TORÇO PARA O PERDEDOR E PARA OS TIMES NA RABEIRA DA TABELA Continuo cada vez mais apaixonado por futebol. Vou pouco aos estádios. Reservo-me hoje as idas e vindas para presenciar o desempenho do time de minha aldeia, o centenário Noroeste. O resto vejo pela TV e ouço pelo rádio. Deixo de ver noticiários para ver futebol. Doem menos na alma. Está cada vez difícil ouvir rádio, pois até o pessoal do futebol hoje é tendencioso, pueril e doente com essa praga de endeusar o pensamento único. Insisto e pouco me importo com osvitoriosos e os campeões. O alto das tabelas pouco dizem a mim, não me tocam mais. Vejo futebol para presenciar os embates dos que fogem dos rebaixamentos, dos que disputam entre tapas e beijos os últimos lugares. Meu Corinthians só me empolga hoje se estiver correndo riscos, do contrário passa batido. Não perco um jogo do Vasco, por exemplo, como o de ontem, quando ganhou honrosamente do São Paulo e quase disse adeus ao rebaixamento. Quer contenda mais empolgante do que essa? Assisti quase amarrado na poltrona para não me exceder. O Vasco não merece cair, assim como tantos outros.
Por isso gosto demais da conta de assistir meus joguinhos de bola no Alfredo de Castilho, no Zezinho Magalhães ou na rua Javari. Indo a Sampa e tendo um jogão num dos grandes estádios e uma contenda, por exemplo, na rua Javari ou no campo do Nacional, entre Juventus X Nacional ou contra a Portuguesa de Desportos, não penso duas vezes e vou presenciar o jogo dos pequenos, dos desvalidos, dos de campo de terra quase batida. Certa vez presenciei uma cena na rua Javari e dela numa mais esqueci. Os velhinhos torcedores do time chegam e lá encontram um lugar, um quartinho só deles para tirar suas camisas de gola, penduram num varal e vão assistir ao jogo com a vestimenta grená do time do coração, do bairro e aquele que move suas vidas. Na saída, voltam se trocam e saem para suas casas. Achei aquilo lindo. Eu já saio daqui vestido, todo avermelhado para ver o Norusca, mas daqui por diante creio deva me preocupar, pois sair vestido de vermelho representa riscos, de integridade física e até de vida.
Eu estou motivado a assistir a final da Copa Libertadores. Sentarei diante da TV e não sei se torço para River Plate ou Boca Junior. Que faço? A solução para inquietante questionamento quem me deu foi Miguel Rep, com sua tira diária no melhor jornal diário da América Latina, o argentino Página 12. Com seu personagem Lukas, um desiludido e depressivo cidadão, diante de tal questionamento responde: “Claro, vou torcr para o perdedor”. Claro, ele expressou ali o que sinto com o futebol e como pratico: torço para os perdedores e os mais fracos. Isso me move. Quando vejo os preparativos do glorioso Noroeste já contratando jogadores para a disputa da série AIII do Paulista, sinto um calafrio, pois sei dos sofrimentos que irei passar e deles não abdicarei. Lá estarei presente, pulsando com o time de minha aldeia.
Nesse final de ano, após tantos tristes embates, o futebol é uma válvula de escape. Não perco joguinhos sem importância da Série B e quando passam, das demais, C e D, esses imperdíveis. Sabe lá o que é assistir uma contenda entre Botafogo de Ribeirão Preto x Botafogo da Paraíba? Pois é, não tem preço. Lembro que já sai de casa para ir ver o antigo Oeste de Itápolis, quando lá existia um time de bola. Cem quilômetros, sentava naquelas arquibancadas de madeira e delirava. E o campo da Santacruzense? Só quem já foi lá sabe do que escrevo. Um campo encravado no meio da cidade, com um boteco na esquina, tudo tão intimista. Nesse final de semana a última rodada da Série B do Brasileiro e desde já me preparo para sofrer por alguns e me solidarizar com outros. Na semana seguinte o mesmo acontece com os da Série A. Depois um mês sem bola e daí, só bola nas costas, pois isso os dirigentes do país sabem fazer que é uma belezura. Minha válvula de escape é torcer pros derrotados, pros times no final da tabela, pros que lutam pra não cair, o mais é tudo uma grande merda e não perco mais meu precioso tempo.
A final da Libertadores, River x Boca na visão de Miguel Rep. |
SINAIS
"Ao contrário do que imaginamos, nenhum processo histórico tem seu início de supetão. Há sinais anteriores, ocorrem ensaios do que está por vir. Todo processo histórico é feito passo a passo, seja por um golpe, por uma revolução ou as perseguições políticas.
(...)
Portanto, ensaios são SINAIS de preparação para a peça principal. Ensaios são os que vemos no momento em nosso país, Karl Marx dizia que a história se repete na segunda vez como farsa, mas não disse que a farsa normalmente paga seu preço em dobro ou quíntupolo.
(...)
Lula continua preso em Curitiba, seu destino é incerto e temerário. Ele é o líder que unifica as diferenças internas e externas. É o detentor dos milhões de votos que desaguaram na candidatura Haddad, portanto, incompreensível o seu quase esquecimento quando se passaram as eleições. Incompreensível que não se retome a campanha Lula Livre.
(...)
Espero que o petismo não se transforme em um bando de assassinos da imagem de seu líder, de sua memória", Marcio Tenenbaum, in Carta Capital.
Mais que isso, outros sinais mais do que evidentes do que desponta logo ali na curva da esquina:
- Acabo com todos os esquerdistas.
- Implanto a Escola Sem Partido.
- Ponho fim ao Mais Médicos.
- Vendo tudo, inclusive a Petrobrás.
- Imprensa que não fala bem de mim não presta.
- Pra que vocês querem 13° salário?
- Vou rever as aposentadorias até então pagas.
- Vocês querem emprego ou direitos?
- Resolveremos tudo à bala.
- Incentivar a Cultura não faz parte de minhas idéias.
- Oposição não deve existir.
- Prender 100 mil, qual o problema disso?
- O trabalhador tem direitos em excesso.
- O INSS tem um custo muito alto para o Governo.
- Inibir as reivindicações trabalhistas é a meta.
- Bom mesmo é a negociação direita entre patrão e empregado.
- O criacionismo não é assim tão ruim como dizem.
- A escravidão só existiu na cabeça de uns poucos malucos.
- As redes digitais são possuidoras de uma linguagem pop.
- Experimentem continuar cantanto Chico Buarque por aí.
- Movimentos sociais são todos margianis.
- O SESC faz shows culturais desnecessários.
- Direitos Humanos protege bandidos.
- Desenvolvimento nacionalista é ilusão.
- Criar um movimento nacional acima das leis.
- Todo poder aos pastores e o que fazem com seus fiéis seguidores.
- O STF vai estar sempre do nosso lado.
- Hoje ocorre doutrinação ideológica nas escolas.
Uma ladainha interminável de SINAIS.
Luto e lutarei contra os ASSASSINOS DA MEMÓRIA.
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