domingo, 30 de junho de 2019

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (114)


DOMINGO, 10H, EU ATRÁS DO ONZE CAMISAS FUTEBOL CLUBE

Este meu time do coração, o time de minha aldeia. É aqui onde ainda gosto de ver o futebol ao vivo e a cores. Das vezes que ainda tento buscado disposição para estar nos campos de bola, ela surge toda vez que esse time volta aos gramados, como nesta manhã ensolarada de domingo. Relatar as tantas histórias de adversidades já sofridas e vividas pelo glorioso e centenário Esporte Clube Noroeste é dar razão ao título do mais famoso livro sobre sua trajetória, o Onze Camisas Futebol Clube, do radialista José Carlos Galvão de Moura. O fato acontecido semana passada, quando parte do time não entra no ônibus para viajar com o time que entraria em campo no mesmo dia, desfazendo no ninho uma parceria construída sem muito calço, ou sem nenhum escopo, faz parte das tantas histórias. Noutra sei que até o roupeiro já foi obrigado a envergar a mesma camisa, tudo para poder compor com os onze em campo. Somos amadores, mas resistimos, insistimos e continuamos com as portas abertas. Hoje tem jogo e nem sei contra quem o time joga, mas sei que lá estarei, pois meu amor ao vermelhinho é mais que ir somente em partidas decisivas. Veja o caso do dia de hoje, quando o jogo é marcado para domingo, 10h da manhã. Tudo conspira para estar em lugares outros, mas nada me leva para outro lugar senão o estádio Alfredo de Castilho. Eu gosto muito mais de ver futebol assim em lugares de pouca frequência, onde a bola rola sem o auxílio do VAR, movida pela emoção dos abnegados. Vou mais pela opção dos reencontros e bates papos na sombra dos eucaliptos e para sentar a bunda descarnada na dureza das arquibancadas desgastadas pelo tempo e com as pedrinhas ressaltadas (como dói) e para comer amendoim no carrinho do mesmo senhor e seu filho, há mais de 40 anos no mesmo ofício de nos adoçar a guela. Estou nos preparativos, acordei cedo, café sozinho, esposa dorme, saio de fininho, vou dar comida ao cão, passo ao largo da feira dominical e me dirijo ao meu santuário dominical, lugar de minha reza pelos santos da bola, para que tudo aconteça dentro do previsível. Outro tanto igual a mim estarão também por lá, enfim, somos muito mais que mil, mesmo quando não conseguimos reunir duzentos e pouco. Vale ir ver de perto como tudo anda acontecendo, tanto nos bastidores, como na cancha de jogo. É o que faço logo a seguir. Até mais...

UMA PARTIDA DE FUTEBOL NÃO É SÓ UMA PARTIDA DE FUTEBOL
A contenda foi hoje pela manhã no estádio Alfredo de Castilho, Bauru SP e contou com cerca de trezentos abnegados torcedores. Perdemos de 1 x 0 para a Inter de Limeira pela 2ª rodada da Copa Paulista, não jogamos tão mal e diante do que é possível no momento, o time não fugiu da raia. O melhor de todo jogo são as pessoas, os que para lá se dirigem e torcem pro time desta aldeia, como o coração na mão. Nas fotos um pouco do que foi visto por lá na manhã deste domingo. Escolhe cinco fotos e as deixo como amostragem do que acontece pelos lados do estádio noroestino em dias de jogos.

HOJE TAMBÉM TIVEMOS MANIFESTAÇÃO NAS RUAS BRASILEIRAS A FAVOR DA BESTIALIDADE MILICIANA BOLSONARISTA E DE SERGIO MORO, O JUIZ QUE PERSEGUIU LULA E O CONDENOU SEM PROVAS: Eis o tipo de cartaz que foi visto nas ruas brasileiras, clara demonstração da irracionalidade tomando conta de boa parcela deste país.

sábado, 29 de junho de 2019

DIÁRIO DE CUBA (109)


O BONÉ CUBANO
Fiz aniversário por esses dias e dentre os presentes ganhos dos amigos e parentes, cito um, algo merecedor de uma nota: Trata-se de um autêntico boné cubano, original da ilha caribenha e tendo como adorno, pendricalhos na sua parte fronteiriça bottons e pins em número de oito, adornando e enfeitando sobremaneira o mimo. Era algo prometido a mim há tempo pelo amigo Ze Canella e quando diante do presente, retruquei e lhe disse: "Zé, pelo amor, não mereço tanto. Isso tem um valor mais que inestimável, pode me emprestar, curto uns dias e te devolvo". Ele deu aquela sonora risada, só dada por ele e me disse: "É teu, serve para compensar as perdas do Mafuá e também sei, estará em ótimas mãos, digo, cabeça, daqui por diante, pois você não só representa, como encarna tudo o que precisamos tanto valorizar e defender no quesito Cuba". Lisonjeado e sem poder regatear (nem queria), aceitei e desde então juntei ao meu acervo de peças cubanas, creio que, o terceiro boné advindo da ilha comunista.

Tiramos fotos com o danado do boné na cabeça e diante de tantos amigos (as) querendo dar com os costados em Cuba, terei que juntar ao mesmo uma corrente e cadeado, para que não me levem o presente assim sem mais nem menos. Dizem um boné desta envergadura ser possuidor de tamanho poder, que mal o sujeito o use por alguns instantes, fica totalmente dominado pela força poderosa irradiada desde a ilha, que nem reza brava tem o poder de aquebrantar o feitiço. Como não tenho nenhuma intenção de quebrar o tal encanto, uso a maior parte do tempo, até pra ver se desta forma apresso o retorno para lugar tão cheio de encantos mil. Hoje mesmo senti sua força, pois ao descer logo cedo pras ruas, vejo adentrar o elevador onde me encontrava famoso médico, morador como eu deste logradouro. Entra sorridente e ao bater os olhos no que me cobria a cabeça, mudou o semblante, fechou a cara e não me dirigiu mais a palavra além do seco cumprimento.

