quinta-feira, 31 de outubro de 2019

MEMÓRIA ORAL (247)


A FESTA NAS RUAS – Ao lado do bunker de Cristina, as considerações dos festando a vitória de Todos.*

* Texto enviado com exclusividade para publicação site de Carta Capital.

Circulando pelas ruas da capital argentina no dia da eleição é ir trombando a cada instante com fisionomias cheias de esperança. Em todos na festa montada ao lado do Bunker de Cristina, como denominaram por aqui o comitê eleitoral da campanha da coligação “Todos – Argentina de pie”, numa habitação até então desocupada nos altos da avenida Corrientes, altura do bairro de Chacarita, a fisionomia era de alívio e crença num futuro menos duro. Nos gritos sempre ecoavam um “voltemos”, servindo tanto para a volta do peronismo ao poder, como a do povo excluído de qualquer benefício nos quatro anos de um cruel e insano neoliberalismo praticado por Maurício Macri.

Descrever as eleições é algo para abalizados analistas. Minha contribuição vem das ruas, das conversas com as pessoas, os que estiveram nas ruas durante todo o dia e durante boa parte da noite de um domingo mais que especial. Nos relatos muito desse sentimento, todos registrados e junto de cada click uma conversa, um bate papo, uma observação. Começo com o sindicalista Matias Ceballos que, ao me descobrir brasileiro, faz o mesmo questionamento feito por tantos outros. “Por que não fazem o mesmo no Brasil? Por que motivo não saem às ruas, não investem contra os desmandos contra nós?”. Nas ruas junto da esposa e do filho, num carrinho de bebê se misturava com a multidão festando e numa confraternização ocorrida sem nenhum incidente, algo solicitado a todo instante pelo sistema de som montado nas ruas, com muitos telões, dez ao todo, em várias esquinas na avenida Corrientes.

A professora Maria Cespedes abre os braços, faz o gesto da vitória de Cristina, evocado por todos os lados e pede para lhe ensinar o gesto do Lula Livre. “Não imagina o quanto esperávamos por esse momento, uma alegria incontida, pois o país não mais aguentava o que lhe fazia a equipe econômica comandada por Macri e o FMI. Minha categoria perdeu direitos e importância a cada novo ato macrista”, me diz. Enquanto me despedia dela, passa ao lado o próprio papa Bergoglio, envergando sua roupa branca, chegando especialmente para o evento na primeira visita ao seu país desde que foi empossado. “Não podia deixar de vir. Deixei por instantes todas minhas obrigações papais, voltei para meu país só agora, pois antes não tinha como fazê-lo, agora sim”, me diz Alberto Brozzi, investido com a roupa papal e fazendo imenso sucesso no meio da multidão.

Outro fazendo muito sucesso é o barbudo Carlos del Prado, mas com ela encoberta pela máscara facial de Nestor Kirchner. Tirou fotos por todos os lados, solicitado à todo instante. “Essa foi a forma encontrada por mim para dizer o quanto creio na volta dos bons anos que este país viveu sob o Governo de Nestor. Não se trata só de saudade, mas de esperança, da certeza deste ser o caminho mais acertado. A Argentina não é comunista, talvez nem socialista com Nestor e Cristina, agora com Alberto, mas esses são sensíveis para nossas necessidades, olham para todos nós com outros olhos, fazem coisas por nós, o que não ocorreu em nenhum momento com Macri”. Patricia Garcia me vendo tirando fotos se aproxima e pede para ser fotografa com seu marido, mostra tatuagem em seu braço e me diz: “A Pátria Grande está voltando a ser valorizada na Argentina. A eletricidade desse povo nas ruas vai contaminar os demais países, inclusive o seu. Não aguentava mais ter minha voz e desejos reprimidos, a gente precisa de liberdade, cansamos de tanta dependência. Unidos somos mais, só assim sairemos do buraco onde nos enfiaram”.

O aposentado Luiz Bonilla, encostado numa parede, observa tudo sem querer sair pro meio das ruas, onde o empurra-empurra aumenta com a multidão ocupando todos os espaços. Com dois bottons fixados na camisa, deixa claro o seu lado: “O peronismo não morre de jeito nenhum. Representa muito, um respeito e consideração eterno por tudo o que já foi feito por esse país em seu nome e por tudo o que ainda irá fazer. Já tentaram de tudo para substitui-lo, mas não vão conseguir, pois temos isso do povo, sabemos o que o povo precisa e não nos afastamos disso. Eu tinha que sair de casa e estar aqui, mostrar meu lado, minha alegria e contentamento. Represento também minha esposa que não pode sair de casa. Estou aqui em nome de muitos e muitos”.

A alegria é o ponto forte na fisionomia de todos e a cantoria, com seus hinos sendo entoados por todos os lados, desde o do peronismo, como os da atual campanha do Todos. A brasileira Carla Moura, de Ribeirão Preto é casada com o argentino Pedro Gómez e estão nas ruas comemorando e querendo falar, querendo fazer algo pelo qual foram impedidos nos últimos quatro anos: “A nossa voz foi calada, estávamos contidos. Meu marido sofre demais com tudo o que acontece no seu ramo de atividade, a publicidade e eu, sofro mais ainda com o que se passa com o Brasil. Hoje, eu cá estou muito alegre por ele, por saber que a Argentina vai dar a volta por cima. Nada vai ser rápido, a gente sabe disso, mas nada podia continuar sendo feito como até então. Tenho também esperança de que o Brasil consiga superar Bolsonaro, mesmo sabendo parcela significativa dos brasileiros ainda estão cegos, seguindo o cara que está destruindo tudo o que demoramos tanto tempo para assegurar”.

Outra aposentada, moradora da região, Maria Miramón, 64 anos, segura diante do peito e posa para a fotografia com uma bandana comprada ali nas ruas. Nela a foto dos eleitos, que ela me diz colocará num lugar de destaque na sala de sua casa. “A gente sofria calada até agora, mas creio isso vai mudar. Eu vi o que Nestor e Cristina fez por nós, o que Axell Kiciloff quando ministro da Fazendafez pelo país, confio neles, eles não irão nos trair, pois sabem tudo o que depositamos de esperança sob seus ombros. Os aposentados não aguentam mais, eu mesmo me alimento sempre que posso numa Comedoria Popular. Minha renda não mais me permite comprar e pagar minhas necessidades básicas. Hoje dependo de outros, filhos e parentes para suprir tudo, os remédios estão muito caros e os alimentos sobem demais, mesmo a gente sabendo ser a Argentina muito forte na agricultura, aqui dá de tudo, mas não são cultivados para o povo”, me diz.

Carla Utín levanta os braços e canta tudo o que vem pelos microfones e não se segura quando, logo depois das 22h30 é anunciado pelos alto falantes a consumação da vitória de Alberto. Ela chora, grita e solta a voz de uma forma espontânea e quando me aproximo, tiro sua foto, ela com camiseta com as cores azul e branco, consegue me dizer algo muito simples, direto e reto, quase inaudível pelo barulho provocado pela comemoração: “Vamos viver tempos ainda duros, de restauração econômica, mas a história já estava escrita, tínhamos que voltar. Voltamos, triunfamos e aqui estamos, um país grande, forte, mas enfraquecido, quase destruído por gente que não olha para nós. Ninguém quebra nossa força e disposição, ninguém liquida com esse povo e quando chamados estamos sempre presentes. Veja o que se passa aqui, estamos celebrando e prontos para trabalhar, erguer este país novamente, como já o fizemos em outras vezes. E o faremos novamente com a certeza de que lá no poder estarão atudando gente com as mesmas vontades e esperanças que as nossas”.

obs.: as fotos estão publicadas na ordem de citação dentro do texto.
Henrique Perazzi de Aquino – jornalista e professor de História, acompanhou eleição argentina por conta própria e por não mais conseguir observar prostrado o que se passa pela Pátria Grande (www.mafuadohpa.blogspot.com).

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

COMENDO PELAS BEIRADAS (78)


A VIAGEM CONTINUA RENDENDO E RENDENDO

VOLTANDO AOS POUCOS...

