sexta-feira, 31 de agosto de 2018

DIÁRIO DE CUBA (100)


QUEM SABE DE FATO O QUE O PRECISA SER FEITO A FAVOR DO POVO – MARCÃO ME DISSE SABER
Meu amigo Marco Paulo Resende, o Marcão, também conhecido na cidade de Bauru como “Comunista em Ação me dá seguidas lições de vida. Neste momento anda um tanto bravo comigo. Quer me ver desligado do PT e de Lula, algo que um dia ele também já esteve plugado, mas com o passar do tempo se desligou de vez. Estivemos juntos em duas viagens internacionais inesquecíveis. Na primeira fomos ver um comício de Hugo Chavez em plena Buenos Aires, estádio do Ferrocarril e depois, por 30 inesquecíveis dias percorremos mochilando Cuba de cabo a rabo. Foram mais que reforços na linha de pensamento e ação por nós empregada. Sempre o ouço com a devida atenção. Não tento convencê-lo de mais nada, pois ele lê muito, percebe tudo e nos reencontros (infelizmente muito poucos nos últimos tempos), um papo pra lá de saboroso. Ninguém pode falar nada do Marcão, pois sendo filho de quem é, poderia estar desfrutando de uma vida de muitas benesses, mas abriu mão de tudo, em função da causa a tocar sua vida. Tem vida mais que espartana, não abandona suas camisetas vermelhas tendo a foice/martelo como estampa e nos planos uma ida em definitivo para o Canadá, com plano mais que adiantados. O gostoso é quando não se concorda com tudo o que o outro está a dizer, daí o debate flui mais caloroso. Com ele sempre foi assim.

Escrevo dele por outro motivo. Dentre as muitas coisas que me disse ao longo de umas duas décadas de convivência, algumas me são inesquecíveis. Em forma de brincadeira o tratávamos por “Comandante”, tal o carinho que possui por Fidel Castro. Foi incorporando algo do comandante cubano em seu visual e modo de viver, chegando a proferir certa feita algo mais ou menos assim: “Se um dia chegar a ser um chefe de estado, da estatura de um Fidel, um comandante, eu sei que o povo não sabe direito o que deve ser feito por eles, mas eu sei. Não vou ficar perdendo tempo com assembleias, ritos que dizem ser democráticos. Quando eleitos dentro do atual sistema, a maioria não faz o que deveria ser feito, traem os interesses populares”. Isso me calou fundo. Vejo agora a tal da democracia exercida pela TV Globo e como age com os candidatos a presidente, convidando quatro para entreviosta no Jornal Nacional, excluindo o líder das pesquisas, Lula e o PT, assim como os menos cotados, como Boulos e outros. Nem falam de Lula e dizem serem democráticos. A democracia, sabemos, é balela. Alckmin quando governador paulista não permitiu a abertura de nenhum processo investigativo dentro da Alesp, mesmo diante de evidências corruptivas de sua administração. Chamam isso de democracia, mas sabemos, o que é feito por debaixo do pano e pode ser intitulado de tudo, menos de democracia. Exemplos outros pipocam pela aí em todas as esferas.

Junto a fala do Marcão com os dois exemplos citados e constato algo mais. Eu mesmo reclamo muito de governos ditos mais populares, como o de Lula no Brasil, Cristina na Argentina ou Correia, no Equador, que chegaram ao poder e vacilaram. Fizeram muito, mas poderiam ter feito mais. Se fazem valer da Constituição, das leis vigentes, do poder constituído pelo mundo político e hoje, mais do que nunca, de um Judiciário voltado exclusivamente para os interesses de uma casta e dos interesses destes. Já a direitona, com Macri, Temer ou mesmo o traidor Lenín Moreno no Equador, um exemplo de como quando no poder, chegam e executam sem dó e piedade algo contra os interesses do povo. O neoliberalismo é assim, chegam e não esperam um só segundo, colocando em prática a crueldade e o arbítrio. Veja agora na Colômbia, no dia seguinte da saída do presidente Santos, o que chega, ligado aos paramilitares mais odientos e a Uribe, um declarado fascista, já quer rever o tratado de paz com as FARC. O que fazem é terra arrasada, sem dó e piedade. Não contemporizam e não respeitam nada. A democracia que vale é a deles, imposta por eles e com as regras deles. Isso não é nada democrático.

Dito, isso, entra a fala do Marcão. A democracia cansa e em alguns casos, morosa demais, noutras faz coisas pela metade, deixa de fazê-los, inviabiliza algo mais em prol dos interesses populares. Podem denominar como ditadura ou algo mais, isso não interessa muito, mas Cuba só sobreviveu até hoje por causa de lideranças que sempre souberam o que deveria ser feito em prol do povo. Do contrário, já teria se afundado há muito tempo. Podem me perguntar: mas você não é um sujeito a favor da democracia? Já fui mais, mas dentro das atuais estruturas de poder constituídos no Brasil ela não mais vingará a contento. Desesti de continuar acreditando em histórias da carochinha. A democracia que temos é caolha, manquitola e falsária. O país pode ter pela frente algo muito pior que isso, com uma ditadura de direita e perseguições a tudo, todas e todos como norma recomendável. Prefiro a isso, uma verdadeira ditadura de esquerda, com alguém sabendo de antemão tudo o que precisa ser feito por esse povo, hoje preso nas correntes das nefastas informações midiáticas, que o enganam descaradamente. Mas quem dos candidatos a presidente poderia cumprir esse papel? Lula? Com ele, algo de muito bom, mas não mijaria fora do penico dos ritos democráticos. Boulos? Talvez, em partes. Mas quem? Enfim, que tipo de ditadura é tolerável e até salutar? Marcão me disse lá atrás, sendo ele, saberia de antemão tudo o que deve e precisa ser feito. Com ele ou com qualquer outro, isso só ocorreria através de uma revolução. Infelizmente, distante. Muito distante. Isso me consome, pois os anos voam e creio não terei o prazer e o contentamento de ver essa luz no final do túnel.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (116)


QUEREMOS FLAN (PUDIM) É A CARA DAS MANIFESTAÇÕES DA GETÚLIO BAURUENSE
Uma das manifestações mais repugnantes dos últimos tempos se deu semanas atrás em Buenos Aires, quando parcela dos favoráveis ao neoliberalismo, representados em sua maioria por idosos da classe média e representantes oligárquicos foram para as ruas gritando em alto som: “QUEREMOS FLAN”, tudo após um humorista ter lançado o bordão como forma a demonstrar das dificuldades dos favoráveis ao macrismo continuar com seu poder aquisitivo num país destroçado por medidas impopulares e o aumento das restrições de gastos e ganhos para todos. Existem vídeos aos borbotões, tanto do humorista quando falou pela primeira vez do flan, um doce popular, como o nosso pudim, aquele redondinho, servido habitualmente em padarias. O fato foi que, como algo feito com trejeitos humorísticos cai nas graças da parcela favorável ao esmagamento das questões sociais e restrições de direitos aos trabalhadores?

Guardião, o intrépido herói bauruense (criação do artista do traço Leandro Gonçalez, com pitacos escrevinhativos do mafuento HPA), faz uma alusão ao visto no país hermano com o que viu aqui na bauruense avenida Getúlio Vargas, quando das manifestações (sic) ali ocorridas com o fardamento verde-amarelo: “Esse pessoal perdeu a noção não só do ridículo, mas do bom senso. Descaradamente vão pras ruas clamando contra a perda dos seus privilégios. Tanto lá como cá, não estão interessados nem um pouco no fim da corrupção, mas estão mais do que preocupados com o crescimento de uma classe dita por eles como subalterna, essa conquistando coisas e ocupando espaço até então nunca conseguidos. Se borram de medo dessa aproximação. Hoje, passado certo tempo, com uma análise mais fria, com mais dados, nítido que ali estavam para mostrar preferirem o país do atraso, o da dependência e a do arrocho para os trabalhadores, movimentos sociais e afins, pois esses não estavam mais sabendo se conter dentro de sua caixinha”, conta.