Constatado o poder do boné, circulo com ele pelas ruas. No supermercado a mocinha do caixa, muito simpática, demonstra ter uma queda, não por mim, mas pelo adorno sob minha calvície e me pede para tocá-lo. Digo que, se quiser, posso tirar uma foto dela com ele sob seus cacheados cabelos. Ela recusa e me explica dos motivos: "Aqui tem câmera e eles enxergam tudo. Se o fizer, posso me dar mal". Já estava pronto para me habilitar a esperá-la no final do expediente, mas como não sei se tem namorado/marido bravo e achando que podia estar lhe assediando, fui simpático e o coloquei somente sob as compras, sendo o mesmo acariciado levemente por tão doce pessoa. Na próxima parada, esqueci o mesmo no para-brisas do carro, lado de dentro e fui pagar umas contas numa lotérica e ao voltar, vejo um sujeito rodeando o carro. "O senhor não tem receio de alguém quebrar seu vidro para roubar seu boné? Pode ser de alguém que não goste de Cuba ou de alguém que goste muito". Aproveitamos para conversar a respeito da ilha e foi quando percebo que nem todos são possuidores dessa bestialidade de por qualquer motivo ficar dizendo ao algoz esquerdista: "Por que não vai morar em Cuba?". Só faltou pedir o meu boné, mas como o mesmo anda me dando sorte, sai de fininho, dei uma de desentendido e sai rapidamente do lugar.

Isso de manter bem próximo de mim, algo a remeter assim de imediato em quem eu seja de fato, com a pessoa só de bater os olhos já ficar sabendo de minhas preferências é algo mantido desde sempre. No vidro traseiro do carro um adesivo deixa claro: "Cadê o Queiroz?". No lugar onde moro alguns me olham atravessado, mas sou parado dia desses no sinal por uma motociclista: "Onde arrumou? Queria um igual". Se tivesse teria dado. Deu tempo de explicar que achei a ilustração na internet, imprimi no computador de casa e colei com contact transparente, ou seja, eu mesmo fiz, peça única. Ainda bem nesse dia estava sem o boné cubano. Na caixa dos Correios do Mafuá colei o adesivo do tamanho de uma placa de rua com os dizeres "Rua Marielle Franco". A carteira gostou, parou para conversar e me perguntou se não tinha nenhum sobrando. Já tive, mas distribui todos, só me sobrando esse. Outra que se ver meu boné, terei que ser convincente na negativa de lhe doar.

Ando com bottons do Lula Livre e adesivos com os mesmos dizeres e vou distribuindo aos borbotões. Meu filho faz os bottons lá em Araraquara e sempre passando por Bauru deixa quantidade, repassada para o Núcleo DNA Petista, que os revende a preços módicos, tudo para ajudar a causa. Fico com alguns e sempre estou sem nenhum, pois não resisto a ninguém se aproximando e se interessando. Botton e adesivo (o PCO me arruma sempre alguns) eu distribuo, já meu boné, adianto, não adianta pedir, não dou, não empresto e só deixo tocar com as mãos pessoas confiáveis, dessas que sei não irão sair correndo. Como não ando lá muito ágil no alto dos meus vividos 59 anos, perdi um pouco o pique, me reservo a segurá-lo bem firme diante de pidonhos com aquele olhar de gula, tipo o Claudio Lago, um que já ameaçou arrebatar o mesmo e o qual não confio nem um pouco. É meu amigo, mas deseja meu boné. Tenho que ficar esperto com ele.

Após esse verdadeiro tratado sobre o boné cubano e suas especifidades, particularidades e curiosidades, vou procurar firma especializada para lavagem dele, pois não quero fazê-lo com um simples sabão de coco ou um relés Omo. Será que terei que importar algo mais consistente para não perder o vinco, a viscosidade e a imponência guerrilheira e revolucionária? Segunda que vem vou ao banco ver das possibilidades, se estão dentro do que posso arcar e farei um majestoso seguro, pois posso perdê-lo e para tanto, penso no ressarcimento, algo plausível diante de peça tão valiosa. Algo que não conto nem para a companheira de todas as horas, Ana Bia é onde o escondo nos momentos em que durmo ou me encontro debaixo do chuveiro, pois não quero e nem devo correr riscos desnecessários. Tenho certeza estar diante de peça única, rara e ninguém mais é possuidor dela na aldeia bauruense. Penso até em no futuro, quando estiver pra bater com a dez, fazer uma doação para o museu municipal, mas temo que possa ocorrer o mesmo com arma de um dos fundadores da cidade, que misteriosamente desapareceu. Enfim, o boné cubano, oferta do seu Zé para minha pessoa é um dos únicos bens materiais registrados como de minha propriedade e assim sendo, viro bicho se algo desvairoso acontecer. Estou tomando todas as providências para que nada lhe aconteça e se mantenha junto de mim por tempo indeterminado. Enfim, será envergando esse boné que estarei nas trincheiras revolucionárias daqui por diante, pois vejo trará sorte incomensurável para vencermos as contendas pela frente e, é claro, botando pra correr o conservadorismo e os bolsonaristas a destruir o país.

CARTA DO MAFUENTO HPA EM CARTA CAPITAL, EDIÇÃO DE HOJE, 29/06

sexta-feira, 28 de junho de 2019

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (124)


A QUEM INTERESSA OS ATUAIS PEDIDOS DE CASSAÇÃO DO ATUAL PREFEITO?
Defender o atual prefeito Clodoaldo Gazzetta não é tarefa das mais fáceis, porém existem alguns passando dos limites do razoável no quesito admoestações contra o que promove a atual administração pública nos interesses para com a cidade de Bauru. Guardião, o super-herói bauruense, um que não se esconde e nem se omite de dar sua opinião, mesmo quando num tema dos mais conturbados, vem a público se manifestar sobre o imbróglio envolvendo os seguidos pedidos de cassação do prefeito, ocorrendo de forma organizada e tendo como origem, algo insuflado por um conhecido radialista instalado num banker onde cospe fogo por todos as ventas e poros.