Fui com uma missão bem definida, a de observar e escrever sobre a eleição argentina, a que defenestrou o neoliberalismo predatório do basura Macri na Argentina. Observei muito, não sai das ruas e até agora, confesso, escrevi pouco. Quando você está no palco dos acontecimentos tem que tomar decisões rápidas. Ou continua nas ruas e vendo cada vez mais e mais ou se tranca num quarto de hotel e escreve. Tinha prazos, cumpri a maioria, mas noutros negligenciei, pois não resisti ao chamdo das ruas e delas não sai. O escrito foi deixado para depois e quando isso ocorre, outros já o fizeram com maior presteza e rapidez. Não me importo, eu não volto de lá com as mãos abanando, pois agora, mesmo com o devido atraso, tenho todo o tempo do mundo para ir olhando foto por foto, relembrando o significado de cada uma delas e desta forma tento reconstruir minha intensa passagem pela Argentina. Vi um povo antes triste, desconfiado e depois a explosão nas ruas. Participei junto deles, do lado vitorioso e trago junto comigo o que é você ter renovada sua esperança, acreditar num projeto sendo reinstalado e vê-lo ressurgir. Agora, sento a bunda na cadeira e batuco algo até não mais poder, porém, como em tudo na minha vida, outras obrigações me chamam e vou tentando colocar as prioridades em primeiro lugar. Tento, sou chamado para isso e aquilo, mas com tudo ainda bem pulsante dentro da mente, vão sendo reavivadas as histórias construidas nas ruas, essas as que tenho verdadeiramente para contar. As avaliações, considerações abailizadas, conceituações bem ajambradas, essas eu estou lendo em diversas publicações respeitadas e creio, as minhas, com aquela pitada da sarjeta pode ter um considerado aproveitamento.

ELE ME CHAMA DA PORTA DO RESTAURANTE...

Desço a rua Defensa, a da feira dominical de San Telmo, em Beenos Aires no domingo passado com pressa, pois era o dia do pleito e a feira turística era o local menos indicado para presenciar o que estava ocorrendo no país. Por ali, turistas, muitos brasileiros, enquanto o país pulsava sua transformação por outras vias e locais. Na porta do restaurante Desnivel, onde paramos para um rápido almoço, não resisto e clico esse senhor enconstado na entrada. Bem o tipo que me chama a atenção, um ser com comprovada vivência nas "calles", tudo ali encruado e encralacrado na sua postura, visual revelador. Esses me magnetizam e os persigo. Ele me observa, me vê tirando a foto e me chama com o dedo. Vou até ele preparadio para levar uma dura. Pergunta de onde sou. Sorri ao saber brasileiro, jornalista e professor, quer saber se gosto do seu país e me diz algo mais: "Faça bom uso de minha foto. Eu já fui um sujeito de bem, hoje desisti de o sê-lo. Vivo por aqui, muitos me conhecem, perdi tudo o que amealhei ao longo da vida, menos a dignidade. Eles aqui do restaurante me ajudam como podem, comida não me falta e o cheiro vindo de lá de dentro é sempre muito bom. Não quero mais me desgastar com brigas sobre esses ou aqueles. Claro que abomino a crueldade de alguns para gente como eu, os que desistiram de tudo por causa de gente como eles e mesmo sem votar, sem estar presente, continuo vendo tudo. Nada escapa ao meu olhar. Os da rua enxergam tudo com outros olhos, os olhos do sofrimento. Você nos vê de uma forma, cada um tem o seu jeito de nos enxergar e nós, os do lado de cá, temos o nosso jeito de também ver enxergar vocês todos. São os nossos olhos. Reflita sobre isso quando for escrever de nós, só isso". Fui comer meio que engasgado. Adorei a conversa e na saída não mais o vi. Creio sua comida ter chegado e ele saiu ruando cidade afora. Hoje, ao rever a foto, me veio a mente o diálogo na porta do restaurante. Creio ter escrito aqui nessas poucas linhas algo de grande proveito sobre tão digna e majestosa pessoa. Adoraria ter batido um papo mais prolongado.

COLETIVO BRASILEIRO PASSARINHO EM BUENOS AIRES - O QUE É, O QUE FAZ, SEUS OBJETIVOS
Sábado passado, véspera de eleição na Argentina, uma reunião juntando jornalistas brasileiros e argentinos antes do pleito. O amigo bauruense, professor, escritor e jornalista Gilberto Maringoni me convida para participar e junto um currículo, o do Coletivo Passarinho. Fui, participei, gostei e agora divulgo o texto recebido junto do convite, pois nele, algo mais sobre o que ve ma ser essa proposta coletiva de ajuntamento de interesses de brasileiros residentes em Buenos Aires:

"O Coletivo Passarinho nasce com a proposta de construir pontes entre Brasil e Argentina. Nos nossos três anos de vida trabalhamos para superar as fronteiras, construir comunicação e experiências comuns e aproximar as lutas. E assim o fizemos na luta contra o golpe, no movimento pela liberdade de Lula e nas diversas jornadas de Diálogos de Resistência articuladas com movimentos sociais, feministas, territoriais e de Direitos Humanos. Passaram por tais jornadas Mônica Benício, a viúva de Marielle Franco; David Karai Popygua, liderança indígena da etnia guaraní-mbya; e Naiara Leite, militante do movimento de mulheres negras no Brasil e coordenadora de Comunicação de Odara – Instituto da Mulher Negra. Recentemente, somamos à nossa batalha cultural o podcast Pulso Latino que tem a proposta ampliar os canais de comunicação e debate com o Brasil sobre as lutas latino-americanas.

É neste contexto, de um subcontinente em ebulição, em que as lutas populares ganham centralidade, mas também marcado por amplos retrocessos, que consideramos necessário estreitar laços, experiências, informações e lutas. A experiência destrutiva do macrismo e do ajuste neoliberal na Argentina foi, até agora, pouco difundida no Brasil e não ganhou a proeminência que deveria ter adquirido no contexto das eleições de 2018. Isso sem desconsiderar obviamente os grandes esforços das canais alternativos e contra-hegemônicos.

A expressão eleitoral do rotundo não a Macri nos traz grandes esperanças e desafios. Esperanças por saber que o big data não pode ser maior que a experiência de empobrecimento e subalternidade de parcelas significativas de um país. Desafios por que uma vitória se dá sob a pesada herança de um endividamento extremo perante o FMI e em um contexto de uma economia real arrasada. Além disso, surge o grande imperativo de repensar os governos nacional-populares e a vocação extrativista que impera na região.

Nada mais importante para o momento que construir pontes e aproximar as lutas. Tais pontes serão fundamentais na construção da mobilização social necessária para superar o bolsonarismo no Brasil com a construção de uma alternativa à esquerda".

Mais detalhes no https://www.facebook.com/coletivopassarinho2016/

Creio já fazer parte, além de divulgador e nas próximas idas, com mais tempo, quero conhecer mais de perto algo que, na correria dessa viagem e diante de tantos compromissos, estive pouco ao lado dos atuantes membros do agrupamento brasileiro. Por fim, explico dos motivos da escolha do nome "passarinho" como denominação. Simples, homenagem para o poeta gaúcho Mario Quintana e sua famosa frase: "Eu passarinho, eles passarão".


REVISTA JÁ, EDIÇÃO DE OUTUBRO - ESTE MAFUENTO ILUSTRA TEXTO DO ADVOGADO HERMAN SCHROEDER (na foto, Fátima e Herman, eu e meu filho, junto da expo Retratos Lado B de Bauru no Bar do Barba, junto da Feira do Rolo).

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (72)


CONSIDERAÇÕES VARIADAS FEITAS NA CORRERIA DE AGITADOS DIAS*
*
Este texto deveria ter sido publicado em 29/10, sem tempo sai no dia seguinte, mas fica valendo como se fosse de ontem... 

BATALHA DAS IDEIAS É A MAIS IMPORTANTE DAS BATALHAS
Cenas como essa da foto aqui postada se espalham como mato aqui pelas calçadas de Buenos Aires, quiçá de todo este país. Muito triste observar a repetição da mesma cena em cada nova esquina ou marquise. Muito já de disse e escreveu sobre seus motivos e consequências. Por sorte, o país se uniu e logo no 1º Turno mandou paras as cucuias o desGoverno neoliberal que aprofundou não só a crise, mas insensível até a medula, atuou beneficiando uma minoria rentista deixando todo o resto do país na penúria. A percepção existentes na fala e provável ação dos novos governantes deve levar muito em consideração as necessidades do povo argentino e não a das tais leis de mercado, uma que nunca irá beneficiar a maioria da população. Vejo isso não só nas declarações por aqui, mas também no que já fizeram um dia lá atrás e estão neste momento, prontos para dar continuidade. A pobreza e a miserabilidade deve diminuir, mas não tão rapidamente como se necessita, pois ninguém faz mágicas e quem o faz merece toda desconfiança. Sinto no ar lendo tudo o que me cai nas mãos aqui na Argentina, algo sobre a parcela da população, em torno de 40% defendendo não só Macri como seus atos, na maioria das vezes, contra seus próprios interesses. O mesmo acontece no Brasil. A classe média, tanto de um país como de outro, são parecidas neste quesito. Sofrem na pele as consequências de uma política, não só equivocada, como criminosa, mas o defendem assim mesmo, jogam contra seu próprio patrimônio. São, em sua maioria, gente que é naturalmente contra o peronismo, possuem interesses conflitantes a beneficiá-los pessoalmente, conservadores por natureza ou, em última hipótese, perversos mesmo. Esses, desgraçadamente, parecem pouco se importar com a cena a se repetir nas ruas. Pensam somente em si e nada mais. Alberto e Cristina, os eleitos, possuem a sensibilidade para não deixar isso continuar a acontecer. A Argentina mudou e isso traz ventos positivos para tudo o mais nessa insólita América Latina. A Pátria Grande ganha força, vigor, para voltar a prevalecer e se firmar novamente no continente.

