sexta-feira, 31 de março de 2017

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (101)


PEIXE MORRE PELA BOCA
Esse ditado popular cai como uma luva para situação prestes a ocorrer em Bauru. Ainda em campanha eleitoral, o atual prefeito de Bauru, Clodoaldo Gazzetta fez promessas (Todos o fazem? Normal isso? Corriqueiro?), feitas assim ao léu e depois, no frigir dos ovos, na hora do omelete ser de fato oferecido para consumo, pouca coisa sendo concretizada, ou seja, sabor de discutível sabor degustativo. Palavras ditas ao sabor do arrefecimento da contenda eleitoral, onde um quer demonstrar ter um programa mais palatável ao interesse popular que osa demais. Daí, promessas são feitas, ampliadas e espalhadas ao sabor do vento. Na hora de coloca-las em prática, ou mesmo tentar viabilizar o que foi dito, eis o problema. Guardião, o super-herói bauruense (criação do artista Leandro Gonçález e com pitacos escrevinhatórios deste mafuento HPA), relembra o fato e começa tudo fazendo uso do dito popular citado no título deste texto.

“Falou, foi gravado, disse fazer parte de um tal de programa de Governo, agora quando ocorrem as cobranças, nada mais normal, natural, assim como dois e dois são cinco. Primeiro disse que seu primeiro ato de Governo seria estender o passe idoso para usuários com 60 anos (hoje 65 anos). Está se debatendo demais da conta para não desagradar apoiadores de campanha, donos das tais empresas de ônibus e o projeto vai sendo refeito a cada nova apresentação à Câmara. Se quisesse mesmo já teria dado um jeito de incentivar votação em projeto já existente e tramitando por lá, mas não o fez, não o fará e daí, o que seria o primeiro ato do Governo, já virou motivo piada. Empurraram para debaixo do tapete. Mesmo se um dia vier a ser aprovado, com cortes e retaliações, de primeiro ato, poderá ostentar o patamar de 167°, ou pela aí, no hall das aprovações”, começa a relembrando fatos concretos.

Tem mais, muito mais. “O fato mais lamentável foi estabelecer um prazo para deixar a cidade nos trinques, situação de Primeiro Mundo, os tais dos primeiros 100 dias de atuação. A ficha do prefeito deve ter caído e o mais recomendável, seria ele pedir uma prorrogação do prazo junto aos seus eleitores, pois com cem não deu para fazer o que queria, está travado e mesmo com uma Câmara de Vereadores praticamente sem opositores, peca e está embaraçado no meio de turbilhão de desarranjos a lhe minar o sossego. Montou uma composição administrativa bem abrangente e para atender a tantos interesses, patina e faz água. Sou favorável a que ele apele junto aos eleitores, numa plenária em praça pública e ali, resignadamente clame por uma amigável prorrogação, para no mínimo 365 dias neste prazo, pois, me digam, o que mudou de fato da Bauru que tínhamos para a Bauru que temos? Sim, mudou, agora temos três coronéis coronelando tudo”, continua seu relato nosso intrépido Guardião.

Finaliza com algo do arco da velha. “Sim, eu na qualidade de super-herói, enxergando tudo numa situação privilegiada, queria muito morder a língua, ser obrigado a fazer um público Mea Culpa e até mesmo, voltar atrás e reconhecer algo novo, dentro do espírito idealizado e sonhado na Proposta Eleitoral (não seria eleitoreira?). Viria à público, sem nenhum problema e afirmaria em alto e bom som ter o prefeito transformado essa cidade ‘sem limites”, em limitado lugar e com tudo em cima. Diante da primeira pressão e demonstração dos vereadores, quando já lhe enviaram uma cifrada mensagem sobre a decisão do prefeito sobre o projeto das festas clandestinas, não deixando margem para decidir de outra maneira que não a de referendar a decisão dos nobres edis, vejo, desde já ele amarradinho, uns nos outros em algo que deve ser o padrão do atual Governo. Queria estar errado, mas diante da nova composição política sendo consolidada, prevejo que nem se multiplicasse os quatro anos de seu Governo, ou seja, 365 x 4 = 1460 dias, ele não conseguirá realizar o que propôs. Daí, diante de tudo, proponho algo a ele em caráter propositivo: Por favor, sr prefeito, me faça queimar a língua. Estou louco para me retratar. O sr me ajuda?”.

E assim, Guardião, sempre munido de muita esperança, retoma suas atividades pela cidade e sugere a postergação do prazo para ingresso de Bauru no paraíso. Pelo que afirma em sua fala na manhã de hoje, infelizmente, ainda não foi desta vez e dia 10 de abril, quando se completará o centésimo dia de Gazzetta no assento prefeitável lá no terceiro andar do Palácio das Cerejeiras, esperanças deverão ser renovadas. Recomenda-se solicitar ajuda aos santos, mas não os do pau oco.

OBS.: Surge um burburinho cidade afora que teremos até uma Festa Clandestina ocorrendo em lugar incerto e não sabido para celebrar a passagem do 100º dia. Será possível?

quinta-feira, 30 de março de 2017

CARTAS (172)


JÁ QUE INVIABILIZARAM MINHA TRANQUILA VELHICE...*

* Carta de minha lavra e responsabilidade enviada dia desses ao Jornal da Cidade com solicitação de publicação na Tribuna do Leitor. Imaginei que hoje saísse essa, mas preferiram a reverenciando o trabalho do fotógrafo Guedes (clique aqui para sua leitura: http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=247532), publicada dias atrás via facebook. Se não deu para sair hoje na via impressa, sai aqui pela via virtual, mas lá, acredito ainda saia dia desses. Boas leituras:

"Michel Temer foi vice de Dilma por duas vezes e esteve contido. Era, como ele mesmo se fez entender, peça meramente expositiva. Existia, mas ninguém lhe dava a devida importância. O PMDB, esse partido fiel da balança nessa tal de ‘governabilidade’ sempre fez uso de seu volume para impor condições. Umas vezes mais, outras menos. Até o exato momento em que, os tais “donos do poder” perceberam que, pelas vias normais não conseguiriam arredar do poder dona Dilma. Deram o golpe, invencionaram algo, construído numa trama mais que sórdida e a defenestraram do poder.