"Os variados e múltiplos problemas da atual administração são do conhecimento de todos e não diferem muito dos mesmos da administração anterior e de várias pela aí, carecendo de respaldo popular e abundando de respaldo parlamentar. Descalabro mais do que conhecido, porém, do outro lado exageros, criados pela ação intempestiva do radialista Alexandre Pittolli, que pelas ondas da rádio Jovem Pan, ops, digo, Velha Klan, promove ação ininterrupta, incontida e inadequada, se valendo das ondas do rádio, onde tanta emplacar a todo custo, um pedido de cassação do mandato do rival. Sim, Gazzetta se tornou assumido rival de Pittolli e como se fosse um paladino da Justiça, da moral e dos bons costumes investe toda sua fúria diariamente para desqualificar o oponente", começa sua fala o sempre atento Guardião.

Para juntar o lé com o cré, Guardião faz um apanhado geral do que representa os interesses da rádio em questão e as ações contra o mandatário: "Pittoli joga com seu público ouvinte. Se diz defensor primeiro de todas as causas bauruenses, mas omite seu lado mais cruel. Peça a ele para se posicionar contra todo o baú de maldades promovido por Bolsonaro e Cia ou mesmo sua opinião sobre a reforma da Previdência, ação dos movimentos sociais e verá ser possuidor de um lado, o do seu patrão, indiferente se esse está ou não ao lado dos interesses do povo que diz defender. Daí, sempre deixando de lado essas questões avança sobre outras e escolheu o prefeito, em algo ainda não muito bem explicado, porém entendível. Pelas mesmas ondas do rádio, babação diária a favor do lado mais conservador desta cidade, enaltecendo ação de um único vereador, o Meira e lascando a pua no restante. Não que esses sejam merecedores de elogios, todos pífios, alguns nefastos e a maioria nas mãos da administração, mas em tudo nessa vida existem interesses em jogo. A rádio não é santa, seus interesses são hoje os piores possíveis e na junção disso tudo, o prefeito eleito como o algoz mór desta cidade".

Os tais pedidos começaram com a negativa para o de uma senhora, depois o do próprio radialista, depois o do ex-servidor municipal Coaracy Domingues e hoje, mais um despontando no horizonte. Dizem mais outro tanto em andamento. "Percebam, todos teriam como pano de fundo a mesma origem, insuflados pelo que ouviram na rádio. Gazzeta tem pouco mais de um ano restante de Governo e está entre a cruz e a espada, claudicando e devendo explicações, ações e realizações (como o já anunciado aumento passagens transporte coletivo). Sua maioria conseguida na Câmara é sustentada pelo toma lá dá cá, igual a tantos outros, sem tirar nem por. Hoje às vésperas de novo pleito eleitoral na cidade, enfraquecer um e levantar a bola de outro é algo feito às claras, sem delongas. Caem nisso os incautos. Por que gente como Pittolli quando insuflado para se posicionar sobre os desmandos de Bolsonaro diz ser muito cedo e que o deixem governar e quando o caso é com o prefeito, sobre nas tamancas e solta o verbo. Um ele pode falar o que quiser e isso sobre seu ibope, no outro, tem sob seus costados o impedimento da manutenção do seu emprego, vide o que aconteceu com o Villas da Jovem Pan matriz, quando este resolveu dizer a verdade dos fatos e perdeu seu emprego. Resumindo, tem gato nessa tuba. Não seria o caso de, muito além do real interesse pelos destinos desta aldeia, denunciarmos a existência de inconfessados interesses ocultos e não revelados, resvalando no pleito que se avizinha?".

Deixando a pergunta no ar, Guardião levanta vôo e vai cuidar de algo mais urgente pelos quatro cantos da cidade.
OBS.: Guardião é criação da verve artística de Gonçalez Leandro, com os pitacos escrevinhativos do mafuento HPA.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

CARTAS (201)


COMO ENXERGO A SITUAÇÃO ATUAL DO JORNAL DA CIDADE
Edição de hoje, 27/06/2019
 

Por que ninguém escreve sobre o Jornal da Cidade?, me perguntaram outro dia. Eu estou sempre escrevinhando dele por essas plagas e hoje repito a dose. Dizem por todos os cantos estarem eles mal das pernas. Isso não seria novidade, pois isso da situação estar pela hora da morte não é novidade só para eles. Dentro da atual crise, agravada em patamares inolvidáveis pelos golpistas de 2016, hoje vivenciamos o caos, amanhã, se nada mudar, com certeza, o fundo do poço. No meio da comunicação, todos os impressos passam por situação periclitante, essa já conhecida e muito discutida por tudo, todas e todos. O que me traz aqui vai além disto.

Quero ser pontual, sem ser chato. O JC nasceu tendo um lado e dele nunca se afastou. É o órgão representante das elites bauruenses e desta forma cumpre maravilhosamente seu papel. Criado por Alcides Franciscato, do grupo Prata e Érico Braga, conhecido no meio rural, tornaram-se o quarto poder em Bauru e região, exercendo esse poder de forma sempre rígida. Souberam se impor e chegaram a exercer um poder paralelo na cidade. Tanto que, chegou-se a constatar, quase todos os últimos prefeitos lhes fizeram um beija-mão.