AEROPORTOS LATINOS DEVEM ACHAR QUE ESQUERDISTAS NÃO LEEM NADA...
Explico. Não sei só eu reparei nisso, mas algo chama a atenção na imensa maioria dos aeroportos latinos. Nos brasileiros isso ocorre e aqui na Argentina idem. Dentro das áreas de embarque só revistas de futilidades, essas todas infestando as bancas dos tempos atuais, onde ler não é o maior negócio e sim, somente folhear e se distrair. No quesito jornais idem, pois nos grande aeroportos brasileiros para você encontrar alguma revista ou jornal palatável tem que pedir pra alguém trazer de uma banca em outra localização, nunca nas áreas de embarque. Aqui em Buenos Aires a mesma coisa. No Aeroparque, o aeroporto localizado na área central da cidade e atualmente atendendo mais o público local, tem uma banca ótima, mas nenhum na parte interna. Em Ezeiza, nem pense em encontrar por exemplo o diário Página 12 em alguma banca, pois isso não ocorrerá. Já o Clarín e o La Nácion, os ditos conservadores e comandantes por aqui da imprensa massiva, esses em todos os lugares. Nas salas vips só dá eles. Eles privam o acesso para uma informação mais confiável assim na cara dura, sem nenhum escrupúlo. Claro que sabem, mas a esquerda que lê também viaja e creio eu, lê até mais que a direita, porém, pelo menos para quem administra esses locais, privar o acesso é não melindrar os "donos do poder", esses que se sentem mal vendo os menos favorecidos nesses locais e fazendo uso das instalações aéreas, já jornais e revistas ditas esquerditas, seria demais da conta. Na Europa, quando lá estive, achei de tudo, desde o Charlei Hebdo, The Economist aos diários de pequena e grande monta. Será que eles sabem que nós, os esquerdistas gostamos e muito de ler? Se não sabem, informo algo mais, pois meu procediimento quando me dirijo para esses locais é muito simples e tem a mesma vertente daqueles que trazem o lanchinho pronto de casa. Venho pro aeroporto já preparado e antes, como sei que posso esperar horas nesses lugares, compro antes e trago na algibeira minha leitura predileta, pois passar horas vendo Caras ou afins é de matar a boiada inteira. Eu me preparo antecipadamente...

CONHECI UM LUGAR, A COOPERATIVA BAR CASONA HUMAHUACA, BUENOS AIRES
Em cada viagem, além das andanças de praxe, nada como encontrar um porto seguro. No sábado passado, um dia antes do pleito argentino, foi marcada reunião para jornalistas brasileiros assentarem a poeira e conhecem um pouco da realidade do país, como de fato é operada, algo como um bom guia de cegos para iniciantes. Convite feito por outro agrupamento dos mais interessantes e instigantes, o Coletivo Passarinho (escrevo deles nos próximos dias) e para o local indicado lá fui, calle Humahuaca 3508, rua bem atrás do shopping Abasto. O lugar é desses que, só de bater os olhos desponta aquela empatia para sempre, amor à primeira vista. Lugar acolhedor, verdadeira cooperativa, bem diferente dessa tal de Unimed e outras mais. Uma casa que se transformou num agrupamento coletivo e junta pessoas com ideias e propostas parecidas, libertárias e afins. O espaço serve para finalidades múltiplas e variadas, desde um simples bar/restaurante, como para ponto de reuniões e tudo o mais que se possa imaginar. Com a crise atual vivem num aperto danado e apelam para o coletivo, para os apaixonados pelo lugar para que colaborem e mantenham acesa a chama.

Lugares idênticos padecem desse mal, fazem algo para o coletivo e sofrem no quesito sobrevivência. Por ali se respira e transpira união de interesses. Sinto-me bem, entre iguais e logo na entrada, já sentindo a empatia, pedi se podia fotografar. Depois conversei com alguns dos que comandam a casa, os que pegam no pesado e a certeza, conheci mais desses lugares imprescindíveis em qualquer lugar. Fotografei inclusive o cardápio, pois nele, além do declarado diferencial ali exposto, a postura me encanta. Percebam os detalhes, talvez desorganizados, mas muito bem colocados. Virei fã e prometi voltar, trazer os meus da próxima vez, difundir, espalhar a ideia e se possível, copiá-la nos mesmos moldes para algo sendo pensado dentro de minha aldeia, Bauru. Acessem os endereços virtuais todos aqui reproduzidos, conheçam a proposta e vejam se não é disso o que precisamos quando continuamos por esse mundo, cada vez mais dispersos, separados. Quero mais é continuar na lida, mas ao lado de gente pulsando os mesmos interesses que os meus. Tenho profundo prazer em passar adiante algo dessa natureza. Fui arrebatado... Link com 31 fotos do lugar: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/2995505550479434.

MAFUENTA ENTREVISTA DE RUA COM JORNALEIRO ALESSANDRO, SUA VISÃO DO MOMENTO NO PAÍS E SITUAÇÃO DOS JORNALEIROS EM LAS CALLES
Ao meu modo e jeito, gravando de soslaio, voz rouca, barulhos de carros passando e pessoas circulando ao lado, enquanto ele discorre de forma límpida e transparente sobre a situação argentina. Aprendi a gostar deste senhor, pensamento de esquerda, um tanto desiludido/desencantado, após tantas crises e transições, mas com um fio de que, com certo tempo, algo mude e melhore, inclusive para o seu negócio, hoje numa encruzilhada, sem muitas perspectivas. Todo dia de manhã, antes mesmo do café, desço para comprar o Página 12 e bater um papo. Hoje me apresentou também outro jornal, esse verdadeiramente de esquerda, o Prensa Obrera, órgão do Partido Obrero, do dirigente Jorge Altamira, conhecido dos amigos Paulo e Cláudio Lago, quando esteve em Bauru, época em que esses dois eram dirigentes do Sindicato dos Bancários. Enfim, uma fala bem lúcida, algo pelo qual, até pela vivência que mantive com o Alessandro, não podia deixar de fazê-lo. Eis o registro... Link da entrevista feita nas calles: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/2994855860544403/

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (152)


JOGO QUE SEGUE E A BOLA CONTINUA ROLANDO, AGORA MAIS LEVE AQUI NA ARGENTINA

O DIA SEGUINTE - JUNTO DE CINEGRAFISTAS DIANTE DA CASA ROSADA E ATRÁS DE ALBERTO, AGORA "O CARA"
O foco agora é outro. Macri deixa o Governo dia 10 de dezembro, mas desde já os holofotes estão voltados para outro personagem da vida polítrca argentina. Mais até que Cristina, as luzes se acendem para Alberto Fernández, o novo presidente, eleito ontem em votação expressiva já esperada. Amanheço com uma pauta na rádio 750, rever amigos do programa La Mañana. Na volta, por volta das 12h , uma passada defronte a Casa Rosada, 300 metros de onde estava e ali um aglomerado humano bem num dos portões de acesso ao local. Não é difícil descobrir quem o sejam. Tratam-se das mais diferentes equipes jornalísticas argentinas, todas em buca de imagens com Alberto. Observo as gravações ao vivo, cada um ao seu modo e jeito, seguindo a linha editorial de cada órgão, pincelando mais aqui que ali, porém todos no mesmo foco, pauta única. Na sondagem visual feita por este mafuento observador, permaneço com os olhos fixos na ação dos cinegrafistas. Enquanto os profissionais do microfone mal se cumprimentam entre si, esses mais simples são afetuosos uns com os outros. Numa tradição bem platina, não seguida pelos brasileiros, eles se beijam no rosto, num cumprimento carinhoso, coisa de amigo.
Conversam muito e trocam figurinhas entre si, enquanto os jornalistas, os que irão aparecer nas telas de TV parece não se misturar, permanecendo cada um na sua, recluso, isolados uns dos outros. Coisa de concorrência. Alberto já havia ido embora do café da manhã ali tomado, mas esses continuvam na calçada, gravando para programas variados, debaixo de alguns poucos pingos de chuva, manhã fechada, céu nebuloso. Dali sigo até a rua México, defronte o número 356, bairro de San Telmo, bem perto da rádio onde estive e ali novas observações sobre algo do mesmo quilate. Ali um dos redutos da equipe da coligação vitoriosa de Alberto. Acontecia no sobrado uma reunião já com membros da equipe que fará transição e todos ali na calçada aguardando a saída destes para sondar o que está sendo tramado, construído e será implementado em breve. Novamente a mesma cena se repete e os cinegrafistas fazem a festa entre si, alegres, cordias, papos amigáveis, mesmo cada um estando em empresas distintas, sendo que o mesmo não ocorre, nítido isso, entre os profissionais do microfone. Quando ouço que a reunião ali dentro iria demorar me dou por satisfeito e sigo meu caminho, ou seja, vou bater perna a pé de lá até o hotel, olhando tudo à minha volta e tentando entender as nuances de uma cidade grande, diria, metrópole e sua relação do dia seguinte a uma eleição mudando os rumos do país. Alguém caindo de paraquedas poderia dizer que nada mudou, pois além das conversas entre as pessoas, essas hoje versando omente sobre o pleito, no mais, no visualk das ruas, tudo como se nada tivesse ocorrido. Sigo em frente...

