segunda-feira, 30 de setembro de 2013

MEMÓRIA ORAL (149)


CONVERSAÇÕES DEBAIXO DE UMA ESTAÇÃO FÉRREA
Os Encontros Ferroviários realizados em Bauru, esse o 5º, são na verdade, motivo mais do que usuais para reencontros mil. Bauru, como sabido, é terra de um famoso entroncamento férreo, unindo e interligando linhas da Noroeste do Brasil, Sorocabana e Cia Paulista. Isso por si só já é uma enormidade, algo mágico, lúdico, cheio de possibilidades, o grande impulsionador do seu progresso, porém, imagine quando tudo isso converge para debaixo do resistente teto de cobertura da gare da glamorosa estação da NOB, localizada no coração da cidade e desde a privatização das ferrovias meio alijada da cidade. Dela, Ignácio de Loyola Brandão disse certa vez tratar-se da “mais bonita estação do interior paulista”. Orgulhoso disso todo bauruense deveria ser (o ferroviário sempre foi), mas em dias como esses, 28 e 29 últimos, muitos passaram pelo bucólico lugar e confirmaram o veredicto do famoso escritor, tanto que o fervilhamento alcançou decibéis inimagináveis, motivo de novas histórias acontecendo ali naquele rico quadrilátero.

O que chama sempre a atenção dos que lá circularam são as pessoas e suas histórias. A demonstração inequívoca de que a chama ferroviária continua mais acesa do que nunca é o que vai sendo observado em cada novo contato. A composição da Maria Fumaça, com dois carros, um de primeira e outro de segunda classe é sempre um dos maiores atrativos, com cem vagas em cada viagem. Mais de duas mil pessoas passearam de trem nos dois dias, tudo gratuito, bancado pelo projeto Ferrovia para Todos, órgão ligado a Secretaria Municipal de Cultura, um dos apoiadores do evento, esse idealizado, organizado e levado adiante pela APFFB – Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru. É o caso de Joaquim Vieira, 81 anos, nunca foi ferroviário, mas ama a causa e a estação. Ouviu no rádio e veio passear de trem, trouxe um poema com o tema “Paixão” e o entregou para funcionária do Museu Ferroviário: “Eu saio de casa todo o dia em busca de gente que me ouça e distribuo minhas poesias para esses. Essa estação cheia de gente é um retorno ao passado”.

Pessoas com atitudes idênticas ao de seu Joaquim é o que mais se vê. Do nada surge uma moça morena, lágrimas nos olhos, não diz o nome, nem quis se identificar, mas diante de um grupo diz: “Meu pai foi maquinista. Ele me trouxe aqui para conhecer o seu local de trabalho quando era muito pequena. Eu subi numa locomotiva aqui nessa estação há trinta anos atrás, era menina e hoje ao ver isso aqui do jeito que está me deu uma tristeza imensa”. Um dos que a ouviu atentamente foi Buccalon, superintendente aposentado do Banco do Brasil, chegando a contar uma piada de maquinista para acalmá-la. Quando ela se vai, conta uma história sua passada nos trens: “Era jovem e fomos jogar no Mato Grosso, uma equipe inteira de trem e na última hora chega um que não estava na lista. Embarca clandestino e o escondemos na ida e na volta, em certos momentos enfiou-se no bagageiro e na volta, com o bilheteiro cheio de desconfiança, em certo trecho ficou dependurado do lado de fora do trem”.

Álvaro Scarco foi maquinista e encosta junto a um grupo para trocar ideias, quer também contar a sua, ouve a de muitos e deixa escapar o que também é o pensamento da maioria dos ali presentes: “Esse abandono causa dor, dilacera por dentro. Os trens chegavam e saiam daqui como um reloginho. Quem se espanta com os horários precisos dos trens europeus não sabe como era isso aqui, tudo tinha um horário rígido e quase não ocorriam atrasos”. Audren Victorio passou para fazer a abertura do evento, trabalho de cerimonial e quase foi obrigada a cantar algo com tema férreo. Da conversa com um dos organizadores, Ricardo Bagnato, deu para extrair algo assim de soslaio: “Não existe nada igual a essa estação aqui na cidade”. Ricardo sabe bem disso, tanto que tinha na ponta da língua algo mais para a abertura, quando instigaria o prefeito sobre a viabilidade de apressar o restauro da estação. O prefeito não veio e a cobrança acabou ficando para outro dia e instância.

José Carlos Aguado foi jornaleiro nos trens que iam de Bauru até Corumbá, isso no período de 1960 até o início de 1965: “Era muito jovem e a empresa que trabalhava, a Distribuidora de Revistas e Jornais Salomão Gantos ficava ali naquele lado. Vendia jornais e revistas pendurados pelo corpo e pelo corredor dos carros. Lembro de tudo ao voltar aqui, tinha um vagão onde descansávamos por alguns instantes, mas gritávamos muito no trecho todo. Isso tudo não me sai da memória”. Ele é apenas mais um, Reginaldo outro. Morou em Bauru por alguns anos vindo de São Paulo e aqui veio por causa do amor aos trens. Morou num hotel e vendia revista num sinal vestido de palhaço para sobreviver, participando das reuniões da Associação e diariamente circulando pelos trilhos. Causou até desconfiança, mas tudo não passava de puro amor. Ficou até quando deu, mas ao conhecer a atual esposa, foi-se para Jaú, distante 100 kms e hoje dedica-se à causa férrea mas na nova cidade escolhida para morar.

