sexta-feira, 30 de novembro de 2018

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (118)


“EU JÁ SABIA”, DIZ GUARDIÃO REPRODUZINDO GESTO FAMOSO DO FRADINHO
Antes de tudo, explico a origem o TOP! TOP!. A extraio do livro “A Volta do Fradim – Henfil – Uma Antologia Histórica” (Geração Editorial, 1994, 4ª edição) e no prefácio escrito pelo cartunista mineiro Nilson: “Henfil levou mesmo a galera ao delírio quando o Baixim – inspirado naquele frade dominicano moleque – vira-se para o Cumprido, numa piada, e faz o gesto do Top! Top! O Top! Top! Era um gesto mineiro, uma maneira de dizer que o outro está ferrado. A mão esquerda ficava fechada, formando o punho; com a direita, espalmada, o personagem batia repetidas vezes sobre a esquerda. Foi uma loucura! O Top! Top! Caiu na boca do povo, virou música dos Mutantes, foi um escândalo tão grande que a censura da ditadura militar, que tentava amordaçar o Pasquim, proibiu Henfil de desenhar o Baixinho ensinando São Pedro a fazer o Top! Top! No céu, na primeira edição do Almanaque do Fradim. A partir daí, o genial rato Sig do Jaguar foi obrigado a dividir o estrelato com o Baixim, que também se transformou num símbolo do Pasquim. (...) As pessoas imitavam o gesto ou faziam o som nas conversas e, a cada semana, o Pasquim era ansiosamente aguardado nas bancas do País inteiro, chegando a ter uma tiragem de 220.000 exemplares por semana”.

A bestialidade da época está de volta ao cenário nacional e Guardião, o intrépido super-herói bauruense, além de fazer o gesto em praça pública, vem com uma explicação das mais convincentes e hilárias para sua utilização: “A hipocrisia está de volta e agora com uma intensidade sem precedentes na história desta cidade, estado e país. Não afirmo estar tudo dominado, pois existem uns bravos resistentes. Porém, a letargia é tão profunda que, mesmo diante de tanta punhalada dada nos costados dos interesses populares, muitos desses continuam a apoiar cegamente tudo o que vem de decisões do grupo agregado ao presidente capiroto. Ou estão todos cegos, doentes ou fazem parte dessa onda conservadora, sempre o foram e agora estão colocando muito mais do que as manguinhas de fora. Não dá para entender, o cara a cada nova manifestação pública retira um direito, encurrala uma luta, extermina a liberdade e continuam o apoiando. De onde saiu essa gente?”.

A revolta do Guardião se faz presente também no âmbito local, da aldeia bauruense, seu raio de ação. “Por aqui já interrompem cantores quando cantam, por exemplo, Chico Buarque num bar. Numa escola pública estadual denunciam uma apresentação de capoeira como sendo macumba. Um bar junto da feira tem suas paredes pixadas e seus frequentadores ditos como “nojentos”. Palestrante esquerdista é impedido de se apresentar em faculdade privada, mesmo sua fala nada tendo a ver com sua ideologia. Agressões e bombas num bar na Duque, algo gratuito, sem motivo aparente, só para demonstrar força. Manifestações estudantis não mais são permitidas, Escola sem Partido viceja e o Creacionismo avança. Portas já se fecham, vozes são silenciadas, cabeças seguem abaixadas e sem voz, algo mais do que preocupante, pois há um mês de assumir o poder, a população já sente os efeitos, não impostos por nenhuma mudança nas leis, mas na forma como se encaram o que deve e o que não pode mais ser feito. Para todos esses, faço o gesto do Baixim, o fradim do Henfil e com o devido louvor. Sei que a maioria foi enganada, ludibriada, mas como poucos capitularam, merecem a traulitada para se situarem. Nunca em minha vida esperava ver um trabalhador, um morador da periferia, um desempregado, beneficiado pelas ações sociais dos governos petistas se voltar contra eles e acreditar no candidato representando o interesse do patrão, do fazendeiro, dos donos e usuários da leis de mercado, dos cruéis neoliberais. O Top! Top! é merecido e talvez sirva para que a ficha caia mais rapidamente”, encerra o papo Guardião e reproduz mais uma vez o tradicional gesto.

OBS.: Guardião é cria da verve criativa do artista Leandro Gonçalez e aqui conta com a participação escrevinhativa do mafuento HPA.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (58)


FUTEBOL, LIBERTADORES, CÚPULA G20, MACRI, CAPIROTO E O QUE ESTÃO A FAZER COM A AMÉRICA LATINA?
Estampa da lavra deste mafuento HPA. 

Quero escrever algo sobre os pampas, mais precisamente algo vindo lá de Buenos Aires e repicar isso, misturar tudo num balaio só, expor um ponto de vista central sobre o que está em curso de cabo a rabo na América Latina (hoje voltando a ser Latrina, quintal do Grande Irmão do Norte). Para começar vejo postado na página do amigo Beto Xavier, mais conhecido entre nós como Beto Pampa, hoje mais porto-alegrense que os próprios gaúchos, ele parodiando o título do filme famoso, o denomino como “o caipira que virou gremista” (no bom sentido). Sou informado por ele: “Final da Libertadores entre River e Boca será dia 9 no estádio do Real Madrid. Por razões de segurança, segundo jogo da decisão sai da Argentina e será disputado no Santiago Bernabéu. Considerada favorita, Doha (Catar) é descartada pela Conmebol”. A maioria dos seus amigos é contra a mudança e eu cravo lá: “Na Europa, tudo de bom!”. Um amigo dele, Celso Luiz Alves responde: “Pois é Henrique...tudo de bom...porém triste para o futebol sul-americano...que já tem a imagem bastante arranhada por conta destas selvageria”. Respondo: “Sim, pagamos pelos nossos erros. Nesse quesito sou daqueles que daria o título pro Boca, pronto e acabado, mas já que a decisão é por outro jogo, que seja na Espanha e não na PQP. E que nos acertemos entre nós para não incidir novamente nos mesmos erros. A Argentina em questão de repressão é hoje um primor, veja como está hoje a sitiada Buenos Aires com a Cúpula G20 e o povo só na encolha. Pior que tudo são as ações do neoliberal Macri”. A contenda continua e num alto nível, algo pouco compreensível para quem hoje se vê envolvido em contendas pra lá de odientas.


Essa questão da final não ocorrida da Libertadores é bem a nossa cara nesse exato momento. Estamos todos mais perdidos que cachorro em tiroteio, dando tiros pra todos os lados e não acertando nenhum no original e correto alvo. O que ocorreu com o Brasil pós-eleição do capiroto é um ótimo exemplo disso tudo. Estamos todos pisando em ovos e fazendo uso desses derradeiros 30 dias sem ter certeza de nada do que irá nos acontecer a partir de 1º de janeiro. A certeza é somente uma, a repressão que hoje graça como praga por todo o país vizinho, a Argentina, deverá também se alastrar pelo nosso país. Por lá, manifestantes estão sendo duramente reprimidos, jornalistas desaparem e escritores de oposição se borram de continuar se posicionando contra o que representa Macri e seu nefasto desGoverno. Se aqui prenderam Lula da forma mais injusta, lá o fizeram com Milagre Sala. Se aqui sumiram com o Amarildo, lá foi com Santiago Maldonado, cujo corpo foi devolvido meses depois do desaparecimento, desovado sem maiores explicações. Sindicalistas estão sendo perseguidos por lá, penalizados por atuarem na defesa dos interesses de suas categorias e o desemprego bate recordes, assim como a cotação do dólar. Diante de tudo o que está em curso e ocorrendo, na total falta de escrúpulos de um juiz deles, o Bonadio, pretendendo prender Cristina Kirchner sem provas, algo aqui já consumado com Moro e a sentença surreal para Lula. Se acham que tudo isso pode ser coisa articulada, tenham a mais absoluta certeza, é.

