quinta-feira, 31 de julho de 2014

MEMÓRIA ORAL (165)


UMA MINEIRA FERVEU BAURU POUCO ANTES DO SEU ANIVERSÁRIO - OU DE COMO UMA NOVIDADE ALTERA A ROTINA DE PARCELA DE SEUS HABITANTES
Toda vez que eu vejo essa minha Bauru enfurnada com as modernidades, ou nem isso, com tudo o que ocorre nos grandes centros, chego à conclusão de que somos mesmo uma cidade como outra qualquer, completamente inserida no contexto do aqui e agora. Por esses dias constato por histórias ouvidas, relatos feitos no pé do ouvido por gente que não quer se identificar e nem esse escrevinhador o deseja revelar, daí o motivo do texto ser todo escrito sempre no subjetivo, mantendo ocultos seus personagens. A história é verídica e isso basta, merece o relato e sua revelação, pois essa reveladora de um algo mais desses tempos atuais. Vamos aos fatos.

A prostituição que nessa cidade teve um ápice nacional com dona Eny Cesarino, sempre esteve em evidência, mesmo que alguns insistam em tentar colocar um pano em cima de sua indecência (sic). Tudo o que rola lá, rola aqui e isso foi constatado quando tomo conhecimento da história de um rico personagem desse mundo quase oculto, bem diante de nossos olhos, mas pouco conhecido. Os travestis não são mais novidade para ninguém em Bauru. Nas ruas só dão eles. Se alguém ainda me dizer onde estão as prostitutas nas ruas da cidade, me informem, pois não as vejo mais e faz tempo. Esses tomaram as ruas e são vistos hoje nos mais diferentes lugares. A famosa avenida, portão de entrada da cidade, Nações Unidas está tomada de cima em baixo, tendo oferta para todos os gostos e preferências, com os de custo mais alto até os quase de graça. Quem é do ramo e gosta da coisa sabe o que procura e onde encontrar o produto dentro de sua faixa de possibilidades.


Escrevo de uma top do meio travesti, uma dessas bem produzida, corpo todo remodelado e de fazer inveja a qualquer mulher (pelo menos no impacto visual). De uns tempos para cá, para desespero das locais essas tops invadiram também as médias cidades brasileiras em passagens curtas, tipo rodízio. Fazem assim, uma delas vem para Bauru, se hospeda num hotel, faz anúncio nos sites de programas, nos endereços virtuais conhecidos e diante do oferecido, arrebatam muita grana. Fervem o metiê, ou seja, incomodam as prestadoras de serviço local, pois a clientela desses desaparece e a da novidade dá picos de audiência, ou seja, de frequência e utilização. Quando tudo começa decair vão para outras poaragens. Algo assim já ocorre em Bauru faz um certo tempo e nos últimos dias o ápice disso me foi relatado e devidamente anotado, sendo agora transcrito.

Uma dessas, mineira, corpo escultural e segundo a informação corrente com um contundente instrumento de trabalho, maior do que a média existente no mercado esteve instalada num hotel na cidade. Tudo foi ocorrendo na medida em que a notícia correu entre os que elas chamam nada carinhosamente de “mariconas”, aqueles que gostam da coisa e gastam com elas além da conta. A procura, dizem, foi tão intensa que a dita menina esteve obrigada a ter seguidos orgasmos diários, de seis a oito dia. “Os caras me pagam e bem, não posso decepcionar. Se nego fogo, podem escrever algo depreciativo de mim nos fóruns do ramo e isso denigre minha imagem, daí quero sempre ser bem vista e faço o que me pedem”, são palavras dela e reunidas por mim, através de quem me relatou sua saga na cidade.


Ela disse a esse intermediário o que de fato ocorreu e aqui tento transcrever o ouvido sem promover alterações que distorçam o ocorrido. Aqui um breve resumo. “Eu não me faço de rogada, algumas iguais a mim não atendem os telefones privados. Eu não, atendo a todos e aqui percebo que todos cumprem o prometido. Eles vem ao meu encontro. Em todas as cidades você tem que pagar para trabalhar nas ruas. Ninguém trabalha de graça ali, cada ponto é de propriedade de uma pessoa e para ali trabalhar é necessário pagar uma diária. Isso no mundo todo. Em todo o lugar que circulo pago a diária para não criar problemas, mas atendo mais no próprio hotel ou em motéis. Pode notar algo, todas essas que viajam de um lugar para outro, como eu, que comecei bem novinha, temos fotos bem produzidas, todas em estúdio. No nosso meio não vale a improvisação e o meia boca. Estamos num meio onde a primeira impressão é a que fica”, diz.

Pelo burburinho causado no tal hotel, diz a lenda que as camareiras do local ficaram impressionadíssimas com o nível das pessoas circulando pelo local e causou espanto a boniteza de alguns dos que ali estiveram para se beneficiar dos préstimos da mineira. Quando chegou ao hotel ali estavam hospedadas algumas mulheres, todas de fora e com a mesma prática, ou seja, o rodízio de oferta de novidade na cidade, mas tiveram que ir-se rapidamente, pois após a chegada da tal mineira, nada mais lhes sobraram. Isso dito pela própria. Disse mais, que em certos dias, com bom movimento de clientes já chegou a arrebanhar algo em torno de uns R$ 4 mil reais, mas sente-se feliz quando consegue depositar diariamente por volta de uns R$ 1 mil e tanto, já descontados todas suas despesas diárias.

Sim, as despesas parecem ser altas. O visual é tudo nesse negócio e para manter a aparência sempre impecável, o algo mais é mais do que necessário, diria, obrigatório. Salão de beleza, indispensável e quase diário. “Já penso em retornar para uma clínica e reerguer meus seios, retocar o bumbum, readequar o quadril, deixar as pernas mais roliças e tudo isso custa muito. Quero fazer até o final do ano uma nova cirurgia de raspagem da testa, tornando-a mais feminina e isso vem desde o couro cabeludo até a altura dos olhos. Já fiz várias e ao primeiro sinal de que algo não me agrada, paro tudo e refaço para me manter onde estou”, são suas palavras.

A ilustre visitante disse muito mais e arrebanhou até mais do que imaginava na cidade. São experts em viagens, técnicas na exposição do produto oferecido e tudo fazem para agradar a clientela, cada vez exigente. Muito mais me foi dito, porém pouco anotado, numa capa detrás de uma revista (único papel encontrado no momento). A história me despertou o interesse em torná-la pública desde o primeiro momento em que a ouvi e na pressa onde me encontro, vejo que algo mais preparado poderia ter sido feito. Não o consigo no momento, porém serve como belo exemplo da inserção de nossa aparente pacata Bauru em tudo o que rola por aí mundo afora. Sabe aquilo de que, tudo o que existe de bom e de ruim por todo o planeta sempre tem um cadinho por aqui na nossa aldeia? Esse só um dos exemplos, não podendo eu mensurar se isso do relato é bom ou ruim, pois para isso, se faz necessário analisar o interesse do interlocutor, o quanto isso o incomoda, o quanto isso o movimenta e outros quetais. 

Algo dos mais interessantes dentro do relato ouvido foi como a modernidade chega nesses lugares mais rápido do que se imagina. Ela, segundo me foi relatado, recebe sempre em espécie pelos serviços prestados (e sem decepção, como já aqui relatado), mas abre só uma exceção na forma de pagamento efetuado. Anda dentro da bolsa de trabalho, circulando para cima e para baixo com uma potente e sempre atuante maquininha de cartão de crédito e débito. Sim, ela recebe também por cartão e dependendo do valor combinado aceita também o pagamento parcelado. Fiquei curioso em saber qual o nome que sai identificando a compra, mas isso não me foi informado, porém como sei que a discrição nesse meio é a chave do negócio, deve sair o nome de alguma firma fácil de ter justificado o gasto quando houver questionamento sobre isso junto a algum órgão fiscalizador dos gastos do dono do cartão.