MINHAS CRÔNICAS DAS RUAS BUENARISTAS ESTÃO MAIS REDUZIDAS E CONTIDAS POR ESSA VIA E MEIO
Pelo menos por enquanto e por essa via internética, a escrevinhação sobre o que vou presenciando pelas ruas buenaristas estão um tanto restritas, reduzidas e contidas. Tudo tem seus motivos. Preciso ganhar algum, vender meu peixe. Escrevi alguns textos e os enviei para quem pode me pagar algo pelo meu trabalho e como o ineditismo precisa ser mantido até a publicação vingar, para esses o filé, aqui algo mais modesto. Juntei belas histórias, principalmente ontem quando acompenhei a festa da vitória de Alberto e Cristina, lá no Bunker da Cristina, altura do 5800 da Corrientes, bairro de Chacarita, quando umas vinte quadras estiveram lotadas e a festa durou boa parte da noite. Fotografei muitos e na maioria, buscava algo mais, o nome e um depoimento, uma palavrinha para ser utilizada nos escritos. Haja memória e papeizinhos nos bolsos, todos destrinchados hoje pela manhã. A explicação para o pouco dito e mostrado é esse. Diria ter sido um dia inebriante, onde vi estampado na fisionamia das pessoas alegria e esperança, tudo junto e misturado. Foi uma noite e tanto, algo pelo qual a gente não se esquece jamais. Mais uma bela experiência que levarei para todo o sempre. Enfim, ser testemunha ocular da história é a cachaça que todo jornalista precisa para exercer seu trabalho dentro dos acontecimentos. Esses dias tem sido muito intensos e valioso por aqui. Continuarei filtrando algo e postando também por essa via, em drops, aos poucos e com textos mais curtos, só para apimentar e aguçar a curiosidade.

ESTAMPA DO LULA MAIS APROXIMA QUE DISTANCIA, PELO MENOS AQUI NA ARGENTINA
Aqui na Argentina quando estou envergando algo com a carinha do ex-presidente Lula, a abordagem se dá na certa e na imensa maioria das vezes de forma bem positiva. Comigo ocorreram várias aproximações e me espanto com algumas. No Desnivel, restaurante na rua Defensa, a da Feira de San Telmo, ontem no horário do almoço, eu e o Paulo José Oliveira Silva, meu advogado por aqui (não ando mais na rua sem estar ladeado com bom rábula), homem das comunicações de Tupã, estávamos mandando ver uma saborosa morcilla (nosso chouriço) e quando nos levantamos, conta já fechada, prontos para levantar voo, eis que um senhor lá do fundo levanta e vem em nossa direção. Preparei a peixeira, mas ele era de paz, junto da mulher puxam conversa. Paulo, seu nome, de Penapólis e ao me ver com estampa do Lula no peito pede para tirarmos uma foto juntos. Daí por diante paramos o restaurante, os garçons todos entraram no papo e claro, dia de eleição no país, um deles sofreu a maior gozação, pois no pleito anterior votou no Macri e no de hoje, com aquela carinha de arrependido e debaixo da pilheria coletiva dos seus, disse nunca mais vai querer se enganar e ser enganado. Paulo é funcionário federal, a esposa é carioca e ambos, assim como nós dois, lulistas inveterados. Saquei da algibeira dois bottons do Lula Livre e os dei de presente, sendo que o dele já foi pra camiseta no ato. Isso é para a percepção geral de que, com pouca coisa a gente transforma um lugar, altera a ordem estabelecida das coisas, detona com a calmaria e modifica da água para o vinho o desenrolar dos fatos. Quando tudo ocorreria dentro do trivial, bastou surgir algo a nos aproximar ali no ato, no caso o velho e bom Lula, para que a ordem natural dos fatos tivesse outro rumo. Esse Lula é mesmo um insubordinado, hem!!!

OS QUE CONVERSAM SÓZINHOS PELAS RUAS
Cidade grande tem dessas coisas. Em cada virada de esquina algo novo e surpreendente. O que me espanta nesse negócio de celulares e outros adereços, agora acoplados aos ouvidos e boca, onde o sujeito nem fica mais com o aparelho nas mãos, pois tem algo que o sustenta pairando no ar e ele vai falando, respondendo o que ouve sem tocar em nada, mas o faz em voz alta. Você acaba participando da vida do outro, sabendo detalhes de sua vida e de como trata certas situações. Voltei a pé pelas ruas de Buenos Aires pela manhã, andando umas vinte quadras e o número de gente falando sózinho é altíssimo por aqui. Ninguém é louco, mas todos falam alto e como se estivessem sozinhos, mesmo sabendo que estão conversando com outros do lado de lado do telefone e outros escutando tudo. Existem, claro, também os exibicionistas. Numa delas deu até vontade de seguir mais, só para ver onde iria acabar aquela trágica conversa, dele se desculpando com o amigo, por não ter ido com ele num fechamento de negócio, pois estava enrolado na casa de cliente, essa o segurou e ele estava desconfiado que as intenções dela eram lhe agarrar. Histórias assim a gente deve tomar conhecimento de como terminam, enfim, a curiosidade mata. Hoje as pessoas não se limitam mais a somente falar discretamente ao fone, mas alguns tem por preferência deixar que todos ao seu lado tomem conhecimento de sua vida nada privada. Eu me assusto e creio não conseguiria fazer o mesmo, me entregar assim de bandeja para tudo o mais. Não que tenha segredos inconfessáveis, mas não acho de bom alvitre esse papo desenfreado pelas ruas, invasões de privacidade em altos decibéis. E quando isso acontece dentro de um ônibus e todos os passageiros ficam em suspense, só esperando no que vai dar as revelações sendo repassadas gratuitamente no local? Pelo menos uns três hoje num curto trajeto e isso me fez esquecer até o motivo de minha estada por essas plagas.

domingo, 27 de outubro de 2019

MÚSICA (178)


JUNTADA DE TENTATIVA ESCREVINHAÇÃO TEXTOS EM DIAS DE AGITAÇÃO NAS RUAS DE BUENOS AIRES E COM ELEIÇÃO EM CURSO


PINTOR SERGIO HORVARTH E SUA GALERIA NUM MERCADO POPULAR EM LA BOCA

Essa história eu a conto em detalhes para um jornal e aqui sai só um "ratito", como dizem aqui quando querem dizer algo de pequena monta. O conheço de outras andanças e visitas. Tem uma pequena galeria e nela mora enfurnado num canto do El Mercado, calle Olavarria, em La Boca, usando um dos box do mercado popular para armazenar livros, CDs, obras de arte e antiguidades, saindo vendendo por variadas feiras espalhadas por Buenos Aires. Não esconde suas preferências, sendo peronista de carteirinha, contrário à bestialidade neoliberalista eestando além das funções profissionais em campanhas de defesa de Cristina Kirchner e a esquerda argentina. Vou e volto ao pais e o procuro com certa regularidade, fone inesgotável de boa conversa e encaminhamentos para conhecer de fato algo da história deste envolvente país onde me encontro neste momento. Sergio mora só, 56 anos, um filho de 34, já encaminhado na vida e faz o que gosta, sem sonhar em enricar ou coisa parecida. Quer mais é ir tocando a vida, conspirando contra os cruéis e se reunindo politicamente com gente cujas ideias batem e se convergem. No prédio do mercado onde atua, todas as pinturas do teto são obra sua e mesmo após um incêndio no local anos atrás, algo ainda pode ser visto e apreciado no local. Esse o tipo de pessoas pelas quais gosto muito de ir trombando, conversando, criando amizades por onde passo. Juntei muitas de suas histórias em um belo texto, mas por enquanto ele tem que continuar inédito por essa via e meio. O tira gosto se dá com esses poucos dados aqui repassados.

