupo bauruense se apresentou. O cartaz desta peça, encontra-se até hoje no Templo Bar. A partir de meados dos anos 80, afastou-se da militância política, dedicando-se somente a carreira docente, inicialmente na Fundação Educacional de Bauru – FEB – e posteriormente, até o final de seus dias na UNESP. Dois meses atrás, o companheiro Fábio sofreu uma violenta queda na quadra 1 da rua Júlio Maringoni, muito certamente ocasionada por um AVC e o que lhe ocasionou uma grande hemorragia cerebral e desde então estava internado no Hospital de Base. Após leve melhora, seu quadro piorou nos últimos dias, levando-o a óbito, aos 68 anos de idade. Deixa três filhos, Rafael e Thiago do seu primeiro casamento com Luciana e Beatriz do segundo casamento com Simone. Encontrava-se separado há quatorze anos. Fábio resolveu partir, e nos últimos dias de sua vida, deve ter sentido a forte presença ao seu lado da companheira de militância política e de docência Dalva Aleixo Dias que não mediu esforços no sentido de proporcionar afeto e carinho, e principalmente cuidados. Mobilizou companheiros, amigos, professores e alunos que se cotizaram para garantir a presença de cuidadores ao seu lado, diuturnamente. Fábio Negrão faleceu às 1:57 desta madrugada e está sendo velado na Funerária Reunidas, seu sepultamento será às 15:00 horas no Cemitério da Saudade. De uma coisa, estamos certos, Fábio Negrão permanecerá de forma perene na memória daqueles que com ele conviveram", Antonio Pedroso Junior, o Chinelo.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (117)


A UNIVERSIDADE QUE VALE A PENA - CIC CONGRESSO INICIAÇÃO CIENTÍFICA UNESP BAURU
Algo nunca mais esquecido foi algo dito para uma das classes do curso de mestrado, no qual estava presente, pela mestra Maria Cristina Gobbi: "Diante de um oceano de temas pequenos, quando despontam nos trabalhos de TCC, Mestrado e Doutorado algo voltado para o social, um alento e não só a valorização, mas também a real importância do ensino público. De nada vale um tema bem escrito, trivial, permanecendo nas prateleiras da universidade sem nenhuma consulta". Hoje, ao estar presente em mais uma 1ª Fase do CIC, o Congresso de Iniciação Científica da FAAC Unesp Bauru, eis a comprovação do dito por ela para uma de suas turmas sendo personificado em vários trabalhos hoje apresentados. Creio, deve ter sido perto de cem e neles todos, algo me chamou muito a atenção, existe um clamor, algo bem latejante, pulsando pelos temas sociais, tão candentes nos dias de hoje. Poderia, mesmo tendo feito uma rápida passagem pelo local, pouco mais de um hora e meia, ter feito a citação de mais uma dezena de valorosos temas e trabalhos. Não deu tempo e estabeleci meu limite, quatro e aqui os resumo como os entendi, acrescentando que, em todos consegui estabelecer um curto bate papo com seus autores.

1 - "Comunicação política, redes sociais e eleições: Informação, interação e participação no facebook", autor: Guilherme Hansen, orientador: Antonio Francisco Magnoni (Dino Magnoni) e colaboradora: Aline Cristina Camargo. Ele é de Pirassununga, uma cidade eminentemente conservadora, com base da Aeronáutica ali fincada, defendendo esse trabalho em 22/11, mas com ele praticamente formatado. Uma análise nas páginas do facebbok dos candidatos à presidência Haddad e Bolsonaro, com as constatações de praxe sobre o uso e a forma como as informações foram distribuídas e sendo repassadas patra frente. Tudo aquilo que se tem ideia de ter ocorrido aqui é comprovado estatisticamente, comparativamente e de forma bem nítida, clara, límpida. Ótimo para o entendimento de como se processa hoje as informações pelas redes sociais.