Não sei informar se a mineira foi-se de Bauru ou se ainda continuar a alvoroçar a clientela de Bauru. Tive que me ausentar da cidade e portanto, não fui a fundo (sic) sobre esses pormenores do texto agora apresentado. Mas, pelo que fui informado e repasso aqui, não deve ser motivo para desgostos e descontentamentos, pois o rodízio de oferta e procura no ramo está mais do que estabelecido. Vai-se uma, vem-se outra e assim por diante. Por afim, algo mais também relatado e quase passando batido por esse escrevinhador. Ela revelou que certa vez um cliente havia juntado dinheiro por meses, tudo em pequenas moedas, notas baixas e lhe pagou dessa forma, igualzinho ao ocorrido no filme da Bruna Surfistinha. Ficou tão contente com a cena, lhe proporcionando um atendimento vip, assim como sua pessoa. E disso gostei muito, pela sensibilidade de reconhecer o esforço pessoal daquele fã para estar junto dela por alguns instantes. Gente assim rende sempre boníssimos relatos. Tentei produzir um, mas na correria acabou saindo um pouco diferente do que pensava. Compreendam, o que vale é a intenção. 

OBS.: Texto escrito em homenagem a mais um aniversário da cidade de Bauru (as fotos e a ilustração são meramente ilustrativas).

DICAS (125)


COMO O CELULAR PODE ENLOUQUECER AS PESSOAS - Texto vale pelo post de 30/07/2014
Amenidades. Conto uma para espairecer e preencher esse espaço diário. Ano passado, nesse mesmo período do ano, viajei com Ana e antes do embarque passamos uma noite na casa de dona Darcy, a sogra, na capital paulista. Eu adoro todas as minhas sogras, confesso ter tido a maior sorte do mundo com todas elas e nem entendo essas piadas que fazem delas, pois as minhas me são muito gratas. Pois bem, viajamos e passados alguns dias, um barulhinho infernal começa a atormentar a vida do casal (ela e seu Moacyr). Um “pim”, que ocorria de uns quinze em quinze minutos. Aquilo começou a incomodar e eles desesperados vasculhando de onde poderia estar vindo barulho tão persistente. Dias atrás haviam contado com os serviços de um eletricista, trocando parte da fiação da casa e estavam prestes a chamá-lo de volta, pois o tal do persistente “pim” só podia ser proveniente de algum serviço mal feito e reverberando pela casa toda. Reviraram a casa do avesso.

Nem dormiam mais direito e já aguardavam a vinda do próximo “pim”. Ele vinha e nada de descobrir seu paradeiro. Nisso a moça que faz a faxina, passando por lá para seus serviços, a primeira coisa que lhe questionam é se não ouve o tal barulho. Sim, ouvia e passou a persegui-lo até que num rastreamento, que a impedia até de trabalhar normalmente, achou que o mesmo vinha de uma mala que lá deixei ao viajar. O mistério foi desvendado. Lá dentro um celular que não pegaria onde estávamos, portanto foi deixado para trás e por um descuido quase fatal, nem o desliguei. Simplesmente o abandonei ligado e quando estava perdendo força, bateria zerando (o que demora dias), o sinal para repor sua carga é o tal do “pim”, persistente e chato. Quase enlouqueci meus sogros e na volta levo um sonoro puxão de orelhas, entre risadas. Hoje, aqui distante, deixei outro lá com eles, mas fiz questão de desligar esse desse mundo. Agora me digam, o celular pode ou não enlouquecer as pessoas? Essa é só uma das muitas possibilidades. Existem outras pioradas e realmente de endoidecer gente sã. Fuja de todas elas. O meu não pega por aqui onde estamos e vivo maravilhosamente sem esse penduricalho a me servir somente como relógio, pois por culpa dele até o meu de pulso aboli (penso em voltar a usá-lo). E olha que nem sabia como era viver sem ele. Sim, confirmo, existe vida saudável sem celular e faço parte dela.


EU E O DIÁRIO ARGENTINO PÁGINA 12
Quem espia meus escritos aqui pelo facebook e pelo Mafuá do HPA devem ter percebido minha profunda admiração por reproduzir escritos, imagens e citar colaboradores do diário argentino Página 12 (www.pagina12.com.ar), hoje pra mim, um dos melhores jornais dários do planeta. Primeiro, vejo nele algo inexistente no Brasil, um jornal diário com posicionamento de esquerda, com textos bem elaborados, mais para formação da pessoa, algo consistente. Circulam em todo território argentino. No Brasil nenhum assim. Depois, possuem a visão de mundo que é também a minha. São latinoamericanos na essência e escrevem de todos esses países. Dão mais importância às suas histórias do que as do resto do mundo. Me informo mais desses países por ele do que por qualquer outro. Desde que o conheci virei leitor virtual e me cadastrando recebo diariamente sua versão virtual. Virou hábito, dar uma passada rápida pelos seus textos logo ao acordar, isso desde 2008. Reproduzo sempre as tiras do Miguel REP como ilustração aos meus textos. O conheci dois anos atrás e escrevi dele um belo texto, depois publicado na Carta Capital, apresentando ao Brasil que vem a ser essemuralista dos nossos tempos.

Ano passado e retrado passei na frente da redação, chegando no máximo na portaria. Fui em horário onde o pessoal não estava atuando. Passo todos os anos no quiosque deles e trago livros, cadernos, agendas, DVDs e principalmente CDs, todos muito baratos e com o que de melhor existe aqui e também no Uruguai. Dessa vez trouxe uns 12 CDs e na conta não paguei mais que R$ 50 reais. Na redação, da calle Solis 1525, criei coragem e lá estive. Fui recebido pelo porteiro e adentrei o santuário de onde são produzidos os textos que aprecio diariamente, a redação. Como gosto de redações de jornais. Fiquei meio que navegando por ali. O máquinário nem é dos mais modernos, mas os escritos o são e isso me satisfaz. Conheci pessoas, fiquei atento a cada cantinho e passei boa parte da tarde por ali, navegando e flanando. Tentei estabelecer uma conversação entendível, dentro do meu macarronico portunhol. Na saída, algo inusitado, a região onde está plantado o jornal é onde ocorre uma intensa prostituição na capital argentina. Não pude fotografar (nem deveria sem autorização deles), mas curti ficar observando como se dá a relações com cafetões e as profissionais do sexo, de todos os sexos. Esse lado da capital argentina, tenho certeza, poucos que aqui estiveram tiveram o prazer de conhecer. Saliento, conheci, não desbravei. Sou com o passar dos anos mais observador do que experimentador. Meu excesso de peso ao retornar ao Brasil se dá quase somente com papéis e os muitos jornais que quero levar. Os consigo e deles não quero mais me separar. Minha tarde de ontem foi dedicada a conhecer um pouco mais de um dos jornais que leio.

terça-feira, 29 de julho de 2014

ALGO DA INTERNET (87)


UM SIMPLES POST ENVOLVENDO A QUESTÃO RELIGIOSA E A REPERCUSSÃO OBTIDA:
Na quinta passada, 25/07 postei como Personagem sem Carimbo - O Lado B de Bauru, algo sobre a professora MARIZA BIANCONCINI e do motivo de seus estudos. A simples citação da improbabilidade dos fatos narrados na bíblia (escrita pelo menos mil anos após os ditos reais acontecimentos) serem verdadeiros gerou a reação de alguns que não aceitam isso. Mito ou não? Verdade absoluta ou não? Crendice ou não? De minha parte relanço aqui o questionamento com o meu singelo ponto de vista: Tudo o que se refere à religião deve ser entendido como tendo um vício de origem, ou seja, algo cheio de muitas e muitas dúvidas. E por que, me pergunto, esses que defendem intermitentemente a veracidade dos fatos, não reconhecem algo do mito e da riqueza do SIMBOLISMO contido naqueles textos. Partindo daí prevejo um bom debate, pois querendo impor que aquilo aconteceu de fato não avançaremos um milimetro na discussão. Toda cultura possui expressões simbólicas e nelas reconhecemos a identidade cultural de cada agrupamento. A RELIGIÃO e a ARTE são as duas mais fortes expressões simbólicas do planeta. É simbolismo mesmo, não tem como afirmar o contrário, mas por que não reconhecer isso? Veja o que postei:

A PROFESSORA MARIZA BIANCONCINI E OS ETERNOS MITOS DA HISTÓRIA BÍBLICA
Algo mais do que constrangedor hoje é o que está se tornando rotina nas redes sociais, uma incompreensão com a própria história. Décadas atrás era normal o debate com posicionamentos antagônicos, hoje não mais. Tudo mudou, talvez para pior. Hoje, evidente, lê-se menos, muita informação superficial, a bestialidade a desinformação tomando conta de tudo. Futilidades ao vivo e a cores. Quem insiste em remar contra a maré sofre um bocado, pois nem a consistência de fortes argumentos é sequer mais considerada. Existem os que insistem e é de uma delas que escrevo.