O falante e espevitado Geraldo Silva Carvalho, negro, mirrado, de terno o tempo todo, fala pelos cotovelos, traz a bíblia debaixo do braço e envolta num saco plástico, sempre cheio de sugestões para apresentar as autoridades sobre o que fazer com tão bela estação. “Se o prefeito aparecer por aqui vou lhe dar uma sugestão que não vai ter como não executar. Eu só quero ajudar, estou aqui desde os 16 anos e não suporto mais ver essa estação fechada. Não sei se sabe mas vendo doces pelas ruas e em cada lugar que passo, converso muito, ajudo as pessoas a não se desviarem do bom caminho. Se me permitirem, ajudo com boas ideias para isso aqui não ficar mais abandonado”, conta para os que lhe dão atenção. Sentada numa das lanchonetes da estação está uma distinta senhora envergando uma camiseta com escudo do Noroeste de Bauru: “Fui faxineira, merendeira e trabalho no Noroeste faz um tempão. Lá tem muita coisa que foi feita por ferroviários e quando venho aqui, entristecida lembro-me da situação hoje do time e vejo que é quase a mesma dessa estação. Não tem como não ficar triste”.

Fábio Pallotta é professor e defende a causa do Patrimônio Histórico, acaba de voltar de um evento do mesmo nível em Rio Claro: “Lá participei de algo com prefeito, vice, presidente da Câmara e muitas autoridades locais. Eles querem fazer algo e já por lá, aqui vejo que tudo demora demais para acontecer”. Ricardo Fronteira é apaixonado pela causa e faz questão de tirar um foto ao lado da locomotiva Wanderléia (sainha rodada, curta como a da cantora): “Como demora para acontecer as coisas relacionadas à ferrovia no Brasil. Olhemos para os exemplos de fora, mas isso tudo parece não fazer sentido aqui, uma pena”. E assim como esses são quase todos os presentes, cada um querendo dar uma opinião, falar do seu envolvimento com a ferrovia, dizer dos motivos de ali estar. Foi assim o tempo todo, gente disposta a conversar, expor ideias, apresentar sugestões, discutir o momento atual e o futuro dos trilhos no país. Gente como Mariza, Vinagre, Roque, Jesus, Bento, Joana, Antônio, Tião, José, Chico, Orlando, Oscar e tantos outros. Gente interessada e disposta e dedicar boa parte do seu dia a dia ao tema trens. Gente querendo que a a linda estação e os trens de passageiros voltem a funcionar. 

BEIRA DE ESTRADA (27)


GUERRA E PRECÁRIO ATENDIMENTO DE SAÚDE GERAM DESNECESSÁRIAS MORTES

1.) BOA SEMANA A TODOS E TODAS, não nos esquecendo que uma quase desnecessária guerra está em vias de ser inviabilizada pela união de esforços junto ao intolerante governo norte-americano, que as produz mundo afora, na defesa dos seus interesses bélicos, comerciais, comerciais e comerciais. Sem pressão junto a eles, sem demonstração de uma força do outro lado, sem eles entenderem que se entrarem nessa a resposta seria imediata, tenham certeza nada disso seria de fato interrompido. E Obama e o que representa está tendo que recuar. Essa é a única linguagem que eles, o Governo norte-americano entendem. Na tira de hoje do Página 12 argentino, obra do MIGUEL REP, uma clara demonstração do que ocorreu de fato. 

2.) SEGUNDA DE LUTO E DE LUTA PELA SAÚDE BAURUENSE: Vigília e manifestação contra o descaso na saúde Municipal e Estadual (quem de fato detém o poder das vagas hospitalares na cidade) , ato marcado pela CUT local, ocorrendo o dia todo diante da Câmara Municipal de Vereadores, com a fixação de 600 cruzes, cada uma delas representando as já quase 600 mortes ocorridas em função desse descaso. Às 17h, quase no final da sessão semanal da Câmara, o ato mais significativo do dia. Que isso repercuta e gere soluções imediatas e definitivas para o caos no setor. Bauru não pode mais conviver com isso. Essa uma de nossas vergonhas, fratura exposta, chaga aberta e fazendo parte de um cruelk jogo de empurra-empurra.

domingo, 29 de setembro de 2013

FRASES DE UM LIVRO LIDO (72)


