sábado, 11 de agosto de 2018

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (115)


DUAS HISTÓRIAS DE QUEM SACA TUDO À SUA VOLTA
1.) MEU VIZINHO PERNAMBUCANO DE POUCO ESTUDO SACA MAIS DAS COISAS QUE MUITO PAULISTA DE MUITO ESTUDO
Ele mora aqui ao lado do mafuá e me dá aulas de enxergamento das coisas deste momento brasileiro. Fomos juntos buscar cimento e areia para um conserto na calçada aqui defronte, essa avariada por uma raiz de árvore de grosso calibre. Durante a semana é saqueiro numa empresa de material de construção, serviço bruto, pesado e nos finais de semana presta serviços variados para vizinhos, parentes e amigos. Cobra pouco e conversa muito durante o serviço, algo pelo qual gosto muito, pois sua conversa muito me apetece. Aprendo muito com sua aprimorada vivência de anos na lida mais pesada e junto de tantos como ele, ralando para sobreviver. Falávamos sobre o momento político e lhe dizia sobre se vão deixar Lula se candidatar e ganhando se leva e toma posse. No frigir dos ovos me diz do alto de sua sabedoria, muito mais elevada do que a da maioria desse povo paulista, bestificado pelo que vê, ouve na mídia massiva, lhe enganando de manhã, tarde e noite (até durante nosso sono). “Seu Henrique, entendo pouco de política, de direita e esquerda, mas acho que de direita mesmo não é quem vocês afirmam e sim o Lula. Ele é o direito, quem fez algo por nós, fez direito e ganhamos muito no seu Governo, já os que vieram depois dele não são nada direitos. Meu sentido de direita é esse. Tenho ou não razão?”, me disse. Concordei em gênero, número e grau. Melhor observador não existe. Dá um banho em muita gente que se arvora de entender de tudo aqui, mas se mostram mais conservadores do que deveriam, pois paulista é um povo muito sacaneado e continua paparicando seus algozes. Meu vizinho pernambucano deveria ser professor. Agora mesmo ele conserta minha calçada cantando e sua música me embala a escrevinhar dele até de forma mais caprichada.

2.) O PINTOR/PEDREIRO SOFRE COM O MOMENTO ATUAL E IMAGINA COMO SERÁ SUA RESPOSTA PARA COM SEUS ALGOZES

Faço uma mequetrefica reforminha aqui pelos lados mafuentos, pois casa velha sem os devidos cuidados tem sua vida encurtada e pode desabar a qualquer momento. Como não quero ver perdido (em vida) tudo o que amealhei durante os quase 60 anos já vividos, junto uns caraminguás e dá-lhe reformas, pequenos reparos para se ir tocando o barco sem grandes turbulências. Um amigo pedreiro pinta e borda por aqui. Além de sambista de boa cepa, além de profissional pintor também borda, ou seja, bate nas onze, executando uns reparos de pedreiro. Trabalha e junto conversamos por demais da conta,m além da cantoria de muito bom gosto. Ele me vê envolvido nas minhas questões e puxa conversa. Diz ter votado em Lula em todas as eleições e depois de tudo o que viu acontecendo no país depois da sacanagem feita com Dilma, quando lhe tiraram o mandato, está vivenciando o pão que o diabo amassou, serviços em baixa e tendo que sobreviver com uns pulos a mais. Ele tenta, aliás, todos tentamos, pois pro nosso lado só pedras e cada vez mais pesadas. Aproveito e peço para tirar uma foto dele para a galeria do LULA LIVRE, mantida por mim no facebook, com uma foto por dia de alguém contrário às sacanagens cometidas contra o ex-presidente. Sua resposta é a de muitos nesse momento: “Seu Henrique, você bem sabe de que lado estou, não preciso nem lhe dizer. Nunca que votaria em alguém como esse Alckmin, pois sei que não faz nada por nós. Esse é enganador da pior espécie, lobo em pele de cordeiro. Muito menos nesse Bolsonaro, propondo algo ainda pior. Eu não posso tirar a foto ao lado de Lula, pois trabalho nos condomínio da cidade e esses não me perdoariam. Se já está ruim de serviço, creio eu, pioraria mais ainda, pois ao me contratar se lembraria da foto, o fariam com outros, só para me ver sofrendo mais que hoje. A minha resposta, tenha certeza, será dada nas urnas. Lá no meu bairro, meus amigos pensam como eu, estamos calados, mas sabemos em quem devemos e em quem não devamos mais votar. Eles, os que sacaneiam com a gente, vão ter a resposta nessa eleição. Escreva o que te digo”. Aceito sua justificativa e também creio que, os como ele, na mesma situação, saberão dar a resposta, se não revolucionando nossas ruas, pelos menos nas urnas. Esperar sentado é uma bosta, pois o lado de lá se movimenta ciente da votação neles ser pífia. Daí, cá com meus botões, nem creio em algo alvissareiro saindo como resultado dessas eleições, pois os golpistas não permitirão serem deletados depois de tadas as maldades já feitas. Mas a fala dele é ao menos um alento. A classe média continua besta, abobada e cega, mas o povão, pelo visto, enxerga e muito.