MARIZA BIANCONCINI TEIXEIRA MENDES é professora aposentada da UNESP, doutorado em Araraquara e com atuação no campus de Bauru, área de Letras, sua especialidade. Discursos lingüísticos e não lingüísticos, além de Literatura, Arte, Comunicação e Mídia. A experiência no campo da semiótica a tornou catedrática na análise de textos da mídia impressa e televisiva. E quando faz isso, na maioria das vezes cria caso, pois bate de frente com o pré-estabelecido pela sociedade onde vivemos. Ela ri disso tudo, com a galhardia que lhe é peculiar, cientes das maldades todas perpetradas pela cruel elite brasileira ao longo desses pouco mais de 500 anos de vida desse país. Cabedal para discussão não lhe falta, mas discutir como se a informação hoje chega fracionada, distorcida e favorecendo quem a produz e a distribui? Formou gerações de estudantes dentro de uma proposta crítica, mostrando o que de fato somos e o que muitos gostariam que não fossemos. Uma pesquisadora na acepção da palavra, tendo chegado ao ápice quando propôs por aqui uma séria discussão sobre um olhar agnóstico em cima dos textos bíblicos. Profana foi pouco quando afirmou que os fatos ali narrados fogem da realidade e não passam de mitos. E o faz com embasamento, tendo do outro lado gente querendo impor só a religião pela religião. Nada sério, portanto. Leiam isso:http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=166293&ano=2009. Num encontro nessa semana lhe falei da admiração pelo belo texto e ela rindo me disse: “Já fui taxada por causa disso de a mais comunista das comunistas”. Só rindo, mas como hoje alguns já tratam como perigosos os comunistas, corre-se novamente riscos.

UM PERTINENTE COMENTÁRIO: "Essa senhora é uma sumidade, mas infelizmente vivemos em tempos de guerra cibernética e a religião ainda é uma arma poderosíssima como meio de alienação e cabresto para manipulação de muitos.Diria mesmo que percebo para grande parte da população a bíblia sagrada que era usada como o código penal em tempos remotos, serve ainda para uma boa eficiente meio de lavagem cerebral usada pela extrema direita.É lamentável ver pessoas que não aceitam dialogar estudos científicos, pois nada mais há nas mentes das mesmas a não ser o insistir e contrariar a realidade do nosso tempo. Ficam atreladas com a canga no pescoço e destilando seu veneno assim como aprenderam pelos mesmos que as manipularam seu mantra como a única verdade.Parabéns Henrique Perazzi de Aquino pela merecida homenagem à Doutora Mariza Bianconcini Teixeira que orgulhosamente foi minha professora! Abraços fraternais", comentários de Liliana Martins.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

RELATOS PORTENHOS (12)


EU E MINHAS VIAGENS - O QUE EXTRAIO DELAS 

1.) OS PARALELEPÍPEDOS DE BUENOS AIRES
Hoje mesmo, primeiras horas pelas ruas de San Telmo, a mais famosa feira dominical de Buenos Aires, paro tudo quando vejo operários reparando como se fossem artesãos (e não o são?) ruas laterias da feira. Esse é um trabalho meticuloso, rico, cheio de detalhes, precioso e daí saem verdadeiras obras de arte nas ruas e calçadas mundo afora. Em Bauru existia algo assim. Até coisa de uns dez anos atrás existia uma equipe na Prefeitura Municipal de Bauru especializada em reparar e trocar paralelepípedos e lajotas. Ela foi desativada e hoje nas ruas onde fazem qualquer reparo e por ventura exista a necessidade da retirada dos mesmos, em seu lugar colocam pixe, ou seja, alfaltam. O horror dos horrores. Aqui, parei de perambular nas ruas da capital argentina para ficar vendo como era feito o trabalho dessas pessoas. Coisa linda, uma preciosidade e o resultado é mais do que lindo, duradouro e a cidade sai ganhando.
Tempos atrás, quando ainda no Codepac impedimos que o espaço da Feira do Rolo fosse totalmente asfaltado. A Polícia Militar havia solicitado junto da Prefeitura que para facilitar a fiscalização e seu trabalho no local fossem retirados os paralelelípedos e em seu lugar tudo fosse asfaltado. O local é tombado pelo patriomônio histórico e conseguimos embargar o estrago fatal. Fizemos um bafafá e tudo parou, mas um parte está lá asfaltada. Quando da repuração daquele lugar, acredito (toc toc toc) que todo o calçamento de paralelepípedo deverá retornar em grande estilo, nivelado e com desenhos simetricos, enfeitando nossa Bauru. Daí lanço daqui perguntas que não querem calar: Será que custa tanto assim recuperar a equipe de instalação de lajotas e paralelepípedos em Bauru? Ou até formar uma nova se utilizando da técnica de seus antigos funcionários? Ou mesmo fazer como Curitiba faz e em suas ruas históricas, quando necessário contratam uma equipe terceirizada e especializada nisso. Gosto muito de ver algumas de nossas ruas com seu calçamento original, principalmente as com caráter histórico, como esse largo junto da Feira do Rolo. Lanço o assunto para discussão e me despeço. Um bom final de domingo a todos e todas.

2.) GARÇON É GARÇON EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO
Garçon é garçon, mas existem uns mais que os outros. Isso em todos os segmentos. Uns mais, outros menos. Algo natural e encarado com a maior naturalidade. Em tudo existem aqueles que se especializam e aqueles que passam uma vida toda exercendo um ofício e nele não se especializam, nem o fazem com o devido esmero. Nesse quesito garçon, existe de tudo. Conheço garçons que fazem de sua profissão um sacerdócio e primam por um atendimento abalizado, criterioso e seguindo um padrão com muito requinte. Vejo muitos negligentes por aí. Em Bauru frequento tudo quanto é tipo de bar (alguns quase restaurantes) e a maioria com garçons. Em alguns o próprio proprietário do estabelecimento. Na imensa maioria das vezes faço amizade rapidamente com garçons e tenho com muitos deles uma duradoura amizade. Poderia citar vários aqui, mas para não me esquecer de nenhum deles, não o faço com nenhum de Bauru e sim de um de longe, um que conheci hoje e num restaurante aqui em Buenos Aires. Dizem que o argentino é um chato, o que nunca concordei, pois conheço vários e a imagem que tenho deles é do razoável para cima, como a do brasileiro.
Eu, Ana Bia, Ana Rebello e Andre Kit (três designers) estavámos numa tarde animada, cheia de conversa para ser jogada fora e enquanto os três confabulavam até não mais poder fiquei a maior parte do tempo prestando a maior atenção numa pessoa que desde que entrei no lugar me despertou algo pra lá de curiosidade, o garçon. Ele fazia tudo de uma forma tão meticulosa, tão cronometrada, tão precisa, tão senhor de si, tão acertado, que resolvi escrever dele. O cara é o fino no quesito atendimento. A casa onde trabalha é um famoso restaurante, o Chiquilim (desde 1927),esquina das ruas (aqui são calles) Sarmiento com Montevideo (pertinho do hotel onde estamos instalados) e seu nome é OSCAR. Puxo conversa, fico sabendo detalhes de sua profissão e um algo mais, trabalha na mesma casa há 40 anos. Esse é um baita de um profissional. Confiram e tentem mesmo a distância vislumbrar o que vi além das fotos no jeito suave, quase fliutuando desse distinto senhor platino. Eu me encantei com os seus gestos e daí sentei aqui antes de deitar e resolvi fazer uma homenagem a alguém, que acredito nunca mais verei na vida. Terei para sempre boas recordações dele.