“OS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA”, JÚLIO JOSÉ CHIAVENATO, GLOBAL EDITORA, 1983
Fui um devorador de livros nos anos 80. Entusiasmado pelos novos rumos da História do Brasil, desvendando segredos ocultados pelo regime militar, esse um dos meus temas preferidos na época da leitura desse livro, 1990, a Guerra do Paraguai. Naquelas 250 páginas, não só o escancaramento das mazelas do país ao adentrar uma guerra que nunca foi sua (e sim, de interesses ingleses), mas mostrando claramente que a corrupção foi a norma no nascente Exército brasileiro. Belas comparações podem ser feitas com algumas das guerras propostas nos dias atuais, a da Síria uma delas (Líbia, Iraque...). Uns são instigados a fazer a luta para outros. Algumas das frases selecionadas:
- “Negros escravos e brancos pobres – os mulatos alvos – iam como gado para o Paraguai, núcleo do nosso Exército. Tremiam e fugiam do inimigo sempre que podiam”.
- “Não se deve esquecer que a herança legada pela Guerra do Paraguai agudizou a luta pela libertação dos escravos, plasmou na jovem oficialidade do Exército os ideais reprublicanos, atrelou o Império aos empréstimos e agiotagem da Inglaterra, acentuando sua decadência e antecipando a proclamação da República”.
- “Até a Guerra do Paraguai, entrar para o Exército era uma desonra. (...) Provando-se ser um bom homem, escapava-se do Exército”.
- “a Marinha do Brasil, reformada após a independência, com a exclusão da oficialidade portuguesa, era toda estrangeira”.
- “Os voluntários estavam longe de ser patriotas apresentando-se espontaneamente para defender a pátria”.
- “Qualquer cidadão descuidado poderia ser arrebanhado na rua e à força conduzido a um quartel. (...) Valia tudo para o recrutamento”.
- “Deus é grande mas o mato é maior”. (...) Cair no mato era a solução dos pobres”.
- “A guerra do Paraguai foi, principalmente, uma luta pela sobrevivência, antes de ser a aplicação da arte militar”.
- “...nunca houve tanto roubo de cavalos no mundo, como no Rio Grande do Sul às vésperas do Brasil invadir o Paraguai. (...) Mas ninguém respondeu pelos roubos. E a historiografia oficial cuida de escondê-los. Até com relativo sucesso”.
- “Deserções, fugas e covardias foram o comportamento normal desse exército, até o fim da guerra”.
- “...mantem-se o mito da integridade de velhos chefes, meros caudilhos, e não se atreve a examinar os atos de Osório – herói intocável, mito sempre a mão”.
- “A maioria dos voluntários eram os raquíticos nordestinos, enfrentando um clima duro para eles e uma alimentação inadequada para todos. (...) Caxias encontra um terço do exército doente, incapaz sequer de marchar. (...) O cólera foi trazido do Rio de Janeiro pelos voluntários contaminados. (...) Os paraguaios sofreram o contágio, através dos prisioneiros ou pelo envio deliberado de doentes pelo comando da Tríplice Aliança até seus acampamentos, para levar-lhes a epidemia”.
- “O grande inimigo não era o Paraguai: eram os frutos apodrecendo durante a guerra, da triste herança da tradição militar brasileira. Tradição oriunda de Portugal, marcando um verdadeiro horror aoi serviço das armas”.
- “Sobrava dinheiro para tudo, menos para alimentar e vestir a tropa”.
- “Enquanto o Império importava agulhas e alfinetes, o Paraguai fundia diariamente uma tonelada de ferro. Essa independência econômica tinha que ser destruída. (...) A sua indústria, proporcionalmente à população, era muito superior à do Brasil e Argentina”.
- “...não bastava vencer o Exército paraguaio, era necessário liquidar o seu governo, ou seja, Francisco Solano López”.

- “...a guerra destruiu toda a possibilidade de sobrevivência de um país livre, com a posse da terra mais ou menos comunitária e socializada. (...) É sintomático que o último tiro da guerra do Paraguai seja nas costas do marechal moribundo. (...) O imperialismo inglês, destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América meridional, impedindo a ascensão de seu único país livre”.
- “Todo poder no Brasil identifica-se no culto dos mitos históricos, produto das distorções na interpretação da sociedade e enganos dolosos sobre os fatos. (...) Alguns intelectuais dóceis ao Poder, no geral, foram criaturas do próprio Poder. (...) Não existe uma Universidade Popular no Brasil. Existe uma espécie de cumplicidade entre os acadêmicos que elude essa realidade”.

- “Hoje, a permanência do mito não se faz pela falsificação dos fatos históricos, mas pela omissão quanto a eles. (...) Absorvendo os mitos científicos do seu tempo – a ciência cria seus mitos, a serviço dos grupos dominantes”. 

sábado, 28 de setembro de 2013

MEUS TEXTOS NO BOM DIA (247 e 248) e DICAS (111)


O BOM VELHINHOtexto publicado edição de hoje, sábado, 28.09.2013
Por sorte, Karl Marx nunca saiu das paradas de sucesso. Seu livro mór, O Capital (1867), escrito para entendimento e fundamentação de teorias econômicas é requisito básico para quem quer entender de Sociologia, Economia e Ciências Sociais, além de muito utilizado em História e afins. “Imprescindível”, me afirma um conceituado professor de um renomado curso de Economia. Grassa hoje nos que rejeitam o comunismo, uma espécie de ojeriza ao livrinho (modo de dizer, pois se trata de um catatau), sugerindo conter ideias ultrapassadas, teorias vencidas. Pura conversa para boi dormir. “Análise econômica e sociológica mais importante da história. De todos os seus volumes, somente alguns capítulos são dedicados à teoria do que viria a ser o comunismo. O restante é pura análise da pré-história até o pré-capitalismo liberal, linguagem rebuscada, difícil em alguns momentos, mais do que necessária. Mais importante bibliografia em qualquer escola de Ciências Sociais e Economia, requisito indispensável para quem quer entender de teorias econômicas”, me diz o professor. Na continuidade da conversa diz como trata o assunto diante de uma nova turma de alunos. “Pergunto a todos eles se já leram o livro. Para os que não o fizeram, deixo claro não ser possível prosseguir sem discutir com embasamento os textos escritos por Marx. Ele estará sempre na galeria dos mais notáveis, quer queiram ou não alguns abilolados”, conclui. Existe hoje uma legião propondo reescrever muita coisa, porém sem nenhum fundamento. Cursos que deixam de lado o estudo marxista perdem em muito no seu conteúdo, promovem uma visão caolha do mundo e privam seus alunos de conhecer e tomar conhecimento da realidade de tudo de bom que foi fundamentado ao longo dos séculos. O grosso da proposta comunista em Marx não está contido n’O Capital e sim em outras de suas obras, como o Manifesto Comunista e Ideologia Alemã, mas nem isso interessa mais aos detratores do comunismo. O problema é o barbudo. Sempre o medo de contaminar (sic) nossos jovens.