A situação hoje se complicou. Renato Zaiden, como já é do conhecimento geral, não mais está dirigindo o jornal e ele está, de tempos para cá, definhando, muitas demissões, cortes em todos os setores, cadernos extintos, enxugamento feito, segundo alegam, para poder continuar circulando como negócio rentável. Com a saída do Renato, quem comanda tudo é o Érico Braga, pouco afeito ao tino jornalistico e mais à lucratividade de mais um dos seus negócios. Mais de uma vez já ameaçou fechar tudo, mas foi contido. Dizem a todo instante, enquanto Franciscato viver, o jornal existirá.

Porém, hoje até o Expresso de Prata balança, pois com João Dória no governo paulista, até a concessão das linhas para a capital estão um tanto ameaçadas, pois como se sabe, nunca as linhas de ônibus foram devidamente legalizadas pelos governos tucanos. Assim agiam, para poder ir manuseando interesses junto aos seus proprietários. Com o Grupo Prata nesse impasse, Érico querendo ver o negócio ter lucro, Renato fora e em novo empreendimento, a crise no setor do papel, tudo se agrava a olhos mais que vistos.


Junte-se a isso a credibilidade do jornal. Sempre tiveram um lado, mas hoje, mais bolsonaristas impossível. Das duas uma, ou morrem de medo dos anunciantes e leitores apoiando esse desGoverno ou também estão unidos umbilicalmente aos intransigentes defensores destes. Não existe outra hipótese. Muitos bons jornalistas passaram por lá e outro tanto continuam segurando as rédeas do destrambelhado momento. João Jabbour e João Pedro Feza devem sofrer barbaridades internas para garantir uma certa isenção na qualidade da informação, mas não a conseguem na sua totalidade e eles próprios, sabem muito bem disso, melhor que ninguém.


Diante de tudo, concluo. Não torço contra o jornal. Leio desde que me conheço por gente. Era mais crítico, hoje não pego mais no pé, pois sei o que representa e assim sendo, me reservo a ler e algumas vezes tentar emplacar em suas páginas uma carta na Tribuna do Leitor. Vejo como importante sua continuidade, como seria o surgimento de outros impressos, mesmo neste momento, onde a queda de leitura desse modal é gritante. Seria bom continuassem, pois teríamos a continuidade da publicação da visão deste segmento. As dificuldades hoje parecem suplantar as facilidades e cabe a mim, na qualidade de leitor e crítico, tentar entender o que ocorre em suas entranhas. Eu, acostumado a ler jornais, já sinto falta deles como dantes. Hoje já não leio mais a Folha, Estadão ou qualquer outro. O único que ainda o faço é este de minha aldeia e ele não bate com minha linha de pensamento e ação, mas insisto, sou assinante e nesta qualidade produzo este texto para reflexão ampla, geral e irrestrita.

Por fim, deixo um derradeira pergunta no ar: o jornal sobreviveria se tentasse mudar sua linha de atuação e editorial? A resposta, creio eu, seria a de que nunca abandonaria seu público, conquistado ao longo desses 50 anos de existência e nem teria motivos de o fazê-lo. Não clamo por mudanças na linha editorial do jornal, mas o que algumas vezes ainda me verão questionando é sobre não se desviarem muito da linha jornalística dentro da verdade factual dos fatos, algo cobrado hoje não só junto ao JC, mas da imensa maioria dos meios massivos de comunicação. Isenção total, a gente bem sabe, não existe em nada, muito menos nos meios de comunicação.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

DICAS (185)


UM LIVRO, UM BAR, AMIGOS, TUDO JUNTO COLOCADO NO LIQUIDIFICADOR DA VIDA
Por favor, não me peçam mais para sentar à mesa de quem joga contra os interesses deste país. Não dá mais para tapar o sol com a peneira e nem tergiversar: quem apoia gente como Bolsonaro, Moro e continua defendendo a manutenção da prisão injusta e arbitrária do ex-presidente Lula, defende a reforma da Previdência como apresentada não merece continuar sendo meu amigo. Não dá mais, ontem foi a gota d’água com mais uma confirmação do que o ex-homem forte de Temer, o Jucá havia dito muito lá atrás: “Com Supremo com tudo”. Lula não será solto, nem com a explicitude de sua inocência e como a bestialidade continuará grassando por essas plagas, ser radical com esses todos, eis o que nos resta fazer.

Sai de casa assim mesmo e estive ontem à noite no Bar da Rosa, conhecido reduto estudantil destas plagas e o fiz para presenciar o lançamento de um instigante, provocante e revelador livro, o “Fronteira Infinita – Índios, bugreiros, escravos e pioneiros na Bahurú do século XIX”, do professor de História Edson Fernandes e do jornalista Luis Paulo Domingues. Essa obra é daquelas a encher de orgulho quem milita pela História real dos fatos, não a oficial, a contada sob a ótica dos vitoriosos ou a engrandecer grandes vultos de uma cidade, os poderosos que na verdade a apunhalam, pois jogam somente à favor dos seus interesses. Como foi a tomada das terras onde hoje está fincada a aldeia bauruense, eis o mote para o livro e com ele, algo mais desvendado, revelado de forma límpida, transparente e honesta. Já li tanta baboseira sobre a história dos primórdios bauruenses que, quando sai algo realmente valendo a pena, tenho que me deslocar e ir lá, não só abraçar quem o produz, como divulgar aos quatro ventos e clamar: nos informemos antes de pronunciamentos bestiais, como os vistos hoje pipocando pelas redes sociais. Na dedicatória feita a mim, o que sei encontrarei quando terminar a leitura: “Ao amigo Henrique, nossa obra vista de baixo”. Não preciso dizer mais nada.

