terça-feira, 25 de junho de 2019

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (130)


HOMENAGEM PARA OBSERVADOR DAS RUAS BAURUENSES NO "TIPOGRAFIA SEM LIMITES"

Foi ontem à noite na Unesp Bauru, o TCC do estudante de Design Vitor Leite Camilo, que há alguns anos atrás veio para cá estudar e aqui descobriu não só o tema para seu trabalho de conclusão de curso, como presta nesse momento valiosa contribuição para ajudar a desvendar alguns dos meandros desta cidade, dita e repetida por ele como Sem Limites. O tema do seu trabalho tem a cara desta Bauru que circulamos no dia-a-dia e em muitos casos não notamos ou fingimos não ver, "Tipografia Sem Limites".

Vitor foi a fundo numa pesquisa de campo, acompanhado de perto pela sua orientadora Ana Bia Andrade e nas horas vagas do seu trabalho, mais aos domingos, circulou de bicicleta pela cidade, tendo a tiracolo uma máquina fotográfica profissional, emprestada pela Seção de Fotografia da Universidade, localizada lá no Mundo Perdido e foi, pouco a pouco, registrando algo singular. Escolheu para seu trabalho o registro de três regiões bem específicas, o Centro, Estoril/Altos da Cidade e Geisel e nelas fotografou o que ia encontrando do que no meio acadêmico se denomina como Tipografia Vernacular, o letramento popular, algo dentro de um amplo e abrangente Projeto de Resgate da Memória Gráfica Brasileira. Em cada uma dessas regiões da cidade, lembrada por ele como "sem limites", os tipos diferentes de grafia peculiar de cada uma delas.

Não foi só um mero registro. Ele foi além e isso deve ser ressaltado. Desse olhar pela cidade e sua diferenciada grafia nas paredes e marcas espalhadas pelos quatro cantos, uma bem distinta da outra, de acordo com cada região, a busca também de quem são os personagens ali mais perpetuados. Em alguns casos, onde conseguiu localizar, entrevistou quem são os profissionais que mais atuam nessa área e ali, o algo mais, como se formaram, como chegaram a atuar no que fazem, onde buscam a inspiração, como atuam e como atendem a demanda. Uma investigação profunda do que está por detrás, de fato e de direito, das paredes desta cidade, aos olhos de um jovem, tudo feito buscando fontes de quem já bebeu (e continua bebendo) desta fonte, não só aqui, mas a nível nacional.

Nessa época do ano, chegando ao final do semestre letivo, os TCCs são apresentados e ressalta aos olhos os retratando algo além do trivial, aqueles com mais sensibilidade e voltados para as questões sociais. Eis um desses. Certa feita, quando conclui meu mestrado, minha orientadora Maria Cristina Gobbi me disse algo, do qual não me esqueço jamais: "Poucos são os trabalhos hoje com olhos voltados para o social, estudos nesse sentido e quando surgem, o maravilhamento, uma atenção especial".
Vejo isso nesse e o destaco exatamente por causa disso, a junção do Design com esse olhar tão necessário para o que se passa realmente nas ruas. Mais que isso, eu me encantei com essa coisa tão nítida nas fotos, a diferença dos registros feitos numa área dita nobre e noutra mais popular, comparando uma mais rebuscada e outra feita pelo próprio interessado, grafia dele mesmo, totalmente improvisada, buscando atender suas necessidades mais urgentes, feita aos trancos e garranchos.

Faço questão de repassar a página do Vitor no Instragam, ahttps://www.pictosee.com/tipografiasemlimites/, para espalhando esse trabalho, demonstrar da possibilidade de algo mais ser feito, registrado, juntado a tudo o que já foi dito e desta forma, tijolo sendo colocado a mais nessa construção, algo de mais sólido e consistente ir se levantando. Confesso, me encantei quando tomei conhecimento deste trabalho, pois de certa forma é o que gosto de fazer. Além de registrador desta cidade, sob um olhar mais crítico, registro e comento, percebendo neste TCC, algo também neste sentido, porém com fundamento, embasamento e critérios. E quando isso acontece, sou desses não me segurando nas calças, me derreto todo, passo do olhar para a escrevinhação, declaração pública de ter "amado de paixão" e daí, exponho publicamente. Viajem pelo intenso trabalho do Vitor, um dos tantos TCCs sendo apresentados neste momento nas universidades desta cidade verdadeiramente "sem limites".

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...

comentários via facebook:

Paulo José Oliveira Silva Fui alfaiate e troquei muito zíper e fiz muitas barras de calça.

Fausto Bergocce Viva Bauru!

Vitor Camilo Muito obrigado pelos elogios! Espero devolver um pouquinho para a cidade lanche que me acolheu!

Mauro Landolffi Corto cabelo e pinto. - A placa na frente do salão...

Regina Celia Furlanetto Parabéns Vitor Camilo e orientadora Ana Bia Andrade. Vi as fotos de minha Bauru tão carinhosamente retratada.