O LADO DE CADA UM texto publicado edição de 21.09.2013
Acordo ouvindo rádio e lá numa pesquisa de opinião, 90% afirmam sentirem-se envergonhados pela decisão do STF – Supremo Tribunal Federal com a nova chance, último recurso dado aos ditos mensaleiros da vez (outros virão?). Grassa uma espécie de comoção, como se o país após a decisão não tivesse mais jeito. “Caiu o último baluarte”, “Não nos restam mais esperanças” e “Tudo está definitivamente perdido”, choramingam uns. O título de “Vergonha Nacional”, usado por esses, deve ser entendido por vários ângulos. Olhando só por ele é isso mesmo, afinal o jogo foi pesado contra os julgados, como sendo esses os únicos corruptos do país. Esses ainda estão sendo julgados. “Ufa!”, dizem outros. “Por que só esses?” e “E os outros que nem julgados são?”, perguntaria a outra metade do país. Insuflados de ambos os lados, vê-se revolta e alento. Decepção de uns por verem sua linha de pensamento ser contida dentro dos termos legais da legislação vigente e outros esperançosos, por constatarem que mesmo com o massacre ocorrido, a lei se fez presente. E quem estaria com a razão? Nesse caso (e em todos os outros), reconheçamos, cada um possui uma só sua. Tudo construído de acordo com entendimento previamente formatado pelas vias de sua preferência. Dá-se crédito somente à informação vinda dos meios pelos quais se acredita. Tudo o mais é desmerecido. Mudar isso é tarefa quase impossível. Recebi uma lição nessa semana vinda de um professor aposentado, paraense e vivendo no Recife, calejado por já ter vivenciado quase de tudo nessa vida. “Quando alguém chega desmerecendo totalmente o ocorrido de bom nos últimos anos, algo nunca até então visto nos 500 anos de história do país, esbraveja contra a corrupção somente de um dos lados, não me seguro, subo nos tamancos. Meu caro, digo a ele, tu não tem espelho em sua casa? O que tu tens é ódio de classe. Olhe à sua volta, isso que só enxerga ali, ocorre por tudo quanto é canto, inclusive dentro de sua casa. O país inteiro está enfurnado na corrupção, inclusive você. Aceite isso e sente-se aqui para a prosa, do contrário arrede pé daqui e já”, disse.

HOJE E AMANHÃ SÃO DIAS DO 5º ENCONTRO FÉRREO NA ESTAÇÃO DA NOB - VAMOS LÁ?
Neste sábado e domingo (28/09 e 29/09), a partir das 9h, a Secretaria Municipal de Cultura e a Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru ( APFFB) realizam o 5º Encontro de Ferromodelismo, na Antiga Estação Ferroviária de Bauru. O evento tem por objetivos, divulgar a importância da Ferrovia no passado, presente e futuro, proporcionar a interdisciplinaridade entre a Ferrovia, o Ferromodelismo e a preservação Histórica Ferroviária; divulgar e fomentar o hobby do Ferromodelismo; apresentar o Museu Ferroviário Regional de Bauru e o Centro de Memória aos participantes do 5º Encontro de Ferromodelismo e promover passeios com a composição da Maria Fumaça 278 – Projeto Ferrovia Para Todos. 

Estão previstas as presenças dos expositores de ferromodelismo, plastimodelismo (criação de réplicas de objetos a partir do plástico), exposição de fotos e exibição de vídeos sobre o tema Ferrovia, exposição de fuscas, organizada pelo “Role de Fuscas e praça de alimentação. Um diferencial para este ano, será também, a participação de aeromodelismo, destaca a organização do evento. Durante o Encontro, o Museu Ferroviário estará aberto para visitação e o público terá acesso à uma sala especial onde estarão expostos maquetes ferroviárias e aos passeios de Maria Fumaça, por meio do projeto “Ferrovia para Todos” em todo o período do evento.

Bauru é conhecida como a cidade do maior entroncamento ferroviário da América do Sul e com este “cruzar de ferrovias”, o município fez história e a ferrovia gerou boa parte do progresso atual da cidade. As empresas, Noroeste, Sorocabana e Paulista cortaram suas linhas por aqui. Sede administrativa da Noroeste do Brasil por muitas décadas, a Ferrovia deixou sua marca nas construções das oficinas e da estação central, local sede deste encontro. A realização é da Secretaria Municipal de Cultura, Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru – APFFB com o apoio do Jornal da Cidade, e da SEAR, SEBES, EMDURB, DAE e Secretaria do Desenvolvimento Econômico. A Antiga Estação Ferroviária está localizada na Pça Machado de Mello e o Museu Ferroviário ficam na Rua Primeiro de Agosto, qd 1."