Em Buenos Aires hoje é praticamente um velado feriado, com recomendação para os munícipes só irem para a região central, onde estará ocorrendo a Cúpula G20, em caso de extrema necessidade. Uma cidade sitiada e se preparando para efetuar a mais violenta repressão em caso de manifestações contrárias à presença dos grandões do mundo na reunião que, certamente não decidirá muita coisa e servirá para além de colocar frente a frente os donos do mundo, talvez na troca de olhares entre alguns deles, um prenúncio do que ocorrerá a todos nós, pobres mortais, nos próximos passos. Misturo o futebol, a decisão inacabada com o que Macri faz com a Argentina, um descalabro sem tamanho, uma destruição sem fim e com todos os poderes lhe dando incondicional apoio. Igualzinho ao que ocorre com nosso capiroto, o pior que podíamos ter na presidência, mas um congraçamento a lhe endeusar. Macri destruiu a Argentina, Temer quase e o capiroto chegando para completar o serviço. Percebam algo em comum entre a Argentina de hoje e o Brasil proposto pelo seu novo governante: a violência policial cresce desmedidamente. Simples explicar, o neoliberalismo não vive sem o uso do medo como arma e como fazer uso da repressão para calar opositores. Por enquanto observem atentamente como está se dando a repressão policial por lá e aguardem só mais um pouco, pois ela ocorrerá por aqui com a mesma ou até maior intensidade. A bagunça toma conta de todas nossas instituições, desde o outrora singelo (ele foi singelo um dia?) futebol até o mais alto poder, seja ele qual for. E me digam, como resistir a tudo isso com tanta contra-informação fake-newciana atuando nos nossos costados?
Nada diferente do Michel Temer, tão culpado quanto, mas liberado pelo que hoje temos denominado como Justiça.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

CENA BAURUENSE (178)


SAIR ÀS RUAS – O QUE PRESENCIO PELA AÍ...*
* A inspiração para escrevinhar esse texto veio quando de minha volta das ruas, abro o facebook e me deparo com a tira abaixo, do MIGUEL REP, publicada no diário argentino Página 12, o melhor jornal impresso do nosso mundo latino.

Dói sair às ruas desta Bauru, terra dita por alguns como “sem limites”, por outros como “coração do estado de São Paulo” e permanecer indiferente a tudo o que rola na beirada das calçadas. Prefiro o termo “Capital da Terra Branca”, essa de terra vista como ruim, de produção não tão fértil e vivendo nela, uns tanto tentando de tudo e mais um pouco para sobrevivem nas e das ruas em condições as mais inadequadas possíveis, já que emprego virou artigo de luxo.

Não vivo sem a convivência estreita com tudo o que venha das ruas. A cada trombada poderia produzir uma história de vida, uma experiência diferente e cheia de vida, luz e encanto. A resistência popular se faz e se mostra em cada curva de esquina. Numa breve saída hoje, relato algo para entristecer gente ainda sã.

Na esquina da Ezequiel com a Rio Branco, sentado num jardim onde antes era o HSBC e hoje é mais um Bradesco, o famoso senhor de barbicha pontuda, quase sempre com uma camisa corintiana e vendendo amendoins. Ficou sentado de mangas compridas a manhã toda no mesmo lugar, enquanto estava sombra no lugar e dali não saiu mesmo com o abrasador sol.

Na porta do Itaú da mesma Ezequiel um senhor me olha com uma carinha de dar pena e me chama de doutor. Vendeu doces e eu ruim da diabetes digo que na saída vejo o que faço. Sai do banco mais triste do que quando entrei, ele não me reconhece mais, mas volta a me chamar de “doutor”. Dou a ele o valor do doce, mas nada levo e fico a imaginar quanto consegue arrebanhar até o final da tarde.

Na porta do Santander da Rio Branco uma travesti loira, provavelmente moradora de rua, suja e em andrajos me aborda na entrada e diz estar com fome. Vejo que não está só, tem um cara do seu lado, mas quem pede é ela. Reviro os bolsos e nada encontro, fico sem jeito e digo que na saída vejo o que faço. Resolvo o que me levou até ali e troco o pouco que tinha deixando algum para ela na saída.

Deixo o carro estacionado na Rio Branco entre a Ezequiel e a Kennedy, com a última FOILHA Da Zona Azul que tinha, fico uns vinte minutos estacionado e na hora de sair, chega um senhor, perto de uns 60 anos, portanto pouco mais da minha idade e pede se não lhe dou a folha ainda não findada do estacionamento. “Vou repassar para outro e ganhar algum. Posso?”, me diz. Claro que pode e ainda leva todas as moedas que tinha no console do carro.

No cruzamento da Gustavo com a Rodrigues, o rapaz chega com um cartaz fixado na cabeça e diz viver vendendo adesivos contra a violência com a mulher. Cada um sair por R$ 2 reais e dessa forma viaja pela aí, sem eira nem beira, sobrevivendo com o que consegue nos semáforos deste imenso mundão. Antes de comprar pergunto possui algum caráter religioso, de fundo evangélico neopentecostal. Quando me disse que não, fico com um. Ele se volta pra mim e diz: “Eu sabia que não ia me decepcionar, estava escrito nos seus olhos”.

Encontro com o paraplégico que antes vendia CD e filmes DVD piratas, esteve preso, responde processo e hoje circula pelas ruas sem rumo, pois ainda não conseguiu encontrar nada para substituir o ganha pão anterior. Me chama de “doutor”, nos conhecemos da feira dominical e quando vou me despedir pede se não lhe pago um pastel, pois já é quase 14h e comeu quase nada desde que desceu para cidade tentar bolar algo que possa fazer daqui por diante para ganhar algum. Vou até a pastelaria, pago um e o deixo comendo no balcão.

Teria mais, mas fiz tudo rapidinho e voltei apressadamente para meu “bunker” aqui no mafuá, donde fico matutando do que pode surgir de benesses nesse novo nada alvissareiro desgoverno capirotista para solucionar o aumento indiscriminado de gente em situação de penúria pelas ruas. Descrente de tudo, sei que, se para esses a coisa anda rui, deve piorar mais e mais. E o que será desses todos, completamente desassistidos de tudo, desamparados de entendimento do que se passa e sem saber sair da situação onde se encontram? Como ser feliz presenciando isso a cada giro a pé pelas ruas da aldeia onde nasci, vivo e pelo que sei, continuarei insistindo e dando murros em ponta de faca como forma de tocar a vida?
Eu saio às ruas em busca de ar, respirar e me inspirar, encontrar o alento para continuar buscando algo... O que mesmo, hem?

terça-feira, 27 de novembro de 2018

COMENTÁRIO QUALQUER (182)


OS ESCORPIÕES SÃO BEM OUTROS

Chego em casa e falo com amiga em comum da esposa por telefone, ela no Rio e nós aqui no sertão paulista. Ambos os lugares dominados hoje por uma espécie de antecipação de um esporte (sic) em voga no momento, a caça às bruxas. Comento de um texto que acabo de ler na Carta Capital, escrito pelo melhor embaixador brasileiro que tivemos na História deste país, Celso Amorim: https://www.cartacapital.com.br/revista/1031/caca-as-bruxas. Enquanto discutíamos sobre o tema, eis que o assunto muda completamente de rumo. Ela com a TV ligada me diz estar vendo algo sobre Bauru no Jornal Nacional. É sobre a invasão dos escorpiões, que andam matando muitos incautos por essas bandas. Já não perco mais tempo em assistir a esse boletim de louvação ao que virá, a espécie de reverência que a TV Globo encontrou, não só para paparicar Bolsonaro, mas para tentar continuar se beneficiando de gordas verbas publicitárias. Cada um se safa como pode, a Globo se apequena ainda mais e manda de vez a informação pelo viés da verdade factual dos fatos pras cucuias. Prefiro me abster de presenciar essa podridão.