Assumiram, pouco se importando com a forma. Vale tudo legalizado. E o vice foi alçado a algo nunca dantes por ele imaginado. Agora instrumento nas mãos dos que o seduziram, faz o jogo mais que sujo, o de inviabilizar o país como nação soberana, repassar tudo a preço de banana para grandes grupos internacionais e colocar em prática o que sempre esteve na mente da elite brasileira desde sempre, bufunfar sem escrúpulos. Pagamos o pato, digo, nós, o povo. Temer, agora mais manipulado do que nunca, ficou inflamado com o exercício do poder e fez algo até então impraticável, o desmonte de tudo. Bom menino, sempre marionete.

País quase na bancarrota, alguns setores insistem em manchetear que, “o pior já passou”. Parecem não sacar que, os malfeitos de hoje terão reflexos ad eternum para a imensa massa e melhorar mesmo, somente para o 1%, gente conhecida de tudo e todos pela perversidade. Pioramos a olhos vistos, regredimos, andamos de marcha a ré e nada disto parece sensibilizar seus propositores, conduzindo a nação mais e mais ao abismo, atoleiro sem volta. O golpe de hoje, o retrocesso sendo construído ato após ato é imensamente mais danoso do que o produzido em 1964. Funbecaram com o país e ainda possuem o disparate de culpabilizar seus antecessores. Santos do pau oco.

Em alguns momentos fico a matutar: como alguém como esse Temer, professor de Direito, consegue jogar sua história desta forma sórdida e na lata do lixo? Uns me dizem ao pé do ouvido: “Ele sempre foi assim, estava só contido pelas contingências do momento. Agora soltou as amarras”. Sim, eles e todos esses neoliberais, insensíveis, destruindo as leis que nos regem, despolizando tudo, tornando a vida mais fácil para eles, os que apostam que o pior já passou, pois para esses pouco importa a massa, mas sim, os interesses de uns poucos. Como prefiro continuar pensando e agindo não em algo para mim, mas para tudo e todos ao meu lado, coletivamente, vejo que, na beirada dos 57 anos, estarei propenso a recomeçar. Mesmo sem as forças de antanho, esgrimarei com as que me restam, tudo pela causa de reconquistar o que insanos estão leiloando num diabólico festim.

Como já sei, não terei uma velhice tranquila, diante disso, o mínimo é continuar sendo, mais e mais, uma pedra no sapato dos que danaram com nossos sonhos de viver num país soberano. Assumo desde já o papel de velhinho chato, cricri, safado, impertinente, inquieto e provocador. Mais e mais só me resta a arma de gritar bem alto contra as iniquidades sendo cometidas pelos que nos salvariam (só os incautos caíram nessa), mas na verdade, nos enfiaram num mar de perdição, caminho quase sem volta. Estou com a espada desembaiada e pronto para cuspir fogo. Que ao menos possa morrer com dignidade, enfurnado na boa luta, sem me vender a essa bestialidade dos que se ajoelham para o deus dinheiro e as leis do mercado. Viver na contramão é a saída. Dela não saio mais."

quarta-feira, 29 de março de 2017

ALFINETADA (154)


TEXTOS DO HPA PUBLICADOS N'O ALFINETE DE PIRAJUÍ – MAIO/JUNHO 2005
Continuo disponibilizando uma vez por mês meus antigos textos que o Alfinete, semanário de Pirajuí, publicou durante aproximadamente dez anos. Hoje mais uma batelada deles:

Edição 322 – nº 247 – Resquícios da Ditadura Militar – 07.05.2005

Edição 323 – nº 248 – Drops 9: Histórias realmente acontecidas – 14.05.2005

Edição 324 –nº 249 – Distinta plateia: O circo precisa de nós – 21.05.2005

Edição 325 – nº 250 – Governar é... – 28.05.2005

Edição 326 – nº 251 – Tinha uma planta no meio do caminho – 04.06.2005

Edição 327 – nº 252 – Vocês conhecem o do Pujol francês? – 11.06.2005

Edição 328 – nº 243 – A classe média morreu! Viva a classe média! – 18.06.2005

terça-feira, 28 de março de 2017

FRASES DE UM LIVRO LIDO (112)


LIVRO DE CABECEIRA: FAUSTO WOLFF EM DROPS, PEQUENAS DOSES DIÁRIAS – MELHOREI DO DELIRIUM TREMENS
       texto dedicado ao economista Reinaldo Cafeo

Tenho um livro ao lado da cabeceira da cama (todos deveriam ter um) e o leio aos poucos, em doses homeopáticas, ou seja, um bocadinho por dia, drops após drops, sem nenhuma pressa. Escolhi a dedo um belo catatau de um jornalista pelo qual tenho saudáveis recordações, FAUSTO WOLFF. Já escrevi muito dele e para quem se interessar, cliquem aqui e leiam algo mais: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=fausto+wolff. Essa história vivida tendo Fausto como o do outro lado da linha (trocavámos e-mails pouco antes de sua morte) para mim é por demais dolorosa. Tenho muitos livros dele aqui no mafuá e um deles, o tal catatau, “A MILÉSIMA SEGUNDA NOITE” (ED. Bertrand Brasil RJ, 2005, 742 págs), foi todo construído com pequenas histórias, 1001 (mil e uma) para ser mais preciso, aqui reunidas e por mim escolhido para permanecer ao lado do meu berço sepulcral. Ao deitar ou acordar, puxo para perto dos olhos e leio uma história, daí levanto ou deito e até sonho com o que leio. Escolhi uma, a que li na noite passada, de nº 94, talvez já conhecida por muitos, mas sempre ótima de ser lembrada, relembrada e relida, ainda mais diante desses sempre crendo (cada crença doida, meu!) que o dinheiro move tudo. Vamos a ela:

“Esta história que me contou foi R. Traven, um grande artista e um melhor ser humano, pois, em verdade, ninguém sabe quem foi ele, exceto eu. No princípio do século XX, um turista americano que visitava as florestas mexicanas dispersou-se do grupo e acabou encontrando uma tribo de índios que tivera pouquíssimo contato com os bárbaros europeus. Entre os índios, o turista descobriu um que era exímio artesão. Fazia cestos maravilhosos, dignos de figurar em qualquer museu artístico do mundo. Algo realmente de uma beleza inenarrável, como triste alegria de um pôr-do-sol ou uma gota de orvalho refletindo o mundo. O turista comprou o cestinho por um peso e os índios o reconduziram até sua caravana. Em Nova York a peça artesanal foi tão elogiada que o homem decidiu voltar à aldeia indígena mexicana e iniciar uma produção em larga escala. Dirigiu-se ao velho artesão e perguntou-lhe quanto custava um cesto:

- Um peso.

