sábado, 3 de novembro de 2018

COMENTÁRIO QUALQUER (181)


FINADOS, O DIA DOS MORTOS E A MORTE DE UM PAÍS*

* Escrito ontem, pouco antes de dormir, enquanto não era abatido pelo sono.


Nada melhor do que descrever da morte de um país num dia como o de hoje, Finados, feriado em todo país bolsonarizado e customizado para reverenciar o que vem pela aí como louvável e de grande monta para o país. Os cegos, os incautos, os iludidos e os pobres que preferiram votar do mesmo jeito dos seus patrões que o digam. Em qual lugar do mundo o trabalhador vota no mesmo candidato do patrão? Aqui é demais da conta. Qualquer ser pensante e pulsante pensaria minimamente da impossibilidade do patrão ter o mesmo interesse seu e daí, incompatibilidade em tudo. Ele pode ser bonzinho contigo, mas o que é bom para ele não é para seu funcionário (hoje já visto como serviçal). São mundos irremediavelmente distintos, diferentes e antagônicos. O trabalhador que vota no mesmo cara que o patrão, no mínimo está jogando contra seus próprios interesses e patrimônio. A partir desse voto está decretando sua morte como ser vivo, pois estará tão logo o candidato seja eleito, irremediavelmente num mato sem cachorro. Patrão de um lado, todo pimpão e ele de outro, danado, sem direitos e com um mundão de incertezas e dificuldades pela frente. De sua escolha nasceu a coisa.


O Brasil vive um momento onde o surreal ultrapassou todas as fronteiras e barreiras previsíveis. O trabalhador iludido se deixou levar por onda massiva, despejada sob suas mentes por anos seguidos, barbarizando com quem lhes deu algum tipo de ajuda. De tanta informação distorcida passou a crer que aquele que lhe ajudou estava de fato lhe danando a vida. A lavagem cerebral foi tão intensa, a ponto de passar por cima de todos os benefícios recebidos e enxergando só a tal da corrupção, como sendo a maior de todas. Votou iludido, cego e crendo que, o fazendo no cara desmiolado estaria não só atentando contra o sistema que lhe impede de ter uma vida saudável, mas naquele que lhe salvaria a pele. Quando se der conta que foi enganado, talvez tarde demais, pois para reverter tudo, algo muito mais complicado. O candidato bancado pelo patrão vai fazer o jogo que beneficia os interesses do patrão e nunca os deles, os remediados. Sem querer esses todos deram uma ajuda mais que substancial para colocar no poder aquele que cravará a estaca nos seus interesses de ter direitos e garantias de vida normal de volta. Dias duros para todos, mas muito mais para as massas, necessárias para eleger quem quer que seja nesse país, só que nenhum dos seus pleitos serão atendidos e a danação será ampla, geral e irrestrita. Uma espécie de morte por inanição, sem voz, sem direito a apelação ou reclamação, pois o balcão para essa finalidade estará fechado.

Ouço de muitos que pouco faz proibições e restrições às liberdades individuais. No mínimo não sabem o que falam. Até hoje, mesmo nos governos neoliberais, tivemos liberdade consentida e permitida. Algo louvável e salutar. Até o presente momento ainda se é possível falar, escrever o que quiser, sem medo de represálias por causa disto. A oposição é não só aceitável, como o recomendável, algo prescrito e garantido na Constituição. Porém, estamos adentrando um novo estilo, onde existe um ódio em quem exerça oposição. Mais que isso, pois desse ódio, algo já bem latente, a necessidade de sua eliminação. Ou seja, o que foi permitido até então não mais o será daqui por diante. Não seria isso a morte? Sim. Não existirá mais meios de contestação. Tudo será devidamente vigiado e contido. Tempos sombrios. A morte desse país foi decretada com essa eleição e já na montagem do ministério a certeza da eliminação das massas de qualquer possibilidade de participação. A primeira morte decretada por encurralamento num beco será a da liberdade, depois a dos direitos. Boca calada, sem direito a reagir, estaremos todos fadados a viver como gado, manada seguindo suas vidas sem sentido, sem rumo, desorientadas e contidas. Se isso não é a morte é bem próximo disso.
HPA – Bauru SP, sexta, 02 de novembro de 2018 (Eu escrevendo enquanto ainda é possível).


O PLEITO JÁ PASSOU, MAS SÓ HOJE FUI FAZER AS CONTAS
Eis a conclusão de tudo. 

O cara eleito não é nenhuma unanimidade. Sei que isso não quer dizer muita coisa, pois conhecimento dessa conta eles tem. 
Porém, como chegaram lá, agora já se apossaram do porrete e para tirar o brinquedinho da mão deles não vai fácil. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Na ilusão de podermos deixar de lado os fatos e suas inevitáveis consequências, queria estar saindo para mais um sábado em defesa do Brasil que queremos...me resta iludir-me com uma possível reviravolta e que a realidade é mentira, mas com os pés no chão #SOSLULANa ilusão de podermos deixar de lado os fatos e suas inevitáveis consequências, queria estar saindo para mais um sábado em defesa do Brasil que queremos...me resta iludir-me com uma possível reviravolta e que a realidade é mentira, mas com os pés no chão #SOSLULA

Maria Aparecida Lopes