LUIZ RAMON, SEU RESTAURANTE NUMA GALERIA ESCONDIDA EM LA BOCA E TERESA, A ESPOSA RETAGUARDA DO LUGAR

Circulei a manhã toda pelo bairro de La Boca e juntei boas histórias, algumas posso ir só escrevendo superficialmente, pois as encaminhei para publicações em revistas e jornais pela aí. Um restaurante popular nos fundos de uma galeria utilizada só pelos moradores, nenhum turista, mesmo o bairro sendo um dos redutos mais visitados na cidade de Buenos Aires. A história do Ramón é sui generis, pois ele serve a comunidade local com guloseimas preparadas por Teresa, a esposa, tudo feito como numa residência bem simples, panelas amontoadas pela cozinha, tudo ali bem exposto, sem nenhuma necessidade de esconder nada. Ramón é um baixinho espevitado e ao questioná-lo sobre como consegue torcer pelo River, com flâmulas espalhadas pelo bar, bem no coração de bairro onde reina o rival, Boca Juniors, ele ri e quem responde é um cliente, esse envergando a camisa do Boca: "Não fazemos nada com pequenos, crianças, só escapa por causa disso, pelo tamanho não merece nem uns tapas, a gente releva e quando crescer conversamos seriamente". O fato é que o casal faz a alegria de muitos no local, reunindo diariamente uma legião de aposentados, reunidos bem antes do almoço, todos vendo TV e aguardando a hora dos cozidos da Teresa ficarem prontos. Por lá come-se bem, tudo caseiro, rustico, sem elegância, mas dentro de um padrão de qualidade lá deles, tudo aprovado pelos clientes. Outro também peronista e votando em Cristina e Alberto no dia de hoje. Cada um desses todos onde circulei na manhã de sexta, 25 de.outubro tem histórias boas de ouvir, guardar e quando possível, passadas adiante,

ESSA PROPAGANDA ELEITORAL PODE SER TRANSFORMADA NUMA CÉDULA NA ELEIÇÃO ARGENTINA

Uma das surpresas que a maioria dos jornalistas btrasileiros presenciando a eleição argentina é esse imenso papel contendo a relação de todos os candidatos. Seu nome é "boleta" e é distribuida como propagando eleitoral normal, mas para surpresa da maioria, o eleitor argentino pode utilizá-la como o próprio voto, ou seja, a dobra e enfiar na urna, valendo normalmente. Nós, brasileiros estamos acostumados com esse tal de voto eletrônico, um sem muita confiança em tempos de fake news e outras coisas, mas antes dele tínhamos a cédula de papel e nela, em tamanho reduzido, os nomes dos canditados, bastando colocar um X no escolhido, quando não, espaço para escrever o nome e nada mais. Nas eleições por aqui, a propaganda distribuida nas ruas no período eleitoral vale como voto. O eleitor pode levar essa baita cola e até recortá-la, colar uma com outra e assim compor seu voto. Ontem na reunião com os jornalistas brasileiros, quando saquei da mochila alguns exemplares, eles fizeram o maior sucesso, percorreram de mão em mão, com as devidas explicações dos jornalistas argentinos, didáticos para conosco e dos estranhamento com todo um processo bem diferente do nosso. Ouço a história de eleitora que demorando para sair do espaço a ela dedicada para preparar seu voto, é chamada por funcionários atuando no pleito e se mostra incréula, pois não a deixando exercer seu voto sem ser importunada. HIstórias como essa eu estou juntando, formatando quando colocadas uma ao lado de outra, num imenso painel do que estou estudando e tentando alinhavar num texto para alguma publicação num órgão impresso. Poderia ser considerado um ajuntador de histórias, pois as reuno, ouço e guardo e depois tento contê-las todas dentro de algum textão. São tantas surpresas, a maioria merecedora de um compêndio escrevinhativo.

NO DIA DO ANIVERSÁRIO DE LULA UM ATO "LULA LIVRE" DIRETO DO OBELISCO, BUENOS AIRES

Hoje ocorreram atos espalhados mundo afora para homenagear Lula e comntinuar exigindo sua soltura, algo mais do que necessário diante de tantas irregularides já comprovadamente cometidas pela equipe da Lava jato, capitaneadas pelos insanos Moro e Dallagnol. Aqui onde me encontro, Buenos Aires o ato foi marcado para 17h, junto ao momunento mais famoso da cidade e contou com um número considerável de pessoas, dentre elas algumas personalidades como Aloizio Mercadante, Lindbergh Farias, Adriano Diogo, Chico Malfitani e outros. Uma reunião de gente a passeio, muitos trabalhando por aqui, brasileiros, argentinos e outros latinos, todos clamando por Lula. Algo bem frequente por aqui são os argentinos ao te perceberem brasileiro, ainda mais tendo alguma coisa reverenciando o ex-presidente, uma aproximação mais que rápida e muita curiosidade, com muitas perguntas e o início de longos bate papos. Nota-se claramente que Lula é muito bem quisto por aqui, estando no panteão dos grandes líderes latinos. Do ato, a maioria dos presente foram trodos para o Bunker da Cristina (isso mesmo, esse o nome dado para o comitê de campanha de Alberto e Cristina), acompanhar a apuração e festa pela eleição da dupla peronista, dando cabo ao neoliberalismo no país.

A ELEIÇÃO ESTÁ GANHA E A PERGUNTA FEITA PELOS ARGENTINOS AOS BRASILEIROS
Como já é do conhecimento geral Alberto Fernández e Cristina Kirchner ganharam a eleição por aqui, para felicidade geral da nação argentina, esperança maior de alavancar uma imensa batalha em prol da Pátria Grande. Tirei fotos das ruas de encher os olhos de muita emoção. Os argentinos estavam realmente alegres, radiantes pelas ruas e estravazavam cantando e dançando de uma forma estranha para nós, vivendo um momento dos mais insólitos da história do Brasil. Permaneci o temp otodo envergando uma camiseta vermelha, com uma monatgem ocupoando todo seu espaço, imagem inicialmente do Che Guevara, só que no lugar do seu rosto o de Lula. Fui abordado a todo instante, abraçado, apertado, papos variados surgiram por causa da identificação do ex-prersidente. Este da foto, sindicalista muito atuante aaqui em Buenos Aires permaneceu por um bom tempo ao meu lado e de Paulo José Oliveira Silva, perto da entrada do Bunker da Cristina (Comitê de Campanha de Alberto), junto de sua esposa e a filha, essa devidamente acomodada num carrinho de bebê. Matias Ceballos seu nome e me foi feito por ele uma pergunta repetida por muitos: "Enfim, o que falta para soltarem Lula? E o que falta para o brasileiro ir pra rua exigir a devolução dos direitos usurpados pelo Bolsonaro?". A gente até fica acabrunhado, mas responde assim mesmo; "Estamos reagindo, mas não a contento. Nosso sindicalismo hoje não é o mesmo de antes, nem o povo tem a consciência que deveria, a mídia cumpre um papel emburrecedor das massas e perdemos o poder de mobilizar as massas. Na junção disso e outrops fatores estamos perdendo o bonde da história e nos deixando ser dominados e governados pelos piores que temos". Eles ficam incrédulos, não entendem direito e querem nos dar força, impulsionar nossa necessária luta, algo que muito deveria nos envaidecer, pois os percebo preocupados com a situação, tanto de Lula, como dos destinos do país. Por fim, os vejo dizendo algo mais ou menso assim: "Nós estamos fazendo a nossa parte, dando cabo num governando cruel e isano, façam o mesmo com o seu".

GENTE QUE VALE A PENA SER OUVIDA
O argentino Sampaoli, hoje técnico do Santos, mas durante um bom tempo técnico da seleção nacional do Chile.

sábado, 26 de outubro de 2019

DIÁRIO DE CUBA (113)


CONTATO COM AS RUAS em/de BUENOS AIRES
COMEÇO MANHÃ SÁBADO E QUEM CRUZAMOS EM CALLE FLORIDA...

Desço para me encontrar com os amigos e começar a caminhada para o que virá pela frente no sábado, 26/10 por aqui em Buenos Aires e seguindo até o ponto de onibus, eis que no cruzamento de duas importantes calles, a Florida com Corrientes, damos de cara com nada menos que LUGO, o ex-presidente paraguaio, um que foi inclementemente defenestrado por uma decisão mais que arbitrária da classe política do Paraguai, pelo simples motivo de ter levantado a hipótese de verificar a legitimidade cartorial e destinação de muitas terras em mãos da classe dominante. Muito simpático, papeamos todos na rua por uns quinze minutos e não resisti, lhe perguntei: "Lugo, algo até agora não entendido por todos nós, como se deu essa decisão, a mais rápida, questão de horas para te tirar fora do Governo paraguaio? Aquilo foi no estilo vapt-vupt, algo mais que surreal". Ele sorrindo, após tanto tempo, resume tudo numa frase" "A decisão da embaixada norte-americana foi levada ao pé da letra, assim eles agem". Lugo é mais um dos tantos observadores internacionais acompanhando o pleito argentino deste domingo, 27/10, quando Maurício Maci, o neoliberal basura deve dizer adeus definitivamente como presidente da Argentina. Atento à causa da PÁTRIA GRANDE.