- E dois?

-Três pesos.

O homem não entendeu a lógica e continuou:

- E cinco?

- Cinquenta pesos.

Pois mais que o gringo tentasse explicar-lhe que o preço deveria diminuir à medida que a produção aumentava, não conseguiu fazer o índio mudar de ideia. Finalmente, o cesteiro lhe disse:

- Se eu vender um cesto por dia a um peso, ainda tenho tempo para me divertir, tomar mescal, pescar e fazer amor. Se vender dois, será mais difícil, se vender três, terei uma vida triste; e se vender cinco, não terei tempo para mais nada.

- Mas você pode fazer os outros trabalharem por você.

- Estás louco, gringo? Eles me matam!

O turista começou a gritar, vociferar, ameaçar, tremer, babar, a fazer tal escândalo que tiveram que prendê-lo na esperança de que se acalmasse. Como não se acalmou, deram-lhe tanta mescalina que ele enlouqueceu. Acabou morrendo entre os nativos como o ‘bobo da aldeia’. Mais tarde outros americanos, como vocês bem sabem, apareceram por lá e, debaixo de pau, acabaram por convencer os índios que o capitalismo não é uma loucura”.


Essa, uma das milésimas e uma histórias (com H mesmo), uma mais saborosa que a outra. Recomendo, até para amenizar o deliriuns tremens. Meu médico afirma ter este insano paciente melhorado muito após medicado com doses seguidas de Fausto Wolff. Recomendo o mesmo para tudo, todas e todos.

Em tempo: O livro eu não empresto, pois dele faço uso diário. Tentem na Estante Virtual, Banca do Carioca, Submarino, Jalovi ou, até mesmo, nas ditas boas casas do ramo (poucas, muito poucas hoje em dia). Não o encontrando, passem aqui, me visitem e façam uso desse eficiente medicamento aqui nas acomodações mafuentas nas barracas do rio Bauru.

segunda-feira, 27 de março de 2017

UM LUGAR POR AÍ (93)


O RANCHO NA SERRA E A DESCULPA DE REVERMOS O AMIGO – QUERÍAMOS MESMO É BATER PERNA
Se Bauru é uma cidade enfadonha como muitos dos meus amigos gostam de apregoar, a saída é somente essa: de vez em quando bater asas em busca de algo mais palatável. Uma cidade só é totalmente chata quando não estamos enturmados e rodeados de gente que faz e acontece. Ver o bonde passar e nada fazer, nem ao menos tentar pegá-lo (em andamento melhor ainda) é para os que se acomodaram na vida. Eu não me canso de dizer não acreditar em outra vida e assim sendo, se está ruim e diante da imensa possibilidade de não existir outra, por que não melhorar essa mesma. Eu faço isso a cada instante. Sou um provocador, instigador de diante disto tudo, propostas e mais propostas vão surgindo de minha cachola para transformar esse nosso dia a dia em algo, ao menos mais suportável.

Tenho acompanhado as postagens do amigo Reginaldo Tech, um professor que após se cansar de Bauru, acabou por conhecer algo novo em sua vida: um novo amor, desses arrebatadores e propiciando ao sujeito ir por aí em busca de conhecer novos ares. Quer coisa melhor do que, diante de sucessivos batidas de cabeça na parede (reparem como a testa dele está toda marcada?), o encontrar de uma nova possibilidade, com novos ares, tudo renovado diante de si. Tech é professor de cursinho, vive com o stress na ponta do giz. Hoje tenta convencer uma gana de jovens das possibilidades de apostar suas vidas numa carreira de sucesso dentro deste país enveredando por um triste desenlace para sua história. A válvula de escape ele encontrou lá pelas bandas de Santa Maria da Serra, uma pequena cidade lá pelos lados de Rio Claro e Piracicaba.

Continua a viver das aulas, mas ao se mudar para a cidade, motivado pela descoberta de que a mulher amada ali residia e dela não conseguiria viver distante, botou a cuca para funcionar e juntou o útil ao agradável. Vendo que o sogro tinha uma venda na beira da estrada, tendo ao fundo um criação de animais, incrementou a coisa, tentou se mostrar ainda útil para os olhos do novo senhorio, bolou umas novidades para o rancho, modernizou sem se vender pro demo, levou para a beira da estrada uns ensinamentos adquiridos ao longo do tempo e desta forma, deu nova vida para o Rancho da Serra. Está amando o que faz, ele e todos à sua volta.

E tanto fala dele e dessa nova experiência em sua vida que, disse para mim mesmo, qualquer dia vou pra lá, mas em turma. O dia chegou. Podia ser neste domingo ou em qualquer outro. Como não gosto de fazer nada sozinho, consultei a cara metade e comecei a convidar amigos para a empreitada de fazer uma visitinha ao gajo. Treze toparam e para lá fomos em três carros e uma moto, saída no último domingo. O resultado não podia ser melhor. Dois carros com nove pessoas e mais uma moto com um casal saíram ontem por volta das 12h30 de Bauru e se juntaram a um casal de Jaú que nos esperaria na metade do caminho.

A história da ida é a minha história de como gosto de me enveredar por descaminhos de pouco movimento (e também fiscalizações, o tal do Big Brother a nos espreitar). Podíamos ter pego um caminho em linha quase reta, ganhando tempo, mas preferi sugerir o sinuoso, cheio de curvas e de possibilidades. Evitei pedágios e dessa forma não contribui para legitimar isso que Alckmin faz no estado dos paulistas, um caça níquel a cada exatos 30 km rodados. Saímos de Bauru pela que nos levaria até Jaú e entramos pouco antes de Pederneiras para Macatuba, lugar cheio de muita cana. Lá na terra dita como do Patriotismo passamos ao largo, ou seja, pelas bordas e caímos noutra vicinal, uma que leva até Barra Bonita, do lado de cá do rio Tietê, o de Igaraçu. Atravessamos a ponte e caímos no meio de Barra Bonita.