Digo a ela algo a me mover a escrever esse curto texto: “Minha cara, você acaba de me dar o mote para uma escrevinhação. Muito mais perigosos que os tais venenosos escorpiões, são esses outros do metiê desse novíssimo momento brasileiro, com um veneno muito mais mortal, gente como a gente, de carne e osso e destilando o que mais vil existe na face da Terra”. Tentamos rir do que, porventura possa a escrever sobre o assunto, pois ele é mesmo sugestivo. O animalzinho venenoso é algo facilmente controlado e não vejo motivo para alarde além das medidas protetoras que estão sendo tomadas nesse momento. É só seguir o manual básico de cuidados básicos e os riscos serão sempre pequenos, mesmo num momento de intenso calor, quando eles saem de suas tocas e estão espalhados pela aí em maior quantidade.

Meu grande medo não ocorre com esses animalzinhos e sim com os espécimes humanos destilando veneno pela aí. Para esses não existe antídoto no mercado e em doses suficientes para impedir que se alastre entre nós uma epidemia de medo generalizado. O perigo do momento se apresenta de uma forma bem simples. Os que estão chegando não possuem argumentos suficientes para um ampliado debate e nem estão dispostos, pelo que vejo, a contrapor argumentos de quem não concorda com o que está sendo montado e preparado para o país. Querem mesmo calar o opositor e para tanto já admoestam gente por todos os quadriláteros do país. Por enquanto ameaças veladas, que muitos dizem não serão consumadas, mas vejo ações de asseclas já por todas as cidades, numa campanha disseminando verdadeira “caça às bruxas”, ou seja, atitudes incompreensíveis em momentos de normalidade.

“Dependerá de cada um de nós não se deixar intimidar pelas ameaças, sucumbindo ao silêncio. Só dessa forma o espectro da ditadura, que volta a rondar essas terras – e, na verdade, toda a nossa região -, poderá ser afastado com segurança. A prazo longo, a mentira não pode se sobrepor aos fatos, nem as ameaças garantirão quietismo e submissão permanentes. Resta esperar que, contrariamente ao aforismo de Lorde Keynes, quando esse tempo chegar, não estejamos todos mortos, literal ou metaforicamente”, Celso Amorim.

Daí, minha modesta conclusão é uma só: escorpiões quase não representam perigo algum perto do que nos espreita logo ali na curva da esquina.


A ENFERMIDADE DE BOLSONARO E COMO O TRATAM OS BESTIAIS
“O cara tem o Malafaia, o Edir Macedo e até o Magno Malta ao lado dele e não se curou? ou o caso é grave, ou os 3 são picaretas. (...)Já que diziam para o Lula se tratar no SUS, que tal fazermos a campanha: Bolsonaro, Vá se tratar na Igreja?”, Silvio Selva.


A perversidade é o ódio da parcela bestial deste país só ocorre para com Lula e os seus. Para esse insano futuro presidente, todos se calam, fecham o bico, fingem não enxergar nada e continuam praticando a perversidade como meio de entendimento, uma visão mais que distorcida dos fatos. Nunca vi esse país tão insano, doente, perverso e mais que tudo, hipócrita. Estamos sob o reino da mais absoluta e insana HIPOCRISIA.

E dizem, vai piorar.

CADA VEZ MAIS CANSADO DA CRETINICE DOS QUE DEFENDEM A CLASSE MÉDICA BRASILEIRA E APOIARAM A SAÍDA DOS CUBANOS DO PAÍS - Com o golpe de 2016, a insana derrubada de Dilma, a prisão de Lula e essa eleição totalmente despropositada, onde o povo foi engambelado de uma forma tão torpe, ainda leio por aqui boçais, apunhalando seus próprios interesses, jogando contra seu próprio patrimônio e o que ainda resta de dignidade no ser humano e criticando desmedidadamente e sem noção Cuba pela sua dignidade e seriedade no que faz, o bem estar para o ser humano mundo afora. Pavio mais que curto, tolerância zerada. Chega de aguentar baboseiras e ladainhas puxasaquistas para um desGoverno que nos apunhala em cada ação e a insanidade reinante aplaudindo. Doença incurável em parte considerável do povo brasileiro, os tais irrecuperáveis do mundo capitalista. Já não conseguem enxergar um palmo de verdade na odeinta interporetação que fazem dos fatos. Vejam o link da sacanagem brasileira: https://www.facebook.com/willian.limma.96/videos/594385184314606/

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (122)


O BATE PAPO COM TIDEI DE LIMA DENTRO DO BANHEIRO DE UM POSTO DE COMBUSTÍVEL
Foi agora pela manhã. Ao abastecer o tanque do meu meio de locomoção, eis que me bate aquele incontida vontade de urinar. Recorro ao mijatório do Posto Aeroporto, ali na Octávio Pinheiro Brizolla e ao aguardar a saída de quem me antecedia no reservado banheiro daquele estabelecimento, eis que sai de lá o ex-prefeito, ex-deputado, ex-secretário de Governos variados e múltiplos, engenheiro TIDEI DE LIMA. Pelo sim, pelo não, sei que todo encontro com Tidei é frutificante, ou seja, surgem papos dos mais amigáveis e agradáveis, algo quase impensável nos tempos atuais. Tidei é do time que gosta de papear, não seria no sentido de jogar conversa fora, mas de acrescentar algo mais, expor e ouvir, parlar e fizemos isso enquanto nos limpávamos da ida ao banheiro e lavávamos nossas mãos. Foi mais ou menos isso.

- Tidei, cadê o nacionalismo dos tempos atuais. Os caras estão entregando tudo. Tudo aquilo que o FHC não conseguiu privatizar, eles estão querendo fazer tudo de uma só vez. Nem os generais hoje são mais nacionalistas.

- Calma, Henrique, eu não torço por eles, mas aguardo e espero por algo não tão ruim. Bolsonaro distribui tarefas para os tais Postos Ipirangas, muitos deles, pois não sabe o que fazer e nem como deve ser feito. Esse economista é desses vendilhões, homem totalmente do mercado, mas deve ser contido. Não dá para se vender tudo. Sabe quem irá controlar essa gana dessa gente? O vice, o Mourão. Ele já deixou transparecer isso numa entrevista à Folha semana passada, já deixou antever algo assim. Não se deve ir com muita sede ao pote. Ele sim vai ser o interlocutor com o meio militar e nem toda caserna é entreguista. Impossível ser de outra forma.

- O perigo, Tidei, não vai ser as leis, essas provavelmente não mudarão, mas as ações aqui na ponta. Semana passada já denunciaram uma apresentação da Casa da Capoeira no Dia da Consciência Negra num escola pública como macumba, vaiaram uma cantora num bar cantando Chico Buarque e um palestrante visto como esquerdista já foi impedido de se apresentar numa faculdade, tudo em Bauru e o cara ainda nem assumiu. O pessoal é mais realista que o rei. Uma década atrás eu me encontrava toda semana com, por exemplo, Dudu Ranieri na feira de domigo e nos entendíamos, o papo rolava e sem nenhum tipo de agressão. Com os que estão aí hoje isso parece não ser mais possível.

- Isso é ruim demais. Dudu abria espaços para gente falar e se apresentar, reconheço isso. Triste ver o que acontece hoje. Te conto algo de um bar onde me reúno com frequência. O papo era sobre política, eu quieto. Pediram minha opinião, dei e o fiz claramente, falando o que penso e como penso. Nunca foi petista, votei no Ciro no primeiro turno e no Haddad no segundo, pois era a única e possível alternativa. Sabe qual foi a reação que meus conhecidos tiveram comigo? Fui tachado de petralha. Não consegui mais prosseguir com a minha linha de interpretação. Não está mais dando para dialogar, isso concordo contigo, perdemos isso, aquilo que o Dudu fazia com maestria na feira não é mais possível hoje. Embruteceram a conversa.