Ir a um bar no dia de ontem foi algo para revirar minhas entranhas. Era o único com um vistoso botton a favor do “Lula Livre” no lugar, mas o alento veio pelas abordagens, feitas desde alguns dos funcionários do lugar, até clientes de todas as matizes. A imensa maioria sabe da incomensurável sacanagem feita contra Lula e, na verdade, não estamos, nenhum de nós, sabendo como reagir e virar logo essa mesa. Com o livro nas mãos, botton na lapela circulei e só não o dei o mimo ostentado no peito, por não ter outro para colocar no lugar e como não saio mais sem o amuleto, preferi mantê-lo comigo. Sentei junto de diletos e queridos amigos, Gilberto Truijo, Aurélio Fernandes Alonso e Fernandão Dias, todos em busca de ares arejados, lugar onde a respiração ainda não esteja contaminada. Mesa localizada bem na entrada do estabelecimento foi portal de entrada e de conversas mil. Sentar num bar hoje é recapitular isso tudo acontecendo nas entranhas deste país. Desopilamos o fígado conjuntamente e coletivamente. Nossas histórias e relatos, versões de um dia-a-dia acabrunhado encheria essas páginas e diante de algo impublicável, me reservo na postagem de nossas fotos, todos sorridentes, como se estivéssemos felizes da vida.

Eu e gente da minha laia, sabemos muito bem onde ainda pisamos os pés e com quem parlamos, trocamos confidências. Mesa de bar é para isso mesmo, desancar poderosos de plantão, estejam onde estiverem. Isso foi feito ontem, desde o momento em que tirei a foto junto dos autores do livro e ao lado de mais dois escrevinhadores, o jornalista Nelson Gonçalves e do escritor fotógrafo João Correia Filho. Já na mesa, por ela passaram gente de todas as estirpes. Um deles foi Ivo Fernandes propagandeando um show, o Arraiá Cultural para 30/06 na praça Machado de Mello, em prol da revitalização de prédio histórico tombado, construído em 1912, Hotel Estoril, na avenida Rodrigues Alves, para abrigar Coletivo Cultural. Depois veio também o gaúcho Murilo Nunes, convidando todos para estar nesta quarta, 26/06, no bar Orates, Duque 10-26, numa exposição, a “Mujica 2009: Cotidiano e Vitória - Exposição Fotográfica Coletiva”. Ela vai ocorrer de hoje até este final de semana e já está em seus planos estender a visitação para outro bar, o do amigo Fabricio Genaro, lá subida da Falcão.

Até para as costumeiras, rotineiras e hoje, cada vez menos constantes escapulidas pelos bares da cidade, o faço em companhia de diletos amigos. Não tolero mais gente pipocando meus ouvidos e cerebelo com maledicências contraditórias, principalmente as de cunho conservador. Espiei quem cantava ontem lá no Bar da Rosa, mas não me dignei a cumprimenta-lo, muito menos me aproximar, pois ando cada vez mais colocando em prática o exercício da tolerância zero para os que, cientes do grande conluio em marcha, se posicionam ao lado da destruição da nação. Não consigo mais parlar com gente cantando maravilhosamente a obra de um Chico Buarque e agindo no seu dia-a-dia na contramão de tudo o que aquelas letras espalham com o vento. Desses mantenho distância. Foi o que fiz e faço, farei daqui por diante, pelo bem do que me resta de fígado, baço, bom senso. Lucas Melara, um outro com livro no prelo, esse com divinal registro fotográfico, de grande monta com o pessoal da vila Vicentina, me abre o livro comprado e mostra dois mapas da época do genocídio bauruense e paulista, na parte final como era conhecido o estado paulista por volta dos idos de 1850 e na parte frontal, o grande vazio no mesmo, representando todo o espaço que ia sendo ocupado pelos invasores, esses que chegam com o dito progresso e arrasam com tudo o que encontram pela frente. Vide hoje o que fazem com a área de APAS, já praticamente sendo desmontada pelo bem do dito progresso.

Conversei, bebi muito pouco, comi uns bolinhos de arrasar quarteirão (preciso descobri o nome, são com carne seca), paguei minha conta, recepcionei minha esposa, que chegando de uma banca acadêmica sobre tatuagem, a “Pele Tinta Preta”, do estudante de Design André Porces. Sentam à nossa mesa, ela e a mãe do gajo, essa vindo de Sorocaba para presenciar a apresentação de TCC do filhão e já entronizada na noite bauruense. Eu resisto desta forma e jeito, talvez a não mais adequada para o momento, pois o que na verdade deveria estar entronizado da cabeça aos pés era numa brava resistência, da qual não me afasto, mas me limito dentro de minhas possibilidades. Da luta não arredo pé, escrevo dia após dia das maldições onde estamos metidos, coloco a cara para bater, assino embaixo dos meus escritos e assim sigo o jogo, colocando a cara a tapa, mostrando a que vim, expondo meu ponto de vista e botando o bloco na rua. Não consigo permanecer retido entre quatro paredes, daí me ver nas ruas é rotina, pois delas não gostaria de mais me afastar. Estou aqui, pro que der e vier, aprontando das minhas, gerenciando minha vida desta forma e jeito, sempre ao lado do que me foi ensinado desde antanho, primeiro por meus pais, depois meus amigos, antigos professores,enfim, minha linha de pensamento parece a mais ajustada para atravessar esse Rubicão. Porém, nem sei se ainda sei nadar ou se tenho forças para continuadas braçadas...