Na praça daquela cidade reencontramos um velho conhecido, que tempos atrás pintou cenas bauruenses em nossas ruas e hoje voltou para sua terra natal. Atravessamos a cidade e atrás da usina de açúcar União, pegamos outra vicinal, ligando até Mineiros do Tietê. Pouco antes de cortar a cidade, outro trevo e caímos na Jaú/Torrinha. Um casal nos esperaria ali junto ao cemitério, mas cansaram de esperar e foram na frente, abrindo caminho. Ainda paramos num posto pouco antes da entrada de Torrinha e ali no trevo, quando diante do fim desta pista e o cruzamento com outra, à esquerda indo para Brotas e à direita o nosso destino, Santa Maria da Serra.

Mais 17 km, dessa vez com uma serra e curvas bem acentuadas. Avistada a cidade, nada do tal rancho. Seguimos em frente e a descoberta de que não havia pego a localização exata. Perdidos e com fome. Ao pegar a estrada de Piracicaba, eis o tal rancho logo ali, poucos quilômetros à frente de todos. Bela visão do paraíso. Nova descoberta, podíamos também ter vindo por São Manoel, mais uma possibilidade, dentre tantas outras descobertas. Todos reclamavam de fome, pois vir por vicinais nem sempre é vapt-vupt. O romantismo, todos sabemos, tem seu preço. A sorte foi o casal de Jaú não ter esperado pelos retardatários. Chegaram antes e já anteciparam os pedidos de comida. Chegamos tipo 15h e nem bem sentamos, começaram a ser servidos alguns rapapés. Um preço individual foi acertado, bom para todos os lados e a comida sendo servida em sistema de rodízio. A especialidade da casa é porco, servido desde frito e linguiças, essas de dois tipos diferentes e deliciosas, nenhuma com carimbo do SIF, fazendo com que nada sobrasse nos pratos.

Nos fartamos de comer, não gastamos muito, papeamos até não mais poder e uma brisa batia levemente nas mesas colocadas do lado de fora do rancho, tornando a tarde a mais modorrenta deste nosso mundo. O Tech nos contou a história de como foi parar por ali e já tinha gajo quase pedindo asilo ali debaixo daquelas frondosas arvores. Alguns tentaram esboçar falação contra os caminhos tomados na vinda, mas o clima não estava favorável para admoestações e como nenhum ali é golpista, tudo foi devidamente aplacado pelo estado de benfazejo criado ali no lugar. Tem quem trouxe queijo, algumas compotas, eu preferi fazê-lo com um pão caseiro (também sem carimbo, muito menos o queijo). Por onde ando trago pão, um hábito. Quando a noite ameaçou desceu sobre nós, lá pelas 6h da tarde, levantamos poeira da estrada e voltamos. Encurtamos a trajetória, pois já era noite, tudo escuro pela frente e nem passamos em Dois Córregos atrás das famosas macadâmias.

Pouco antes das 20h todos estavam já em suas respectivas moradas e, provavelmente, o Tech, esposa e sogra já haviam abaixado as portas do rancho. Alguém pode ousar dizer: Mas foi tudo tão simples. Nós todos, os treze presentes estávamos ali, rodamos aqueles quilômetros todos exatamente para ir buscar a tal da simplicidade. Esse pessoal todo descobriu que a simplicidade é a melhor forma de tocar vidas em parafuso, desajustadas por causa dos desacertos neoliberais vigentes nesta tupiniquim terra. Para ser simples é preciso ousar, resistir e continuar fugindo da mesmice. Diante de tanta conversa boa propiciada pela viagem, está muito bem alinhavada nova viagem, com roteiro sendo agora definido pelas (escrevi no feminino) que reclamaram das vicinais. Aposto que no frigir dos ovos, vamos nos enveredar por caminhos tão ou mais tortuosos e simples como os trilhados ontem. Escolhemos viver, assim como Tech o fez. Arejamos um bocadinho mais nossas caixas de juntar caraminholas.

domingo, 26 de março de 2017

RETRATOS DE BAURU (199)


FLÁVIO GUEDES E A GARRA DE CONTINUAR VIVENDO DE TIRAR FOTOS
Primeiro conto uma historinha envolvendo um personagem que nunca me sai da cabeça. Tenho alguma andança pelo Rio de Janeiro, desde os anos 90 vendendo chancelas e aproveitando a estada para sassaricar em shows e espetáculos variados. Conheci um senhor, engravatado, sempre nos trinques, circulando de show em show com sua máquina fotográfica pendurada ao pescoço e tirando fotos de nós, os pobres mortais ao lado de personalidades, artistas, políticos e afins. Não era um, eram vários. Um deles, relembro sempre. Certa feita, no show dos 50 anos do Aldir Blanc, no Canecão, ele tirou uma foto minha com o homenageado e me deu um cartão e uma numeração. Era a senha para localizar o seu flash. Era ligar, ele vinha te entregar a tal foto já revelada. Vivia disso, cidade afora, muitos o fizeram. Alguns resistem ao inexorável tempo.