OUTRA COISA
ME PERGUNTAM QUEM É O SANFONEIRO DO MEU TEXTO DE ONTEM. EIS:
A SANFONA DE JOSÉ CARLOS O ACOMPANHA ATÉ NO DIA A DIA NA RETÍFICA
Ouço os vários sons produzidos nesta cidade. Nem todos, pois ninguém consegue ouvir a todos e nem que quisesse seria por demais pretensão fazê-lo. Também nem quero, permanecendo ouvindo os que mais me apetecem e me amaciam os ouvidos. Tem sons que prefiro não ouvir nem de graça, mas prefiro também não ficar desdizendo deles por aqui, pois dizem que “gosto não se discute”. Escrevo e enalteço o que gosto, minhas preferências. Esse personagem aqui descrito, que pouco conhecia é para mim de grande valia e importância. Quando o ouvi tocando sozinho na noite nesta semana, anotei seus dados e algo de sua história, ditada a mim pela sua esposa. Se não o conhecia até então, a partir do encontro na noite bauruense, este ganhou mais um fã, eu.
Sanfoneiro Caio junto de Liz Amaral, no Aldeia Bar.



JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA é conhecido no meio musical bauruense e da região como CAIO, um sanfoneiro possuidor de uma extensa folha corrida, muita quilometragem no currículo. Hoje, aos 60 anos, após rodar muito, tocar pelos quatro cantos do país, principalmente na noite, o breque se deu por necessidade. Chegou à conclusão de que, cantando sobreviveria, mas se tocasse com mais afinco o seu outro negócio, o à frente de uma retifica de cabeçotes automotivos se daria muito melhor financeiramente. Resolveu não dar murro em ponta de faca e deixou a musica um tanto de lado, não totalmente e foi tocar em outras paragens. Vez ou outra tem uma recaída e junto da esposa, Laci, se apresentam pela aí, levando consigo a inseparável sanfona e uma aparelhagem sempre pronta para ser instalada em lugares variados e múltiplos. Seu repertório é dos mais variados, principalmente o forró, levado para todo tipo de ambiente, mas principalmente em cidades pequenas, qualquer uma, dessas ainda tendo nos seus cafundós algum espaço para esse tipo de música dançante e envolvente. Levava seu conjunto por esses lugares todos, mas hoje, na maioria das vezes, nas horas vagas, o faz mais para amigos e convites irrecusáveis. Caio toca de tudo e sem ler partitura nenhuma, tudo de cabeça, algo inebriante e envolvente. Quem o conhece não estranha sua versatilidade, mas alguém como eu que o vê pela primeira vez, o queixo fica caído. Aceita convites, atendendo pelo telefone 14.996316622, principalmente em forrós e festas juninas/julinas ou dessas onde o destaque venha a ser um sanfoneiro e seu instrumento de trabalho.

Esses que fazem a festa nas noites pelas rebarbas da cidade estarão sempre sendo destacados por aqui e no www.mafuadohpa.blogspot.com

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