- Tidei, vivo um desalento em relação ao futuro, você me diz ainda nutrir esperanças de algo, não sei no que, pois o time dos caras é muito ruim.

- Concordo que algumas peças são realmente um horror. Esse ministro da Educação, por exemplo, é um retrocesso sem tamanho. A Educação não merece um sujeito desses no comando de uma das pastas mais vitais do Governo. Algo você vai concordar comigo, chegou o momento do PT e das esquerdas dar um breque e fazer uma reavaliação de tudo o que foi feito, como foi feito e ver como poderá reverter isso, os tais próximos passos. Não dá para esperar mais. Continuar como está será ruim demais para todos. Reconhecer os erros e corrigir para poder continuar. O momento é agora.

- E mais, Tidei, já que você cita o ministro da Educação, veja como todos se dizem família, impolutos e certinhos, mas uma boa quantidade deles casam com mulheres mais novas, uns 40 anos pelo menos. Um carolismo às avessas e são muito piores do que tudo o que já tivemos. Não nos representam em nada.

Não deu tempo pra mais nada. Rindo saímos do banheiro e nos despedimos no saguão do free-shop do posto. A conversa, sem nenhum tipo de segredo inconfessável, entendi como algo ótimo para ser divulgada, até para servir com abertura de mentes e da necessidade de ampliação do diálogo. Posso não concordar com o Tidei em muita coisa e sei, nem ele concorda com tudo o que penso e faço, mas conversamos numa boa, dentro de algo mais do que salutar e necessário. A reprodução do que me lembrei do breve diálogo serve como aperitivo para que isso possa continuar ocorrendo sem o trauma de um ou outro ser tratado disso e daquilo. Que não falte boas conversas daqui por diante, ocorram onde puderam acontecer (toc toc toc). Banheiros são desses bons lugares para algo nesse sentido, como comprovo com essa publicação.

domingo, 25 de novembro de 2018

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (161)


DOIS MOMENTOS DA BESTIALIDADE EM CURSO – BARRAR ESSE AVANÇO ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS


BESTIALIDADE 1:
“Tatá Caveira e Zé Pelintra dão blitz no Luiz Zuiani ou fanáticos saem da casinha. Pasmem! Os telefones da Diretoria de Ensino de Bauru congestionaram de ligações de pais reclamando que na EE Dr. Luiz Zuiani, em Bauru, houve uma roda de Saravá, com o Exu Tatá Caveira e o Zé Pelintra.

A comunidade escolar apavorada. Uma aluna reclamou que ficou até com dor de cabeça. Nada. Como o País vivencia uma epidemia de idiotices, em que empoderados com a vitória eleitoral do idiota Bolsonaro, imaginam que possam oprimir a expressão cultural de outros. Falta de conhecimento, ou caráter, tanto faz.

Sugeriram que a apresentação musical do grupo de Maracatu, do amigo Alberto Pereira, tratava-se de uma roda de Quizumba. Trata-se de evangélico que vê o diabo na sombra das suas culpas. Na programação da Semana da Consciência Negra do Zuiani também foram expostos manequins trajando roupas e adereços comuns das religiões de matriz africana. Daí os idiotas evangélicos imaginarem macumba no Zuiani.

A intenção da atividade era de cumprir o papel da escola, levando conhecimento cultural em atividade extracurricular. Esta é a nossa realidade; idiotas querendo dizer o que pode e não pode; como se professores não soubessem o que importa apresentar aos alunos. Zuiani é escola de ensino médio ou seja, lida-se com adolescentes e jovens e não crianças.

Bolsonaro é infantilizado, vazio, preconceituoso e seus seguidores acompanham o capitão. Nem todos e todas evangélicos/as têm a mente obscurantista, são preconceituosos e ignorantes”, jornalista RICARDO SANTANA denunciando o fato pelas redes sociais.

BESTIALIDADE 2:
“Os “médicos” Cubanos voltaram à “mãe pátria” levando eletrodomésticos e televisores? Por que será?”, radialista da 96FM Bauru RICARDO BIZARRA. Eis o link para verem a publicação por inteira: https://www.facebook.com/ricardo.bizarra/posts/10218117901077781.

Desse seu comentário mais que bizarro vieram na sequência mais bestialidades com o mesmo teor, cito duas:

A - “Acho que o o Ricardo expõe , não é um comentário crítico ao POVO cubano, e sim de um país sucateado por um governo ditador, onde tudo está ultrapassado, funciona mal e não tem peças de reposição, desde carros até liquidificadores. Sabe aquele isqueiro BIC, que você joga fora, quando termina, então lá eles recarregam para ser usado novamente, e por aí vai. Isso sim é desrespeitar a dignidade humana !!”, Eduardo Rodrigues.

B - “Um povo sofrido, como nós, que parte sem esperança de prosperar na vida. A única chance que tiveram de ficar o mais próximo possível de uma democracia, foi vir para o Brasil. E olha que nem somos tudo isso hein?!
Fico impressionado com algumas cabeças. Olha a situação bizarra (desculpa o trocadilho kkk) que viveram esses Cubanos: Vivem em um país sem liberdades, são enviados a um país supostamente livre e democrático, mas mesmo assim são controlados pelo seu país. Mais do que controlado, são obrigados a trabalhar para receber 30% ou menos do que produzem. Tudo isso para manutenção de um sistema totalitário de governo Cubano, estendendo seu "puxadinho" para o Brasil. Tem cabimento alguém defender um governo como este?

Deus tenha misericórdia do povo Cubano, do povo Venezuelano, e de todos os que sofrem esse tipo de governo socialista!”, Vinny Neves.

OPINIÃO DO HPA – Não ceder nunca para o retrocesso querendo se impor como regra em tudo daqui por diante. Saber como reagir, responder e não deixar que o conservadorismo prevaleça. Como fazer isso? Agir da mesma forma, quando surgir a denúncia sem sentido, não permanecer calado e se possível, fazê-lo em bloco e no mesmo local onde ocorreu o fato. Temos que nos unir para tanto, única saída. No caso dos cubanos, a banalização é bestial e invade mentes país afora, dominados por uma informação truncada. Tiveram a cabeça feita pela falsa informação e caíram no conto do vigário. A reproduzem como verdades estabelecidas. Se o Governo cubano vem busca-los com seus aviões, por que não deveriam levar suas mudanças? Tudo o mais é parte desse momento brasileiro, com tudo bolsonarizado. Se gente da mídia radiofônica age assim, por que não questioná-lo até tentar entender que o que faz é não só bizarro, como uma negação do próprio conceito do que faz dentro de uma rádio e com um microfone na mão. A informação distorcida é uma das causas maiores de estarmos hoje na situação onde desembocamos. Opiniões bonitinhas, porém sem qualquer fundamento dentro da verdade dos fatos ou recheadas de preconceito mostram a verdadeira face do país hoje, falso, hipócrita e jogando contra o próprio patrimônio. Pior, esses profissionais fazem descaradamente a defesa do interesse dos patrões, que não são os seus, mas para continuarem de posse dos microfones se submetem a todo tipo de malversação.

OBS.: As quatro fotos são do pessoal da Casa da Capoeira em uma apresentação no mesmo período, em outra escola pública e essa sem nenhum tipo de problema.

sábado, 24 de novembro de 2018

MÚSICA (167)


DENTRE MUITAS OPÇÕES MUSICAIS NA NOITE DE SÁBADO, ZIZI POSSI FOI A ESCOLHIDA



O dia de sábado, 24/11 foi realmente auspicioso para quem gosta de botar o bloco na rua e saracotear nas ruas com eventos musicais pelos lados de Bauru. Diria que, “choveu na roseira” em matéria de concentração de eventos dessa natureza. Ótimo, até porque mesmo querendo, quem estava disposto a ir em alguns teve que escolher entre as várias opções. Até na capa no único jornal impresso da cidade, o Jornal da Cidade, a manchete deixava claro: “Final de semana chega com grandes nomes da música em Bauru e região”. Cito o que consegui reunir.