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

OS QUE FAZEM FALTA E OS QUE SOBRARAM (51)


SEMANA DE DISCURSOS NA ONU – OS DO SUL FORAM INSUPERÁVEIS
Podem dizer, escrever o que quiserem, mas de tudo o que vi, ouvi e li dos discursos dos chefes de Estado na ONU, os melhores foram três. MUJICA, DILMA e EVO MORALES, respectivamente presidentes do URUGUAI, BRASIL e BOLÍVIA. Todos aqui do SUL do mundo, do hemisfério SUL, mais precisamente da AMÉRICA DO SUL. Esses três discursos são o que de mais libertário ocorreu dentro do prédio das Nações Unidas em Nova York, capital do mundo capitalista nessa semana. Ouçam o que disseram, leiam a respeito e tenham ORGULHO do que pronunciaram lá. “Eu sou do Sul e venho do Sul”, disse Mujica e me arrepiei quando diz de uma “pátria comum”. Que belo momento vivemos nós os do SUL diante de tanta bestialidade mundo afora. Se tivesse que escolher o melhor, o mais contundente contra a crueldade do sistema onde vivemos, o faria sem sombras de dúvidas para o de MUJICA, como o mais sentido, escrito por alguém que pensa e age da mesma forma como diz as palavras. Eis a seguir a fala na íntegra dos três, um registro para ser guardado. O discurso de Dilma na ONU: http://www.ebc.com.br/noticias/politica/galeria/videos/2013/09/integra-do-discurso-de-dilma-rousseff-na-assembleia-da-onu. O discurso de Mujica na ONU: http://www.youtube.com/watch?v=OLef1zl7k4Q Discurso de Evo Morales na ONU: http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=70831.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

CARTAS (111)


"COMERCIARINHAS DA BATISTA" - publicada edição de hoje do Jornal da Cidade, Bauru SP, Tribuna do Leitor.
Esse título aí é o de um antigo poema do Luiz Vitor Martinello, escrito nos tempos quando ele ainda podia contemplar com olhos de solteiro as tais das “comerciarinhas” (termo utilizado com muito amor e carinho e nada depreciativo) da Batista. Quem dentre nós, os varões, nunca olhou para elas todas com olhos gulosos e cheios de esperança? Os mais sortudos saíram com elas, outros casaram. Elas, as comerciarinhas são as trabalhadoras do comércio bauruense, dignas representantes de uma categoria que muito labuta, enfrentam o touro a unha de segunda a sábado, faça sol ou chuva, dignificando e contribuindo em muito para o sucesso do que é o comércio central bauruense.

É impossível olhar para elas só com olhos libidinosos, ainda mais depois do ocorrido na tarde de segunda, quando num grupo protestaram pelo centro da cidade contra a abertura do comércio no próximo feriado, 12/10. Fizeram passeata, levantaram cartazes e estiveram diante da Câmara de Vereadores protestando e clamando por um bocadinho de nossa atenção. Querem permanecer em suas casas, cuidando dos seus outros afazeres nesse dia de feriado e dessa forma, posicionamento arrojado, corajoso e justo, colocam a cara para bater e enfrentam com peculiar ousadia um velho problema dentro da sua rotina de trabalho. Pedem só um pouco mais de atenção para não ficarem tão sobrecarregadas. Afinal, feriado é feriado.


E hoje, após observar à distância como lutam essas comerciarinhas, não consegui encarar o tal do poema lá do Vitor sem tentar ir fazendo uma releitura do mesmo de forma atualizada. Ele, aliás, continua mais atual que nunca, mas pode também receber uma estrofe a mais (isso é coisa para o poeta), contendo algo da resistência e da forma consciente como enfrentam a batalha diária. Abaixo o poema e com ele, linha por linha, uma reflexão baseada em tudo o que foi presenciado nas ruas ontem. De tudo, uma só conclusão (que também deve ser a do poeta): estou é mais apaixonado por essas aguerridas trabalhadoras.

Nutro profunda ternura
pelas comerciarinhas da rua batista

anos atrás, eu não tinha bigodes
namorei a mais bonita
daquela loja
(conserva a loja o mesmo turco
a mesma fachada)
ela casou-se, engordou
ah! o prazer ansioso de esperá-la todas às tardes
ao final do expediente
(maldizia quando algum freguês se atrasava)
e então
como era belo pegar o ônibus com ela
deixá-la no portão de sua casa
fazer com ela planos para o futuro
(as comerciarinhas da batista são pra casamento)
uma casinha do bnh
churrasco aos domingos, após a missa
teríamos assim uns dois ou três filhos
iríamos ao zoológico, aos desfiles de 7 de setembro
compraríamos arquibancadas para ver o carnaval de rua
(o rádio o dia todo ligado na auriverde)

no natal compraria um par de chinelos para a sogra
uma cueca para o sogro
tomaria com os irmãos e cunhados um porre de cerveja
(ela gostava de guaraná antártica)
e envelheceríamos - ela de penhoir - eu de pijama
os dois juntinhos no sofá da sala
vendo a globo

ainda outro dia, encontrei-a 
(por coincidência em frente da mesma loja
o mesmo turco a nos cumprimentar envelhecido)
disse que estava bem, os filhos
comendo cachorros-quentes lambuzados
de mostarda e catchup
estava ali porque sua filha mais velha
(tinha já 15 anos)
empregara-se na mesma loja
tinha nas mãos o último cd do roberto carlos
adoro, disse ela
ah! aparecesse lá em casa
um domingo qualquer, seu marido
fazia um churrasquinho daqui ó!

despedimo-nos
e eu me fui
absorto, ausente, os braços pensos pensando
nos meus antigos e longes dezoito anos


OBS.: Todas as fotos foram sacadas da internet e devem ser de autores diferentes, não identificados por mim.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