sábado, 26 de julho de 2014

MEMÓRIA ORAL (164)


UMA CASA RECHEADA DE ORIGINAIS TESOUROS

É tão gostoso ir desvendando possibilidades mil em lugares nunca dante imaginados. Existem uns até hoje apregoando que nos subúrbios viceja pouca cultura. Ledo engano, desvendando as entranhas suburbanas brasileiras, pipocam por todo lugar exemplos vivos de algo pulsante e latente. Nos recantos mais afastados do seu centro nevrálgico, novas descobertas são feitas a cada nova caminhada. Devassar isso é o que torna a vida das pessoas esse eterno descobrir e ir a cada virada de esquina constatando um eterno porvir. Segredos ocultos, escondidos dentro de casas todas muito parecidas, cenário de sofrimento humano, rotina de muito trabalho e pouco lazer. Fui ao bairro Tangarás, mais ou menos uns 10 km do centro da cidade e numa de suas ruas, essa recém asfaltada, algo diferente já é notado pintado nas paredes da área frontal da residência com a inscrição “Siga o caminho das estrelas”, junto de quadros e penduricalhos outros suspensos nas paredes. Isso já é o indicador de que de algo estranho e diferente ocorre no seu interior.

Nesse com certeza existe. A garagem em si é um prenúncio mais certeiro disso. Dentro de um rodado veículo estacionado na garagem algo lotando o seu interior: livros e mais livros. O proprietário da mesma é Francisco Carlos Jaloto, o popular Carioca, livreiro dominical da popular Feira do Rolo e durante o restante da semana em seu domicílio, dando prosseguimento ao visualizado nas ruas. Vive do negócio de livros, CDs, alguma antiguidade e outras preciosidades garimpadas e postas a venda. Carioca vive do que arrebanha com a venda disso tudo. Sua casa é a extensão de tudo, abarrotada em todos seus cômodos, desde sala, banheiro e o quarto onde dorme. Vive no meio disso e pelo presenciado, vive feliz, ele junto do seu tesouro particular.

Poucos vão à sua casa. Pede que quando escrever dele e de sua casa, não informar o endereço. Ali ele junta tudo o que vai amealhando. Caixas e mais caixas com um conteúdo que só ele sabe localizar quando necessário. “Na feira de domingo eu revezo isso tudo um pouco de cada vez. Tem semanas, após levar o mesmo acervo repetidas vezes, troco tudo e trago tudo renovado. E depois quando me perguntam de qualquer livro que já tenham visto, eu sei onde cada um deles está localizado aqui dentro de casa”, diz. É isso mesmo, ele sabe muito bem o paradeiro de tudo ali dentro. Ali uma santa bagunça.

Pergunto a ele após mostrar os LPs raros e livros antigos, que deve ganhar muito vendendo aquilo tudo pela internet. Sua resposta: “Se tivesse internet e fizesse uso desses sites de venda, tipo o Mercado Livre eu estaria rico. Não tenho nada disso, nem sei acessar, vendo só na feira, depois para conhecidos e gente de fora, alguns que ligam e acabam vindo aqui”. Disso tudo entendo que o Carioca vive com pouco, ou seja, o suficiente para continuar fazendo o que gosta. No dia em que lá estive acompanhado com o filho, havia nos dito que acabara de comprar um grande lote de livros e estava no processo de limpeza, catalogação e até de separação para futura leitura. Sim, muitos dos que passam pelas suas mãos são lidos antes de serem vendidos.

Estive em sua casa por um simples motivo. Meu filho, Henrique Aquino, 20 anos, herdou de mim a paixão por livros e também por freqüentar o espaço desse inusitado livreiro da feira bauruense. Tomou conhecimento do acervo existente na casa dele e tanto ficou insistindo, que acabei levando-o para conhecer o lugar no meio de uma tarde da semana passada. Deixei-o lá e só volto horas depois. O faço quase três horas depois esei que nem tudo foi devidamente vasculhado. Um pequeno monte estava já separado, escolhido e pronto para ser arrematado. Dentre eles alguns do Elio Gaspari sobre a Ditadura Militar, teatro grego, Graciliano Ramos e um que meu filho estava em dúvida de levar e vejo os dois confabulando a respeito. “Esse é sobre a Guerra do Napoleão, escrito por um escritor norte-americano e pelo que li, com pouca vivência histórica dentro desse tema. Fico em dúvida de levar”, me diz o filho. Após ouvir tudo sobre o livro, meu filho não Le va o tal livro e Carioca decide ali que o preço desse estaria a partir de agora rebaixado.

Toda a conversa lá gira em torno desses temas. Observo sobre a pia caixas e mais caixas de livros, muitos LPs sem capa e em pé, tipo num escorredor. “Não se assuste. Tudo o que compro eu lavo e deixo escorrendo. Cuido de cada capa estragada, reparo tudo. Vivo disso e cuido muito bem do que levo para vender. Tenho o mesmo procedimento tanto para um LP que revenderei por meros dois reais, como para os que cobro 50 ou 100 reais”, diz. Com os livros o mesmo cuidado, pois o vejo borrifando um líquido parecido com perfume, mas depois me explica ser um protetor contra traça, percevejos e afins.

Tudo toma outro rumo quando me puxa pelo braço e me conduz para ver suas paredes, onde algumas preciosidades estão ali penduradas. Um quadro japonês pintado em pano, de autoria desconhecida, pôster do John Lennon, coleção de LP e caixinhas Box de Nelson Gonçalves, Altemar Dutra e Sinatra. “Tudo aqui está a venda, até minha coleção particular de alguém que gosto muito e poucos conhecem, a do Aumir Deodato. Tudo que acho dele eu compro. Veja esses discos promocionais do dia da inauguração do Morumbi, esse em formato de coração”, mostra e não para mais de falar. O acompanho por todos os cômodos, ora no quarto retirando algo do fundo de uma caixa, ora algo pendurado em sua parede ou o pequeno objeto pendurado em várias prateleiras espalhadas pela casa.

Essas estantes, todas forradas de pequenos bonecos, nelas tem de tudo um pouco. Desde pequenas coleções daqueles soldadinhos de chumbo, bonequinhos brindes do Mc Donald’s e afins. Tudo peça para colecionador, algumas bem antigas, outras mais recentes. Carioca cozinha no meio disso tudo e acabamos comendo uma farofa feita com “gordos ingredientes”, como nos diz, ou seja, de tudo um pouco. Tenta nos ensinar a receita, mas estávamos interessados é no que víamos, não no que comíamos. Gostamos da iguaria, mais ainda das intermináveis histórias que iam surgindo de cada nova peça que íamos trombando em cada novo passo.

Pairando no ar acima de tudo o som de um rádio ligado durante o dia todo, som baixo e com repertório escolhido a dedo. Só preciosidades. “Não ergo o som, pois preciso também estar atento ao som que vem das ruas. Aqui não é fácil, meu!”, explica. Para minha surpresa ganho alguns presentes. O livro “A sangue quente”, uma biografia do Vladimir Herzog, edição de bolso, papel jornal, anos 80 e um raro LP lançado pelo Pasquim, com gente com João Bosco, Aldir, Tom e Itamar Assumpção. O pôster no meio é obra do cartunista Mariano. Uma raridade que poderia lhe render uma boa grana, mas prefere me presentear, diz ter reservado para mim faz tempo, pois sabia que era do meu gosto. Oferece-nos um vinho, aberto ali na hora e consumido rapidamente, pouco antes das despedidas.