2 - "Comunicação estratégica de movimentos sociais na internet - Estudo sobre o Facebook do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra", autora: Mariana Alarcon Datrino e orientadora: Caroline Kraus Luvizotto. Ela é de Mirandópolis e vivenciou em sua cidade um assentamento do MST, tendo seu pai, profissional da área de topografia, atuado em medições junto a essas terras. Por necessidade de querer buscar as explicações e motivos para o preconceito e criminalização desse e de tantos outros movimentos sociais, fez sua pesquisa comparando o que se escreve deles pela rede massiva e o que contém as redes sociais e mais propriamente o próprio site e página do movimento. Bem elucidativo do modo criminoso como são encarados pela rede/mídia massiva, os que lutam pela defesa dos seus interesses na sociedade atual, ajudando sobremaneira a desmistificar essa atuação com suas conclusões. Defende seu TCC em novembro próximo.

3 - "Inserção Urbana: Da favela ao programa Minha Casa Minha Vida", autoras: a paulistana Natasha Neme Gonçalves de Almeida estuda Arquitetura e orientadora: Silvana Aparecida Alves. O texto já é um artigo consolidado, autoria de ambas e versa sobre um dos maiores problemas habitacionais de Bauru. Acho deslumbrante ver uma paulistana escrevendo sobre um problema da cidade onde escolheu estudar, ou seja, demonstra um integração com esse local. A abordagem é feita sobre o problema habitacional dos bairros Jardim Vitória e Curuçá, com famílias sendo realocadas para moradias populares e outras, as que não conseguiram ser transferidas, passando por um processo de reurbanização do lugar onde continuarão vivendo. Trabalho amplo de pesquisa, com muitas citações de atuações ocorrendo em ambos os locais, denotando ótima preocupação com o destino dado para com as populações desassistidas, algo onde a universidade necessita mesmo estar presente e atuante. Presenciei conversa entre Natasha e a professora de Arquitetura Kelly Magalhães, pois essa tem atuação na área, projeto em andamento de casas e uma praça sendo ali edificada.

4 - "Portal Agência Pública: O Jornalismo independente na cobertura da Intervenção Federal no Rio de Janeiro em 2018", autor: Matheus Rodrigo dos Santos, orientador: Maximiliano Martin Vicente. Ele é de Americana e seu texto ainda está em fase de conclusão, com dados novos ainda sendo compilados e assimilados, porém, a ideia inicial já está bem caracterizada e fundamentada. Aqui um tema é escolhido e com sua dissecação a constatação de que, as mídias massivas possuem um discurso próprio, característico e praticamente idêntico, ao passo que, o jornalismo independente relata hoje algo bem mais próximo da realidade dos fatos. Um escamoteia, enquanto o outro desvenda, vai a fundo e mostra de fato o que ocorre, sem inconfessáveis interesses em jogo. Uma ótima oportunidade de, para quem ainda duvida ou tem ressalvas, tomar conhecimento de como atua o dito Jornalismo Independente em relação aos fatos em curso nos tempos atuais. Nada melhor do que, para se chegar a um objetivo, escolher um tema, focar nela a pesquisa, pois abrindo muito o leque, talvez maior dificuldade para atingir os objetivos propostos.
Vi nos quatro trabalhos e tenho a mais absoluta certeza, enxergaria o mesmo em tantos outros ali sendo expostos, o verdadeiro significado e importância do curso universitário público. Deu vontade imensa de ir mais a fundo, conhecer mais, acompanhar mais e para tanto, peguei contato da maioria deles, pois todos ali presentes estavam mais que ávidos em explicar, conversar, debater, ampliar seus conhecimentos sobre o motivo de suas escolhas e os resultados obtidos.

Em tempo: Nenhum dos jovens pode ser considerado militantes de esquerda, são meramente estudantes e muito interessados em descobrir, desvendar bons temas de estudo e pesquisa em suas áreas de atuação. Simplesmente e tão somente isso, algo hoje em dia, até pelas declarações estapafúrdias do atual ministro da Educação, já sendo considerado como "rumo não adequado" para pesquisas. Pautas como essa não podem ser abolidas de pesquisa, simplesmente por decisão de uma reacionária linha de pensamento de grupelho instalado provisoriamente e por tempo limitado (toc toc toc) no Governo Federal.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (77)