O grito do humorista, depois dos conservadores argentinos pelo tal do “flan”, para nós, pudim é sintomático desses tempos. “Deve ser difícil manter o padrão e conseguir consumir desbragadamente o flan nos tempos atuais. Quem deixou a Argentina na situação atual não foi Cristina e sim, Macri. O mesmo se deu no Brasil, não foi o PT o causador do momento atual, mas sim uma crise mundial e a incompetência de golpistas insanos nos levaram aos caos. Mesmo no fundo do poço, devendo até as calças, parcela da classe média, daqui e de lá, não reconhecem que o antes era melhor e mesmo danados até o talo, apoiam o retrocesso. Porém, padecem e nem o flan conseguem mais consumir a contento. O desalento os fazem saírem pras ruas em total desespero. Nunca mais se viu nada na Getúlio em Bauru depois da injusta destituição de Dilma. Isso é prova inconteste dos reais motivos do que estavam a fazer na avenida, hoje marcada pelos atos dos ditos coxinhas locais. Ficou estigmatizada como reduto dos insensíveis. Insuflado, facilmente voltariam para a avenida clamando por algo muito parecido com o Queremos Flan argentino”, continua Guardião.

Hoje, os tais coxinhas se mantém um tanto calados, aguardando novas instruções, pois são conduzidos por ordens superiores. Enquanto isso, Guardião disseca o visto aqui e na Argentina: “A bestialidade da exclusão está escancarada nessas marchas ocorrendo em redutos mais abastados. Esses, os que antes gozavam de inauditos privilégios, como manter uma trabalhadora em sua residência nas 24h do dia, hoje gastam muito mais com isso e culpam o PT pela perda do secular privilégio. O doce flan, gritado agora nas ruas é uma metáfora. Esse todos estão mais que cegos, pois não entenderam ainda que, com o incentivo a governos como o de Macri e de Temer, ao invés de terem solucionados seus problemas, tudo será ampliado. O poder de compra, de consumo será cada vez mais reduzido e se danam o pobre, algo resvala na classe média, essa padece e não aceitando, esperneia, vai pra rua, clama pelo docinho já não mais possível no cardápio. O processo de degeneração ainda está inconcluso. Existe ainda uma parcela desses reclamando, mas conseguindo consumir. Talvez quando o calo apertar ainda mais, consigam enxergar o que lhe fizeram os tais neoliberais. Talvez seja tarde demais, talvez ajudem a camada popular a virar essa mesa, o que é difícil, pois o que se vê na fisionomia dessas manifestações nas ruas buenaristas e na getulista bauruista são de pessoas querendo estar nos degraus de cima e não se importando nem um pouco com os que estão nos degraus de baixo. É com essa mentalidade florescendo de forma bem explícita que o jogo segue. Pode escrever, muito em breve baureuenses vão clamar por um QUEREMOS PUDIM”, conclui Guardião e vai num botequim de esquina comer sua coxinha requentada ou salsicha em conserva naqueles vidrões expostos nos pés sujos nas quebradas bauruenses.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

RETRATOS DE BAURU (217)


ANDRÉ CRIOU SEU MEIO DE SOBREVIVÊNCIA NA DUQUE DE CAXIAS
Capa JC de hoje desmente seu colunista Cafeo

No JC de hoje uma manchete a demonstrar como o país golpista está só que piorando: “Cresce muito em dois anos o total de catadores de recicláveis nas ruas”. A manchete diz muito mais do que todos os artigos do colunista do mesmo jornal, Reinaldo Cafeo, também visto como economista, quando tenta elevar e demonstrar sem sucesso o país estar reencontrando seu caminho. Quem circula pelas ruas sabe que a situação piorou e muito após o golpe de 2016, o que destituiu Dilma e colocou no seu lugar de forma insana os piores desta República. Com um país à deriva, pululam pelas ruas os casos dos desvalidos, sem rumo, sem outras opções e daí se valem da criatividade para sobreviverem. As histórias são muitas e hoje conto uma que muito me sensibiliza.

ANDRÉ MARCOS, 37 anos, vive nas ruas e escolheu um quadrilátero da cidade para chamar de seu e ali sobreviver ao seu modo e jeito. Mora na rua há quatro anos e desde então, o faz dormindo debaixo de marquises, nas imediações da avenida Duque de Caxias, abordando motoristas de veículos quando da parada nos sinais, nas esquinas das ruas Araújo Leite, Antonio Alves, Gustavo Maciel e Rio Branco. Criou um meio de abordagem e assim sobrevive. Ele pega junto das muitas farmácias existentes no local um punhado de folhetos com as promoções e com elas nas mãos chega junto do vidro do veículo, entrega para o motorista e mesmo diante da pessoa, independente de como se encontra, saca um: “Como o sr está bonito hoje? Caprichou no visual, hem! Lindo assim vai acabar me ajudando”. E assim conquista a maioria dos que por ali circulam. Conhecido por todos, sempre sorrindo, passa os dias nessa rotina. André chegou em Bauru em 1996 e o fez para trabalhar na construção civil. Perdeu empregos, referências e documentos e mesmo os familiares vê cada vez menos. A mãe faleceu em 1998 e os três irmãos lutam pela sobrevivência e não podem lhe dar a devida atenção (moram no Ferradura, Dutra e Redentor). Vive com uma sacola contendo poucas roupas e duas cobertas, guardadas no posto de combustível da esquina com a Antonio Alves, onde vez ou outra toma banho de mangueira. Diz nunca ter sido procurado por nenhuma entidade assistencial e o que mais quer é ter outra oportunidade na vida e alguém que o ajude a tirar novamente seus documentos. Segue a vida, abordando pessoas e em alguns dias ganha R$ 30, noutros perto de R$ 50 e com isso compra o que comer e mesmo para beber. “A minha região é essa. Vivo aqui, gosto daqui e aqui sou conhecido por todos. Vou levando a vida desse jeito”, diz.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

MÚSICA (163)


A PARADA DA DIVERSIDADE SEM A DESCIDA DAS NAÇÕES PERDE PARTE DO SEU BRILHO E ENCANTO - NÃO DEIXEMOS A PARADA PARAR
Gosto da Parada da Diversidade, ou melhor, gostei mais, hoje nem tanto, mas ela continua persistindo e daí, instigante e provocante. Escrevo dela. Estava nas hostes da Cultura quando ela teve início em Bauru. Era uma verdadeira festa nas ruas. O pessoal se reunia lá na Praça da Paz e daquele conglomerado de pessoas, a maioria vinda de todas as cidades da região, com vários trios elétricos, uma espécie de desfile, onde parte da população permanecia nas calçadas e aplaudia o espetáculo. O modelo daqueles tempos era muito mais atrativo que o atual. Ano passado teve um problema com a estrela convidada para o show final, quase cancelaram e depois, devido a pressão popular, ocorreu com novo formato, ocorrendo só os shows em torno de um grande palco no parque Vitória Régia. Já havia perdido aquele algo mais de anos atrás, mas tentava se garantir e como já está inscrita no Calendário de Eventos da Cidade, show pago pela Prefeitura, palco idem montado no gramado, a festa ocorreu nesse novo molde.

Não tenho nada contra a Prefeitura bancar parte do evento, o show principal e o palco. Se ela investe em outros eventos, tem o palco licitado para mais de uma dezena de eventos anuais, perfeito um desses estar reservado para o público da Diversidade. A Prefeitura investe em shows na Expo, no Rodeio do Mary Dota, no aniversário de Bauru, num do Hip Hop, outros de caráter religioso, corridas e espetáculos variados. Procura diversificar e se não acerta no alvo, pelo menos faz algo. Falta melhor direcionamento do que é contratado, mas isso é papo para outra conversa. Estive na Parada e esse ano não participei das demais atividades, os filmes, mesa redonda, a entrega do Troféu Eu Faço a Diferença (que já ganhei anos atrás) e a justa homenagem para o professor João Winck recebendo o título de Cidadão Bauruense. Fui só no último domingo na rua e especificamente para ver a Parada.

Confesso ter me decepcionado com tudo se concentrando ali no Vitória Régia. Foram muitos shows rolando em dois lugares, no palco montado no gramado e no anfiteatro. Começaram com o dia bem claro e foram até o final com o show de encerramento se estendendo até por volta das 22h. Não me atenho a quem foi convidada para o show. Quero me ater a perda ocorrida quando os organizadores aceitaram a não mais descida pela Nações, o que chamo de desfile. Para mim, com isso, o sentido principal da Parada foi desvirtuado e ela ficou literalmente PARADA. Pergunto para uma amiga no local, ela me diz: “Falam que o prefeito proibiu a descida”. Questiono o Winck, quando cruzo com ele no meio do furdunço: “É mais ou menos isso. O problema pelo que sei, foi a quantidade de servidores envolvidos e a hora extra desses”. Não sei se foi somente isso, pois os servidores que estariam durante o dia estiveram até a noite. Todos sabemos que o caixa da Prefeitura está com problemas, pela primeira vez a despesa superou a receita. Falta algo mais.