ALFINETADA (124)


MEUS TEXTOS NO ALFINETE DE PIRAJUÍ, ÉPOCA DO PICA MAIS NÃO FERE:
De cinco em cinco vou reproduzindo meus antigos textos d'O Alfinete, época do Marcelo Pavanato e mês a mês, aqui alguns mais de dezembro de 2001 e janeiro de 2002:
texto nº 147 - 22/12/2001 - Blim, blom... É Natal!
texto nº 148 - 29/12/2001 - Pânico de final de ano
texto nº 149 - 05/01/2002 - Fraseando de 2001 para 2002
texto nº 150 - 12/01/2002 - Pára-choques de caminhão
texto nº 151 - 19/01/2002 - Vereança de ontem e de hoje
Mês que vem tem mais um bocadinho...

sexta-feira, 25 de julho de 2014

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (83)


MOTORISTA, ME DESCULPE, MAS PRECISAMOS REPENSAR O CARRO
Hoje, dia 25/7 é o Dia do Motorista. Aproveito a data para discutir algo mais sobre o tema. E quando penso em motorista, penso logo na grande merda que foi feita nesse país quando através de um grande lobby o transporte férreo foi sendo desativado pouco a pouco, tudo em prol dos interesses do veículo rodante. A privatização ocorrida no setor (quem foi mesmo nosso algoz?) foi uma das coisas mais danosas que tivemos nas últimas décadas, com prejuízos irreversíveis até hoje. Poderíamos ter hoje um transporte coletivo bem menos caótico para os grandes centros urbanos, mas como o carro, o ônibus e o caminhão foram insuflados, com o passar dos anos, chegamos aos dias atuais e uma espécie de caos pairando no ar. Poderíamos ter um relacionamento mais saudável com o carro e não essa dependência quase total dos dias hoje, quando passou a ser um símbolo de status, quase um símbolo fálico. Quem tem carro tem poder, quem tem poder não anda de coletivo, muito menos de ônibus ou de bicicleta. No Brasil existe uma parcela da população que sente vergonha em ser vista dentro de um coletivo urbano e até mesmo num transporte como o metrô. Enquanto no mundo todo ocorre exatamente o contrário, continuamos remando contra a maré. Até existe vontade política de reverter isso, mas suplantar esse forte lobby não é tarefa das mais fáceis. Poder é o que não falta aos donos dos negócios sobre rodas e a dominar nossas estradas.

Quando penso nas cidades de hoje impossível não rememorar uma charge recente do LAERTE, ótima para demonstrar que enquanto prevalecer a tacanha mentalidade de que o carro é mais importante que tudo, continuaremos regredindo. A charge diz por si, uma das melhores que vi nos últimos tempos, mais do que certeira. Por pura coincidência leio hoje viajando para São Paulo uma matéria jornalística sobre o que ocorre na capital da Finlândia, Helsinque, conseguindo reunir todos os serviços de mobilidade urbana em um único aplicativo. Nada mais do que unir os vários meios de transporte urbano disponíveis na região, reduzindo drasticamente a frota de carros. Incentivar o uso da bicicleta e criar meios de tudo estar interligado e podendo ser utilizado, minimizado o uso do carro. Lindo quando li lá que “o carro não é mais um sonho de consumo para os jovens”. Os de lá, diga-se de passagem. Para os daqui, ainda o contrário. No caso brasileiro impensável algo saudável sem repensar no retorno dos trens, a melhor maneira, a mais barata, rápida e segura de adentrarmos cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Penso e sempre reafirmo isso: se o trem não voltar por bem, voltará obrigatoriamente por mal, pois mais dia menos dia, será impossível adentrar os grandes centros de carro ou ônibus. Nada como o trem. E que me desculpem os motoristas, mas algo precisa ser feito e já, pois o caos imaginado na charge do Laerte não é brincadeira. É coisa mais do que séria.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

OS QUE SOBRARAM e OS QUE FAZEM FALTA (61)



DOIS TEMAS E UM POUCO DA BOA DISCUSSÃO PARA NOS AQUECER NESSE INVERNO DE POUCO DIÁLOGO
1.) O POUPATEMPO E OS CORREIOS ESTÃO NA DESCENDENTE
Primeiro o Poupatempo, unidade criada pelo governo do estado para resolver a maioria dos nossos problemas num só lugar. Ótima idéia, ainda podendo ser pensada dessa forma. Ainda, reafirmo. Pouco a pouco, algo muito estranho acontece por lá. Primeiro o atendimento da EMDURB sai de lá, o DAE também não atende mais naquele local e agora a última, os CORREIOS idem. Pensam que eles ficam pó isso lá? Não. A degradação do local está em passadas mais do que aceleradas. Constatei também que os vagões de trem, aqueles que foram restaurados pelo Governo do Estado e mantidos ali pela Secretaria Municipal de Cultura, em número de três, um continua ativo e sendo utilizado pela lanchonete do local, mas os outros, desde quando a Cultura bateu as botas de lá foram esquecidos. O que era a seção de Copiadora foi lacrado e o outro, onde permaneciam agentes culturais idem, com um agravante. Ali hoje, segundo um segurança me informou é depósito, uma espécie de Almoxarife do Poupatempo e as visitações totalmente inviabilizadas. O que antes era a coqueluche do local, hoje virou mero depósito. Tudo está um tanto desvirtuado por aquelas bandas e a cada dia vejoa Unidade perdendo o verdadeiro sentido. Por que? Queria muito entender.

Por fim, os Correios. De marca nova, diretores engravatados dizendo isso e aquilo do novo momento da instituição. Na verdade a vejo cada dia menos estatal e cada vez mais querendo se tornar uma empresa privada. Um horror isso. A modernidade se faz necessário, pois os novos tempos exigem tudo dentro de um novo dinamismo, mas perder o caráter eminentemente público, para querer competir no mercado, algo danoso para quem precisa dos seus serviços. O fechamento da Unidade do Poupatempo é uma lástima, irreparável e só entendível por aqueles que só enxergam números diante dos olhos, ou melhor, cifras. Tem mais. Ontem fui postar um Sedex na Agência Central, ali na Bandeirantes, cujo atendimento era até às 18h30 naquele lugar e isso desde que me conheço por gente. Isso vai acabar no final dessa semana. Tudo ali vai funcionar somente até às 17h e nada mais. Novamente a tal da competitividade do mercado como justificativa. Para mim, isso poderia ocorrer em qualquer governo, menos dentro de um petista, dito de apoio às causas populares e contrário às privatizações. O serviço está piorando, frentes estão sendo fechadas e portas lacradas. Para mim isso tem nome: futura privatização. Não sendo isso, chamo de incompetência ou desvio de função. Essa nova marca dos Correios chega com uma cara das mais horrendas e se nada for feito, tende a piorar.

2.) TEM GENTE A SOLDO DO TUCANATO ENTRE NÓS – ESPALHADORES DO CAOS
Em época de eleição acontece de tudo. Não devemos nos espantar com mais nada. Eis uma novidade pouco percebida, algo em curso. Pessoas defenderem sua agremiação política pelas redes sociais é uma coisa, muitas fazerem algo dentro de sua linha ideológica outra, mas existem aqueles que se deixam vender e prestam um serviço dos mais sórdidos, promovendo algo do qual querem passar despercebidos. Tudo feito na moita, na mais completa surdina. Explico. Até as pedras do reino mineral sabem que o tucanato joga sujo em época de eleição mantendo verdadeiros grupelhos, meio que secretos com o intuito de ir minando dia após dia o adversário, que no caso deles tem nome e sobrenome, PT. Sim, gente contratada por eles está infiltrada na rede de computadores e ficam diariamente postando coisinhas ofensivas, picuinhas, espalhando boatos, requentando matérias, promovendo o medo, tudo com o intuito de enfraquecer o que, para os tucanos é o grande obstáculo deles chegarem ao poder. São useiros e vezeiros em fazer isso, prática usual de quem joga muito sujo em matéria de política. Um staff oculto, regiamente pago para difamar, plantar abobrinhas.