Em Bauru mais uma edição da Virada Cultural e nela Moraes Moreira, ex-Novos Baianos e com inúmeras outras passagens por aqui, inclusive uma onde tocou ao estilo voz e violão num aniversário da cidade. Junto dele alguém que não conheço, Silva, ressaltado pelo jornal como “nova geração da MPB por aqui”. Na mesma virada, mas em Botucatu, Elba Ramalho no sábado e João Bosco, o único que vale a pena, um dos maiores violinistas de nossa terra, no domingo à tarde na praça central daquela cidade e distante 100 km daqui (se não chover forte estamos quase indo). Num outro espaço aqui de Bauru tinha Fábio Júnior e no SESC, às 17h, o violeiro e contador de histórias Paulo Freire. Na vizinha Lençóis Paulista, nos últimos dias do FILLP – Festival Integrado de Literatura quem se apresentava no sábado era Zizi Possi e no encerramento do evento, domingo, Rolando Boldrin.

Ressalto que desses todos, só o show do Fábio Junior foi pago, no mais tudo gratuito. Eu sempre “botei o bloco na rua” e desde o meio da semana estávamos imaginando o que faríamos para estar num desses, escolhido a dedo, o imperdível show de ZIZI POSSI em Lençóis. Uma estratégia foi montada e em primeira instância me lembrei do ex-diretor cultural da cidade, Nilceu Bernardo. Ele nos indicou nomes da atual Cultura municipal, mas quem resolveu de imediato com quatro ingressos foi o jornalista Chu Arroyo, que é daqui de Bauru e mantém por lá o jornal semanal Pedra de Fogo. A intenção era ir em dois carros e na sequência Sivaldo Camargo faz contato com a Secretaria de Cultura de lá e consegue mais quatro. Pronto, tínhamos em mãos ingressos para irmos em dois carros. Uma lista foi montada e como o show teria inicio às 20h, saímos todos daqui por volta das 18h45.

Preencher as vagas não foi nada difícil. Descobrimos de imediato como a Zizi anda bem nas paradas de sucesso dos amantes das boa música. A princípio a escolha se deu pelo alongado tempo sem vê-la por essas plagas, por todos também estarmos curiosos de conhecer o que era de fato a tal FILLP, algo ainda impensável na nossa Bauru e rever o belo teatro deles, o Adélia Lorenzetti (que agora que o Elza Muneratto de Jaú foi fechado, caiu nas graças das boas peças e shows) obra do bauruense Jurandyr Bueno Filho. Escrever de Zizi é chover no molhado, ela continua sendo tudo de bom, ainda mais num momento como o vivido atualmente pelo país, com declarada redução mental dos brasileiros pelas tristes opções feitas nas últimas eleições, preferindo não seguir pelas vias democráticas e se aliando a um declarado fio desencapado, levando o país para uma bancarrota em todas suas opções e possibilidades. Enfim, Zizi continua representando o país que resiste culturalmente ao que é apresentado como Cultura pelo futuro presidente.

Lençóis é logo ali na curva da esquina e ir para eventos como esse em trupe é sempre instigante e aproximante. Da reunião das pessoas, algo sempre a fortalecer os laços de amizade entre os a embarcar nessas aventuras. Pegar estrada é sempre bom, em quase todos seus sentidos e meios. Quando com essa profícua finalidade, algo de imensa monta. Chegamos ao teatro uns quinze minutos antes do início do show, passando antes perla residência do Chu, perto da antiga rodoviária e depois juntando com os demais ingressos reservados e a nossa disposição na correspondente bilheteria. Eles são todos impressos via computador, com códigos de barra e tudo e antes de adentrar o local se fazia necessário validar cada um deles. Um luxo só visto na região nesse local. Ponto para eles nesse quesito e também no primor do local, ainda novo, mas com tudo em cima, sem nenhuma falha detectável. No saguão e no primeiro andar, quase na entrada para o teatro, muitas barracas de editoras e afins, com escritores ainda assinando obras e aquela maravilha exposta por todos os lados, livros e mais livros, na terra que eles difundem com muito orgulho como sendo a “Capital do Livro”.

Tudo numerado e começando quase no horário. Som e iluminação perfeitos e do show ressalto a belezura dela numa memorável noite com Voz e Piano, ao lado de um parceiro de longa data, que a entendia em cada gesto. Estabeleceram entre eles uma parceria que se valia do olhar, do pequeno gesto para o entrosamento se dar por completo. Ela cantou todos seus sucessos e disse num certo momento ter preparado o repertório especialmente para aquela noite, numa cidade cheia de luz e se intitulando como Cidade do Livro. Não sei a idade de Zizi, nem me interessa, mas ela continua radiante e linda, por dentro e por fora, com uma voz grandiosa. Todos cantaram junto com a artista muitas de suas canções, grandes sucessos da MPB, que ela em certo momento disse estar um tanto em baixa, mas o local estava lotado e as letras eram do domínio de todos. Para não dizer que nada foi dito sobre o momento brasileiro, ela numa de suas falas dentre as canções soltou um lindo: “A arte é redentora, especialmente nos dias de hoje”.

Cantamos, nos divertimos, saracoteamos todos um ao lado do outro e com a certeza de ter feito a escolha certa. Outras poderia ocorrer, mas com Zizi todos voltamos pra casa com o coração pulsando mais forte e aproveitando a oportunidade de ver no palco alguém dessas que realmente vale muito a pena todos os esforços para vê-la pessoalmente. A decepção da viagem ficou por minha conta, que como faço sempre nesses momentos, levei três capinhas de antigos CDs dela e o camarim não se abriu ao fim do show. Muitos queriam dar o abraço e aquelas costumeiras palavrinhas de final de espetáculo, mas só eu levei as tais capinhas. Fiquei chupando o dedo e como bom tiete voltei com os mesmos sem os devidos rabiscos. Para completar a noite, na volta para Bauru um pizza e mais papo musical na pizzaria Vila Rica, quando o amigo Roger, pianista dessa cepa dos notáveis bauruenses nos recebe e brinda a todos com o prolongamento da conversa até aquele momento quando bate o sono e todos não aguentam mais. Viver é isso, além de resistir, hoje mais do que necessário, vale muito pelas saídas, escapulidas dadas, escolhas feitas, arruaças e locais visitados. Tudo na vida se dá e somos marcados pelas escolhas feitas. Eis uma mais que acertada no dia de ontem. Viva a boa e pulsante boêmia.

Obs.: Deixo de citar os nomes dos que estiveram na barca a visitar Lençóis Paulista, mas eles todos irão comparecendo por aqui com seus comentários, engrandecendo com seus detalhes a grandiosidade da noite vivida coletivamente.

PARA QUEM AINDA NUTRE ALGUMA SIMPATIA POR CIRO GOMES...

Reproduzo duas missivas publicadas na edição chegando as bancas hoje com Carta Capital, a última publicação semanal decente no mercado editorial brasileiro, atuando dentro da verdade factual dos fatos:

Missiva 1: "A História talvez não diga, então direi. Em 2018, Roger Waters fez mais pela democracia brasileira do que o candidato Ciro Gomes", Marco Henrique N. Granado.

Missiva 2: "Se tivesse ficado aqui e lutado pela democracia, como fez Guilherme Boulos, Ciro Gomes teria uma excelente chance de se colocar como uma opção viável para 2022, mas a perdeu", Tomás Wilson.