Juntei tudo o que vi, conversei também com Roque Ferreira, Juarez Xavier, Renato Magú (nenhum deles fazendo parte da organização do evento) e muitos dos que montaram barracas variadas no entorno da festa e também com quem conheço e ia cruzando pelo caminho. A descida pela Nações é quase unanimidade considerada como algo a ser resgatado, do contrário, pelo que resumo, o evento estará entregue definitivamente para uma realização declaradamente comercial. Muito da motivação trazendo pessoas além do público LGBT vinha dessa festa começando por volta das 14h, duas horas de desfile, integração com a cidade e no novo formato isso se perde. Conheço muitas amigas trans que se preparavam para ali estar e vinham empoderadas, montadas em cima dos tamancos, produção esmerada, tudo nos trinks, brilhando dos pés à cabeça e hoje isso se perdeu.

Sei que tudo se transforma, os tempos são outros, mas repensar e repaginar o evento não é subtrair o que de melhor ele possuía. Levo também em consideração que, do jeito que o país está, com essa bestialização preconceituosa tomando conta da cabeça de muitos, faço questão de aproveitar o que ainda resta de licenciosidade festiva nas ruas, pois se um certo candidato chegar ao poder, nem essa alegria nas ruas teremos mais. Foi com esse espírito que marquei rápida presença (não consegui ficar mais que uma hora no local) e escrevo esse texto, mais como um toque para uma necessária discussão a ser feita desde já.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

FRASES DE UM LIVRO LIDO (130)


O PRIMEIRO LULAÇO EM BAURU E O LIVRO “A VERDADE VENCERÁ – O POVO SABE POR QUE ME CONDENAM”

Falar e escrever de Lula é antes de mais nada entender algo dito por ele e reproduzido na contracapa desse belo livro, editado pela Boitempo: “Não fui eleito para virar o que eles são, eu fui eleito para ser quem eu sou. Tenho orgulho de ter sabido viver do outro lado sem esquecer quem eu era”. Lula se resume em frases, ditas por ele ou nas que dizem dele e com elas viajo por esses dias lendo o livro que ganhei de presente de aniversário (na verdade ganhei dois e um deles presenteei uma das pessoas que havia me dado e ainda não tinha lido). Que bela sacada da Boitempo, organizado pela Ivana Jinkings, com a colaboração do bauruense Gilberto Maringoni, Juca Kfouri e Maria Inês Nassif em realizar uma grande entrevista com o melhor presidente da República dos últimos tempos no país, um que logo de saída, deixa claro aos seus entrevistadores: “Eu não deixo pergunta sem resposta, eu falo de tudo e não escondo nada”. E assim foi feito. Gostar ou não de Lula é outra coisa, já no mínimo saber reconhecer o que foi feito é outra coisa.

Ontem em Bauru uma espontânea concentração no espaço mais democrático da cidade, a sua feira dominical e lá a manifestação dos que estão contra tudo o que é feito pelo conjunto dos atores do golpe para sacar Lula de ser candidato. Não se faz necessário repetir exaustivamente dos injustos motivos que o levaram à prisão, pois são do conhecimento até do reino mineral. Um LULAÇO, ou seja, algo despontando país afora, onde um músico, na maioria das vezes, um tocador de trompete sai entoando as duas canções mais famosas a lembrar campanhas e governos do PT, tendo Lula à frente e atrás dela uma legião de pessoas se alevantando e dizendo em alto e bom som: “Lula Livre”. O ato de Bauru, igualmente ao repetido país afora não é um ato com a presença de candidatos, não existe discursos, falatórios, mas sim e tão somente uma caminhada, uma demonstração da insatisfação pelo momento presente, do que fizeram com esse país, tão altaneiro durante os governos petistas e hoje, tão degradado e cada vez mais perdendo sua soberania e tudo o mais. Ou seja, um país a deriva.

Aqui o livro e a manifestação se juntam. O livro expõe Lula e o apresenta com detalhes. Detalhes esses que os manifestantes fazem questão de também evidenciar, mostrar e ressaltar. O meu mais sincero sentimento em ter participado de um ato tão importante nesse momento da vida política brasileira e na aldeia onde resido é de estar fazendo História, de não estar conformado com o que fizeram com o país e estar propondo nas ruas desfazer o golpe e reviver, fazer o país voltar a caminhar, ou seja, a luz no final desse túnel é Lula. Foi lindo o que vi acontecer ontem pela manhã na feira. Domingo, 26/08, uma concentração defronte o Bar do Barba, na esquina das ruas Gustavo Maciel com rua Julio Prestes, boca de entrada da Feira do Rolo é marcada para acontecer por volta das 10h30. O convite se faz de boca em boca, sem alarde, sem anúncios via internética. Um avisa o outro e o outro passa a mensagem adiante. Um grupo de músicos é contatado e o trompetista e até um tocador de bumbo, chegam ao local por volta das 11h. A aglomeração vai se consolidando e o furdunço começa às 11h30 com os instrumentos sendo acionados.

Quem estava disperso se juntou e o LULA LIVRE cresceu. Quem estava ainda a passear pela feira se junta aos demais e todos acabam por subir a feira até a Praça Rui Barbosa e depois retornando até o cruzamento com a Julio Prestes. O som se irradiou pelo ar, foi um espanto geral, essa a maior concentração eleitoral desta campanha na cidade de Bauru e deverá ser a maior, pois não existe nenhum outro partido com poder de levar espontaneamente gente pras ruas. Linda manifestação, até porque é sabido por todos que, ninguém desses hoje na feira gritando pelo Lula Livre recebeu nada para ali estar. A motivação é ideológica, uma grande causa, a do país voltar a ter resgatada sua soberania move a todos. O pontapé inicial do retorno dos petistas e de todos os envolvidos com as questões sensatas e relacionadas às liberdades para as ruas nessa campanha em Bauru foi dado ontem, em grande estilo e isso não deve parar. “Bate panela, pode bate, quem tira o povo da miséria é o PT”, esse o refrão provocativo mais cantado ontem, diante de tudo o que foi feito e a mais pura constatação, sem tirar nem por.

Muitas fotos e vídeos pipocam hoje pelas redes sociais e representam o passo a passo do que ocorreu. Eu fiz a minha parte e apresentei num álbum aqui lincado: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/media_set?set=a.2271403716222958&type=3&fb_dtsg_ag=Adw6n008sho6c3ahNjb_D3U8mC0fm5ztdmSMA-XdjCgpog%3AAdz7KBWJmcackBfzaay8CDZxtgen838e5PI5OQqJ5O7ZIA. Apresento através das fotos um histórico de tudo, desde o início, no exato momento quando chego na feira e me deparo com o Barba também chegando do mercado e com ele algo mais para ser oferecido aos seus clientes. O esquentar dos tamborins, os primeiros aportando ao local combinado para concentração, depois o furdunço tomando conta, a banda ensaiando, a aglomeração consolidada, o som subindo e tomando conta de tudo, o povo se aglomerando junto dos músicos, a subida da feira, os cantos entoados por todos, a empolgação tomando conta das ruas e lá no cruzamento com a rua Primeiro de Agosto, a decisão coletiva de descer, continuar o chamamento até o ponto inicial. A receptividade de muitos, a rejeição muito contida, quase inexistente. Uma senhora me pergunta no caminho: "Quanto ganhou cada um para estarem ai?". A explicação que a deixa de boca aberta. Nos movimentos pró-libertação de Lula ninguém recebe nada, tudo espontâneo, algo que vem de dentro da pessoa, essa necessidade de ver o país caminhar novamente para algo onde a liberdade possa florescer e ir se espalhando, tomando conta de tudo e todos. A chegada, os abraços coletivos, a dispersão e os que ficaram um pouco mais para o bate papo. Tudo registrado pelas lentes deste HPA.