A CASO EU CONTO COMO O CASO FOI*
* Eu sempre quis me utilizar desse título para um dos meus escritos. É o título de um livro que li quando com uns 30 anos, do Paulo Cavalcanti - Da Coluna Prestes à Queda de Arraes. Me utilizo dele nesse momento para os casos que ando ouvindo pelas ruas:

AUSPICIOSO DIA DO MAFUENTO, RUIM PARA O BOZO EM NY
O cínico Bolsonaro faz o país passar vergonha na abertura da assembléia Geral da ONU em Nova York e o mafuento HPA ao sair para pagar contas e fazer comprinhas de praxe para seu consumo e necessidades é abordado, primeiro na fila da casa lotérica por um senhor do Mary Dota e este ao me ver com botton do LULA LIVRE, pergunta onde pode encontrar algum igual. Tiro e lhe dou, mas com uma condição, a de colocar na hora em sua camisa. Ele fica com o botton. Na sequência vou pro Tauste e lá Jussara Nabuco Canella me desponta num dos corredores e com a mesma pergunta. Eu mesmo coloco o que tinha em sua blusa. Espero distribuir mais uns dez hoje, pois tenho mais um tanto de compromissos para cumprir até o final da tarde. Enquanto isso, o Bozo, por não ter com quem jantar ontem vai comer pizza num lugar qualquer antes de falar abobrinhas e despejar idiotices para o mundo todo, dessas que ninguém mais acredita. Vexame dele, orgulho pelos bottons distribuídos pela aqui.
Em tempo: Não só distribuo, mas vendo R$ 5 cada para ajudar a causa do Núcleo de Base DNA Petista de Bauru.

NA PADARIA, SEMPRE ELA E SEUS PERSONAGENS
Quando não é no elevador, comigo aqui pelos lados da Zona Sul bauruense, os fatos ocorrem na padaria da esquina,
reduto de vetustos senhores (as), quatrocentões bauruenses (sic, mas não temos pouco mais de 120 anos?). Na fila do pagamento do pão certo senhor se sente incomodado com meu botton Lula Livre, pigarreia, olha incrédulo para meu lado e sem parcimônia me dirige a palavra:

- O sr não acha que esse Lula já passou da hora de esquecermos dele de uma vez por todas?

- Discordo - começo minha resposta. Diante de todos os fatos, creio eu o que já passou da hora é a gente continuar contemporizando com gentalha do tipo desse Moro ou do Dallagnol, gente da pior espécie a denegrir com o Judiciário, algo que sei o sr defendeu ardorosamente durante bons anos de sua vida.

- Esses senhores são de grande valia, veja o papel valoroso da Lava Jato - me retruca meio alterado.

- Discordo novamente e justifico. O conheço é advogado, sei que atuou um via inteira dentro dos tribunais. Quando presenciava um juiz já chegando com a sentença definida contra o que defendia, tudo construído da forma mais pérfida possível, não necessitando nem ocorrer o julgamento, o ser agiria como? É isso o que o Moro e o Dallagnol fizeram e isso está provado no caso Lula, construíram um julgamento já cientes de que a única opção era condená-lo, mesmo com provas contundentes contrárias. Isso vem contra todos os preceitos jurídicos existentes desde os primórdios tempos, mas vejo hoje, para meu espanto, gente como o sr a defender essa prática como normal. Daí quem se assusta sou eu, pois vejo que o sr, antes defensor de uma regra básica jurídica, hoje pensa e age ao contrário. O que o fez mudar de lado dentro da concepção do Direito?

O dono da padaria que tudo presenciava e estava até então calado, mas pronto para defender um dos seus mais antigos clientes, tenta interferir e apressar o final da contenda, se dirigindo a mim numa forma ríspida:

- Sua conta é tanto. Vamos fazer a fila andar.

Pago e deixo os dois confabulando às minhas costas, mas antevejo de soslaio tê-los deixado tanto desconcertados, desconectados e desparafusados diante da resposta. A resposta a mim não saiu enquanto ali permaneci, mas com certeza, desfiaram a roseira quando sai do estabelecimento ainda sob o silêncio reinante no recinto.

"Esse pão pode me causar problemas estomacais", penso com meus botões.