INTERVENÇÃO DO SUPER-HERÓI DE BAURU (61)


"DOMÍNIO DO FATO TAMBÉM PARA JULGAMENTO MENSALÃO DA AHB", PEDE GUARDIÃO

Guardião, o super-herói bauruense é também um levantador de teses. Eis a mais recente delas. Diante de uma considerável parcela da população brasileira revoltada com os rumos dados ao julgamento do dito mensalão, quando nova oportunidade de defesa foi concedida aos em julgamento, eis que ele vislumbra uma possibilidade similar para o julgamento do mensalão bauruense. ”Eu sempre trago o que acontece no cenário nacional para o local. De Brasília para Bauru, tudo num flash. Tudo pode se repetir, tudo pode ser copiado e tudo tem lá sua semelhança. Tomemos partido disso”, avalia nosso prestimoso defensor da Justiça, cega, mas não tardando a ser severamente aplicada.

“Todos vocês sabem muito bem que no julgamento do mensalão foi levada em consideração pelos doutos juízes a abominável tese do DOMÍNIO DE FATO. Bastou o fato do José Dirceu estar na posição de comando, Chefe da Casa Civil para lhe ser imputado o suposto crime de que teria organizado tudo. Ou seja, se existe quadrilha, existe alguém que a comanda, deve haver um chefe. Baseado nisso e sem prova nenhuma o Zé foi levado a júri e poderá pegar alguns anos de cana dura. É o Domínio de Fato o sustentador da provável condenação”, começa ele sua argumentação.

“Acompanhem meu raciocínio. É simples. Dou um salto e venho analisar um verdadeiro mensalão, o ocorrido aqui em Bauru, o dado na AHB – Associação Hospitalar de Bauru, lesando de forma cruel e insensível a saúde e os necessitados dela na cidade. Pelo que a imprensa divulga serão nove os indiciados. Seus nomes já estão expostos, divulgados, publicados e aguardando serem notificados para explicações e julgamento (É para quando mesmo?). Só que aqui em Bauru nada foi feito no sentido de identificar, pelo menos por enquanto quem teria sido o mentor de tudo. Ou seja, como a Justiça achou por bem identificar o Zé lá em Brasília como mentor do mensalão envolvendo os petistas, por que não se faz o mesmo aqui em Bauru com os mensaleiros, todos ligados umbilicalmente com os tucanos, tudo gente do PSDB? Com um pequeno esforço de memória acredito que poderão chegar ao grande mentor de toda a tramoia e daí para enquadrá-lo dentro do Domínio de Fato será um pulo. É nisso que acredito. Se deu certo lá, com certeza pode dar certo aqui também”, conclui brilhantemente sua tese o sempre atento Guardião.

“Mas como não havíamos pensado nisso antes”, me diz Zé Burcão no bar do seu Trabuco, lá na Nova Esperança. Do outro lado da cidade, Custódio, comenta enquanto aguarda a chegada do circular que o levará do Geisel até o centro: “Se puder eu posso ajudar. Tenho uma noção de quem possa ser o tal indivíduo”. A Rafaela antes de adentrar uma sala dos nossos cinemas também opinou: “Me deixa pensar um pouco, se lá o chefe era o Zé aqui podia muito ser... Pera lá, deixa eu pensar só mais um bocadinho”. Muita gente quer opinar, até o agente funerário Viteco insiste num palpite: “Assim sendo só existe um nome disponível no mercado das apostas”. Por falar em aposta, de um dos bancos do calçadão da Batista, Carlão propõe algo: “Eu aposto tudo o que tenho nos bolsos num nome. Se alguém tiver outro melhor que o meu eu já desconsidero de cara”. O rebuliço fica grande, todos cravando um só nome, mas lá lá do fundo de uma das salas de aulas de um dos cursos de Direito da cidade, o Zé Esquerdo, sempre do contra tasca essa: “As evidências são tão grandes, que o cara vai escapar por causa delas. Tá tão na cara, que ninguém vai acreditar que seja justamente ele”. Guardião sabe que sua tese é boa, quase inquestionável, porém ainda não sabe bem como vai fazer para juntá-la aos autos, a fazer vigorar e dar-lhe crédito. Foi com essa intenção que pediu a mim, o HPA e ao Gonçalez, idealizador do desenho do herói para esboçar esse texto e passar a ideia adiante, pois acha que dessa forma vai acabar sensibilizando a quem de direito. Que assim seja.
OUTRA COISA: “ROUBARAM 5 TELAS DO MEU CORREDOR, QUE UTILIZO COMO GALERIA AQUI NO ESTÚDIO. CADA UMA VIU!”, com esse lamento o artista Leandro Gonçalez (www.desenhogoncalez.blogspot.com) denuncia ter sido alvo de ladrões no seu local de trabalho. A porta do saguão onde mantém seu estúdio fica bem na frente da delegacia de Polícia Civil no centro de Bauru, rua Bandeirantes, mas permanece aberta até por volta das 22h, por causa dos clientes de outros pontos comerciais ali existentes. Entraram, tudo aberto, ninguém à vista, levaram cinco telas ali expostas. Quem souber ou ver obras do Gonçalez por aí avise a quem de direito. Ele promete fazer uma bela caricatura de presente para quem lhe avisar de algo.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

CENA BAURUENSE (112)


ARTISTAS NA RUA PARA O QUE DER E VIER - CALÇADÃO DA BATISTA DESIMPEDIDO
FALA DA BONEQUEIRA, ATRIZ MARIZA BASSO: "Aprovação por unanimidade da lei do Calçadão no dia 23 de Setembro de 2013 que permite que artistas de rua realizem manifestações artísticas sem prévia autorização. Uma ação da ATB - Associação de Teatro de Bauru e Região - gestão Kyn Junior. Parabéns aos associados que compareceram e que acompanharam essa ação".