Misturei propositalmente o livro ainda não terminado com o LULAÇO nas ruas de Bauru, pois vejo em ambos algo singular: no livro a exposição deste país que de fato tivemos e hoje perdemos e nas ruas brasileiras, Bauru uma delas, uma movimentação de resgate, de busca por ter de volta aquele país, que mesmo nos defeitos, buscou acertar, avançar e conquistou a todos. E por que o destruíram? Luis Fernando Veríssimo, no texto inicial do livro deixa claro: “Temos uma oligarquia empenhada em se manter fechada e dominante. (...) A desigualdade brasileira não é uma fatalidade, tem autores identificáveis, pais conhecidos. (...) Até onde a casta dominante está disposta a ir para evitar que a esquerda prolifere, nós já vimos. (...) O patriciado, em eterna vigilância contra o nascimento de uma esquerda viável, deu-se conta da sua distração e agora se apressa em corrigi-la – até com o repetido sacrifício de convenções jurídicas e cuidados éticos”. O golpe foi dado para estancar o pequeno avanço proporcionado por Lula e os governos do PT junto as camadas populares. O livro escancara isso e nas ruas os que não se conformam com o país com a perda do país que tínhamos e o que temos hoje. Lutar, resistir, ir à luta se faz necessário e esses ontem na feira demonstraram de que lado estão. Eu estou envolvido nessa luta.

Ivana Jinkings, da direção geral da editora Boitempo, diz em sua apresentação do livro algo bem com a cara do que foi visto ontem nas ruas bauruenses: “Não fosse a dedicação desse time sem igual, este livro não estaria pronto neste momento dramático da vida nacional, que exige mais do que nunca a unidade das forças progressistas”. Ela conseguiu isso com a finalização do livro e os ontem nas ruas, na diversidade de todos ali se manifestando, algo dessa tentativa coletiva de salvar o país.

domingo, 26 de agosto de 2018

CARTAS (191)


PROFISSIONAIS*
* Carta de minha lavra e responsabilidade, publicada na edição de hoje do Jornal da Cidade - Bauru SP:


"O PT decidiu por uma estratégia de insistir na libertação de Lula pelas instâncias ditas legais. Não deu certo. Agora, decidiu por uma estratégia de insistir no nome de Lula para presidência, ainda acreditando nas instâncias legais. Não vai conseguir. Pois as ditas "instâncias legais" agora vão pegar o Plano B do PT, Haddad, tornando-o inelegível também. Não importa o motivo, algum vai haver, pois como já diz o Chomsky, o cidadão comum, qualquer um de nós, em algum momento da vida já cometeu algum "crime" ou irregularidade. Basta escarafunchar e pronto. Por isso ele critica tanto o sistema de informação que vigia todo mundo. Se o sistema quiser pegar alguém, pega. E pronto. Os caras são profissa, mano!", Elaine Tavares, Universidade Federal de Santa Catarina.

Esse texto da Elaine eu leio no mesmo momento em que fazem um cerco em Buenos Aires diante da residência da Cristina Kirchner. O Senado deles, pelo que vejo, não vai segurar a barra e ela vai acabar perdendo o mandato, sendo presa e o que mais quiserem, perdendo os direitos políticos. Sempre possuem maioria para essas coisas sujas. Tanto lá como cá, fazem de tudo e mais um pouco para impedir Lula de disputar o pleito, pois ganharia de lavada e lá, quando se aproxima o fim do mandato de Maurício Macri, a mesma coisa, algo precisa ser feito para impedir Cristina de concorrer. Aqui foi feito com a Lava Jato sob o comando do juiz Sergio Moro, em algo ainda não concluído, mas em vias de. Eu sempre me fiz a seguinte pergunta: "Você acha que depois de tudo o que fizeram vão deixar o Lula concorrer e ele reverter a bestialidade do golpe?". A resposta que me dou é somente uma: NÃO.

Na Argentina, a mesma coisa, algo muito parecido, orquestração que ainda não sei definir muito bem a origem, mas suponho. Lá existe o Comodoro Py e o juiz Cláudio Bonadio. Igual como aqui, esse juiz parece existir somente para sangrar Cristina e fazer o que tiver que ser feito para tirá-la do caminho de Macri e do neoliberalismo, que se impõe a fórceps no país, com uma truculência já beirando as raias de um declarado estado de exceção. Macri e os seus ministros aprontam de tudo, possuem contas gordas no exterior, atuam tanto na esfera governamental como ganham os tubos na iniciativa privada, podem tudo, nada é investigado e para Cristina, um simples "peido" é o suficiente para se ver numa enrascada sem meios de salvamento. Idêntico os procedimentos no Brasil, sem tirar nem por.

Tanto lá como cá, Lula e Cristina, seguindo o jogo com as peças, juízes, mídia, políticos, todos comprometidos com os donos do poder, de fato e de direito, nada conseguirão. Será dado um jeito de os alijarem de participação na vida política de seus países. Enfim, os piores e mais escusos jeitos. Até se tentará dar uma cara de legalidade. Essa eleição no Brasil é uma dessas caras. Algo de muito sacana ainda está por acontecer, pois os golpistas, como afirmo categoricamente, não entregarão o bastão assim na moleza. Para mim, tanto aqui como na Argentina só existe um jeito de reverter esse quadro: povo nas ruas, enfrentamento, sangue, suor e lágrimas. Não existe outra maneira.

Releio o que a professora Elaine escreveu. Para alguns uma análise dura, mas bem plausível. Chomsky foi não só profético, mas preciso. Querendo eles pegam qualquer um de nós e na não existência de algo que possa condenar, nenhum deslize de valia jurídica, na falta de escrúpulos dos tempos atuais, algo é inventado. Apimentaram a coisa com Lula e fazem o mesmo com Cristina, da mesma forma que jogam para debaixo do tapete as barbaridades dos que estão do lado da malversação. Mesmo desacreditado, continuo apostando minhas cartas para com Lula e a possibilidade de um país soberano, olhos voltados para seu povo, mas não posso fechá-los para a grande sacanagem em curso.

Creio até, deva permanecer quieto daqui por diante (a esposa insiste nessa tecla), pois no meu caso, inventar algo, diante dos aprontamentos que já produzi em vida será mamão no mel. Meu filho é profético em algo: "Eles sabem tudo da gente e só não usam os dados acumulados, pois somos desinteressantes e sem nenhuma importância". A partir do momento que incomodamos, a destruição pode ser implacável.

sábado, 25 de agosto de 2018

COMENDO PELAS BEIRADAS (60)


DUAS HISTÓRIAS DE GENTE DA REGIÃO, UM DE GARÇA OUTRO DE REGINÓPOLIS

1.) O DE GARÇA
POR CUMPRIR A LEI O JUIZ CORCIOLI SOFRE SENDO GARANTIVISTA
Hoje quando nos deparamos com essa judicialização dos poderes, com o Judiciário ocupando um espaço além do que lhe convém, fazendo muitas vezes o papel do Executivo e pior, tendo hoje privilégios nunca vistos, duas férias anuais, o auxílio moradia mesmo todos tendo moradia mais que fixa e o salário mais alto no funcionalismo público, sendo considerado o Judiciário mais caro do planeta, hoje perderam muito da credibilidade e confiabilidade do passado, pois deixaram de praticar decisões totalmente isentas, para se bandear e estar ao lado do golpe em curso no país desde 2016. Estão na berlinda e dentro desta estrutura algo está se sobressaindo. De um lado os PUNITIVISTAS e noutro os GARANTIVISTAS.

Mas o que seria isso? Um desembargador atuando dentro das leis hoje foi o que decidiu pela libertação de Lula, em algo inédito, primeiro por não ser acatado na decisão tomada e depois, pela punição e perseguição pelo ato dentro dos padrões normais na magistratura. Rogério Favreto seu nome. Faz parte de um seleto time de juízes corajosos e se contrapondo a uma parcela atuando para atender os clamores dos donos do poder.

Escrevo de outro, esse nascido aqui na região de Bauru, em Garça e atuando na Justiça de São Paulo, ROBERTO CORCIOLI e por cumprir a lei em suas decisões, sofre sérias restrições de seus pares, é afastado de suas funções e deslocado para outras e visto com “soltador de bandidos”. Conheça algo lendo esse texto: https://www.cartacapital.com.br/revista/1017/perseguicao-a-um-juiz-por-soltar-demais-e-prender-de-menos . Ao ler a matéria de Carta Capital, algo bem surreal do cenário hoje mais que evidente dos bastidores doi poder do país, uma disputa entre os legalistas e os que fazem meramente o jogo político do poder. Isso está tomando conta de tudo e o Judiciário não está de fora. “No Brasil de hoje, aplicar a Constituição é um ato revolucionário”, diz o texto da revista.