O ALENTO HOJE VEM DE UM JORNALISTA NORTE-AMERICANO, DESMONTANDO PASSO A PASSO A GRANDE FARSA MONTADA CONTRA O PAÍS - Sua resposta para essa deputada situacionista é tudo o que gostaríamos de ver acontecendo no jornalismo pátrio, mas a maioria se omite e mais que isso, se locupleta, faz parte do conluio contra a nação. Na contramão, a verdade vai sendo revelada, em drops, pisoteando pouco a pouco em quem tanto mal fez (e faz) ao país. Pelo menos isso, né! Eis o link: https://www.facebook.com/fellype.borgesc/videos/2491116340954483/
HPA - Bauru SP, quarta, desejando um bom dia para tudo, todas e todos, 7h04, 26 de junho de 2019.

terça-feira, 25 de junho de 2019

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (130)


HOMENAGEM PARA OBSERVADOR DAS RUAS BAURUENSES NO "TIPOGRAFIA SEM LIMITES"

Foi ontem à noite na Unesp Bauru, o TCC do estudante de Design Vitor Leite Camilo, que há alguns anos atrás veio para cá estudar e aqui descobriu não só o tema para seu trabalho de conclusão de curso, como presta nesse momento valiosa contribuição para ajudar a desvendar alguns dos meandros desta cidade, dita e repetida por ele como Sem Limites. O tema do seu trabalho tem a cara desta Bauru que circulamos no dia-a-dia e em muitos casos não notamos ou fingimos não ver, "Tipografia Sem Limites".

Vitor foi a fundo numa pesquisa de campo, acompanhado de perto pela sua orientadora Ana Bia Andrade e nas horas vagas do seu trabalho, mais aos domingos, circulou de bicicleta pela cidade, tendo a tiracolo uma máquina fotográfica profissional, emprestada pela Seção de Fotografia da Universidade, localizada lá no Mundo Perdido e foi, pouco a pouco, registrando algo singular. Escolheu para seu trabalho o registro de três regiões bem específicas, o Centro, Estoril/Altos da Cidade e Geisel e nelas fotografou o que ia encontrando do que no meio acadêmico se denomina como Tipografia Vernacular, o letramento popular, algo dentro de um amplo e abrangente Projeto de Resgate da Memória Gráfica Brasileira. Em cada uma dessas regiões da cidade, lembrada por ele como "sem limites", os tipos diferentes de grafia peculiar de cada uma delas.

Não foi só um mero registro. Ele foi além e isso deve ser ressaltado. Desse olhar pela cidade e sua diferenciada grafia nas paredes e marcas espalhadas pelos quatro cantos, uma bem distinta da outra, de acordo com cada região, a busca também de quem são os personagens ali mais perpetuados. Em alguns casos, onde conseguiu localizar, entrevistou quem são os profissionais que mais atuam nessa área e ali, o algo mais, como se formaram, como chegaram a atuar no que fazem, onde buscam a inspiração, como atuam e como atendem a demanda. Uma investigação profunda do que está por detrás, de fato e de direito, das paredes desta cidade, aos olhos de um jovem, tudo feito buscando fontes de quem já bebeu (e continua bebendo) desta fonte, não só aqui, mas a nível nacional.

Nessa época do ano, chegando ao final do semestre letivo, os TCCs são apresentados e ressalta aos olhos os retratando algo além do trivial, aqueles com mais sensibilidade e voltados para as questões sociais. Eis um desses. Certa feita, quando conclui meu mestrado, minha orientadora Maria Cristina Gobbi me disse algo, do qual não me esqueço jamais: "Poucos são os trabalhos hoje com olhos voltados para o social, estudos nesse sentido e quando surgem, o maravilhamento, uma atenção especial".
Vejo isso nesse e o destaco exatamente por causa disso, a junção do Design com esse olhar tão necessário para o que se passa realmente nas ruas. Mais que isso, eu me encantei com essa coisa tão nítida nas fotos, a diferença dos registros feitos numa área dita nobre e noutra mais popular, comparando uma mais rebuscada e outra feita pelo próprio interessado, grafia dele mesmo, totalmente improvisada, buscando atender suas necessidades mais urgentes, feita aos trancos e garranchos.

Faço questão de repassar a página do Vitor no Instragam, ahttps://www.pictosee.com/tipografiasemlimites/, para espalhando esse trabalho, demonstrar da possibilidade de algo mais ser feito, registrado, juntado a tudo o que já foi dito e desta forma, tijolo sendo colocado a mais nessa construção, algo de mais sólido e consistente ir se levantando. Confesso, me encantei quando tomei conhecimento deste trabalho, pois de certa forma é o que gosto de fazer. Além de registrador desta cidade, sob um olhar mais crítico, registro e comento, percebendo neste TCC, algo também neste sentido, porém com fundamento, embasamento e critérios. E quando isso acontece, sou desses não me segurando nas calças, me derreto todo, passo do olhar para a escrevinhação, declaração pública de ter "amado de paixão" e daí, exponho publicamente. Viajem pelo intenso trabalho do Vitor, um dos tantos TCCs sendo apresentados neste momento nas universidades desta cidade verdadeiramente "sem limites".

segunda-feira, 24 de junho de 2019

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (65)


O CRUEL PACTO DOS QUE SE DIZEM DEMOCRATAS, MAS SÃO MESMO PERVERSOS, CRUÉIS, INSANOS E MENTIROSOS
Vigora hoje em solo brasileiro um cruel pacto e ele se volta contra o próprio Estado de Direito, constituindo-se no já declarado Estado de Exceção. Digo dessa aceitação coletiva contra tudo o que foi feito até então por governos anteriores, os ditos com cunho esquerdista. Na verdade, o que esses governos fizeram, Lula e Dilma foi atender a um certo clamor das classes mais miseráveis deste país e ao atender algumas das sua reivindicações, deixou insatisfeita aqueles que até então eram soberanos na exploração e a partir de então, tiveram que engolir em ter ao seu lado todos aqueles que nada tinham e nada podiam ter. E esses bestiais, boçais, banais e venais não toleram isso, eis algo mais do que comprovado. Lula e seu Governo nem pode ser considerado literalmente como de esquerda, pois nem ele assim se proclama, mas se nem isso é permitido pelos que hoje deram o golpe em 2016, imaginem algo realmente de esquerda.