MEU ENTENDIMENTO: Eu sou um cara turrão, mas quando tenho que reconhecer algo em alguém o faço sem problemas. KYN JUNIOR, o atual presidente da ATB é um deles. Discuto com ele constantemente por uma infinidade de diferenças, ideológicas principalmente, o que não me diminui nesse momento em reconhecer nele o grande batalhador da aprovação da lei que devolve a liberdade dos artistas atuarem no Calçadão da Batista, centro de Bauru SP. Outros merecem aplausos, como o Secretário de Cultura, Elson Reis e o vereador Roque Ferreira, mas credito ao Kyn, os maiores louros dessa vitória. Explico. Muitos queriam ter esse impedimento derrubado, falávamos muito (eu um deles), mas ninguém havia ainda pego o touro a unha e destrinchado adequadamente o que poderia e deveria ser feito. O Kyn fez isso. Diante de tudo o que critico nele, hoje dou o braço a torcer e o aplaudo em pé, pois se dependesse de mim e de tantos outros, talvez demorássemos mais um tempo para tudo ser concretizado.
Nessa luta ele foi incansável e como o vi nessa cancha, promovendo a boa batalha, gostaria de vê-lo em outras frentes com a mesma disposição. Faço esse reconhecimento público, pois já discuti muito com ele aqui pelo facebook (acredito que posso continuar discutindo), mas é impossível não creditar à sua pessoa parte considerável dessa aprovação. O debate com o vereador Moisés Rossi, que queria votar contra o projeto, mas fez uso de um bonecão pelas ruas da cidade e pela Batista foi digno de registro (a última foto é do tal boneco). O vereador capitulou, eu também nesse merecido reconhecimento. Sim, a conquista será coletiva, os benefícios idem, a luta era de todos, mas o empenho maior foi dele. Já o elogiei o suficiente para que, no próximo encontro num dos bares da vida, a cerveja fique por conta exclusivamente dele. Façamos bom uso, como sempre vi sendo feito, da Batista liberta, sem amarras, sem grilhões, sem arame farpado, sem porteiras fechadas. Era o que tinha a dizer a respeito do encantamento que me arrebatou após tomar conhecimento de que o grande MAURÍLIO, nosso Chaplin sempre de plantão poderá trabalhar livremente sem que ninguém o tente impedir. A arte vence, mas alguém precisava fazer um algo mais. E ele foi feito.

FRASES (105)


NO FACEBOOK, FALTOU ARGUMENTO, LOGO VEM O PALAVRÃO
Domingo passado, 22/09, o JC dá em destaque de primeira página o título de sua matéria principal, “Mau uso das mídias digitais cresce e gera mais processos e demissões”. A matéria interna tem vários subtítulos, “Aumentam os crimes na rede social”, “Você é responsável por tudo que posta”, “Educação digital nas escolas”, “Imagem associada à empresa” e por fim o “SEM ARGUMENTO, VEM O PALAVRÃO”. Eu fui contatado pelo jornalista João Pedro Feza e enviei um depoimento dias atrás sobre o tema, sendo o mesmo motivo desse tópico da matéria, escrita em sua maioria pelo jornalista Wagner Teodoro. Ela pode ser lida inteira clicando a seguir no link: http://www.jcnet.com.br/Geral/2013/09/aumentam-os-crimes-na-rede-social.html. Eu mesmo já fui processado anos atrás por chamar uma pessoa de “aspone”, imbróglio jurídico encerrado meses atrás e fiz meu relato para o jornal baseado em outros fatos, diferente da argumentação fundamentada que fiz quando da utilização do termo gerador do processo. Abaixo a íntegra da parte da matéria contendo minha participação:

Sem argumento, vem o palavrão
O historiador e blogueiro Henrique Perazzi de Aquino constata que a falta de educação digital é norma nas redes sociais. Perazzi ressalta que a regra é todos quererem falar, impor suas opiniões e poucos ouvem ou leem, aprendendo e questionando com argumentos que levam a uma saudável discussão. “A falta de educação digital atual é algo vigente no Facebook, onde se percebe claramente que as pessoas hoje leem menos, ouvem menos e querem falar. Poucos param para ouvir e já lhe tascam um palavrão, mesmo sem lhe conhecer. Quando falta o recurso do debate pela falta de argumentos, pode perceber: daí para o palavrão é um pulo. Discutir com esses é loucura, pois não aceitam nada diferente do que pensam, mesmo que se prove o contrário”, define.

Perazzi detalha como usa a internet como ferramenta diária em seu trabalho. “No Facebook tento manter um perfil diário, o Personagens sem Carimbo - O Lado B de Bauru, hoje com seu 255º personagem. Como o blog existe desde 2007, tenho fotos de gente da cidade toda e vou contando pequenas historietas delas, com mínima consulta, tudo de memória. Busco algo dentro da notícia recente de alguns, outros resgato por osmose”, declara. “Escrevo por compulsão, uma quase necessidade de por para fora algo que não saberia fazer de outra forma. Acredito escrever melhor do que falar, consigo ordenar melhor o que quero expor. Daí o blog e os contínuos textos para tudo quanto é lado. Tento escrever de quase tudo sem ser o dono da verdade, leio muito, pondero pouco e discuto à exaustão”, comenta.