Muito interessante perceber as movimentações ocorridas no interior do Judiciário brasileiro, numa queda de braço entre as duas partes, a dos PUNITIVISTAS e a dos GARANTIVISTAS. Leiam para entender e saber diferenciar um do outro. Entenda também porque o garantismo passou a ser atacado internamente como doutrina comunista (tudo hoje que não segue a risca os ditames neoliberais o é) ou bolivarianista e os punitivistas são os tais Amigos da Corte. No meio deste tiroteio, a história do garcence Roberto Corcioli, resistente e fazendo de tudo para cumprir a lei merece ser espalhada. Eu gostei muito dele e vejo com isso, como sempre, que nem tudo está perdido.


2.) O DE REGINÓPOLIS
RELATOS DE UMA AMIZADE E O "THE THEO"
Fausto Bergocce e eu continuamos na lida. Depois do livro sobre Reginópolis, uma parceria eterna pra nos unir ad eternum, ele em todas as idas e vindas de Guarulhos, onde reside, até Reginópolis, onde nasceu e vem, vez ou outra, matar saudade, rever as pessoas queridas e recarregar energias, acaba passando por Bauru, como ontem, e nos reencontramos. O encontro de ontem foi de meia hora e no terminal rodoviário, um café rápido do Fran's. Ele passou a semana em Regipa City numa exposição de seus desenhos bancada pela Prefeitura (vamos intigar a prefeita Carolina a fazer aquele mural sobre a história da cidade no muro ladeando a rodoviária e no seu traço) e com atendimento aos alunos da escola básica de ensino. Me conta ter feito uma caricatura para cada aluno, mais de 100, dessas que a pessoa guarda para a eternidade. Todas as que fez de mim emoldurei e estão na minha parede.

Havíamos nos visto semanas atrás, pois amigo bom é amigo pidoncho e quando fui para a Argentina, ciente dele morar bem, atrás do aeroporto internacional, lá deixei meu carro. Quando busquei na volta, ganhei de presente um livrinho mais que especial, o "The Theo", uma edição limitada, lindinha de doer, cria dele para o neto, o personagem Theo. Imaginem o garoto tendo em mãos um livro onde ele é o personagem principal, desenhado pelo coruja avô? Um luxo. Voltamos de SP para Bauru, eu e Ana Bia Andradecurtindo as aventuras do Theo. Agora, quando vem para Reginópolis me pede em troca um mimo para o garoto, que faça uns poucos bottons tendo a capa do livro como pano de fundo. Faço e o entrego ontem na rodoviária.


Papeamos até quando deu, continuamos divergindo no campo político, mas demos boas risadas e já marcamos o novo reencontro, que deverá ocorrer em Reginópolis, final de setembro quando ele inaugura uma nova exposição, essa com um tema dos mais instigantes para uma cidade com 3000 habitantes. Ele desenhou 100 caricaturas de pessoas conhecidas da cidade e ganhou uma nova exposição, desta feita com dois dias na praça, numa lona armada e depois mais o restante do mês na Biblioteca Municipal. Eu fiz o texto do banner de apresentação e vou aproveitar para rever a cidade, amigos e pernoitar por lá no hotel local, bebericarmos um pouco junto de conhecidos. Levarei a Ana comigo. Imagino a cara do pessoal da cidade se vendo no traço do Fausto Bergocce ali na expoosição.

Esse acarinhamento dele para com sua aldeia muito me apetece. Um sujeito mais que boníssimo, chegando hoje cedo em SP e já embarcando para junto da esposa marcar presença em mais um Salão de Humor de Piracicaba, depois passa com os dois filhos uma semana em Buenos Aires e no fina de outubro Reginópolis novamente. Gosto de escrever das coisas dele e com ele, um sujeito que sabe ir tocando sua vida, driblando as dificuldades e expremendo um belo suco das oportunidades. Um amigo para sempre.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (60)


REVOGADO APRONTAMENTO FEITO CONTRA O CMB – CONSELHO DO MUNÍCIPIO DE BAURU E ELE VOLTA A SER DELIBERATIVO

A ação do dito Conselho devia estar incomodando instâncias intestinas da Prefeitura e da Câmara do município de Bauru, tanto que tudo fizeram até conseguir revogar a ação do mesmo, que sempre foi DELIBERATIVA tornando-a para meramente CONSULTIVA. Existe uma máxima em plena vigência nesta cidade (também país), a de que povo só se faz necessário na hora do voto (e olhe lá). Para tudo o mais, os doutos políticos são os tais que querem fazer e acontecer sem nenhum sombra lhes prejudicando as decisões. Não entro em detalhes, mas pelo visto o CMB devia estar deixando as hostes do poder municipal com a pulga atrás da orelha, pois o barulho foi grande, vereadores se exaltaram e por fim, conseguiram votar e manter o tal Conselho no seu devido lugar, ou seja, o que eles acreditam seja o de todos, subserviente aos interesses do Executivo e também dos vereadores. Consultivos e sem poder de deliberar nada.

O intuito foi conseguido em partes, pois uma ação para reverter a decisão foi impetrada e a decisão lhes veio favorável (ufa!). Deve ter gente espumando de raiva por ver que, nem sempre a coisa se ganha no grito. Em algumas poucas vezes a Justiça ainda é feita e desta vez, a lei foi seguida ao pé da letra, sem desvios e desmandos, com tudo retornando na forma como nunca deveria ter deixado de ser aplicada. Contamos algo da inédita decisão. Na pessoa do relator Evaristo dos Santos, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, esse decidindo desta forma e jeito:

"1. Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade do Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo tendo por objeto a Lei Municipal nº 7.033 de 28.02.18, ao alterar a redação do “caput” do art. 247 da Lei Municipal nº 5.631, de 22.08.08, alterado pela Lei Municipal nº 6.815, de 06.07.16, modificando as atribuições e competências do Conselho do Município de Bauru CMB, tornando-o órgão meramente consultivo. Sustentou, em resumo, que a norma contraria frontalmente a Constituição Bandeirante em seus arts. 5º, 24, § 2º, item 2, 47, incisos II, XIV, XIX, 'a', 144. Há vício de iniciativa. Norma local alterou a competência de órgão pertencente à Administração Pública. Lei Municipal nº 7.033/18 tornou o Conselho do Município de Bauru CMB órgão meramente consultivo e não mais deliberativo. Apenas se admite a iniciativa de leis pela Câmara Municipal em casos nos quais o texto não cuide da estrutura ou da atribuição de órgãos públicos, como ocorreu na espécie, incidindo na espécie o Tema de Repercussão Geral nº 917 do STF. Violado o Princípio da Separação dos Poderes. Ao Poder Executivo são outorgadas atribuições típicas da função administrativa, como dispor sobre a sua organização e seu funcionamento. Citou doutrina e jurisprudência. Daí a liminar e declaração de inconstitucionalidade (fls. 01/12).

2. Em face da natureza da pretensão e dos elementos existentes nos autos, em perfunctório exame, como próprio ao momento processual, vislumbrando presentes os pressupostos legais (art. 10, § 3º, da Lei nº 9.868/99), a saber: (a) fumus boni iuris aparente presença de vício de iniciativa (ADIn nº 2028561-73.2018.8.26.0000 v.u. j. de 16.05.18 Rel. Des. RENATO SARTORELLI), além de ofensa ao princípio constitucional da 'reserva da administração', e ao princípio da separação dos poderes, pois, a norma local alterou competência de órgão pertencente ao Município (ADIn nº 2.253.903-39.2017.8.26.0000 v.u. j. de 25.04.18 de que fui Relator) e (b) periculum in mora manutenção dos comandos normativos poderá gerar prejuízo à Administração Pública por ingerência em seu poder de organizar os serviços públicos, concedo a liminar para suspender a validade (cf. GILMAR FERREIRA MENDES “Controle Abstrato de Constitucionalidade: ADI, ADC e ADO comentários à Lei n. 9.868/99” Ed. Saraiva 2012 p. 328) da Lei Municipal nº 7.033 de 28.02.18, de Bauru, ex nunc, até o julgamento dessa ação. Oficie-se.