O pano cai e não se faz necessário acrescentar nada mais.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (141)


TORÇO PARA O PERDEDOR E PARA OS TIMES NA RABEIRA DA TABELA
Continuo cada vez mais apaixonado por futebol. Vou pouco aos estádios. Reservo-me hoje as idas e vindas para presenciar o desempenho do time de minha aldeia, o centenário Noroeste. O resto vejo pela TV e ouço pelo rádio. Deixo de ver noticiários para ver futebol. Doem menos na alma. Está cada vez difícil ouvir rádio, pois até o pessoal do futebol hoje é tendencioso, pueril e doente com essa praga de endeusar o pensamento único. Insisto e pouco me importo com osvitoriosos e os campeões. O alto das tabelas pouco dizem a mim, não me tocam mais. Vejo futebol para presenciar os embates dos que fogem dos rebaixamentos, dos que disputam entre tapas e beijos os últimos lugares. Meu Corinthians só me empolga hoje se estiver correndo riscos, do contrário passa batido. Não perco um jogo do Vasco, por exemplo, como o de ontem, quando ganhou honrosamente do São Paulo e quase disse adeus ao rebaixamento. Quer contenda mais empolgante do que essa? Assisti quase amarrado na poltrona para não me exceder. O Vasco não merece cair, assim como tantos outros.

Por isso gosto demais da conta de assistir meus joguinhos de bola no Alfredo de Castilho, no Zezinho Magalhães ou na rua Javari. Indo a Sampa e tendo um jogão num dos grandes estádios e uma contenda, por exemplo, na rua Javari ou no campo do Nacional, entre Juventus X Nacional ou contra a Portuguesa de Desportos, não penso duas vezes e vou presenciar o jogo dos pequenos, dos desvalidos, dos de campo de terra quase batida. Certa vez presenciei uma cena na rua Javari e dela numa mais esqueci. Os velhinhos torcedores do time chegam e lá encontram um lugar, um quartinho só deles para tirar suas camisas de gola, penduram num varal e vão assistir ao jogo com a vestimenta grená do time do coração, do bairro e aquele que move suas vidas. Na saída, voltam se trocam e saem para suas casas. Achei aquilo lindo. Eu já saio daqui vestido, todo avermelhado para ver o Norusca, mas daqui por diante creio deva me preocupar, pois sair vestido de vermelho representa riscos, de integridade física e até de vida.

Eu estou motivado a assistir a final da Copa Libertadores. Sentarei diante da TV e não sei se torço para River Plate ou Boca Junior. Que faço? A solução para inquietante questionamento quem me deu foi Miguel Rep, com sua tira diária no melhor jornal diário da América Latina, o argentino Página 12. Com seu personagem Lukas, um desiludido e depressivo cidadão, diante de tal questionamento responde: “Claro, vou torcr para o perdedor”. Claro, ele expressou ali o que sinto com o futebol e como pratico: torço para os perdedores e os mais fracos. Isso me move. Quando vejo os preparativos do glorioso Noroeste já contratando jogadores para a disputa da série AIII do Paulista, sinto um calafrio, pois sei dos sofrimentos que irei passar e deles não abdicarei. Lá estarei presente, pulsando com o time de minha aldeia.

Nesse final de ano, após tantos tristes embates, o futebol é uma válvula de escape. Não perco joguinhos sem importância da Série B e quando passam, das demais, C e D, esses imperdíveis. Sabe lá o que é assistir uma contenda entre Botafogo de Ribeirão Preto x Botafogo da Paraíba? Pois é, não tem preço. Lembro que já sai de casa para ir ver o antigo Oeste de Itápolis, quando lá existia um time de bola. Cem quilômetros, sentava naquelas arquibancadas de madeira e delirava. E o campo da Santacruzense? Só quem já foi lá sabe do que escrevo. Um campo encravado no meio da cidade, com um boteco na esquina, tudo tão intimista. Nesse final de semana a última rodada da Série B do Brasileiro e desde já me preparo para sofrer por alguns e me solidarizar com outros. Na semana seguinte o mesmo acontece com os da Série A. Depois um mês sem bola e daí, só bola nas costas, pois isso os dirigentes do país sabem fazer que é uma belezura. Minha válvula de escape é torcer pros derrotados, pros times no final da tabela, pros que lutam pra não cair, o mais é tudo uma grande merda e não perco mais meu precioso tempo.
A final da Libertadores, River x Boca na visão de Miguel Rep.

SINAIS
"Ao contrário do que imaginamos, nenhum processo histórico tem seu início de supetão. Há sinais anteriores, ocorrem ensaios do que está por vir. Todo processo histórico é feito passo a passo, seja por um golpe, por uma revolução ou as perseguições políticas.
(...)
Portanto, ensaios são SINAIS de preparação para a peça principal. Ensaios são os que vemos no momento em nosso país, Karl Marx dizia que a história se repete na segunda vez como farsa, mas não disse que a farsa normalmente paga seu preço em dobro ou quíntupolo.
(...)
Lula continua preso em Curitiba, seu destino é incerto e temerário. Ele é o líder que unifica as diferenças internas e externas. É o detentor dos milhões de votos que desaguaram na candidatura Haddad, portanto, incompreensível o seu quase esquecimento quando se passaram as eleições. Incompreensível que não se retome a campanha Lula Livre.
(...)
Espero que o petismo não se transforme em um bando de assassinos da imagem de seu líder, de sua memória"
, Marcio Tenenbaum, in Carta Capital.

Mais que isso, outros sinais mais do que evidentes do que desponta logo ali na curva da esquina:
- Acabo com todos os esquerdistas.
- Implanto a Escola Sem Partido.
- Ponho fim ao Mais Médicos.
- Vendo tudo, inclusive a Petrobrás.
- Imprensa que não fala bem de mim não presta.
- Pra que vocês querem 13° salário?
- Vou rever as aposentadorias até então pagas.
- Vocês querem emprego ou direitos?
- Resolveremos tudo à bala.
- Incentivar a Cultura não faz parte de minhas idéias.
- Oposição não deve existir.
- Prender 100 mil, qual o problema disso?
- O trabalhador tem direitos em excesso.
- O INSS tem um custo muito alto para o Governo.
- Inibir as reivindicações trabalhistas é a meta.
- Bom mesmo é a negociação direita entre patrão e empregado.
- O criacionismo não é assim tão ruim como dizem.
- A escravidão só existiu na cabeça de uns poucos malucos.
- As redes digitais são possuidoras de uma linguagem pop.
- Experimentem continuar cantanto Chico Buarque por aí.
- Movimentos sociais são todos margianis.
- O SESC faz shows culturais desnecessários.
- Direitos Humanos protege bandidos.
- Desenvolvimento nacionalista é ilusão.
- Criar um movimento nacional acima das leis.
- Todo poder aos pastores e o que fazem com seus fiéis seguidores.
- O STF vai estar sempre do nosso lado.
- Hoje ocorre doutrinação ideológica nas escolas.

Uma ladainha interminável de SINAIS.

Luto e lutarei contra os ASSASSINOS DA MEMÓRIA.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

DICAS (178)


JUNTANDO OS CACOS - RESISTIR É MAIS DO QUE PRECISO

1.) FOGOLIN CHOROU...
Ontem na despedida que o prefeito fez aos dez médicos cubanos na Prefeitura, o secretário de Saúde Fogolin estava visivelmente emocionado. Ele trabalhou no Governo Federal com Dilma quando da implantação do Mais Médicos e sabe melhor que ninguém da importância dos médicos cubanos para o sucesso do programa e da "saúde" do e nos municípios. Seu choro reflete a imensidão da perda, irreparável para o município. É ótimo quando diante de sensíveis políticos. Mais que isso, o secretário, pessoa experiente que é, sabe melhor que ninguém de todas as dificuldades que a cidade terá pela frente se assumir a administração, inclusive financeira do Hospital de Base. Não existe condições financeiras para tanto, dentro do proposto até agora pelo Governo Estadual (agora com Dória, mais insensibilidade). Devemos chorar todos juntos daqui por diante diante de tudo o que, com certeza, irá acontecer não só com a Saúde, mas nela, algo de grande monta e sentida por todos de imediato. O descalabro está em curso e Fogolin sabe disto como nenhum outro.
OBS.: A foto é do JC, edição de ontem.