FLÁVIO GUEDES é fotógrafo na aldeia bauruense e sempre viveu de algo no entorno do tema Fotografia. Sua família, os Guedes tiveram ali na Batista, quadra entre a Gustavo e a Rio Branco uma loja de especialidades fotográficas (rivalizou por décadas com a Cherry). Enquanto perdurou a maravilha do papel fotográfico ser levado para residências como lembrança, deitou e rolou. Com o advento da foto virtual, tudo se esvaiu. Flávio seguiu até quando pode e ao fechar as portas não conseguiu fazer outra coisa na vida. Sabe tudo de fotografia, todos seus meandros e possibilidades. Desde então (e já deve ter transcorrido mais uma década) se inventa e reinventa. Hoje, aos 58 anos, não se aposentou e continua na ativa. Mesmo todos tendo seu meio de fotografar, com maquininha automática ou celular, ele insiste e está na porta de inúmeros shows oferecendo seus serviços. Vive hoje mais do Society desta Bauru, faz seus flashes, anota o fone da pessoa e depois leva até eles as fotos revelados e chanceladas com seu nome, o único meio para tentar diminuir a reprodução imediata pelas redes sociais. Simpático, conversador, sensato, bom observador, ágil e fagueiro, Guedes toca seu barco e tenta se manter numa atividade, se não extinta, em vias de, a de fotógrafo de eventos. A atividade é mais do que justificável, pois a imensa maioria das fotos tiradas hoje em dia são sofríveis. As dele não, mantém algo aprendido e colocado em prática ao longo de muitas décadas, passadas de pai para filho. Ele possui todo meu respeito e consideração, cobra o justo, pois faz um trabalho verdadeiramente profissional.

sábado, 25 de março de 2017

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (38)


MINHA VERSÃO DO SHOW DO IVAN LINS NA HÍPICA EM BAURU

A história do show do Ivan Lins em Bauru na Sociedade Hípica eu começo relembrando outra com muita similaridade. Essa quem me contou foi um baita amigo, mas não declino seu nome, pois não tenho autorização para tanto. Seu relato é bem ilustrativo e demonstrativo do que venha a ser essa incomensurável e “sem limites” Bauru “. Ouço dele história de um recorte do antológico show na Cervejaria dos Monges, com o norte-americano B. B. King. Primeiro me diz não ter conseguido assistir (eu também não e pelos mesmos motivos) por causa do alto preço. Na comparação, hoje em torno de uns R$ 250 reais. O preço do show do Ivan é bem menor, R$ 125 reais e pesado para alguns (dentre os quais me incluo), mas não um absurdo, pois, gente como eu está mais do que (mal) acostumado a ir em shows no SESC, preços subsidiados e daí, outro patamar.

Conto a história do show do B.B. King como me contou: “Claro que não generalizo para todos os presentes, mas no banheiro feminino algo surreal desta Bauru. Três mulheres num papo e show rolando lá no palco. Conversavam entre si e todas ali meio perdidas no meio do som do bluseiro. Uma delas desabafa para as demais estar ali, por pura imposição marital. Tinham que estar, pois precisavam ser vistos, ali toda a nata da cidade e, portanto, receberiam comentários positivos se ali presentes em carne e osso. E confessa não estar entendendo nada, gostando nada e não vendo o momento daquilo tudo acabar. Uma música diferente, né?”.

Triste? Não. A cara da elite bauruense, paulista e brasileira. Vão, não por gostar, mas para serem vistos, fotografados, saírem na coluna social e continuarem em evidência social. Uma beleza. Também não generalizo e o digo já voltando para o show do Ivan ontem na cidade. Fui, assisti entre amigos, gostei, cantei quase todas, sem nenhum tipo de remorso. Tenho quase todos os LPs e CDs dele. Já tive o prazer de assistir outros de seus shows, todos em espaços maiores e para público mais diversificado. Esse aqui, quem lá esteve sabia, público determinado, específico, marcante para o espaço. Salão repleto de mesas e convescote rolando solto, estilo casa de espetáculos. No caso bauruense, algo que a Hípica já tem feito em shows anteriores, abarcando os mais abastados, a dita elite financeira e social. Por outro lado, muitos de outras camadas mais simples, num esforço danado para ali estarem e simplesmente por gostarem do cantor. Tinha de tudo. Eu, ciente do que encontraria, não tenho do que reclamar. Fui conferir um show de alguém que admiro. Portanto, sem neuras, cobranças e quetais. A obra do Ivan é admirável, suas parcerias e a forma como canta sempre me atraíram. Seus primeiros discos são um primor do combate à ditadura militar de então.

De uns tempos para cá tenho lido algo sobre a postura do Ivan ter se bandeado mais para a direita e assumido posições mais conservadoras. Confesso não ter me interessado sobre o tema e nada ter lido. Vejo no show uma citação dele para com Sergio Moro dentro da música Formigueiro. Não passou disso e muitos dos seus clássicos, cantou como forma de protesto contra os desmandos atuais, isso bem claro. Não fez um sequer discurso político, pois todos já estavam mais do que embutidos em suas canções. Ivan é hoje um senhor na casa dos 70 anos, com clássicos sendo cantados por tudo e todos. Ontem mesmo a prova disso. A elite bauruense presente no show (e misturada com muita gente mais simples) cantou tudo e na ponta da língua. Se estiveram ali para fazer a migração do que estavam cantando para com a realidade vivida, isso outra coisa.

Ivan, pelo conjunto da obra, me embalou durante muito tempo. Canto várias de suas canções e não quero crer ter ele se bandeado totalmente para o lado mais insensível dos brasileiros, o dos verde-amarelos nas ruas e não nas lutas. Pode ter se desiludido com muita coisa, mais do que justificável isso, pois inegável desilusão todos nós tivemos, mais ou menos ao longo dos tempos. Insistir acreditando é algo bem nosso. Vejo isso também nas canções do Ivan, como o “desesperar jamais”. Claro e evidente que, se ele no SESC, por exemplo (hoje está num, no Pompéia em Sampa), teria outro público e pulsaria de outra forma. O artista pulsa também de acordo com o público diante de si. Para cada momento uma reação diferente.

Encerro com algumas linhas sobre Bauru e seus públicos. O que poderia esperar de um show na Hípica e com parte da elite nativa ali no salão? Nada diferente do que foi presenciado. Enfim, percebo que, tanto o alto, como o baixo clero gostam de Ivan. Intensidades diferentes, mas gostam, cada um ao seu jeito e modo. Besteira me aprofundar em elucubrações desvairadas. Prefiro continuar com os pés no chão, cantando as canções do Ivan por onde circule e propondo o algo novo, a saída imediata do regime de exceção golpista que nos usurpou o poder e conseguir, ao menos, assistir belos shows e tietar à vontade. Discuto o mais em outros momentos, fiz a minha parte, ali fui para me divertir e o máximo das observações que tive estão aqui juntadas. Se valem para alguma coisa, não sei. Sei que do show, ao menos revi Ivan e sua bela obra. Isso me basta no momento.

sexta-feira, 24 de março de 2017

COMENDO PELAS BEIRADAS (37)


DO QUE OUVI SOBRE FISCALIZAÇÃO DE ALIMENTOS: DEIXEM CONTINUAR SABOREANDO O QUEIJO CASEIRO DA LOIRA
Tenho diletos amigos e considerados atuando nas hostes da Prefeitura Municipal de Bauru. Não vejo problema nenhum em profissionais de diferentes quilates atuarem ali. Eu mesmo já o fiz no único período onde atuei dentro do serviço público, de 2005 a 2008, segunda administração de Tuga Angerami. Deste período, guardo boas lembranças e gente da qual admiro e sempre que os revejo, produtivos e saborosas conversas.