3. Cite-se o douto Procurador-Geral do Estado para, querendo, contestar a ação, no prazo legal".

O que isso tudo reflete/interfere nas ações do município para com seus cidadãos? Algo bem simples e salutar: a valorização dos Conselhos, daí a importância deles serem bem constituídos, terem uma formatação com uma composição muito bem distribuída dentre todos os segmentos da vida local, ou seja, possuam representatividade e sejam de fato atuantes, pedra no sapato quando algo insano esteja sendo tramado contra seus interesses. A decisão é também de uma importância imensa, diria, incomensurável, pois devolve aos munícipes o poder de se situarem no mesmo patamar do Executivo e Legislativo da cidade em algumas decisões importantes sobre os destinos da cidade. Voltando a ser DELIBERATIVO, a chance de decidir em igualdade de condições e sendo meramente CONSULTIVO, algo como estar lá, falar, gritar, espernear, rodar a baiana, mas nunca decidindo nada. Uma bela vitória para ser comemorada pelos munícipes. Essas pequenas grandes vitórias nos enchem de espoerança para outras tantas, enfrentamentos diários e contínuos com os poderosos de plantão

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

MEMÓRIA ORAL (228)


MAIS UMA DA JOVEM PAN/AURI-VERDE - ACABOU O ESPORTE NA FASCISTA RÁDIO BAURUENSE
Recebo esse texto de um dileto amigo: "Olá Henrique,,,Mais uma do atual e único manda chuva da rádio Jovem Pan em Bauru...Inventou de mexer na grade de programas da Auriverde, com isto ferrou os programas de esportes e as transmissões do Noroeste e outros pela Pan/Auriverde...Não tem mais os programas e nem as transmissões esportivas...Irão fazer as transmissoes atraves do site do Jornada Esportiva... O Rafael era funcionário da rádio, pediu demissao dela... Eu fiquei sabendo hoje......Qualquer coisa diga que você foi ouvir o programa e não conseguiu, aí você me perguntou...É realmente do balacobaco....".

Respondi desta forma e jeito para ele: "A Jovem Pan é mesmo uma merda. Agora o Rafael poderia até contar umas histórias dos bastidores, de como se deu de fato a transição e como são decididas as coisas lá dentro. A Pan escancara seu modo de agir e o diretor local, mais uma vez, demonstra a que veio".

A resposta do amigo: "Rafael ficou puto com os impedimentos e caiu fora da rádio. Ridículo a situação provocada pelo autoritarismo local, a insensibilidade de uma direção que não pensa na audiência, mas somente em salvar a si próprio. Perguntei para alguns lá dentro dos motivos da rádio não estar tendo o programa de esportes. Me disseram que a direção teve que mexer na grade e com isto o esportes iria sofrer mudancas ... Quer dizer, iria para o espaço, pois tem horários mais ou menos definidos. Na verdade a direção é de Bauru, eles que assumam a cagada feita, eles mexeram aqui e não São Paulo. E quem mexeu em tudo sózinho tem nome e sobrenome". Encerra com um lacônico desabafo: "Só ficou o esporte da 87, que é uma merda".

Minha conclusão final:
Rafael Antonio se cansou da convivência com Pitolli.
 Se já era ruim, piorou e muito. O jornalismo da Pan é inteiro feito no desmerecimento dos interesses da classe trabalhadora. São neoliberais até a medula e da mesma forma como espalham rádio pelos mais diferentes pontos do país, na maioria sem anúncios, alguém paga por isso. Representam o que de pior existe no jornalismo brasileiro. O autoritarismo local é mais do que evidente, latente e pulsante. A rádio é de uma só pessoa e se já tinha credibilidade baixa, agora zerou. Estaca zero. Quanto ao Rafel e sua equipe, o que ainda me motivava a ouvir a rádio no horário dedicado aos esportes, creio que deva ter aprendido uma boa lição em sua já longa vida profissional, a de que não se deve em nenhum momento acreditar na proposta vinda do neoliberalismo e com viés autoritário. Mais uma vez, pois não foi a primeira vez, ele se dá mal e fica a ver navios, mas honrosamente, pelo que presumo, pediu demissão. Gostaria imensamente de poder me aproximar dele neste momento e lhe entrevistar, perguntar algo mais disso tudo, algo que sei, não sairá na mídia massiva local (JC, TV Tem e outras rádios - será que a comunitária 87 falará algo?). Sua fala neste momento é crucial para o bom entendimento por parte do público ouvinte bauruense de como se dá, de fato, os procedimentos internos decisórios dentro do que ainda resta de meios de comunicação pelo país afora.

E quem transmitirá o Noroeste amanhã, 20h, no Alfredo de Castilho? Só via internet pelo Jornada Esportiva? E a 87?

OUTRA CONCLUSÃO após voltar do campo, Alfredão, Noroeste 2 x 0 Desportivo Brasil, onde nehuma rádio AM/FM transmitiu o jogo e todos assistiram pela 87 FM de Agudos ou pela Jornada Esportiva, com Rafael Antonio: A briga deve ter sido feia, Rafael esboçou contar algo mais no início da transmissão ontem e de tudo o que foi dito, algo ficou escancarado: as relações intestinas da rádio "Jovem Khan" não são nada normais. Tudo o que venho postando ao longo dos anos, enfatizando a anormalidade da venda (sic, mas rádio pode ser vendida?), como a forma autoritária de condução do diretor local ficam evidentes. A razão continua com quem denuncia e nunca me furtei de fazer isso. O descrédito do jornalismo repugnante da antiga Auri-Verde e hoje na "Jovem Khan" sob a direção de Pitolli estão aí expostos pelas atituides recentemente tomadas. Os fatos dizem mais do que qualquer comentário que possa fazer.


ESQUEÇAMOS DA BESTIALIDADE RADIOFÔNICA E VAMOS PARA ALGO MAIS QUE BOM, ÓTIMO:

CEGA MARIANA TECE PALHINHAS E PRODUZ ARTE PELO TATO
Todos passamos regularmente ali pela avenida Castelo Branco e lá no alto, numa das esquinas a placa do “Lar dos Cegos Santa Luzia”. Sempre tive imensa curiosidade de adentrar o local e conhecer um pouco do trabalho ali realizado. Ontem tive o prazer e no pouco tempo ali passado, procurei aproveitar ao máximo. Vi com os olhos que os ali, infelizmente não conseguem ver, o maravilhamento de uma proposta que dá certo e une os sem visão num projeto de valorização social. Existem muitos tipos de cegos na sociedade capitalista onde vivemos. Esses do Lar dos Cegos não possuem a visão dos olhos e fazem misérias para se inserirem numa que enxerga, mas muitas vezes não vê ou faz de conta que não vê, a infinidade de problemas e a insanidade reinante. Não consigo entender como muitos com suas visões em perfeito estado, defendem o que de pior se vê hoje pela aí, como este estado opressor e os que querem eternizar as malversações. Me conforta as histórias dessa outra parcela dos cegos e uma delas conto aqui.

MARILDA PEDROSO HERRERA GROSSO é uma das tantas cegas a desfrutar dos serviços oferecidos pelo Lar dos Cegos Santa Luzia. O lugar é amplo, bem servido para o atendimento dos desprovidos de visão e ali, além de outras atividades, aprendem e se especializaram na colocação de palhinhas e cordões variados em cadeiras e móveis. Um trabalho de muita paciência e dedicação, ensinado por Regina, uma das instrutoras. Marilda, 53 é uma delas. Ela e o marido são cegos e vivem assim, sem enxergar a luz e buscando brechas para mostrarem de suas possibilidades. Moradores da vila Carolina, se deslocam diariamente com a perua do transporte e se dedicam de forma integral no ofício escolhido, visando também obter remuneração e um digno soldo. O lar contrata os serviços e repassa a gente como ela, daí começa a tecer a arte aprendida e vê-la manusear com as mãos os pequenos furos, levando os fios de um lado a outro, construindo desenhos, cruzando de forma certeira, tudo conferido pelo tato de hábeis dedos é para se emocionar. Ela recebe um percentual desse valor e desfruta dos serviços do local. Ali não existem residentes, mas assistidos e todos vem e voltam diariamente, num serviço prestado pelo local, que os une tendo como princípio básico o de que não se confinem e se achem menores, diminuídos. Eu vi pessoalmente o resultado do trabalho de gente como Marilda e saio de lá mais do que encantado, deliciado e tecendo elogios para essas entidades voltadas para todos esses segmentos dos detentores de alguma deficiência. Estamos todos envolvidos numa batalha diária pela sobrevivência e ao observar de perto esse algo mais, feito com louvor por gente como Marilda e quem lhe dá a retaguarda, sinto uma espécie de reconforto interno pelos que se dedicam nesse lado pouco vistos pelos que enxergam com os dois olhos e pouco veem. O trabalho de Marilda me encantou e com o visto um forte abraço para todos os demais lá encontrados.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