E esses recebem farto material das várias frentes tucanas de malversação e postam uma coisinha atrás da outra, algumas com tom irônico, outras com tom mais sério, tudo com o mesmo intuito. Tentam até se passar por engraçadinhos. O foco é só o PT, como sendo o maior mal do país, o grande câncer a ser extirpado, nem que seja a fórceps. Para não pegar muito mal, em alguns poucos (pouquíssimos, diria) momentos, emitem também alguma coisinha sobre o próprio patrão que lhes paga o soldo (sujo, por sinal), tudo para parecerem isentos e continuarem a ladainha pela qual foram contratados. Esses ficam o dia todo, ação quase ininterrupta (não sei nem se dormem), martelando o mesmo assunto. Tornam-se chatos de galocha e são as do tipo que fazem tudo por dinheiro.

Sim, existem muitos desses entre nós. A rede montada espalhou gente disposta a fazer o serviço sujo (sempre existirão esses) por tudo quanto é canto. Conheço a grande maioria dos que postam algo favorável ao outro lado, no caso o PT e acredito que, pelo menos aqui pelas imediações não exista ninguém remunerado. Já do lado dos que defendem os tucanos, procure como eu dar uma analisada assim por cima no perfil dos que estão escrevendo diuturnamente contra o PT. Quem são esses caras? O que querem? O que fazem de suas vidas? De onde vieram? A conclusão é das mais simples. A rede tucana, muito conhecida nacionalmente pelo baú de maldades que despeja diariamente na rede de computadores possui seus tentáculos também aqui na nossa aldeia. Nada contra críticas serem feitas a esse ou aquele candidato (todos o são do pau oco), mas desconfie daquele que só critica o adversário e quase nada diz do seu. Quando isso ocorrer, pode ter certeza, que tem gato nessa tuba.

Esse, com absoluta certeza, não é um emprego comum, algo dito normal. O cara fica lá de sua casa, dentro do conforto do seu lar, recebe orientação via internet e despeja (ou melhor, puxa a descarga) para seus ditos amigos uma carga pesada de deformações (bem distante de algo próximo de uma séria informação), motivada pelo dinheirinho que lhe entra na conta bancária. Antigamente dizia-se existirem os a “Soldo de Moscou”, para designar os detratores da insanidade capitalista e hoje, algo mais sério, pois já está comprovado existirem os a soldo do Neoliberalismo Bruxuleante Tucano. Leiam essa matéria para entender melhor o que vos escrevo, A FACEBOOK GUERRA ELEITORAL e depois me contem se não tenho razão:http://www.cartacapital.com.br/revista/801/a-artilharia-politica-no-facebook-4520.html. Eles pensam que nós todos somos todos panacas e não estamos sacando qual a deles...

quarta-feira, 23 de julho de 2014

BAURU POR AÍ (101)


EM ANDAMENTO LICITAÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO DE BAURU
Eis um assunto pouco abordado pela mídia local, o transporte coletivo bauruense. São três as empresas concessionárias, contratos prorrogados e em andamento o início de uma licitação (ufa!) para abertura de propostas para novas empresas atuarem no setor. Será isso possível? Mas como é feito hoje? Roque Ferreira, vereador do PT, postou isso dias atrás, bem elucidativo sobre a atual situação. Em poucas linhas disse mais do que havia lido, visto e ouvido por aí: “São três empresas: Baurutrans, Grande Bauru e Cidade Sem Limites, todas do Grupo Constantino. Estas empresas criaram uma associação denominada TRANSURB, que acaba sendo percebida pela população como uma empresa pública”. Dias atrás o Portal Participi repostou uma pequena fala minha sobre o tema, podendo ser vista a seguir: https://www.facebook.com/photo.php?v=320140241478627&set=vb.271430986349553&type=2&theater.
Fora a minha atávica gagueira, a mensagem foi passada e o mesmo Roque me deu um toque noutro comentário: “ Henrique, a grande mídia de "Bauru" entende toda a situação mas não fará o que você sugere, pois a TRANSURB é uma grande investidora em publicidade e patrocínios dos meios de comunicação em Bauru”. Taí outro grande problema, não só daqui, mas de tantos outros lugares: Como alguém investindo tanto em publicidade pode ter isenção dos meios de comunicação onde saem sua publicidade?

O que vira pela frente é assunto polêmico e cheio de muitas nuances. Triste ver Roque um tanto isolado lá na Câmara, com sua lança ao bom e valoroso estilo quixotesco, tentando sensibilizar os demais vereadores para promoveram algo em conjunto contra um explícito monopólio. Pelo que sei não está conseguindo arregimentar ninguém por lá, mas sim aqui do lado de fora.
Dando uma sacudida na memória, ontem vejo meu também dileto amigo Duílio Duka repostar no facebook algumas intervenções populares ocorridas na cidade quando de reajustes de tarifas e algo mais envolvendo as concessões do transporte coletivo. Vejam isso: “Manifestação Contra o Aumento da Tarifa de ônibus em Bauru (1998) - O Prefeito Antonio Izzo Filho queria elevar a tarifa de ônibus acima, muito acima da inflação e do suportável. O povo organizado (sindicatos, associações, grêmios e outras entidades estudantis, partidos políticos, e outros movimentos da cidade e do campo) foi pra rua e EXIGIU a revogação do prefeito. Resultado: esse #povoorganizado venceu. E no final ainda, o prefeito foi cassado”. Assistam um vídeo feito na época: https://www.facebook.com/photo.php?v=10201509953293488&set=vb.1316215383&type=2&theater. Foi aí que Duka levou uma cacetada na cabeça de um policial. Duílio postou mais uma imagem das lutas de décadas atrás nas ruas: www.facebook.com/photo.php?v=10201509535643047&set=vb.1316215383&type=2&theater.

As coisas parecem um tanto emboladas, o aumento da tarifa começando a ser discutido e a abertura da licitação para as concessões. Tudo é algo onde precisa existir uma maior participação popular, ou seja, do grande interessado na questão. As postagens do Duílio são ótimas para compararmos com os tempos atuais, quando a participação parece ter diminuído. Ano passado algo sui generis, com o povão nas ruas, manifestações de outra natureza, mas tudo meio que estagnado. O povo mesmo nas ruas lutando por seus direitos, exigir isso dos seus representantes é algo cada vez mais raro. Tenho comigo que, primeiro devemos estar atentos para que não ocorra isso da continuidade do monopólio na cidade, algo danoso, com dificuldade de negociação. Não permitir isso é uma coisa e outra e acompanhar com o devido cuidado o que venha a ser de fato essas planilhas de custos, pouco esclarecedoras para os aumentos de tarifa propostos. Esse é um tema que não deve sair da pauta do dia nas próximas horas, dias e no ano. Atenção redobrada e sempre pronta para uma rápida intervenção, posicionamento contundente contra os que vilipendiam com o dia a dia do povo. Vamos deixar o sinal de alerta ligados ou vamos relaxar e deixar que tudo ocorra sem darmos sequer um pio?

terça-feira, 22 de julho de 2014

UM DICA (124)


ALGUMA COISINHA DO LANÇAMENTO DOS LIVROS DO ROBERTO MAGALHÃES
Segunda a noite, frio lá fora, muita coisa acontecendo intramuros e uma turma não muito da pesada promove festança pantagruélica num bar da cidade, o Jeribá, aberto especialmente para o evento momístico do lançamento de um livro, ou melhor de dois, do professor de redação, músico, conferencista, enfim, um bom sujeito, o ROBERTO MAGALHÃES, que além de tocar tambor (timba, corrijo), fala muito bem e escreve com a mesma sapiência. Outro dia o ouvi na rádio Auri-Verde dando uma entrevista sobre sua vida profissional e musical e agora, ele mesmo me convida para saracotear ao seu lado no lançamento de suas novas crias, o SATANÁS, livro de pequenas crônicas e A ARTE DA ORATÓRIA, com técnicas para falar bem em público (muito últil para mim). Fazer o Jeribá abrir numa noite de segunda é coisa que ele deve ter aliciado seus proprietários com um vil metal pra lá de contundente. Mais que isso, levou junto dele dois músicos inseparáveis no palco (e na vida a dois), Issac Ferraz e Luana Cortez. Logo na segunda ter orgasmos sensoriais, sem qualquer tipo de manuseio, só ouvindo eles cantarem algo da lavra de um João Bosco é pra lá de salutar. Eu me melo todo ouvindo esses dois, só com a força do pensamento.