ATENDENTE NUMA LOJA EM LA BOCA REVELA QUAM SÃO OS PIORES TURISTAS POR LÁ
MEL é brasileira, nasceu em Volta Redonda RJ, está em Buenos Aires há dois anos para cursar veterinária numa universidade pública. Para custear e se manter por aqui trabalha diariamente numa loja bem defronte o estádio La Bombonera, o do Boca Juniors, no meio de um dos bairros mais populares da cidade, o La Boca. Aqui estive no sábado, 26/10 para produzir uma matéria longe de sua zona turística, mas junto ao povo do bairro, sentir a expectativa desses diante da eleição de domingo. Como não poderia deixar de ser, somos levados também a cumprir algum papel de turista e numa das tantas lojas conhecemos a simpática Mel. Papo agradável, nos conta muitas particularidades da vida portenha, como vai conseguindo se safar das dificuldades e ir tocando sua vida, tentando realizar seus sonhos. Da forma como nos tratou, surgiu a conversa sobre os brasileiros passando pelo local e ela foi taxativa: "Os piores turistas por aqui, por incrível que pareçam são os brasileiros. De início achava serem os argentinos, os da classe mais abastada, arrogantes, mas não, os brasileiros são imbatíveis nesse quesito. Chegam de nariz empinado, não cumprimentam ninguém, grosseiros e tratam a todos com empafia, como reis do mundo. Nos olham como se estivessem num andar superior, quando sabemos isso ser fachada. Me disseram que antes não era assim tão latente, eram menos agressivos". Não me assustei, disse a ela ser esse o espírito do novo rico, ou o que se acha rico, escovadinhos, perfumados de gabinete, quase certeza serem todos bolsonaristas e estarem contentes com a destruição em curso no país. O que nos disse serve como demonstração cabal do quanto estamos sendo mal vistos pela aí, tudo por causa dessa insanidade conservadora, pueril e com sérios distúrbios mentais. Fora Bolsonaro!

REVELAÇÃO DO JORNALEIRO ARGENTINO
Alessandro é jornaleiro num dos cruzamentos mais movimentos do centro urbano de Buenos Aires, a das ruas Corrientes com Callao. Desço agora pela manhã para comprar a edição dominical do único diário impresso atuando dentro da verdade factual dos fatos (para mim, viu!) , o Página 12 e me deparo com uma pessoa disposta a falar sobre seu país, exatamente nesse momento onde as esperanças estão sendo renovadas com eleição já em curso. Primeiro me diz da boa escolha que fiz levando o jornal e também a revista mensal Caras e Caretas, na edição saindo hoje só tratando de um tema mais do que emblemático por aqui, "HAMBRE - Del granero del mundo a la Argentina de Macri" (Fome). De uma conversa inicialmente formal, aceitou gravar uma entrevista e essa posto posteriormente (o tempo urge por aqui nesses dias e qualquer vacilo, já foi), me disse algo que já havia ouvido ontem da boca de um jornalista local: "A Argentina não está hoje tão convulsionada como o Chile, exatamente por causa dessa eleição. Os argentinos estão depositando nela uma carga muito grande de esperança de mudanças, algo impensável com Macri e desta forma aguardam algo novo. Também levo em consideração a ação de intendentes regionais, que com ações pontuais estão tentando minimizar a fome coletiva, atendendo algumas de suas necessidades básicas, dessa forma ajudam a conter a revolta, seguram as massas". Cala fundo ir vendo isso e constatando tudo numa breve caminhada dentre o hotel e a banca, quando na ida vejo dois jovens dormindo sob a marquise de um banco e na volta, no mesmo local, dois policiais os cutucam com seus cassetetes até que se levantem e saiam do local. Presenciei a cena e ela choca os ainda sensíveis, todos nessa incessante busca por dias melhores, todos eles bem longe da atividade neoliberal, essa incompatível com qualquer forma de democracia ou vida atendendo interesses dos seres humanos, principalmente da classe trabalhadora. A Argentina está em vias de mudar de rumo e cá estou para presenciar essa transição.

REGISTRADOR DAS MANIFESTAÇÕES NAS PAREDES
Minhas maquinetas de mão, tanto a no celular com a pequena máquina fotográfica, inseparáveis em minha vida diária, pois do conteúdo contido nelas, algo de como sou e atuo pela aí. Elas revelam quem eu sou, onde estou e de que lado me posiciono. Costumam ou condenar ou absolver uma pessoa e no meu caso, as uso para registrar principalmente as muitas manifestações que vou encontrando pela frente, eneteja aonde estiver. Por aqui em Buenos Aires, dias agitados com eleição em curso, uma mudando os rumos do país, observo cada canto, detalhe diferente e clico, deixando assim minha marca registrada, a de ao publicar essas imagens poder de certa forma, ser um dos propagadores da boa nova, a dando alguma esperança de dias melhores para a camada desasistida deste mundo. Trato isso como uma missão, mesmo que para muito seja bobagem, para mim esses pequenos detalhes deixados pelas paredes, placas, papéis colados em vidraças, pontos de ônibus, etc, revelam o outro lado da cidade, o que pulsa pela transformação. Estarão por aqui, dia após dia algo de como enxergo com esses meus olhos recém operados de catarata, o mundo à minha frente. Gostaria de nesse momento, escrever mais e junto de cada foto poder contar uma história, mas hoje me vejo, sem muito tempo, publicando mais fotos e escrevendo menos. Quando chegar de volta ao bunker no mafua, na aldeia bauruense, talvez coloque os escritos todos em dia, juntando os muitos papeizinhos que vou juntando nos bolsos, todos eles à espera de um dia virar textão.

CARTA CAPITAL NAS BANCAS COM A CAPA MAIS ARREPIANTE DOS ÚLTIMOS TEMPOS

A REAÇÃO POPULAR LOTANDO AS RUAS DE BOA PARTE DO PLANETA
A capa: "O POVO NAS RUAS, MENOS NO BRASIL - Cansados de pagar a conta da crise e de não ter voz, milhares protestam no Chile, Honduras, Líbano, Catalunha, Reino Unido..."
Duas manchetes:
1 - Supremo - O julgamento da prisão em segunda instância tem juíza "esfinge", disputa de poder, pressão de general e Lula espectador.
2 - Sinecura - Após impor um duro ajuste nas aposentadorias dos civis, o Governo investe em generoso plano de cargos e salário aos militares".

Fechamento da edição logo após fechar matérias da edição na sexta: https://www.youtube.com/watch?v=vltWqp9BIns

Notícias do Hospício é a carona com op Brasil em suas viagens na maionese, por Fred Mello Paiva: https://www.youtube.com/watch?v=mocIcopCW7o

Como todos as edições anteriores, IMPERDÍVEL.

DESCULPEM MINHA FALHA...

Tenhos dois temas na cabeça pontinhos para sere mdeespejados no papel, um sobre a visita de ontem pela manhã junto à comunidade de La Boca e como enxergam o pleito ocorrendo neste domingo e noutro a reunião de jornalistas brasileiros e argentinos aqui em Buenos Aires, todos em busca de informações e dados novos sobre esse pleito emblemático para o momento de toda América Latina. Num outro, ainda sendo também formatado pelas ondas cerebrais algo de duas instituições buenaristas, o Coletivo Passarinho, juntando brasileiros residentes em Buenos Aires e atuando por aqui politicamente, socialmente e culturalmente e sobre a rica experiência da Cooperativa Bar Casona Humahuaca, em Abasto, sugestão que levarei para o presidente do PT Bauru, Claudio Lago, para que ao abrir a sede do PT na cidade a faça aos moldes desta cooperativa. As desculpas é por não ter tempo de sentar e escrever isso, textos longos e mais preparados no momento, pois a rua me chama. Ruar é preciso e necessário neste momento por aqui onde me encontro. Ficou para depois...

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (71)


O TAXISTA TENTA ME APRESENTAR PRA VIDA POLÍTICA DO SEU PAÍS - PROVOCO, PORÉM OUÇO MAIS DO QUE FALO E ASSIM COMEÇA MINHA ESTADA POR TERRAS ARGENTINAS

A gente tem que começar do princípio e aqui pela Argentina, conto tudo desde a chegada para presenciar a eleição presidencial no próximo domingo. Pra começo de papo, uma informação que não sabia. Chego na sexta e ontem, quinta foi o último dia oficial de campanha, ou seja, hoje tudo parado e proibição total de qualquer tipo de campanha. A legislação eleitoral por aqui é rigorosa e logo ao chegar no aeroporto percebi um clima diferente do que imaginava. O taxista que me trouxe do aeroporto de Ezeiza até o hotel na avenida Corrientes, aproximadamente 40 km, horário de pico, parece ter sentido minha desilusão pro ter encontrado um clima diferente do que imaginava e como já me conhecia de outras corridas, das vezes anteriores me esclareceu:

- Até ontem a cidade estava fervilhando, quando ocorreram os dois últimos comícios, a dos dos dois verdadeiramente na disputa, Alberto Fernandéz e Cristina Kirchner pelo Frente de Todos e Maurício Macri e Miguel Angel Pichetto pelo Juntos pela Mudança. Ambos não realizaram seus últimos comícios aqui em Buenos Aires, mas as campanhas estavam no pico. o sr perdeu, pois a partir de hoje, por 48 horas nada pode ocorrer e todos respeitam, pois qualquer violação pode incorrer em graves penalidades. Vai perceber que a cidade hoje nem parece estar vivendo um clima eleitoral tão nervoso e cheio de ataques, mas domingo tudo volta a ferver. Aguarde para ver.