Deram o golpe e estão fazendo questão de fingir desconhecer tudo o que até então havia sido feito. Estão atuando com uma borracha nas mãos, apagando tudo, não deixando vestígios de benesses. Instituíram o terra arrasada e fazem de tudo e mais um pouco para não mais permitir o retorno de alguém como Lula, possibilitando novamente a ascensão da classe menos favorecida a qualquer tipo de benefício. Hoje vivemos no reino da mentira e ela está dominando tudo e todos, ou quase, pois nas ruas vigora um pacto onde tudo é permitido para os que chegaram ao poder, tudo mesmo, desde as maiores atrocidades e quase nada é levado em consideração. Todos tapam o sol com a peneira. Tudo mesmo, desde essa mídia mentirosa até a Justiça, acobertando todas as falcatruas atuais. Um cruel conluio. Enquanto isso, uma já comprovada mentira foi utilizada para prender e condenar o ex-presidente Lula e nem isso já escancarado é suficiente para tirá-lo da prisão. E ele continua preso, a insanidade reinando e imperando, como se vivêssemos num período de normalidade.

O mais cruel é andar nas ruas e sentir a indiferença. Evidente que a maioria do povão nem imagina o que de fato ocorreu e que foi bestialmente enganada até agora, porém, esses eu relevo de culpa, mas não os que sabem de tudo e se fingem de mortos. Esses são os piores, pois continuam mesmo desmascarados agindo acima da lei. Não existe mais isenção neste país, ela já foi pras cucuias faz tempo. Vivemos num estado de Vergonha Nacional. Uma ação mafiosa está em curso e os que estão cientes dessa prática e nada fazem, são tão bestiais quanto os que a praticam. Essa cumplicidade bajuladora é não só nojenta, mas também pérfida, criminosa, verdadeiro escândalo nacional, já divulgado mundo afora, mas aqui dentro em pleno vigor. Tudo bem que a história será implacável com esses bestiais todos, desde FHC, Temer, Bolsonaro e principalmente Moro, mas eles estão com a lança do poder e ainda aprontando das suas contra tudo, todas e todos. Ser nacionalista hoje é um acinte, considerado como coisa de petista, pois o que vale mesmo é estar ao lado dos que vendem tudo, privatizam tudo, demitem todos, eliminam com as leis de proteção e promovem o retorno à Idade das Trevas e do Obscurantismo.

Se você que me lê estiver a defender esse pacto da mentira, saiba que não vale nada, pois se vendeu, está a serviço dos piores dessa Pátria. Já se você resiste, insiste e persiste, saiba que está do lado certo da contenda e mesmo que sofra horrores nos dias atuais, será sempre uma pessoa digna, consciente e dessas que, como aroeira, se vergam mas não quebram. Esses os imprescindíveis desses tempos, os que nã ose deixaram levar por essa onda conservadora querendo retroceder e levar este país a uma situação ainda pior do que a vivida pela Argentina de Macri ou mesmo a que os EUA impuseram a fórceps na Venezuela. Venezuelização mesmo, ou seja, país destruído é o que estão fazendo Macri e Bolsonaro com seus países. E de que lado você está? Dorme tranquilo vendo tudo isso acontecer e apoiando a derrocada final de todos os sonhos altaneiros e soberanos de um país até então considerado como esperança mundial?

domingo, 23 de junho de 2019

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (126)


CARLITO MAIA NOS 59 ANOS DO HPA
O homenageado na festa dos meus 59 anos foi o publicitário CARLITO MAIA, alguém dispensando apresentações. Libertário em tudo o que fez em vida, foi um frasista de mão cheia e do seu livro "Vale o Escrito" (editora Globo/1992) fui salpicando aqui e ali algumas das frases grifadas por mim. Ontem à noite sentei e fui transcrevendo para folhas, hoje fixadas num cordão, varal pendurado no salão, seguras por prendedores e ali algo dele saltando aos olhos dos convidados. Lindo foi algumas pessoas vindo até mim e perguntando se podiam levar algumas das frases e assim elas foram espalhadas com o vento e uma hora dessas estão perdidas (não seriam achadas?) pela aí, como pensei desde o princípio. Para Carlito, mais que dinheiro, sucesso, posição, o que vale na vida são os amigos. Pois hoje, reuni muitos dos meus e feliz da vida, conclui que, sem eles minha vida seria uma tortura. Ao espalhar "carlitadas" entre eles, divido também um pouco do que gosto de ler com todos eles. Fizemos hoje mais um maravilhosa troca, a de saberes. Lindo fazer isso num tempo tão emburrecedor, com um presidente e gente a apoiá-lo não lendo nem mais bula de remédio. Nós, os ilhados em pequenos arquipélagos, resistimos e insistimos, lendo, raciocinando e tentando fazer com todas nossas forças devolver esse país para rumos palatáveis.