Ouço hoje pelas ondas da rádio Unesp FM, no seu noticiário da hora do almoço, entre 11h30 e meio dia, uma entrevista do Pedro Norberto com o médico veterinário, Mário Ramos, hoje no cargo de Diretor do Departamento de Saúde Coletiva dentro da Secretaria Municipal de Saúde (Clicando no link, a entrevista completa: http://www.radio.unesp.br/noticia/1215) e um dessses considerados. Uma bela entrevista, esclarecedora em muitos aspectos, ainda mais depois dessa questão da carne com papelão e afins. Boa por um lado, ruim por outro. Contextualizo o que escrevo. Momento oportuno para tirar dúvidas, esclarecer outras e promover a boa discussão em cima do tema da saúde alimentar.

Vamos ao fatos. Dos esclarecimentos nada a contextualizar. Só de algumas coisinhas reafirmadas pelo Mário como as mais acertadas para o momento vivido e diante de uma neura bem atual, a de que tudo o que é feito artesanalmente, em pequena quantidade nos cafundós e entranhas do país não deve ser consumido e o melhor é ficar com a pulga atrás da orelha e a população só consumir o que tiver carimbo de órgão com competências para tanto ou firma legalmente estabelecida. Mas quem tem mesmo? Estariam todos habilitadíssimos para tanto? Discutível.

Extraio uma fala do Mario e amplio a discussão. No exemplo do queijo caseiro, muitas vezes revendido em diversos lugares e feitos por pequenos sitiantes, alguém com vaquinhas em sua pequena propriedade e coisa e tal. Mario afirma categoricamente que se deve evitar tal consumo, pois onde existe um carimbo de órgão fiscalizador e regulador a cobrança pode ser feita e, do contrário, não. Ouso discordar. Compro um maravilhoso queijo de uma loira maravilhosa, verdureira e a atender mercados variados na cidade e junto das verduras, queijos divinais feitos por ela, verdadeira iguaria e manjar dos deuses.

Segundo o Mário, consumindo produtos como os feitos pela loira verdureira e queijeira, estaria aumentando o risco de consumir bactérias e contrair doenças, de difícil identificação e, dessa forma, seremos todos consumidos pouco a pouco e se adoentando antes do tempo. Primeiro, se passar a viver com a neura tomando conta de mim, não como mais nada, depois não irei abdicar do queijinho divinal só para consumir um desses carimbado por frigoríficos com inspeção duvidosa (quem fiscaliza quem neste país?).

Continuo dando crédito para a loira e seu queijo mais que especial. Depois, confesso, gosto de uma carninha de porco, galinha criada nos arrebaldes de Bauru e região, além de um peixinho pescado in natura e sem carimbação de nenhuma espécie. Correr riscos faz parte da vida moderna, principalmente no seio capitalista onde vivemos, império do tudo pode. Daí, não levo tão a sério esse negócio, até porque, ao terminar a entrevista com o Mário, mudo de estação e vou ouvir o noticiário da Auri-Verde e lá sou avisado que a própria Prefeitura Municipal de Bauru, onde Mário é também fiscalizador, ocorrem irregularidades. Ouço isso: “O prefeito Clodoaldo Gazzetta determinou a abertura de uma Rigorosa Sindicância para apurar a denúncia de distribuição de bolo com validade vencida em uma unidade escolar da Rede Pública. A denúncia ocorreu nesta quarta-feira dia 22, nas redes sociais, e a medida adotada pelo prefeito se deve ao fato da merenda escolar ser gerida pelo município.”.

Na sequência, o locutor Rafael Antonio, diz até da possibilidade da interdição da cozinha responsável pela Merenda Escolar de todas as escolas municipais de Bauru. Minha modesta conclusão: Como posso abdicar de continuar comendo o queijo me vendido pela loira, tão branquinho e saboroso, se até a merenda da própria Prefeitura, debaixo de rigorosa fiscalização passa por deslizes mais do que danosos? Resumo da ópera: O Mauro é muito gente boa, mas precisa contemporizar com o que se produz nos arredores de Bauru e também, precisamos todos fazer o que sempre fizemos até então, ou seja, continuar comendo a carninha lá do açougue do Gaspa, o queijo da loira, o rabicó abatido em Tibiriçá, a batatinha plantada lá no horto de Aimorés, a galinha da sítio do Zé Balaustra do Rasi e os ovos do Moisés nas feiras diárias. Quero viver sem neuras, por favor,, deixem-me envenenar sem a influências dos carimbos malucos.

quinta-feira, 23 de março de 2017

DIÁRIO DE CUBA (84)


MEUS AMIGOS (AS), O FUTEBOL ME INEBRIA...
Thiago Navarro, HPA, Roque Ferreira e Gilberto Truijo.

Ontem estive mais uma vez no estádio de nossa aldeia, o Alfredo de Castilho e lá, algo alvissareiro e peripatético, uma vitória noroestina, desta feita contra o Nacional da capital, um tradicional time ali das imediações dos trilhos urbanos paulistanos (por isso só, gosto muito deles e do estádio deles). Estive torcendo desbragadamente pelo sucesso da maquininha vermelha e, assim como muitos, credito a vitória ao pé quente do Reynaldo Grillo, que saiu lá de New Jersey só para vir propiciar o momento da reviravolta noroestina. Um luxo só!