Depois a festa. Roberto lá numa mesinha cercado de amigos por todos os lados. Gente aos borbotões, mesas cheias e aquele clima instalado de bom bate papo, conversas mais do que fiadas, pouco sérias, reencontro varonis, risos aqui e acolá. Somos todos muito chamegados, requisitados Roberto só não declamou em público porque não souberam exigir isso dele. Ele não se cansa de dizer que guarda a timba no porta malas do carro, pois era só fazer tocá-la, nem que fosse a forceps. O melhor da noite, além do próprio Roberto, foram o casal (sic) Leonardo de Brito e Sinuhê Preto, ambos acocorados no balcão dos fundos e apregoando algo pelo qual quero começar a tentar fazer uso a partir de agora: “Esse negócio de lançar livro na segunda é uma boa, pois é mais um motivo para virmos ao bar sozinhos. Agora num dia em que não havia desculpa nenhuma que convencesse a cara metade a nos deixar sair do conforto do lar”. Pronto, mais uma para nosso rol de infalíveis desculpas barzisticas, devidamente incorporada. Daqui por diante digo lá em casa nas próximas segundas: “Vou no lançamento do livro, coisa só de macho”. Apanho na volta, mas tudo bem, faz parte do negócio uns cascudos.

Falei com quase todo mundo, pelo menos os conhecidos e cito somente alguns, pois a memória está um tanto ruim e não estou mais em condições de lembrar o nome de todos. Ultimamente ando com um papelzinho no bolso e anotando os nomes de quem encontro, pois já na virada da curva da primeira esquina esqueço. Acho que ando um tanto alzaiermado e nem estou me dando conta. Pois bem, falemos primeiro de uma mestra na acepção da palavra, a professora Mariza Bianconcini (parabéns Roberto por ter conseguido tirá-la do seu protegido bunker). Ela me foi apresentada (já a conhecia, mas adoro reapresentações) pela também divinal professora Vera Tamião, toda pimpona e linda ao lado do só seu Valdir. Falamos do seu texto sobre a interpretação comunista da bíblia (já escrevi disso no mafuá) e como já esqueci tudo (o alzaiermismo de novo), Vera ficou de me enviar os textos da amiga. “Muitos me acham a mais comunista de todos”, me diz Mariza, rindo e falante como todos devemos ser em convescotes dessa natureza. Até os comunistas riem, fico sabendo e me conforto: Ufa!

Numa outra mesa, Nino, o baterista de Jaú e do mundo, sócio do Roberto nas escolas de redação mundo afora apartava até os músicos no meio das apresentações, impaciente que é e querendo cantarolar, botar os bofes pra fora. Nino não se segura nas calças, nunca, não consegue e acredito nem tente. Estávamos brigadinhos, mas me abraçou e disse assim em alto e bom som, provocando frisson em quem ouviu tal declaração: “eu te amo”. Eu não o beijei na boca ali no meio de todo mundo, porque alguns poderiam querer fotografar e colocar a foto hoje no facebook. Quase no final da noite, ele e Giovani, o cantor lírico dos Altos da Cidade, duetaram (não confunda com duelaram, viu!) à capela duas canções e presenciei algo inesquecível. Nino perde o amigo, mas não a piada. Ao acabar de cantar uma, alguém veio na roda e disse: “Que lindo, isso é Johnny Mathis”. Nino ficou sério na hora e soltou isso como se fosse um forte pum: “Não, não se metas nisso”, nesses improvisos cheios de aguda picardia versando com o nome do cantor. A cantoria continuou para dissipar algo no ar.

Ocorreu tudo muito certinho (perigoso quando tudo dá tão certo nesse lugares). Pagamos nossas contas e como bons meninos e meninas por volta das 23h, revolucionariamente todos se dirigiram para suas casas, com decibéis acima da potência da caixa de ressonância permitida pela idade dos presentes. Para os que achavam que não comentaria nada sobre os livros do Roberto, o faço agora. Deixei-os devidamente guardadinhos ontem à noite ao lado do lugar onde mais adoro ler pela manhã, o vaso sanitário. Explico. Acordei 6h da manhã, estômago meio que estrebuchando (muito queijo na noite passada) e vou fazer algo do qual não abro mão pelas manhãs, o da leitura no trono dentro do banheiro onde vivo. Sentadinho ali, li os três primeiros contos do livro Satánas e aqui registro algo já grifado e do qual comungo e confesso padecer do mesmo percalço: “Sempre achei que relógio deveria ser apenas um relógio, um marcador de horas, nada mais. Acredito que um dos grandes males da humanidade é colocar nas coisas funções que delas não deveria ser. Veja-se, por exemplo, o telefone celular: grava imagens, arquiva músicas, disponibiliza internet, funciona como cartão de crédito, garante orientação espacial, tira fotografias e, além de tudo isso, serve para telefonar. Por que as coisas não podem ser só o que realmente são?”. Lindo, não? Amanhã continuo com mais três e de três em três leio tudo rapidinho e meu intestino funciona maravilhosamente. Adoro livros e revistas e jornais que fazem meu intestino funcionar, daí já gosto deles de cara.

No mais e para encerrar, falo de uma fixação do professor Roberto, percebida já nos três primeiros contos. Ele, assim como eu, adora colocar a culpa de tudo na sua esposa. Deve ser espezinhado por ela e devolve o troco nos escritos, em forma de poética escrita. Elas nos cobram demais, nos fazem de gato e sapato, nos ridicularizam até não mais poder, mas não vivemos sem elas. E daí brincamos com ela, nos dizendo eternos perseguidos. Confesso fazer o mesmo. Dito isso, vou para a parte final. Já em casa, ou seja, no escritório junto da casa do meu pai, trago comigo os livros e os coloco em cima da mesa. A digníssima e prestativa senhora (não tão senhora assim) que cuida de mim e do meu pai durante todo o dia (dois bons velhinhos, borrões e borrados) ao fazer a limpeza, toda pimpona se aproxima do mafuá com o espanador em punho e leva um susto. Sai às pressas do recinto e vou reconfortá-la na cozinha: "O que foi, mulher? Viu o bicho por acaso?”. Sua resposta é ótima para começar o dia com chave de ouro: “Me recuso a passar o espanador em cima daquele treco que o senhor tem em cima da mesa com o nome do demo. O senhor lê coisa assim? Não tem medo de atiçar o danado?”. É o livrinho do Roberto já me causando embaraços no primeiro dia da estadia no novo lar.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (285, 286 e 287) E NO PORTAL PARTICIPI (06, 07 e 08)


PROSOPOPÉIA TERMOSTÁTICATexto publico no Bom Dia Bauru de 19/07/2014 e no Participi em 21/07/2014