JOGO RÁPIDO
Ainda os bottons do LULA LIVRE. O DNA Petista me solicita confecção de 50 unidades, de Agudos me chegam pedidos, pelo facebook três pessoas reservam e pelo Whatts mais dois. No supermercado a moça do caixa de um dos grandes da cidade me vendo com um alfinetado na camisa abre um sorriso. Correspondo e ao esboçar retirar o meu e lhe entregar, pede que não o faça, pois naquele ambiente tudo é observado, olhos atentos gravam tudo e se o fizer vai ter problemas. Me fala sem olhar diretamente para mim, olhos fixos no seu trabalho. Me desculpo e ela sem esboçar alteração me pede: "Aceito, de bom grado, mas me faça um favor, se puder, vire a esquina e na rua lateral tem um vendedor de churrasco, ele tem um carrinho de lanche. Seu nome é João, entregue a ele e diga que a Maria do caixa vai passar pegar. Ele é meu amigo, vai guardar para mim". Assim o fiz.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

DICAS (188)


UMA IMAGEM DE HOJE, UMA DOS ANOS 80 E A FRASE DO BOLSONARO - A VIOLÊNCIA EXPLODE CONTRA O POVO POBRE
"Essa imagem da Favela da Maré do Rio de Janeiro é a demonstração mais simples de como a mentalidade de quem é pago para nos proteger deve ser alterada, mas isso não ocorrerá em desGovernos doentes, viciados e adestrados, atuando pelo medo, castrando o povo e a serviço, sempre, de uma minoria, a excludente, hoje também miliciana. Tenham a mais absoluta certeza, o país só piora com gente como Bolsonaro, Dória, Witzel e essa direitona doente e insana no poder".
A foto desses dias nas comunidades pobres do Rio.


Esse meu post hoje pela manhã e a partir dele e da foto ao lado, de uma truculenta ação policial pipocaram inúmeros comentários e um debate fluindo:

- "Não gosto de usar a palavra "doente", porque a doença não escolhe quem ataca. O trabalhador sim está doente, foi ludibriado achando que a direita iria resolver alguma coisa. Agora a direita mesmo não é doente, é na verdade mal caráter, age de má fé, é assassina e criminosa", Daniel Dalla Valle.
- "São sociopatas por princípio e psicopatas por via de consequência...", Milton Epstein.
- "Ninguém foi enganado não votaram em direita ou esquerda elegeram os piores por afinidades e ódio. Todos sabiam quem era BOLSONARO, WHITZEL, DÓRIA, JOICE HALSSEMAN, ALEXANDRE FROTA, MAJOR OLÍMPO, FLÁVIO, EDUARDO E CARLOS BOLSONARO, MORO, JANAÍNA PASCHOAL, CAPITÃO AUGUSTO... e muitos outros desses assassinos que defendem indiscriminadamente a posse de armas e Exclusão de ilicitude. São responsáveis pela morte de crianças e toda essa desgraça que aí esta, tão responsáveis por esta situação são os eleitores de BOLSONARO que fazem exclusão de consciência enquanto deviam agirem em atos de valorização da vida", Montinegro Monti.
- "O coiso e seus seguidores não são doentes, são psicopatas. Psicopatia não é doença e sim índole. São pessoas que não tem sentimentos. São pessoas do mal mesmo", Maria Luiz Mello.
- "Não tem ninguém doente neste processo. Este é o Estado e suas instituições que servem a classe dominante e seus interesses. Aqui nao há discussão moral a ser feita. Para a burguesia a classe trabalhadora, os pobres e os negros são inimigos de classe. Esta é a guerra que estamos vivendo. Este Estado e todas suas instituições são inimigos de classe. O que nos resta é nis organizarmos, resistir por todos os meios necessários, e não alimentar nenhuma ilusão neste sistem. Nosso horizonte deve ter como perspectiva a construção da REVOLUCAO COMUNISTA. O resto é piada para dias de festas de uma esquerda "cirandeira", Roque Ferreira.
- "Que imagem triste. Em termos de vergonha, equivale àquela dos presos com umacorda no pescoço, da década de 1980, do Luiz Mourier, governo Chagas Freitas", Igor de Freitas.
- "Não sejamos hipócrita mesmo com LuLA no poder sempre morreu muita gente no estado do Rio de Janeiro. Agora piorou com esse novo governo. Eu lembro da criança sendo arrastado no sinto do carro", Augusto Cesar.
A foto dos anos 80 numa comunidade pobre do Rio.