A tranquilidade das ruas só se alterava pelos outdoors ao lado da pista, esses ainda espalhados pela cidade, do contrário, nada, nem santinhos nas ruas. Para quebrar a monotonia, peço licença e lhe digo:

- Já que começamos, quero que sejas o meu introdutor na vida política argentina. Se topar, irei te fazendo perguntas e vais me respondendo dentro da sua concepção e vivência. Aceita?

Ele aceitou e por meia hora viemos conversando, não num tom de entrevista, mas de conversa entre alguém local e outro munido de muita curiosidade.

- Carlos (esse o nome que lhe darei, trocado para evitar ser identificado), me diga, percebo que não gosta muito de Cristina e me disse ter votado no Macri, por que isso dela ser corrupta e Macri não, sendo que ela terminou o governo dela e o país estava bem melhor que hoje?

- Votei no Macri, mas hoje não o farei mais, como votei no marido dela, no Nestor e não votei nela. Vejo isso como o ocorrido no Brasil, quando Lula foi ótimo, mas sua sucessora deixou a desejar, sendo bem diferente dele. Nestor tinha um propósito e Cristina conduziu o país para outro. Ela é dona de rede hoteleira, todos de luxo e seus hotéis viviam cheios de funcionários públicos, gente, por exemplo das Aerolíneas Argentinas e na verdade nem se hospedavam, só constavam seus nomes nas fichas. O sr acha certo isso? Já o Macri, isso dele ter grana em paraíso fiscal, os tais Panamá Papers é coisa antiga, muito antes dele ser eleito, coisa das empresas deles. o procedimento dele enquanto presidente é diferente do que tinha nas empresas. O sr me fala dos Correios Argentinos que é do grupo empresarial da família dele, mas nada tem a ver com o governo.

- Pera lá, seu Cláudio, o sr me diz que a Cristina é corrupta por ganhar dinheiro proveniente de grana de vagas supostamente ocupadas nos seus hotéis e que com Macri faz vista grossa, mas com ela, um horror. O que vale para um, deve valer para o outro ou não?

- Veja bem, Cristina era para estar presa, mas Macri preferiu não fazê-lo, pois não quis incendiar o país. Eu já lhe disse, não tem como esconder, o país piorou muito e ele não soube administrar bem, a pobreza aqui aumentou demais, as firmas maiores estão fechando e a Argentina está de um jeito que nunca vi, nem nos tempos do Menem. Eu não posso mais votar nele, disso tenho certeza e se não votaria na Cristina, não irei votar em nenhum dos outros cinco candidatos e talvez o faça em Fernandéz, pois sei, ele fará um governo independente dela. Ela será respeitada, mas não terá voz no novo governo, pois o desentendimento deles não é de hoje. Se ela se intrometer, haverá um rompimento logo de cara. Creio que ela terá um cargo decorativo, sem intromissão nenhum e ele , com seu jeito de bom advogado, professor de Direito, vai saber olhar mais para os pobres e devolver um pouco da dignidade perdida nesses tempo. Veja nas ruas, essa população de rua cresceu demais. Por aqui os índices de violência são baixos, o sr pode andar tranquilo nas ruas, vai ver muitos pedintes, muita gente morando nas ruas, mas eles não irão lhe roubar, não são acintosos.

- Tudo bem, Carlos, vejo que assim como capitulou e não vota mais no Macri, por outro lado não mudou sua opinião com Cristina, mas é inegável, o povão gosta dela. Que me diz disso?

- Macri não soube atender as necessidades do povo e sim, dos seus amigos. Eu reclama que alguns ministros de Cristina ficaram muito ricos, com alguns deles tendo mais de cem imóveis na cidade, mas hoje percebo o mesmo ocorrendo com os de Macri. Eu não gosto do estilo dela, não vou mudar de ideia, mas vivendo aqui nas ruas, circulando pela cidade o dia inteiro não tenho como esconder, o país piorou e se Macri se reeleger vai piorar ainda mais, daí o melhor será mesmo tudo acabar agora na Primeira Volta, ou Primeiro Turno como dizem no seu país. Se Alberto tiver uma diferença de mais 10% do Macri ou atingir mais de 47% dos votos estará eleito e assim deve ocorrer. Eu torço pela Argentina e assim sendo, ao menos entendo que com Fernandéz, essa população hoje mais empobrecida terá mais atenção. Tenho que ir com eles.

Antes de me deixar no hotel, nas preliminares de minha estada, ainda conversamos sobre a eleição para governador da província de Buenos Aires, com o candidato peronista Axell Kiciloff praticamente também eleito, ele muito jovem, ex-secretário Finanças da Cristina e a maior esperança peronista para o futuro futuro dessa linhagem política. "Ele é bom, nada sei dele, o que sei é que é muito mais eficiente do que o filho de cristina, o Máximo. Deve ganhar, mas a coligação de Macri deve reeleger o prefeito Larreta", me diz. Não entro em dividida, mais ouço e não o provoco, enfim, ele me leva e traz pela cidade, me explica algo mais da vida da metrópole e me cobra um valor honesto pela corrida. Na despedida me provoca ou me instiga, fingi não perceber direito e me fazer não ter entendido o sentido do que me diz:

- Quero conversar com o sr novamente na despedida, depois da eleição e continuar. Vai me dizer o que achou do resultado, como fez seu trabalho e se precisar, digo como acho que vai ser daqui pra frente com quem ganhar. Na terça a gente continua, tudo bem?

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (78)


ELA DEIXOU DE IR COM O CIRCO E EU ME VOU, PRESENCIAR DE PERTO A TRANSFORMAÇÃO ALI NO CONE SUL

Primeiro conto uma história, depois vou a cerne da questão. Essa mulher da foto foi amiga de minha mãe, nem sei de onde, mas sei que se viam regularmente. A foto deve ter mais ou menos uns dez anos, talvez mais, talvez menos, nem sei se ela é viva e ao menos me lembro do seu nome, o que fazia. O que não me sai da cabeça foi algo dito certa vez por minha mãe, isso já há uns trinta anos pelos menos. Sabe aquilo que sua mãe te diz uma vez na vida e aquilo fica marcado a ferro e fogo na sua mente? Pois é isso o que acontecia entre mim e toda vez a cruzar com essa senhora pelas ruas. Um dia a vi cruzando a Nações e tirei as fotos. Fuçando em busca de fotos de mulheres para minha última exposição, a Mulheres Lado B me deparei com essa e novamente a história me martelou o cerebelo. Nem sei se devia publicá-la ou menos contá-la, mas o farei, pois ela está entalada aqui na garganta e não é assim tão séria a ponto de abalar estruturas e alicerces. Eu também conversava com ela nas ruas e sempre perguntava por minha mãe, conversas rápidas, pueris. Algumas vezes a vi lá na casa dos pais e se me perguntarem não me lembro onde morava. Paro de enrolar e conto a tal história. Ela era solteira, viveu a vida inteira assim e perdeu uma grande chance em sua vida. Certa feita, isso ela contou para minha mãe, um circo foi montado perto de sua casa e um homem do circo se engraçou com ela, queria porque queria que ela abandonasse tudo e fosse embora com ele. Ela foi se confidenciar com minha mãe e ambas chegaram à conclusão de que, ela é quem teria que decidir, juntando os prós e contras. Se desse certo, seguiria com o circo e conheceria o outro lado da vida, bem diferente do que levava até então, se não, voltaria e enfrentaria Bauru de frente, peito aberto. Matutando muito, decidiu por ficar e passado um certo tempo, sempre a via mais triste, macambuzia, cabisbaixa. Perguntei pra minha mãe dos motivos e se tinha alguma coisa a ver com a decisão de não ter ido embora com o circo. Nem sei o que ela me respondeu, mas o fato é que, enquanto a vi pelas ruas, a primeira e única coisa que me vinha à mente era a tal história e da chance que teve em botar o pé na estrada e não o fez.