UM LUGAR POR AÍ (111)


JUNTANDO ESCRITOS – VALIOSAS LEMBRANÇAS

01) ISAÍAS E LULA – NÃO ME ESQUEÇO JAMAIS
Eu tenho a mais absoluta certeza de que meu falecido amigo Isaías Daibem estaria neste crucial momento do país engajadíssimo na campanha pelo LULA LIVRE. Tomo a liberdade de postar uma antiga foto dele ao lado do ex-presidente na galeria dos que estão a defendê-lo. Foi um dos que o abrigou diversas vezes em sua casa nas vindas para Bauru. Isaías foi vereador em Bauru, militou não somente no PT, mas em outras agremiações políticas, sempre do campo progressista. Esteve engajado numa trincheira de luta que grande valia no passado, a da igreja católica de esquerda, algo hoje dito de forma distorcida como comunista. Valoroso, ele e toda sua família, pois sei muito bem que não só ele estaria envolvido com muitas lutas, mas sua esposa, a querida professora, mestra Ana Maria Lombardi Daibem, como seus dois filhos Celio Daibem e Daniel Daibem. Não cito a filha, pois não a tenho no facebook. Uma unida família, sempre altaneiros em prol da luta pelas boas causas neste país. Muita saudade tenho dele e de como, com seu jeito e maneira de tocar as coisas políticas, nos dava diárias lições de como enfrentar as agruras todas que vivenciávamos pela frente. Os Daibem são todos de muita fibra, resistência e luta.

02.) QUERO ESCREVER DE MAYSA BLAY...
Aqui em Bauru SP, poucos conhecem Maysa Blay. Eu e a esposa Ana Bia Andrade somos um desses. Ana nunca esteve com ela pessoalmente, eu estive uma só vez, mas ela me conquistou pelas suas atitudes e o modo como tocava sua vida, sem medo de ser feliz. Conto algo aqui. A Ana herdou do seu falecido pai um apartamento ali perto do Largo do Machado, rua Gago Coutinho, do lado do metrô, coração da cidade do Rio de Janeiro. Era onde seu pai morou, lugar que vivia entulhado de livros, um paraíso na face da terra. Para mim, o lugar onde mais existiam livros por metro quadrado na face da Terra. Ele faleceu, os livros tiveram de deixar o lugar e foram espalhados mundão afora. Muitos estão conosco, outros se perderam pela aí. Ana veio trabalhar em Bauru, na Unesp, professora de Design e me conheceu. Gostou do lugar, de parcela de gente daqui, se enturmou e diante de tudo o que vê acontecendo com o seu Rio (é tijucana do Grajaú/Andaraí) acabou virando caipira interiorana. Para consolidar sua permanência em Bauru teria que vender alguns imóveis no Rio e um deles foi esse apartamento. Inenarráveis os momentos ali vividos por ela junto do pai e meus naquele paraíso cercado de livros por todos os lados. Recordações que nunca mais me sairão da mente, além das fotos que revejo com o maior carinho do mundo.

O apartamento foi colocado á venda e fiquei uns dias morando nele, vazio, num colchonete, recebendo interessados. Num dia me aparece indicada por uma imobiliária da região essa senhora, judia, pequenina, cabelo enroladinho, grisalha e junto da filha, para quem compraria o imóvel. Vem, assunta, circula, faz perguntas e me diz ter gostado muito ("dentre os vários que vi, esse realmente vale a pena", disse). Quando volta, outra pessoa a leva ao apartamento, eu já havia voltado para Bauru. Realmente eles gostam do apartamento e em poucos dias o compram. Até aí nada de anormal, ou tudo normal. O fato foi que isso tudo me possibilitou conhecer um pouco mais dela. Nem sei como, mas em poucos dias já éramos amigos e um curtindo os posts do outro. Ela sempre foi contra o impedimento de Dilma, a prisão de Lula e defendia os interesses populares. Ela sempre foi do meu time e nos escritos ficou estabelecido que dali por diante, algo ocorreria muito além da venda/compra do imóvel: seria nossa amigona do peito. Que baita mulher, deu para perceber logo de cara. Ela e Ana se entenderam pelas conversações via internéticas e se admiravam mutuamente, eu idem. Tínhamos a mais absoluta certeza: como é salutar conhecer pessoas assim iguais a ela.

Que finesse no trato com tudo. Adorei uma passagem da venda, quando ela visitando o apartamento percebe a sacanagem dos corretores e pede para uma amiga que havia ficado com a chave para mostrar aos interessados e sorrateiramente pede a essa: "Conhece de fato a dona? Pois me dê o fone dela, não quero mais tratar com esses sacanas e sim diretamente com ela". Assim foi feito e assim pudemos conhecê-la. Foi amor à primeira vista. Ana e eu nos encantamos com ela. Que baita mulher, exemplo de vida e de resistência. Funcionária pública, servidora do INPI, dessas vestindo a camisa do lugar onde está, fez e aconteceu na defesa do serviço público de qualidade e na sua manutenção como exponencial e essencial para a continuidade da normalidade institucional do país. Por ela também nos apaixonamos por bicicletas. Na verdade, ela pedalava muito mais que nós dois juntos, mas virá dela o incentivo para voltar a fazê-lo. Pois bem, o apartamento foi entregue nas mãos de uma pessoa, que com toda certeza soube dar o valor que ele tem de fato. Deu continuidade para aquilo tudo que foi ali vivenciado até então. E, desde então, trocávamos conversações pelo facebook, com promessas mil de nos conhecermos mais nas idas e vindas ao Rio de Janeiro. E isso, infelizmente não foi possível. Eu e Ana temos retornando muito poucas vezes ao Rio e perdemos a rica oportunidade. Éramos amigos à distância, sem a conhecê-la no contato pessoal.

Ela me lembra em muita coisa meu sogro, José Pereira de Andrade, procurador do município do Rio de janeiro, maluco por Machado de Assis e Drummond, conhecido de todos os livreiros do centro da cidade. Com o valor do apartamento vendido, Ana comprou um bem maior aqui em Bauru e mesmo sem querer, Maysa tem parte nele, pois comprando o do Rio, nos possibilitou o momento certo de aquisição deste onde moramos hoje. Seremos eternamente gratos a ela por ter possibilitado esse grandioso momento em nossas vidas. Eu e Ana Bia, estamos chorosos aqui de longe, pois temos a mais absoluta certeza de que gente como Maysa são dessas que valem muito a pena, peças cada dia mais valiosas e raras neste mundo cruel e insano dos dias atuais. Estamos tristes demais pelo seu passamento no último final de semana no Rio de Janeiro. Essa história vivida com ela nos dá o reforço necessário de que tudo isso ainda tem salvação.

03.)
NÃO EXISTE RIQUEZA SEM ALGO DE MUITO SACANA POR DETRÁS

Impossível a riqueza ser construída de forma honesta, sem que algo ocorra, os desvios de praxe, inerentes ao capitalismo, ditos como normais por alguns. O ator Pedro Cardoso escancara isto. Lembro de uma história que tive, uma entrevista gravada para um livro que não vingou, com um famoso juiz aposentado de Bauru. Ele me disse textualmente sobre Bauru, mas serve para todos os demais lugares, do país e do restante do planeta: "Henrique, aqui em Bauru, todas as fortunas foram construidas de duas formas. Ou o sujeito ganhou na loteria ou algo foi feito no percurso, muita sacanagem até chegar a ter a grana que tem. O fato que gostaria de deixar bem claro é que, aqui em Bauru, ninguém até agora ganhou na loteria". Cardoso tem toda razão deste mundo em sua afirmação. Se faz necessário exemplos? Vejam o link: https://www.revistaforum.com.br/pedro-cardoso-diz-que-nao-ha-modo-de-ficar-milionario-que-nao-seja-roubando-os-outros/

04.) RUAS E LULA
Começou ontem hoje em Bauru a comemoração da Semana da Diversidade, ou mais especificamente a Semana de Combate ao Preconceito e a Discriminação, culminando com a Parada da Diversidade no próximo domingo. Ontem na Feira do Rolo, Bruna Ambrosyo do Valle, uma linda mulher trans desfilava sua beleza e fez questão de ser fotografada ao lado da grafite da cafetina bauruense, Eni Cesarino. Cabeleireira em José Bonifácio, cidade onde reside, bem ao lado de São José do Rio Preto, está passando alguns dias em Bauru, revendo amigas e fez questão de deixar bem claro: "Sempre fui Lula e nessa campanha, queremos o LULA LIVRE, candidato e presidente de novo". Sem medo de ser feliz e de deixar bem claro seu posicionamento, fez sucesso na feira, bem antenada com o momento político do país, marca presença e amplia seu leque de amigos. Com a publicação de sua foto o pontapé inicial dessa instigante Semana inserida no calendário de eventos de Bauru.