Algumas das frases escolhidas:
- "...saberá que para chegar a qualquer lugar o segredo é não desistir no meio do caminho".
- "Se eu soubesse que ia durar tanto, teria me cuidado um pouco mais na juventude. Mas ainda há tempo. E geriatras".
- "Brasil? Fraude explica: assina qualquer coisa e não respeita nada. Terra do 1º de Abril".
- "Ricos, mas ricos só de dinheiro, uns pobres diabos. Que vivem sentados em cima de uma bomba de tempo feita de fome e miséria. Suicíndia, mistura de Suíça com Índia".
- "A honestidade é o melhor negócio do mundo, porque não tem concorrência".
- "A liberdade é uma gaiola com mil portas. Se me fecham as saídas, escapo pelas entradas".
- "Só assim se vence (no teatro e na vida) - quando a gente não se verga. Resistam sempre, mesmo quando as coisas estiverem aparentemente perdidas".
- "Faço até o que não gosto, mas o que eu não quero eu não faço".
- "Homem está em falta. Machão tem a dar com pau".
- "Enfiar ideias religiosas em cabecinhas indefesas é condená-las para sempre ao medo pelo desconhecido. Não se procura o que não existe".
- "O Brasil tem dois códigos - o civil, para os poderosos e o penal, para os miseráveis".
- "Chato não é morrer, chato é morrer á toa".
- "A justiça será feita quando o justiçado puder dizer como deve ser feita a justiça".
- "Discordâncias serão bem vindas".
- "Você pode ganhar no jogo, porém jamais ganhará do jogo".
- "Saber sobre viver é a grande arte".
- "Exponho-me, mas assino embaixo".
- "O povo precisa saber quem são seus verdadeiros inimigos. Antes que seja tarde demais, irmãos!".
- "Fundei a Sociedade Inimigos do Progresso (SIP): é elevado demais o preço a ser pago".
- "O poder endireita a esquerda".
- "Sou pela revolução, sim, mas de consciências".
- "O gringo nem é tão forte: nós é que somos fracos demais".
- "e quer tudo pra si, erguendo altos muros, jamais estendendo pontes para o entendimento".
- "O ter sorte na vida não desobriga ninguém da solidariedade humana".
- "A morte é a única certeza da vida. E é tão democrática! Leva pobres e ricos, sem apelação".

Carlito Maia é desses fazendo bruta falta nos dias tenebrosos pelos quais este país atravessa.

sábado, 22 de junho de 2019

UM LUGAR POR AÍ (123)


CENA BAURUENSE ENVIADA A MIM POR Daniel Dalla Valle
Muitos me abastecem de fotos, ideias e as enviam para mim, com sugestão de publicação. Meu dileto amigo Daniel esteve dias atrás no Cemitério Cristo Rei e de lá de dentro tirou essas fotos. Com elas demonstrou toda sua perplexidade ao ver a grandiosidade de tudo o que ali se levanta e escreve: "Imagino o tamanho do Canaã. São 170 famílias que foram lá pro Roosevelt né? No Canaã eram perto de 700... Onde estão as outras 500 famílias? Eis a questão". Essa imensa chaga criada dentro desta cidade não se resolve com essa transferência, também provisória. Complementa com um algo mais ouvido de funcionário do cemitério: "Enorme o local, muitas casas já. O zelador do cemitério diz que a "martelada" não para de domingo a domingo". O trabalho para levantar um lar, algo movendo a todos e deveria também mover esta cidade. São tantas coisas, mas o que mais salta aos olhos é a insensibilidade de quem de fato clamam serem religiosos, como a família do especulador imobiliário Parreira, quando não aceita negociar e sim, retirar da área essa imensidão de famílias. Não sei como dormem, como conseguem colocar a cabeça no travesseiro e dormir. Já, os que levantam suas casas, esses não dormem, desmaiam após dias estafantes levantando suas casas, algo a ser recomeçado no próximo dia. Eu já começo o dia com um nó na garganta...

sexta-feira, 21 de junho de 2019

CENA BAURUENSE (186)


DEZ REGISTROS DESTE HPA NAS ANDANÇAS PELAS RUAS DA ALDEIA BAURUENSE

01. Em horários como esse, 6h50, cortam a cidade embarcações múltiplas e variadas levando frutas e verduras para estabelecimentos de todas matizes, todos saídos do CEASA, só no abastecimento.
02. Num dos portões de estacionamento do Recinto da Expo a esperança da torcida na época da Copa do Mundo, renovada sempre em cada novo torneio, mas com as últimas apresentações do escrete, desalento e mais espera, sentados.
03. Casa Sampaio, na Rodrigues com Monsenhor, fechada, lacrada e ganhando dia após dia aquele aspecto de abandono da região central próxima da estação férrea.
04. Fogaréu subindo aos céus na subida do mastro na Festa do dia de Santo Antonio, comemorado todo ano pela família Baté/Cosmo junto da comunidade do distrito de Tibiriçá.
05. Diante do desalento grassando no país, busco sinais nas ruas de algo maior, uma reação a tudo isso e encontro algo em pequenos recados deixados nas paredes, como no imóvel em busca de ser novamente alugado na Duque de Caxias, perto do Bekassin: "+ Orgasmo - Golpe!".
06. Crianças desabrigadas, em transição do já desapropriado Assentamento Cannã, para terreno ao lado do Cemitério Cristo Rei e em suas faces, ainda uma imponente alegria, a de simplesmente viver (foto do Núcleo DNA Petista Bauru).

07. Quem nunca libidinou atrás de igrejas levante a mão? Aqui a parte traseira do Santuário Nossa Senhora Aparecida, próximo terminal rodoviário, lugar de encontros e reencontros. Seria pecado aquilo tudo que lá já foi feito?

08. Está frio para você? O que diria dos que dormem debaixo da ponte do ainda fétido rio Bauru, cruzamento da Nuno de Assis com Araújo Leite?
09. Primeira estação férrea de Bauru, a da Sorocabana, junto à avenida Pedro de Toledo e sua situação atual, tombada pelo patrimônio histórico e completamente abandonada. Tempos atrás foi perdida, por puro preciosismo, oportunidade única de recuperação da área, onde ela seria preservada, restaurada, devolvida para utilidade e ali no entorno construído prédios residenciais. Foto de Pedro Romualdo, em ensaio fotográfico publicado ontem em sua página no facebook.
10. Pequenas barracas proliferam pelas beiradas de calçadas em Bauru, como essa defronte a USP, sinal evidente da tentativa das pessoas em ir se safando ao seu modo e jeito, em tempos onde a saída é, na falta dele, buscar criar seu próprio emprego e alguma fonte de renda.
E ALGO PELO BAURU NÃO PODE NUNCA SE ESQUECER