Fui me lembrar dela agora quando me vejo preparado para embarcar numa viagem rumo à Argentina, quando irei com conhecidos, amigos e outros tanto de inquietos, tudo para ver de perto, presenciar a eleição que dará cabo no neoliberal Maurício Macri na Argentina. Eu bem que gostaria de agir ao modo de um Apolônio de Carvalho, revolucionário por instinto dos anos 20/30, que não podia ver movimento social e o povo sendo maltratado que já juntava os trapos e ia defendê-los junto a quem o fazia de fato. Ficou famoso, pois certa feita esteve até na Guerra Civil Espanhola contra o generalíssimo Franco, ao lado dos revolucionários e contra a ditadura. Mais perdeu que ganhou, mas isso movia sua vida. Outro foi seu Alberto, o personagem principal do livro do Arthur Monteiro. Esse também, igual Apolônio se engajou em tudo quanto é revolução ou movimento conspiratório contra a ordem estabelecida, uma vez que essa sempre foi contra os interesses dos trabalhadores. Seu engajamento na Coluna Prestes se deu dessa forma e jeito, era pegar ou largar: pegou. Pessoas como eles possuem algo dentro de si, inquietos por natureza, desbravadores e desfraldadores da bandeira da defesa dos fracos e oprimidos. Eles também o são, mas mais conscientes, lutavam contra o mal maior, esse usando da força para se impor contra a maioria. Quantos agem como eles hoje em dia? Poucos, cada vez menos pessoas. Dentro de mim tem um bichinho se remoendo, revirando minhas entranhas e querendo estar em todas lutas pela aí. Agora mesmo, primeiro no Equador, queria tanto ter entrado em Quito junto dos povos indígenas, depois no Chile, estar junto desses querendo conquistar direitos nunca conseguidos por lá e resistindo bravamente nas ruas. E por fim, a defesa do Evo Morales na Bolívia me transporta para as ruas daquele país, como se estivesse sonhando estar nas praças garantindo junto da população sua posse e seu Governo, hoje no país que mais cresce economicamente em toda América Latina e mesmo assim algo da ganância de inescrupulosos gendarmes capitalistas. Aqui mesmo, com meus quase 60 anos, não conseguirei permanecer trancado dentro de casa por muito tempo vendo Bozo & Cia aprontando tanto com o Brasil.

Conseguirei neste momento ir é pra Argentina e lá estarei nos próximos dias vendo de perto a eleição a jogar na lata do lixo da História esse basura do Macri e todos os seus. Portanto, ao se depararem comigo lá na frente, posso até estar desanimado, mas já sai daqui anos atrás só para assistir um comício de Hugo Chávez, também em Buenos Aires e agora vou estar cinco dias novamente nas ruas argentinas acompanhando de perto algumas das transformações tão necessárias para todos nós latinos. Isso me recarrega e não tenho do que me arrepender. Não me verão nunca como a mulher que deixou de ir com o circo...

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

ALGO DA INTERNET (157)


O CIRCO TEM TUDO PARA PEGAR FOGO


SEREMOS UM CHILE - "Vamos transformar o Brasil num Chile", ministro brasileiro Paulo Guedes em frase dita tempos atrás. Hoje vemos o Chile, até agora com 18 mortos e milhares de manifestantes presos. Isso é a tal "Democracia Neoliberal".

A FRASE DO PIÑERA
"Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita nada nem ninguém e que está disposto a usar a violência e delinquência sem nenhum limite", declarou Piñera, o presidente chileno, após uma reunião com o general do exército Javier Iturriaga, que comanda a força de segurança em Santiago. Veja mais em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2019/10/21/estamos-em-guerra-pinera-pinochet-chile.htm?cmpid=copiaecola. Ela foi dita dias atrás e não mais me saiu da cabeça. Piñera dá uma de Pinochet, o ditador sanguinário chileno, aquele que ensanguentou o país tempos atrás e desta forma mostra sua verdadeira face e forma de atuação. Faz parte de um desGoverno autoritário, neoliberal até a medula, hoje o país onde pode até ter existido uma taxa de crescimento econômico, mas foi onde o povo mais sofre em decorrência dessas medidas. Um plano econômico dos mais insensíveis, feito para fazer feliz uma ínfima minoria e deixa à mingua a maioria avassaladora da população. No Chile não existe até hoje universidade público e a aposentadoria é igualzinha a essa que o insano ministro Paulo Guedes conseguiu acabar de aprovar no Senado brasileiro. Lá a revolta se deu por causa do aumento da passagem do metrô, o estopim da revolta e da insatisfação generalizada, canalizada numa causa, mas já curtida em tantas outras ao longo do tempo. Foi um intenso sofrimento e padecer até a chama se acender e o povo ir pras ruas. Foi e bota os bofes pra fora. O insano governante, defensor das desigualdades e dos interesses da minoria predatória e dona do capital, a que manipula as leis de mercado, esse tem mesmo é que se preocupar. O grande inimigo é gente como ele, os que garantem a execução do serviço sujo contra os interesses da maioria, do povo trabalhador e dois espoliados e explorados. Na verdade, o povo está começando sua guerra contra esses todos que o expoliam, tiram o couro. Pelo visto e o andar da carruagem, a guerra está só começando e deverá se espalhar por todo o continente (toc toc toc). O circo vai pegar muito mais fogo do que o já visto...

“LOGO MAIS NA GLOBO - Está confirmado: o presidente Nicolás Maduro acabou de enviar cinco navios com mil soldados cada, todos de tropas especiais, mais tanques e outras unidades de artilharia, para defender o governo Evo Morales. Essas embarcações deverão aportar amanhã cedo nas costas bolivianas”, Breno Altman.

POVO GANHANDO, PARA OS DERROTADOS É FRAUDE
Isso se alastra hoje como a grande jogada da direita quando perde qualquer pleito. Quando eles ganham apertado, tudo bem, ganharam e pronto, mas quando perdem, a primeira reação é não aceitar o resultado e tentar incendiar o país. Calhordas até a medula. Com Dilma Rousseff foi assim quando de sua reeleição e o país só está enfurnado nessa nhaca de hoje, tudo por causa do menino mimado Aécio Neves, o que perdeu o pleito e não se conformou, partiu para desestabilização de tudo o que viu pela frente. Deu no que deu e hoje, até mesmo o insano tucanato deve estar arrependido de ter propiciado a chegada desse que esmerdalhou com tudo e todos, pois mesmo fazendo todo o serviço sujo que a elite e os donos do poder sempre quiseram, passou de todos os limites. Na eleição passada na Argentina, a que Macri venceu ocorreu o contrário, Daniel Sciuli perdeu o pleito por aquilo que se denomina um pescoço à frente. Ganhou e Sciuli reconheceu no mesmo dia a derrota. Fosse o contrário, o mesmo não ocorreria e Macri gritaria em alto e bom som a vitória do opositor se dar por fraude. A direita tem como praxe se utilizar deste recurso nos últimos pleitos e, acobertada pela mídia, o jogo sujo tem início. Na Bolívia algo dessa natureza está em curso. De início, pelo resultado das apurações, num primeiro momento foi dito que Evo ganhou, depois que haveria segundo turno e por fim, com o final da apuração, Evo de fato ganhou. Foi o suficiente para Mesa, seu concorrente tentar colocar fogo no país. Tudo faz parte de um conhecido jogo de cena, encenação da pior espécie, jogo sujo, sórdido, sacanagem mais que explícita. Só mesmo os néscio caem nessa, mas nas manchetes da mídia massiva a tentativa de engambelar o povo. No único jornal impresso de Bauru, o Jornal da Cidade, a repetição das machetes espalhadas pelo continente: “OEA investiga resultado na Bolívia”. Até as pedras do reino mineral sabem que Evo ganhou de forma limpa, mas sufragam a dúvida, para tentar levar na mão grande, especialidade da direita. Com esses não existe outra linguagem que não a do “cacete neles”. Tolerância zero para esses inveterados golpistas.

“BOLÍVIA URGENTE
- As forças conservadoras, inconformadas com a vitória de Evo Morales, estão apostando suas fichas na desestabilização e no golpismo, seguindo o exemplo do que se passou em outros países latino-americanos. O povo boliviano e seu legítimo presidente necessitam, nessa hora grave, a máxima solidariedade midiática, popular e institucional”, Breno Altman.

PARA QUEM VAI VER DE PERTO A ELEIÇÃO ARGENTINA - COMPANHEIROS DE VIAGEM
Esse dois da foto passaram ontem por Bauru vindos de Tupã e a caminho de Sampa onde hoje embarcaram com destino pra fazer o mesmo que este mafuento HPA, presenciar in loco a eleição argentina, a que irá defenestrar de vez o neoliberalismo desgraçento de Maurício Macri, o que danou a vida da Argentina. Eles já estão chegando por lá, eu embarco na sexta pela manhã e depois, dias intensos pelas ruas e lutas, ao lado do povo argentino, na transformação ainda possível pelas vias eleitorais, tirando-nos desse estado onde o ser humano é menosprezado e desvalorizado. Nós, mais Gilberto Maringoni e tantos outros estaremos por lá escrevendo, fotografando, registrando e também participando, primeiro como testemunhas oculares da História. Eles levam na algibeira presentes, como a camiseta Lula Livre para hermanos amigos. Paulo José Oliveira Silva e Carlos Benitez, dignos representantes da URSAL de Tupã sabem muito bem onde se metem. Vamos que vamos, pois a América Latina está dando passos retumbantes para sair da situação de penúria que o capitalismo neoliberal nos enfiou. Basta de governantes desalmados e por bem ou por mal, colocaremos todos para correr...