2.) DOS QUE GOSTAM DE RETRATOS COM PESSOAS PELOS CAFUNDÓS DO MUNDO...
Eu adoro esse ofício, registrar em imagens as pessoas. Muitos outros o fazem com muito mais profissionalismo, perfeição que não consigo, pois sou emotivo, tremo na hora do flash, converso, numa mão um caderninho de anotações e noutro a máquina desfocada, mas sigo registrando tudo e todos, quando permitido e possível. Ontem fui com Ana Bia e Sivaldo Carmargo bater papo e ver a exposição fotográfica de uma grande amiga, Loriza Lacerda de Almeida, que ali no Templo Bar expunha seus retratos, disparados nos mais diferentes lugares do país e dotados de uma sensibilidade toda sua. Na exposição, a "Percepções da Vida", dividida com Fátima Sandrin, que não estava presente e registrou fachadas e interior de igrejas. Foquei no trabalho da Loriza, pois muito próximo do que faço registrando e escrevendo nos perfis do Lado B de Bauru. Ela me autorizou a fotografar suas fotos e assim espalhar e sugerir visitas ao TemploBar Bauru ( exposição vai somente até 24/11).
No folheto distribuido e em cima de cada mesa: "Fotografar é uma forma de atenção e percepção do real, é uma forma de contemplar a vida. É também uma atividade que exige a articulação de todo o sistema afetivo, intelectual e filosófico, pois o que está fora do foco influencia direta e decisivamente o que se registra, o recorte que se faz da realidade". Tento entender isso tudo e muito mais, clicando pela aí, mas hoje só com foco para o lado que mais sofre dentro da estrutura deste país, outrora mais liberto, hoje mais contido, amanhã, talvez mais pérfido. Eu viajo em exposições como essa e ao ir olhando com mais cuidado cada imagem ali reproduzida muito do interior, da vida intestina do país que vivemos. No som, Marco Zambon com seu violão dava uma sonoridade toda especial para o que íamos vendo nas paredes do resistente bar do Fernando e da Sonia, pessoas queridas e dos garços, mais queridos ainda. Espero que gostem como eu gostei do que vi.

3.) PROIBIÇÕES
Sou de um tempo onde sambistas eram detidos assim por nada. Lutei tanto para nunca mais ver isso ocorrer e hoje a incerteza aponta pra algo perigoso logo ali na curva da esquina.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

UM LUGAR POR AÍ (114)


BOMBEIRO É UMA ESPÉCIE DE FAZ TUDO NO NOVA CANNÃ

A vida cotidiana de um morador do maior assentamento urbano da cidade Bauru serve para mostrar como é a rotina diária dos que lá encontraram um pedaço de chão para morar.

No Assentamento Urbano Nova Cannã, localizado do outro lado da rodovia Bauru/Jaú, imediações do IPMET, a Prefeitura de Bauru produziu um auspicioso acordo beneficiando milhares de pessoas. Eles estão residindo num local não mais irregular, pois com a anuência do atual prefeito de Bauru, Clodoaldo Gazzetta, mais do que um novo bairro nasce e se fortalece. Os moradores do lugar, ali removidos através do trabalho social do MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto estão tendo condições de ter aquilo que tanto almejavam em suas vidas, um pedaço de solo para chamar de seu e levantar a sua definitiva morada. A história desses moradores encanta, pois ao desvendar cada uma, a percepção do acerto ao resolver um grave problema social e da felicidade estampada nas faces. Conto uma delas, escolhida dentre tantos, exatamente pelo morador ter se diferenciado em algo que faz no seu dia-a-dia.

Ronaldo Wilson Hernandes, 47 anos, nasceu no Paraná, mas reside em Bauru desde criança e acompanha as idas e vindas do Cannã desde o início. Solteiro, muito conhecido por causa de sua ação de apoio à Defesa Civil, um apoio voluntário de grande valia para a comunidade onde reside. Quase ninguém o conhece pelo nome, mas se perguntarem pelo Bombeiro, impossível alguém não saber onde mora e indicar o caminho. Sua casa é bem diferente de todas as demais do lugar, não pelo fato de ter sido levantada com sobras e matérias descartado de lugares variados, mas pela forma como tudo foi sendo agrupado. “Aqui tudo o que tenho é fruto de doação. Peço, recolho e trago, recupero e instalo. Tenho um velho veículo Gol, hoje encostado aqui, quebrado, problemas na hemocinética, mas foi com ele que trouxe tudo para cá. Desde o piso, doação dos retalhos de marmoraria, até as paredes feitas com placas de forro em PVC. Eu mesmo instalei tudo e debaixo disso tudo montei minha casa e loja”, conta emocionado.

Ele é bastante comunicativo e para começar a contar tudo, basta ser incentivado e confiar na pessoa. Sai a me mostrar sua casa, toda parecendo uma colorida banca da conhecida feira do Rolo local. Trata-se de um amontoado organizado de tudo um pouco, desde o material utilizado na construção como o de seu trabalho diário, como conta a seguir: “Eu sobrevivo disso tudo que vê por aqui, com muita dificuldade e perseverança. Não tenho emprego, salário, tenho que fazer uma cirurgia de hérnia e vivo de bico. Vendo de tudo um pouco, desde essas plantas aqui na frente e no quintal, tudo em pequenos vasos, latas reaproveitadas. Minha história aqui se confunde com a desse assentamento, pois estou aqui há cinco anos, exatos 22 dias depois de sua criação”.

O provisório acaba encontrando um lugar e da junção de tudo um visual bonito. Para cada objeto existe uma explicação. Bem na frente da casa um retalho trabalhado de velho guarda-roupa. Fixou na entrada, como um portal. “Era do dono de uma marcenaria e seria enviado para lenha em uma padaria. Pedi e hoje enfeita a entrada da casa. A pia da cozinha está montada em cima de um pallet, como muitos móveis, para não ter contato com o chão. Meu telhado era de lona, fiquei um ano e meio sem porta na casa, nunca ninguém mexeu em nada. Aqui cada vizinho ajuda a cuidar. Fiquei quase dois anos com a casa aberta. Fui trazendo o material reciclado, pouco a pouco e assim toco minha vida”, continua sua fala. O que para muitos é lixo, algo descartável para gente como o Bombeiro, trata-se de uma riqueza. Ele fala e me mostra como recebe água, vinda através de dois grandes tanques, com caminhões pipas do DAE – Departamento de Água e Esgoto da Prefeitura. “Aqui ninguém faz uso desnecessário de água, tudo controlado, como a eletricidade. Ninguém desperdiça nada por aqui”.

Pergunto sobre a situação das terras onde está localizado o assentamento e mesmo sem saber detalhes ele conta algo: “Ninguém aqui invade nada. Lá atrás foi feito uma pesquisa, isso aqui era terra abandonada, sem documentação e agora com o acordo com a Prefeitura estamos garantidos. Eles sabem o quanto sofremos e precisamos de um pedaço de terra para viver. O Cannã é hoje mais um bairro de Bauru. Eu acredito no meu Deus, ele sabe de minha necessidade e de todos aqui precisarem de um terreno para morar. Ele não vai deixar a gente na mão e morando na rua”. Sua casa é também um ponto comercial, pois além de prestar serviço comunitário, fazendo de tudo um pouco para resolver pequenos problemas dos moradores, quando juntou tudo o que tinha debaixo de um teto, colocou em prática algo do que sabia fazer, a facilidade em consertar as coisas e abriu as portas para viver disso.