Do Esporte Clube Noroeste, batendo na madeira, torcendo mais do que nunca e acreditando ser mais do que possível a volta por cima. Temos ainda seis jogos e todos envolvidos naquela aura bem conhecida: verdadeiras decisões de campeonato a cada partida. Nada de novo. Domingo, novamente por lá. Saliento algo bem simples: como é gostoso torcer pelo time de sua aldeia. Vou para lá, como já disse em repetidas vezes por aqui, claro, pelo time, pelo amor a camisa vermelha, tradição adquirida desde áureos tempos, meu avô envergou este manto e tudo o mais.

Não me peçam para ir presenciar jogos do Amador bauruense, pois não irei e os motivos são mais do que explícitos, nem necessitando de Declaração Pública. Gosto de futebol, cada vez mais dessas divisões inferiores, campos subalternos. Fujo dessas Arenas todas. Ontem estive por lá junto de diletos amigos, como os da foto ao lado, Thiago Navarro, Roque Ferreira e Gilberto Truijo. Outros tantos papearam conosco o tempo todo e os 3 x 0 foi mesmo para lavar a alma.

Escrevo sobre isso do gosto que tenho pelo futebol menor. Sou corintiano, mas sem nenhum fanatismo. Sabe que trocaria sem nenhum tipo de problema um jogo do meu time para ir presenciar um clássico como o que estará ocorrendo hoje à tarde, 15h, na rua Javari, capital paulistana, entre o glorioso JUVENTUS x PORTUGUESA DE DESPORTOS. Ir na rua Javari, por si só já é um acontecimento. Ver os velhinhos juventinos chegando vestindo suas roupinhas, camisas de gola e indo a uma sala só para eles e ali vestindo a camiseta grená do Juventus não tem preço, deixando a outra pendurada num varal.

Se pudesse largaria tudo hoje para presenciar a contenda, verdadeiro clássico do futebol paulista e num estádio cheio de marcas históricas, inclusive algumas envolvendo Bauru. Adoro, cada vez mais, lugares assim, com esse envolvimento mais simplificado e dando vazão a algo que gosto demais da conta, o futebol nostálgico, cada vez mais difícil de ser encontrado nos campos pela aí nos dias de hoje.

Opa! Hoje tem Brasil x Uruguai pela TV em algo que também muito me alegra. Primeiro, vejo com Tite algo novo pairando no ar. Tudo de bom, mas o que ressalto neste texto é o fato do horário da contenda, 19h. Sei de todos os esforços da TV Globo e afiliadas para transferir o horário para o indefectível 22h, mas os uruguaios, provando mais uma vez serem ponta firmes, não arredaram pé e teremos uma mudança na grade de programação da TV Bobo. Isso, por si só é alvissareiro, assim como os jogos do campeonato paranaense sendo já transmitidos via internet. E o clássico da tarde, Juventus x Portuguesa, vai passar em algum canal? Me avisem, pois paro tudo e ficaria a babar diante da TV.

Viva o Noroeste, o Juventus e a Portuguesa algo ainda a me mover via futebol nos tempos atuais. Que vontade me dá de largar tudo e ir presenciar esporte in natura em lugares como CUBA, onde a perdição ainda não domina tudo, inclusive os esportes todos.

quarta-feira, 22 de março de 2017

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (140)


EXISTEM PRESOS POLÍTICOS NO PAÍS? – O CASO DO TRABALHADOR RURAL DIEGO CUMPRINDO PENA EM BAURU*
*Esboço de um texto sendo pensando para publicação em algo de âmbito nacional, necessitando de mais dados e fundamentação.

A criminalização dos movimentos sociais no Brasil não é balela, muito menos conversa para boi dormir. Guilherme Boulos, militante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) está aí para não nos deixar mentir e só não o enjaularam por causa da repercussão do caso envolvendo sua arbitrária prisão. O blogueiro Eduardo Guimarães, do blog O Cafezinho foi encaminhado por condução coercitiva para que abrisse sua fonte, em mais uma decisão arbitrária do juiz Sergio Moro. Aqui e ali se sucedem prisões, processos e mortes de sindicalistas e gente ligada na defesa dos movimentos sociais.

Se em plena maior cidade brasileira acontece uma arbitrariedade sem fim, imaginem o que se passa nos cafundós do país. Histórias infindáveis de destratos com militantes fazem parte do dia-a-dia de quem está envolvido com as questões da terra e estão aumentando gradativamente após o golpe levando Michel Temer ao poder. A história aqui relatada a seguir não é a primeira e muito menos, infelizmente, deverá ser a última. Mais uma. Escabrosa como todas.

Ainda no imaginário da nação o ocorrido sete anos atrás na pequena cidade de Borebi, interior de São Paulo (30 km de Bauru, 330 de São Paulo), quando tratores derrubaram pés de laranja numa propriedade grilada pela Cutrale, uma das grandes no quesito suco de laranja no país. O trabalhador levou a pior, ou seja, a culpa, mesmo com toda informação sobre o assunto sendo disponibilizada ao longo do tempo. Isto se deve a ação da mídia que, mente descaradamente e oferece ao público consumidor de informação algo distorcido da realidade dos fatos.

Carta Capital publicou na época, escrito por mim, dentre outros, um texto em sua edição virtual, certificando o que vinha a ser a tal de Borebi no contexto dos movimentos sociais organizados e com relatos de um fato ocorrido na festa da eleição que naquele ano, 2010, a que levou Dilma Rousseff para seu primeiro mandato presidencial. Eis o link para reler a matéria: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search….

Quando foi divulgada a notícia da vitória de Dilma, muitos dos componentes do Assentamento Noiva da Colina (lembrando o causo de uma noiva a desfilar no alto de um descampado) vieram comemorar na cidade mais próxima, no caso Borebi. O fato seria corriqueiro se no meio do caminho não estivesse o próprio prefeito da cidade, Antônio Carlos Vaca (hoje em mais um mandato à frente do pequeno município, com pouco mais de três mil habitantes). Saiu de sua casa e de pijama foi discutir com quem fazia festa. Do confronto entre os que se encontravam ao seu lado e os assentados, leva um tapa na cara. Foi o que bastou para se hospitalizar e se dizer agredido de forma violenta.

