segunda-feira, 14 de outubro de 2019

BAURU POR AÍ (169)


AUMENTO MORADORES DE RUA – MATÉRIA NO JORNAL DA CIDADE E A INDICAÇÃO DOS REAIS MOTIVOS DA SITUAÇÃO TER SE AGRAVADO
Na edição de ontem, domingo, 13/10/2019, do Jornal da Cidade, único jornal impresso de Bauru, encabeçando o Caderno Bairros e com chamada de primeira página: “Em seis meses, aumenta em 65% total de pessoas vivendo nas ruas”. Eis os links para a leitura da matéria completa: https://www.jcnet.com.br/…/699121-em-seis-meses--bauru-ve-s… e https://www.jcnet.com.br/…/699126-cama-de-concreto--sonhos-…. Na construção da matéria, assinada pela jornalista Ana Beatriz Garcia, uma constatação triste, mas a mais pura verdade: “...de janeiro a julho deste ano, a população de rua na cidade deu um salto de 65%. Em janeiro, o número de moradores com prontuário ativos era de 126, já em julho, esse índice foi a 206”.

Listaram os lugares onde se dá a maior concentração de moradores de rua. São eles: Praça da Cerejeiras, Câmara Municipal, Praça da Hípica, Praça do CEU e Nuno de Assis. Fora isso listo mais alguns, todo o entorno da linha férrea que corta o centro da cidade, marquises de lojas fechadas espalhadas por todo o centro, debaixo de pontes e viadutos, praça da igreja Nossa Senhora Aparecida. Enfim, a região próxima do terminal rodoviário é ponto nevrálgico de localização desses moradores de rua, pois ali a junção de vários pontos cruciais para ali estarem: o próprio terminal rodoviário, o Albergue Noturno (rua Inconfidência, cem metros acima da Nações), trilhos férreos e centro velho da cidade, com inúmeros imóveis em estado de abandono.

Fica evidente na matéria todo o papel desenvolvido pelos órgãos responsáveis pela Assistência Social da Prefeitura Municipal de Bauru, realizando todos incessantes trabalhos. Cito alguns, quase todos ligados à SEBES – Secretaria de Bem Estar Social: Casa de Passagem (110 vagas), Albergue Noturno (50 vagas), Esquadrão da Vida (30 vagas para homens) e Comunidade Bom Pastor (20 vagas para mulheres). A matéria ressalta algo mais, “com 68 anos de atuação, o Albergue constata, mês a mês, o aumento da população de rua. (...) Muitas vezes colocamos mais alguns colchões no chão para atender o máximo, em dias quentes. Isso mostra muito bem o aumente o dessa procura e ainda assim, encontramos pessoas nas ruas”. Por fim, uma informação complementar: “...a população o de rua está cada vez mais variada contando até com pessoas que tiveram acesso ao ensino superior”.

Li a matéria de cabo a rabo e aqui confesso algo mais. Semana passada fui procurado por uma jornalista amiga, atuando dentro do JC. A ajudei indicando lugares onde os moradores de rua estão concentrados, passei fotos e algo do que penso a respeito. Fiquei lisonjeado pela consulta, pois mesmo não sendo nenhuma autoridade no tema, talvez por não sair das ruas e registrar a eles todos, o papo valeu e foi produtivo. Valorosa matéria, ainda mais quando em contato com muitos dos vivendo nas ruas, obtém depoimentos dolorosos como esse: “A gente quer uma oportunidade”. A triste constatação confirmada pela matéria do JC é a mesma se repetindo país afora, em qualquer cidade a mesma realidade. Não existe mais como esconder e tapar o sol com a peneira, se hoje, na Argentina, com apenas 4 anos de desgoverno neoliberal, a situação está caótica, a nossa e após o golpe de 2016, uma mudança radical de propósitos e ação social. O pobre sendo penalizado pela opção governamental de Macri na Argentina e aqui com Temer e Bolsonaro, o resultado é esse nas ruas. Não existe como negar e nem falsear a verdade dos fatos, com Lula e mesmo com Dilma, os programas sociais buscavam atender essa população desassistida, marginalizada, desprezados sociais.

A matéria do jornal falha só nesse ponto, não vai ao ponto nevrálgico, o de acusar quem de fato tem culpa pela situação catastrófica. Evidente, existiam moradores de rua nos governos petistas, porém mais evidente eles terem aumentado e com índices mais que alarmantes depois que deixaram o Governo. Mudou a política social. Mesmo a Prefeitura de Bauru continuando com seus projetos sociais, perceptível estarem atendendo muito mais gente que antes e a matéria deixa isso claro, límpido, evidente. Faltou só cutucar a onça com a vara curta, dar nomes aos bois, ou seja, deixar claro que o aumento dessa situação foi causada pela opção advinda com a chegada de Temer e agravada com a de Bolsonaro. Esconder isso é falsear com a verdade, é deixar de explicitar a vergonha ocorrendo, mas fugir de prover as pessoas de tomar conhecimento de como tudo é tratado hoje.

Faltou a continuidade, com o que se passa nas entranhas do desGoverno Dória e Bolsonaro, de como tratam a esses, os menos favorecidos. Creio ser mais do que necessário escancarar isso logo de uma vez por todas. Dourar a pílula não ajuda em nada a resolver o problema. Tenho comigo algo, se hoje está ruim, com certeza, com a continuação desses nos governando, tudo irá piorar, pois nossos atuais governantes não querem saber de população pobre, sem recursos, ainda mais de rua. O lema desses é simples: “Que se virem”. A monstruosidade governamental representa o pior comportamento para com o ser humano. Sua necessidades básicas são simplesmente ignoradas. O culpado do agravamento da situação é desses e o JC não escrachou isso, no mais a matéria foi muito boa. A solução do agravamento da questão social vivenciada nas ruas só ocorrerá quando o regime de Governo for outro, muito mais sensível do que os atuais.

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