Seu pequeno comércio não tem nome e nele o ajuntamento de objetos que os moradores trazem até ali para os devidos reparos. Enquanto conversamos uma moça passa lhe pagar por um celular que ele conseguiu fazer voltar a funcionar e outro veio em busca de fios para terminar uma instalação elétrica. Cobra pouco e com isso, seu negócio gira. No último final de semana, conseguiu comprar alguns fardinhos de cerveja e fez um churrasco, revendendo espetinhos. Disse ter funcionado naquela noite até as 3h da manhã, ou seja, um sucesso. “Tudo o que tenho aqui eu tenho uma prova de que recebi em doação. A gente tem que ter cuidado em tudo, para não ser confundido. Eu ganho coisas usadas como essas tomadas de casas e as distribuo quase de graça”, prossegue me contando.

A sua loja de variedades é cheia de novidades e segundo um vizinho, seu Domingos, acompanhando nossa conversa, esse confirma algo mais: “Quando falta algo, antes de ir ver na cidade, a gente já sabe, procura primeiro com o Bombeiro. Se ele tiver, tudo mais fácil, pois ajuda também na instalação”. Nas improvisadas prateleiras se vê desde aparelhos de TV, rádio, computadores e também geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupa. Ele é uma espécie de shopping center pra gente”. Bombeiro interrompe e diz ser sua especialidade a informática e mesmo sem sinal de internet, faz misérias tirando peças de um e colocando outro tanto para funcionar.

Quando se empolga diz com uma entonação de voz cheia de orgulho: “Eu criei o meu lugar. Montei a casa do jeito que sempre sonhei, com essa organização que está vendo. Muitos chamam isso de lixo, mas sei da utilidade disso tudo. Eu não perturbo ninguém, trabalho muito, não paro e em cada momento estou fazendo algo, veja essas plantas, aqui tem desde uva, rubi, limão galego, acerola, pitanga e lá no fundo no quintal, galinhas e um viveiro. Eu procuro distribuir tudo de um jeito a facilitar o manuseio de tudo". Ele não vive só, pois além das galinhas, tem uma tartaruga e uma maritaca, o Quico, tratado com frutos silvestres e muito carinho. O bicho não sai do seu ombro, voa e volta para seu poleiro, trazendo alegria para os frequentadores.

Antes de partir me mostra um quadro com a explicação heráldica do seu sobrenome e uma caixinha de música, herança de sua mãe, encontrada num viaduto quando ele tinha sete anos e desde então nunca deixou de funcionar. Bombeiro é feliz no seu pedaço de chão, assim como tantos outros no Nova Cannã. Eles todos confiam no trabalho e atuação do prefeito em lhes garantir o chão, pois o resto, como repete a todo instante, eles se viram. “Muitos daqui trabalham fora e alguns como eu, sem conseguir emprego, acabamos nos virando pro aqui mesmo. O Cannã é uma grande família e quem fala mal da gente é por desconhecer como vivemos e o que somos. Quem vem aqui, como o senhor, acaba entendendo e falando bem da gente. Eu agradeço muito a visita e desde já o convido para vir no próximo churrasco ou trazer algo para mim consertar. Posso contar com sua presença?”.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

BEIRA DE ESTRADA (100)


RUI BERTOTTI, O OFTALMO HUMANISTA SE APOSENTOU

A questão médica está na pauta do dia e tudo por causa do destempero do futuro presidente, que nem assumiu ainda o cargo, mas quando emite opiniões, as instituições se borram e já tomam atitudes por ele prescritas. Tentou intimidar Cuba e se deu mal, pois o médicos cubanos se irão antes dele querer implantar seu estilo de desGoverno ao país. Não se fala em outra coisa. E a classe médica brasileira parece abaixar a crista e dizer "Amém". Ou não se fazem mais médicos com antigamente ou tudo está devidamente dominado, como já se suspeita. Existem os remando contra a maré? Sim, claro, evidente. Encontro com um desses hoje na rua e além do abraço, tiro fotos. Um papo de calçada e esse texto sai agora carregado de baita emoção.

RUI CELESTE BERTOTTI sempre exerceu sua profissão, a medicina, na especialidade médico de olhos, a Oftalmologia e à moda antiga. Seu consultório sempre esteve localizado na avenida Rodrigues Alves, quadra 4, 7º andar, centro de Bauru. Um ambiente simples, bem equipado, mas com aquele cheiro gostoso de passado. Quem foi cliente dele sabe que, além do atendimento, algo mais sempre acontecia naquele recinto, na forma de um bate papo, que podia se prolongar por muito tempo quando não existia mais clientes na sala de espera. Além de tudo, esse também ex-vereador, sempre se mostrou um humanista na acepção da palavra. O encontro hoje nas ruas e me confirma: “Estou aposentado. Volto vez ou outra à clínica, mas só para matar saudade”. Decididamente, não se fazem mais médicos no Brasil no formato de gente como Rui Bertotti. Hoje são formados seguindo outra concepção. Quantos não tiveram suas consultas penduradas e nunca foram cobradas. Exercia um dos preços mais baixos no mercado e isso posso constatar, pois fiz meus óculos com eles por seguidas décadas e pagava sempre pouco nas idas e vindas. Meses atrás, para minha surpresa, toca o telefone no Mafuá e do outro lado ele a me pedir um favor: “Henrique, sei que você tem seu blog e como escrevo e só publico ainda na revista Já, do Silvio Rodrigues, quero ter um espaço para deixar registrado tudo o que tenho guardado em pastas. Você me auxilia?”. Claro que concordei. O tempo passou, ele ficou de voltar a me ligar, não o fez e hoje, na porta do Banco do Brasil, agência da praça Rui Barbosa, me diz: “Consegui montar, agora faltar começar a publicar”. Da trombada, ele com as mãos cheias de contas recém-pagas: “Banco é engraçado, pediam para mim digitar a data e ao fazê-lo clicava dia 17. A máquina conversava comigo e me explicava que só aceitaria se clicasse 19 ou os dias seguintes. Fiquei rindo sozinho defronte o caixa eletrônico e quem me viu deve ter me achado louco”. Rui está bem, vem sozinho ao banco, atravessa a praça devagar, caminha com cuidado, o tempo é inexorável, implacável, ele toma seus cuidados e o sorriso franco, sincero continua o mesmo dantes. Um baita de um cidadão humano, um da classe médica que não capirotou. Um resistente, um médico como se vê poucos pela aí. O gostoso é que ele quer conversar, bater papo, ouvir e dar opiniões. Gente assim vale muito.

PRA NÃO DIZER QUE MUDEI DE ASSUNTO, EIS ALGO BEM ATUAL

DORMIR
“Os pobres não dormem porque tem fome e os ricos não dormem porque tem medo dos que tem fome. O que pode ser feito para todos dormirem?”, perguntou ontem no Foro Mundial de Pensamento Crítico, em Buenos Aires, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel.

Aqui no Brasil, os pobres não terão sono tranquilo daqui por diante. Comparem as situações. A classe média argentina votou em Macri pensando que ele facilitaria a sua chegada à classe rica. Esses nunca permitiriam que isso viesse um dia acontecer. Traídos, padecem e muitos já não pagam suas contas, comem o que conseguem, muitos já se mudaram para as calçadas. A classe pobre brasileira, incluindo a trabalhadora votou em Bolsonaro pensando que ele lhes facilitaria suas vidas e lhes trouxesse benesses, vida mais amena. Esse lhes trai em cada ação e será justamente ele quem cravará a mais funda faca nos interesses populares. Como os pobres conseguirão dormir nesses bestiais regimes neoliberais?

Não deixar eles terem sono tranquilo, eis algo arrebatador. O justo troco.