A agressão virou processo e após longo período de tramitação gerou uma discutível condenação no Fórum de Lençóis Paulista, distante pouco mais de 20km do incidente. Lorana Harumi Sato Prado, advogou para o até bem pouco tempo para o réu, hoje condenado e me informa da pena: quatro anos e oito meses de detenção, iniciada no CDP – Centro de detenção Provisória e hoje já no regime semiaberto, antigo IPA, ambos em Bauru.

Jeferson Diego Gonçalves, o nome desse assentado, mas conhecido por todos simplesmente como DIEGO, trinta e poucos anos, oriundo do Ponta do Paranapanema e desde sempre na luta pela posse de um pedaço de terra. Sua prisão de deu no domingo de Carnaval, 26/3, sendo então encaminhado ao CDP – Centro Detenção Provisória em Bauru, onde foram dificultadas as visitas e contatos. Hoje, já transferido para o regime semiaberto, começa a cumprir sua pena. “Eu vivencio muito bem como se dá atualmente a situação dos assentados em Borebi. Qualquer vestígio de roupa ou o famoso boné vermelho na cabeça é sinal para atenção redobrada. Tudo foi insuflado ao longo dos anos e de algo amistoso, hoje não mais. Dá a entender a existência de um movimento orquestrado, para dificultar a relação com os habitantes da cidade. A gente percebe, pouco a pouco, um por um, todos os que estiveram lá quando da ação dos tais pés de laranja, estão caindo e sendo presos. Existe claramente para com os do movimento, um jeito de não escaparem e os agressores do lado do prefeito, nem sequer foram intimados e ouvidos”, relata uma militante da Ação junto ao MST.

Esses parágrafos iniciais estão ainda sendo formatados para se transformar em mais uma denúncia sobre como se acelerou de uns tempos para cá o processo de CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS. O caso não é sui generis. Mostra como um mero tapa, num confronto de rua, se dado por um dos lados pode ser o gerador de uma ação judicial, sendo que do contrário, pode ficar por isso mesmo. Estou ouvindo as partes, construindo o texto e juntando as partes para dar prosseguimento a uma história começada mais precisamente em 2010 em Borebi e tendo um provável desenlace em Bauru, neste fatídico ano de 2017.

Mais teremos sobre este tema nos próximos dias, mas começar já a desvendar essas histórias, algo mais do que necessário, principalmente para se entender como estão se processando essas cada vez mais difíceis relações entre os vários Brasis existentes dentro desse território continental e prestes a explodir como barril de pólvora em muito pouco tempo. A partir daí, outra boa discussão: quantos declarados presos políticos temos hoje no país?

terça-feira, 21 de março de 2017

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (87)


SANDUÍCHE BAURU – AGORA O BAR DA ROSA TAMBÉM FAZ O ORIGINAL

Uma coisa leva a outra. Gilberto Truijo acabou indo atender uma ocorrência policial a necessitar de um advogado e quem o leva até o local do imbróglio é nada menos que Cleber Roberto Delapais, o proprietário do famoso Bar da Rosa, ali na curva de entrada na Nações Unidas. Ocorrência resolvida, nada melhor do regar as palavras com um bom vinho e degustar um queijo mineiro. Conversa vai, conversa vem, eis que ele confessa ter colocado no cardápio do seu bar três tipo de sanduíches, o Seu Odil, o dona Rosa e agora o famoso sanduíche bauru, com receita original.

Odil e Rosa, como é do conhecimento público são os idealizados do famoso bar, hoje reduto de estudantes e boêmios. Esses encerraram as atividades barzísticas, tentaram se bandear de Bauru, mas voltaram e vez ou outra aparecem no bar, agora como clientes e eternos convidados. Foram devidamente homenageados e por fim, após Cleber experimentar o bauru em diversos lugares, desde os tempos do Bauru Chic, de saudosa memória, ali atrás do shopping, até o bar Aeroporto e Skinão, resolveu fazer o seu. Seguiu a risca a receita e até anteontem estava servindo ainda em caráter experimental, a partir de ontem não mais. Oficialmente colocado no cardápio, ele já começa a ser difundido entre os clientes do local.

Ao saber disso, o trio, eu, Ana Bia e Truijo, o intrépido advogado, pau para toda obra, nos dirigimos ao local para conferir in loco se o dito cujo estava dentro dos padrões ditos como originais e logo no primeiro dia oficialmente já testado, provado e lançado à prova dos comensais de Bauru e região. Cleber é cuidadoso no que faz e diz aceitar críticas e sugestões. Fala com tanto esmero do pão escolhido, pois acredita ser esse um dos ingredientes fundamentais para o sanduíche chegar no ponto para ser degustado. Diz ter descoberto uma padaria lá no jardim Araruna e faz questão de ir buscar o pão naquela distância. Quando ouço algo assim já começo a gostar do cara, pois também sou desses de atravessar a cidade em busca de um bom pão.

O Bar da Rosa já faz parte do itinerário Lado B de Bauru, ou um dos points alternativos da cidade. Sempre foi assim, desde os tempos do casal Odil e Rosa. Hoje a cara é outra, deram uma modernidade na casa e com peças todas em madeira reaproveitada. Até um palco já está pronto e só não é mais usado, pois está cada dia mais difícil de conseguir alvará para música ao vivo na cidade. Mesmo para uma segunda, 23h, o bar permanecia com boa clientela. Um clima de boa conversa no ar, sem aquilo de bar de moda ou de gerações que vão e vem. O negócio por ali é outro. Enfim, um bar que tem como advogado o mesmo do bloco dos Tomateiros, o dr Truijo, só pode mesmo ser de um astral mais do que interessante. Só não vende fiado, infelizmente.

Pois bem, degustamos o tal sanduíche. Eu e Truijo adoramos, sem tirar nem por. Aceitamos até as batatas fritas, que não são servidas junto do pão e sim do lado, à parte. Algo opcional. O rosbife, amaciado ali na casa estava no ponto. Ana tem algumas dicas a mais, todas mais do que interessantes e que só auxiliarão para que acerte ainda mais. O interessante disto tudo é ver um tradicional bar criando e apostando em tradições que não podem cair no esquecimento. E, desta forma, estamos diante de mais um local na cidade oferecendo o tradicional sanduíche bauru na cidade. E com algo mais favorável, o preço é dos mais convidativos.