- "O problema não são as mortes, mas agora é o incentivo governamental, tanto federal como estadual, numa política institucional fascista, truculenta e miliciana. Com isso, o número de mortes tem aumentado consideravelmente e com respaldo. Pior, impossível", Henrique Perazzi de Aquino.
- "Independente do governo temos que entender como funciona o sistema. Neste sistema os trabalhadores, pobres e negros vão continuar morrendo. A manutenção do Estado Burguês , da democracia burguesa e dos interesses que eles representam os obriga a nos atacar e a nos matar. Neste regime e neste sistema independente de governo continuaremos a ser atacados e assassinatos", Roque Ferreira.
- "Ninguém foi enganado não votaram em direita ou esquerda elegeram os piores por afinidades e ódio. Todos sabiam quem era BOLSONARO, WHITZEL, DÓRIA, JOICE HALSSEMAN, ALEXANDRE FROTA, MAJOR OLÍMPO, FLÁVIO, EDUARDO E CARLOS BOLSONARO, MORO, JANAÍNA PASCHOAL, CAPITÃO AUGUSTO... e muitos outros desses assassinos que defendem indiscriminadamente a posse de armas e Exclusão de ilicitude. São responsáveis pela morte de crianças e toda essa desgraça que aí esta, tão responsáveis por esta situação são os eleitores de BOLSONARO, WHITZEL, DÓRIA... que agora fazem exclusão de consciência enquanto deviam agirem em atos de valorização da vida."Se Moro quer combater a violência porque não começa pelos Milicianos que continuam agindo no Rio de Janeiro e espalhando se pelo Brasil", Montinegro Monti.
- "Será que ainda tem coisinhos que estão preocupados com a era Lula? Afff. O problema é exatamente esse discurso de ódio e sangue nos olhos desses coisos que tem prazer em matar. Veja essa postagem do coiso", Maria Luiz Mello.
- "Por que a polícia pode nos matar ??? O que há de treinamento pra que portem uma arma ? Quantas crianças mais devem morrer pra saciar a sede de sangue dos Bolsonaros e Cia ????", Marcelo Cavinato.
A frase de Bolsonaro seguido à risca pelo governador Witzel.