05.) SABOR INENARRÁVEL LER MINO CARTA DESCREVENDO SUAS RELAÇÕES COM A EDITORA ABRIL, DESEMBOCANDO NA FALÊNCIA DOS DIAS ATUAIS
https://www.cartacapital.com.br/revista/1017/o-estrategista-do-naufragio

terça-feira, 21 de agosto de 2018

DICAS (175)


GENTE, HISTÓRIAS DESSA GENTE BRASILEIRA


01.) GENTE, POVO, CONTATOS MAIS QUE NECESSÁRIOS
Adoro papear com quem vem me prestar um serviço, dentre os muitos que não me predisponho a fazer, pois não tenho habilidade para tanto (tenho para pouco). São profissionais e em cada um, embutido neles as suas histórias. Trabalhar calado não me apatece. Gosto dos conversadores, os que se soltam. Puxo assunto e assim passamos o tempo, o serviço flui mais palatável e aprendo mais. Aprendo muito com todos esses. Deste aqui, o Ademir, encanador de renomado conhecimentos e habilidades, morador ali do Jardim Nicéia, já somos mais que amigos. Escrevi dele meses atrás, um perfil para o Lado B e em cada retorno (como tenho problemas por aqui com canos, encanamentos de banheiros e afins), longos papos. Ele não chegou aos 50, mas joga no time senior do amador bauruense, até ano passado no de seu bairro, o Nicéia, este ano do Jardim Europa. Deve ser um meia esquerda bom de bola, corpo fino, jeito de quem sabe bater e conduzir bem uma bola, mesmo nesses campos horrorosos de Bauru, os distritais com pouco cuidados.

Ademir voltou em casa hoje pela manhã e só sai para a labuta diária após ele se ir. Ganho o dia papeando com ele e ouvindo suas histórias. Hoje me contou a do seu final de semana, onde o que faz que mais gosta é bater bola, o tal jogo semanal no amador. O técnico, sabendo ser ele do Nicéia e jogando agora pelo adversário, o deixa no banco. Explica a situação e ele me conta, dos preparos que tem durante a semana, as caminhadas que faz perto da Unesp, o jogo de salão as quintas, tudo para ir dilatando a musculatura, soltando as amarras e quando ocorre algo como o deste final de semana, um desalento. Ele não reclama, entende as justificativas do seu técnico, mas como adora correr atrás de uma pelota, fala da amargura que é permanecer a contenta toda sentado no banco de reservas. E ainda vendo seu time perder o jogo no último minuto, num gol de falta.

Nada é igual a ter o prazer de conversar com pessoas como o Ademir. Tinha compromissos na rua as 9h, mas só sai de casa depois das 10h e assim sendo, tudo atrasado comigo no dia de hoje. Tento tirar o atraso, mas algo que não pude deixar de fazer foi ter o papo, enfim, prolongar o papo. Gente desse naipe me recarrega para as contendas todas que tenho durante o restante do dia. Ele me contou muito mais, conversamos muito mais, mas não tenho tempo suficiente para descrever o maravilhamento da conversa. Fico por aqui, mas recomendo o aproveitamento ao máximo quando alguém assim surge em sua casa para fazer um elementar e básico servicinho, aquele que você não sabe fazer e é obrigado a contratar alguém, pois se metendo a fazer, vai ficar muito mais caro no frigir dos ovos. Eles nos ensinam muito mais do que nós, poderíamos ensinar a eles. Uma troca, quando os dois lados estão predispostos a fazê-lo, onde ambos só tem a ganhar. Ele perdeu a partida de futebol no final de semana e eu ganhei com a vinda dele hoje aqui pela manhã em casa.

02.) PAULINHO É MESTRE VIDREIRO E NA CRISE TROUXE O FILHO PARA JUNTO DE SI
A história que mais ouço se repetindo na boca dos trabalhadores informais ou os que mantém pequenas firmas em seu nome, as tais prestadoras de serviço é quase sempre a mesma. “Há uns cinco anos atrás ganhávamos de $ 400 a $ 500 reais dia e tínhamos abundância de serviço, hoje para ganharmos no máximo uns $ 120 dia, a concorrência é imensa e não é todo dia que nos pagam isso”. Diante da repetição da fala entre a imensa maioria dos profissionais De pequenos serviços domésticos, como argumentar e desdizer do desejo de descarregarem seus votos em quem tanto fizeram por eles, no caso o ex-presidente Lula? Trago hoje aqui a história de um desses, que fez mais, diante da absoluta falta de possibilidade de colocar seu filho no atual mercado de trabalho, o preparou e hoje ambos trabalham juntos.

PAULINHO é mestre no que faz, instalador de vidros e box para banheiros. Trabalha nos mais diferentes ambientes na cidade de Bauru, desde os mais simples aos mais refinados. Não recusa serviço e tem sua agenda ainda cheia, primeiro por possuir muita experiência e depois pelas indicações, motivo hoje de manter a agenda sempre cheia. Sem fazer qualquer tipo de anúncio, toca seu barco no “boca a boca”, primordial para seu negócio. Começou cedo, bisbilhotando os mais velhos, tomou gosto pelo ofício e foi se especializando. Esquadrias é o que faz e instala tudo com o maior esmero. Morou quando criança nas imediações da rua São Paulo, início do jardim Bela Vista, perto do rio Bauru e hoje, com toda sua família, conseguiu uma bela casa própria, conseguida na época das vacas gordas, na vizinha Piratininga e de lá, está diariamente em Bauru adentrando a casa alheia e deixando banheiros impecáveis por onde circule. Não é de reclamar, deu o necessário estudo ao filho, mas chegou à conclusão que diante do momento atual do país, o melhor mesmo era iniciá-lo no seu ofício e assim foi feito. Hoje atuam juntos, um na retaguarda do outro e assim prosseguem driblando as adversidades. O apelido veio do jeito malemolente, não tão grande e o diminutivo não lhe atrapalha em nada, pois já está mais do que incorporado e aceito por todos à sua volta. De bem com a vida, trabalha sorrindo, ouve muito mais do que fala e em pouco tempo está entrosado em qualquer tipo de ambiente. Um profissional que soube ir se aprimorando ao longo dos anos, se estabeleceu e hoje está aí para o que der e vier. Falou em vidros para residências e escritórios, Paulinho está sempre nas paradas de sucesso.

03.) E A TRISTE HISTÓRIA DOS QUE VIVEM NAS RUAS E NELA NÃO QUEREM PERMANECER
Página 12 percorreu as "calles" (ruas) de Buenos Aires (como poderia ser feito em qualquer uma brasileira com o mesmo resultado) e em busca de suas histórias, ouviu não só os lamentos, mas levantou dados sobre o grau de instrução, aspirações quanto a voltar a trabalhar e estudar, terem novas moradias em condições onde possam, principalmente sair condição onde se encontram e, consequentemente, das ruas. Vale a pena acompanhar pelos links a leitura e associar com o que ocorre nas ruas brasileiras:
1.) https://www.pagina12.com.ar/136464-caidos-del-mapa
2.) https://www.pagina12.com.ar/136465-entre-ollas-paradores-y-recorridos
3.) https://www.pagina12.com.ar/136466-un-frazadazo-contra-la-invisibilizacion
4.) https://www.pagina12.com.ar/136456-menos-trabajo-y-mas-informal