Clodoaldo Meneghello Cardoso é professor aposentado da Unesp Bauru e um dos coordenadores da versão local da Comissão da Verdade. O reencontro no velório (como revemos pessoas queridas nesses lugares) da Juvelina Truijo, esposa do advogado Gilberto Truijo. Numa roda de conversa o instigo sobre como hoje em dia as reações estão um tanto intempestivas pelas redes sociais e até nos diálogos com alguns velhos conhecidos. Cada vez mais difícil e respostas bruscas, frias, diretas, grosseiras, sem reflexão, representando mais um sentimento latente de ódio de classe do que algo compreensível como solução para nossos atávicos problemas. Primeiro uma observação bem sensata. “Observe que esse procedimento não parte da classe mais alta, daqueles com maior poder aquisitivo, nem da mais baixa e sim, de uma classe média, parcela com algum poder de fogo, uma que investiu muito e hoje está penando para manter o status buscado. Enxergam os males nos que nos governam, sem nenhuma reflexão”, me diz. Concordei e na continuidade falávamos sobre os diálogos e as respostas, como continuar um diálogo saudável, dentro de parâmetros mínimos de respeito mútuo. Ele me deu a saída mais sensata para essas situações: “Sabe como faço? Simplesmente dou uma resposta cheia de palavras difíceis, as mais rebuscadas que encontro no meu vocabulário, dessas que não tem nem como responder. Nem eu, nem o interlocutor entenderá nada. Diante de uma agressão e insensatez salto, por exemplo, algo assim: ”Isso é reflexo compulsivo da intermediação irrefletida dos contatos esporádicos entre desiguais”. Pronto, tem como alguém responder algo assim? Difícil, né? Ótima idéia, prontamente aceita e acatada. Passo a fazer o mesmo e para aqueles diálogos onde um quer me mostrar que o seu lado é menos corrupto que o que defendo, que o seu santo é menos pau oco do que o meu, de que o neoliberalismo é mesmo a salvação da lavoura e diante dos ventríloquos, incapazes de refletir sobre o que diz, estou preparando respostas do tipo:

1 - Tratam-se, sem sombras de dúvidas, de transubstanciamento direto e agudo do miocárdio das massas, tudo refletido no parnasianismo caótico elevado à sua máxima potência.
2 – Entendível quando compactado na justaposição entre antagônicos lados e na exposição seguida provoca esses lamentáveis interegnos lacôniais.
3 – Corroboro com salutar definição, irrefutável diante da prosopopéia digladiante do transubstancial parlapatanismo reinante na veia pulsante dos tempos atuais.
4 – Ainda mais porque o antagonismo vociferante de alas metamorfosicamente pontiagudas está causando um alargamento do tecido social e restringindo o pensamento analógico.
5 – Sabiás e impactantes degringolações mentais, bem propícias desse momento altamente cheio de interregnos e malversações, recheadas de distúrbios meritórios e altamente rarefeitos.

Usem qualquer uma a vontade. É a forma de por para correr os chatos de plantão, cagadores de regra e vetustos defensores da crueldade do ter sobre o ser, do capital sobre o social e assim por diante. E o assunto estará encerrado.

PAULISTAS E O MOVIMENTO DE 32texto publicado no Bom Dia Bauru de 12/07/2014 e no Participei em 14/07/2014

Dia 09/07 tivemos mais um feriado, esse ano caindo numa quarta, para júbilo de muitos. Serviu para amainar a ressaca do dia seguinte, o do fatídico 7 x 1. O feriado é paulista e reverencia a fracassada empreitada de uma “revolução constitucionalista”. Terá sido isso mesmo? O que pouco se pergunta é que conseqüência teria essa vitória paulista? Quem estaria por trás do movimento, quais interesses e se teria sido mesmo o anseio por uma nova Constituição o fator que levou milhares de pessoas a darem suas vidas nas trincheiras paulistas? Quando a data se aproxima surgem muitos exaltando algo patriótico no feito dos paulistas pegarem em armas e defenderem uma provável separação do resto do país. Leio que entendemos pouco do movimento. Verdade. Considero puro o sentimento, o patriotismo dos remanescentes que dela participaram. Entendiam uma coisa e talvez lutassem por interesses outros, desconhecidos e ocultos. O movimento precisa ser entendido observando-se quem nos comandava. Fazendo isso, tenho certeza que aquilo foi pura sacanagem dos paulistas, que anos depois criariam a UDN e trazia em seu bojo interesses separatistas. A historiografia atual segue essa linha, mais convincente. Aquela luta e a separação interessavam a quem? Ao povo? Certeza que não. À sua elite, certeza que sim. O que os mandarins da política paulista queriam era devolver ao estado o seu lugar, que eles acreditavam perdido, no comando dos rumos políticos da nação, cujas aspirações foram frustradas com a revolução de 1930. Os do embrião da UDN pensavam só existir dois caminhos, a hegemonia ou a separação. Insuflaram as massas para uma guerra constitucionalista, quando o que queriam era a independência separatista. Sem entender de fato as entrelinhas compra-se muito gato por lebre em nossas lutas. Pouca coisa mudou de ontem para hoje. Uma casta paulista ainda tenta passar um sentimento de excepcionalidade, de que é a locomotiva na nação e assim merecedora de privilégios. Com frieza, constato ser São Paulo o estado menos integrado à federação. O mais distante, cheio de pompa e se deixarem, impondo uma hegemonia meio que na marra, na força bruta. E uma casta política, por longos mais de 20 anos tenta perpetuar aqui algo perigoso, um cabresto político, antes impingido ao Nordeste. A UDN hoje possui outro nome e ele tem uma carinha bem paulista.

SE O VIADUTO CAIU, SÓ PODE SER COISA DA DILMA texto publicado no Bom Dia Bauru de 05/07/2014 e no Participi em 07/07/2014

O viaduto caiu lá em Belo Horizonte. Pelo facebook, mesmo sem detalhes serem divulgados vi gente decretando que a culpa era de dona Dilma. Será mesmo? Incrédulo, fui verificar. Perá lá! Caiu e estava sob a responsabilidade da Prefeitura da cidade, depois do Governo Estadual, nenhum com vinculação dilmista. Pelo que sei, a verba foi Federal, essa sim do Governo de dona Dilma, mas a responsabilidade pela contratação da empreiteira foi dos outros dois, de outra constituição partidária. Uma tragédia não pode ser analisada assim dessa forma, como vejo sendo feita nos tempos atuais. Leio que o empreiteiro havia sido notificado, conseguiu reverter o embargo da obra (Como? Com quem? Onde?) e ela continuou. Esses interesses é que estão cada vez mais pondo o país a perder. Sempre o interesse financeiro se sobrepondo a qualquer outro. O dinheiro verga tudo e todos que querem fazer a coisa certa. Isso precisa ter fim e existe em todos os governos. Não existe como culpabilizar só um dos lados da questão. Nesse e em tantos outros casos algo bem evidente. Quem já foi apontando o dedão sujo para o lado de dona Dilma são os mesmos que a vaiaram no Itaquerão. Representam esse ódio pairando no ar, crescente e assustando o país num todo. Quem está julgando e vaiando dessa forma insensata está movido por interesses que não são os do fim da corrupção, o do encaminhamento do país para cada vez mais seguir trilha de melhorias. A burguesia brasileira tem seus interesses e esses não são os do povão, o da massa. Saiba que esses sempre tentarão incutir que o que eles querem para o país é o que todos devem pensar e agir como eles. Não compre gato por lebre.
A burguesia é uma composição construída com uma argamassa contendo muita arrogância, prepotência e verve reacionária. Esses apostaram no desastre e fracasso da Copa e se deram mal. Contribuíram na divulgação mundo afora de um país, exatamente o oposto do que os estrangeiros aqui encontraram (e se maravilharam). Criticar é uma coisa, fazer o jogo que não é seu é outro. Agora mesmo estou no pé dessa empreiteira que fez tudo errado no caso do viaduto, primeiro ela, depois chegaremos um a um nos verdadeiros culpados. Nada precipitado, sem cuspir ódio em cada novo pronunciamento.