- "Enquanto governo de direita ou de esquerda mantiverem essa política de drogas, população, principalmente os negros e pobres, e policiais (seres humanos usados como material de reposição) serão as maiores vítimas dessa guerra fracassada. Milhares de pessoas morrendo mais pelo combate às drogas do que pelo seu uso. Milhares de pessoas sendo processadas e presas. Poucas pessoas e grupos nacionais e internacionais lucrando fabulosamente com o tráfico, livres de responsabilidades civis (tributárias, trabalhistas, previdenciárias, consumerista, etc) e penais (os grandes traficantes, distantes das favelas, não são presos). Todo combate, repressão e punição, da criminalidade relacionada às drogas ilícitas tem alto custo humano, social e financeiro para o país e para a sociedade que não pode viver e se desenvolver em paz. A legalização do uso de drogas e regulamentação da produção e comercialização, imediatamente, acabaria com o tráfico de drogas e reduziria o contrabando de armas, crimes que andam abraçados, diminuiria drasticamente a violência cotidiana que afeta a todos e que oprime e mata inocentes. A paz social seria experimentada nos morros, nas favelas, nas cidades. Haveria maior segurança no exercício do direito de ir e vir dos cidadãos. A população poderia se dedicar às suas atividades, a melhorar sua vida, sem o fantasma da guerra, das armas, da bala perdida em suas portas, ruas e bairros. A polícia poderia se dedicar efetivamente a prevenir a ocorrência dos crimes comuns, não relacionados ao tráfico de drogas. Numa democracia, o Estado não pode controlar os hábitos de consumo de um indivíduo, um cidadão. Não pode definir o que o indivíduo pode ou não consumir. É livre o arbítrio pessoal. O consumo pessoal de substâncias psicoativas ou de qualquer outra natureza não pode ser definido pelo Estado na perspectiva de manter o controle social da população pobre através da repressão permanente sobre seus hábitos. O Estado não pode proibir o sal aos hipertensos, não pode proibir o açúcar aos diabéticos ou os antidepressivos aos depressivos, mesmo que essas substâncias usadas sem critérios os levem à morte. O Estado não pode proibir os carros, as pontes, o mar, as cordas, as facas. Todas essas substâncias, produtos, objetos e construções artificiais ou naturais, são causas de doenças e mortes quando utilizadas para esse fim. Pessoas usam cordas para se suicidarem. Pulam de pontes e prédios para se suicidarem. Morrem e matam com seus veículos. Atiram-se em lagos e rios para se matarem. Nem por isso o Estado pode proibir os carros, as cordas, as pontes, os lagos e mares. Quando um ser humano deixa de valorizar a própria vida, usará de qualquer artifício para tirá-la. O que não pode ocorrer é que inocentes paguem o preço das escolhas pessoais de alguém e seja alvo de traficantes ou de policiais. Não pode populações inteiras serem reféns de traficantes, milícias ou repressão estatal. Não é correto que o Estado alegue estar protegendo vidas ao proibir o uso, produção e comércio, de drogas que elencou como ilícitas, por isso não ser verdade. Que os recursos públicos, gastos com repressão e punição, sejam destinados à conscientização da população sobre as drogas e suas consequências, à prevenção quanto ao uso e ao tratamento dos dependentes químicos. O Estado protegerá vidas e promoverá a paz se voltar todo o seu aparato para a educação de qualidade em cada canto do país, para a inclusão social (segurança alimentar, moradia, saúde e trabalho) de todos os cidadãos brasileiros desde o nascimento à vida adulta. Fora isso, é violência e guerra para a maioria e lucros para alguns. Pagamos alto preço financeiro, ético e moral, por não debatermos seriamente sobre essa demanda. Todos fingimos que não entendemos o que está acontecendo. Ao escolher que essa ou aquela substância ou produto são lícitos ou ilícitos o Estado não pacífica ou promove o bem estar social. A lei, a licitude, não tira a prejudicialidade de qualquer substância. Portanto, é hipocrisia geral tornar lícitas determinadas substâncias, como bebidas alcoólicas, cigarros e medicamentos controlados, deixando aos indivíduos escolher usá-las ou não; enquanto se proíbe outras substâncias tão prejudiciais quanto as tornadas lícitas. Da proibição decorre a atuação do aparato repressivo estatal com a criminalização de grande parcela da sociedade e de suas famílias, decorre a perseguição e punição com prisão ou morte de usuários, traficantes e policiais pobres, além dos inocentes. Todas essas pessoas tem suas vidas físicas, familiares, profissionais e sociais, interrompidas ou destruídas pela ação estatal, que insiste na regulação autoritária do corpo e da mente dos indivíduos, sabendo ser isso impossível, desnecessário, inútil, contraproducente, cruel e desastroso. A proibição do consumo de substâncias tornadas ilícitas pelo legislador tem gerado milhares de mortes e violência incontrolável em nosso país, sendo responsável pela manutenção de um custoso sistema repressivo e punitivo sem que cesse o consumo dessas substâncias que, pelo contrário, só aumenta dada a sofisticação e ousadia cada vez maiores do tráfico de drogas e de armas. O país não gira outra roda nem em outra direção. Há décadas o "combate" ao tráfico de drogas ilícitas e suas consequências dominam a cena nacional pela violência impregnada em suas relações, pela corrupção envolvida e pelo fracasso em sua redução ou eliminação. Basta ver e ouvir os noticiário diários. Nesse tempo, não se avança em perspectivas positivas para a sociedade brasileira. Todos deveríamos estar debatendo seriamente a qualidade do ensino nos sistemas públicos de educação, da saúde, do saneamento básico, da moradia, da cultura, da efetiva justiça, da geração de trabalho e de outros temas relevantes e transformadores da realidade social", Heloísa Alves Ferreira Leal.