OUTRA COISA DO MESMO ASSUNTO INTERNÉTICO:
No final do dia de ontem, Tatiana Calmon posta no seu facebook algo a respeito a todos e todas constantemente conectados, a fiscalização dos abusos cometidos pelos intolerantes, racistas e pedófilos navegando e se expondo no sistema. Vejam seu texto: “Conseguimos, graças aos pedidos de vários amigos, remover o perfil de um pedófilo. Que outros sejam denunciados e que a policia consiga chegar a eles.
Tomei a liberdade de enviar mensagens para algumas mães cujas fotos apareciam no perfil do pedófilo. O perfil era assinado por um tal de Juan Carlos. Obrigada a todos que compartilharam e denunciaram. Sempre que ver algo suspeito, denuncie”.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

RETRATOS DE BAURU (146)


MORTARI AOS 90, PINTANDO, ANDANDO DE BICICLETA E MARCHANDO
Adoro os velhinhos que surpreendem e não vivem resignados, conformados, vendo de suas janelas ou sentados em bancos diante de seus portões observando o tempo passar. Sei que muitos agem assim por absoluta falta de opção, muitos até abandonados pelos seus e sem condições de se moverem. Cuido de um, meu pai, aos 85, já um tanto parado, sem a mobilidade de outrora, mas ativo. E quando me deparo com os que não pararam suas atividades, meus olhos brilham e fico caidaço por esses. Hoje a história de um desses.

WALTER (ou WALTHER, como queiram) MORTARI é um famoso artista plástico, de Bauru e quiçá, do mundo. Pintou a vida toda e hoje, dias após completar 90 anos, continua em plena atividade, cheio de luz e encantando os à sua volta. A história de Bauru está em parte retratada em suas obras, tanto traçada pelos seus pincéis, como pelas mãos, pois é também renomado escultor. Além disso tudo, ele também escreve e continua produzindo. Membro da ABL – Academia Bauruense de Letras, frequenta regularmente não só as reuniões da entidade, como participa de lançamento de livros, sai de casa e continua em exposição. Inesquecível ano retrasado quando fui participar de um passeio ciclístico e lá o vi, dando voltas com sua magrela pelas pistas do campo da USP. De outra feita, na livraria da Jalovi, na noite de autografo do livro do Irineu Bastos, perfil seu e de Gabriel Ruiz Pellegrina (foto acima, animado quarteto) e num inusitado lugar, quando de uma das Marchas da Maconha, ano passado, ele todo pimpão, fez questão de fazer o caminho a pé do Parque Vitória Régia até o centro da cidade, mostrando que vitalidade não lhe falta. A lembrança de seu aniversário li no texto da escritora Josefina de Campos Fraga, na Tribuna do Leitor de 22/09, podendo ser lido clicando a seguir :http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=230791. Vale também a pena o perfil com fotos a seguir: 
http://www.usc.br/biblioteca/mortari.html

Em tempo: Essa tela abaixo de uma draga diante do rio Bauru remete a minha infância, morando nas barrancas desse rio e tendo vivido tantas enchentes. Muito bem retratado por ele.

BAURU POR AÍ (90)


PTB PAULISTA DENUNCIADO POR ACHAQUE, MAS EM BAURU ESCAPOU ILESO
Sou mesmo um eterno reclamão. Isso pelo simples fato de ficar reclamando de quando da passagem de figurões pela cidade, perder-se a rica e rara oportunidade que os dignos representantes dessa cidade possuem (e na qual não me incluo), ninguém os encostando na parede sobre “probleminhas de plantão” envolvendo seus nomes, procedimentos ditos nada normais. O que fazem e o que é divulgado via mídia é sempre uma festa, salamaleques para lá e para cá. Nada de perguntas constrangedoras, mesmo que o tema esteja em evidência pela imprensa país afora.

Vejam o caso do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro e seu prócer maior, o deputado e presidente estadual da legenda, sr CAMPOS MACHADO. Uma revista de circulação nacional, a Carta Capital publica uma matéria com séria denúncia na edição que está nas bancas, nº 767 (25/9), com o título “Criar dificuldade, vender facilidade”, inclusive contra os métodos supostamente usados pelo deputado para comandar a sigla. Centralizador, tudo que ocorre na Secretaria Estadual de Esportes, sob comando do PTB deve ter o crivo pessoal do deputado e nada por lá é aprovado sem o recebimento de altas comissões para a sigla. Isso é o que destaca a matéria, podendo ser lida na revista (quando disponibilizada no site da Carta Capital reproduzo o link aqui).

Pois bem, Campos Machado passou por Bauru no último sábado, 21/9 para empossar a nova composição do comando do partido na cidade e mereceu matéria de destaque no JC, edição de ontem, 22/9, com o título “PTB mira bancadas fortes em 2014” e “Nova direção é empossada”, podendo ambas serem lidas a seguir: http://www.jcnet.com.br/Politica/2013/09/ptb-sob-nova-direcao-mira-bancadas-fortes-em-2014.html Daí meus questionamentos. Campos Machado é alvo de investigação por suposto esquema de achaque montado pelo PTB na Secretaria Estadual de Esportes e isso passou em branco por aqui. Ninguém teve a ousadia de o questionar por nada. Ou somos mesmo muito bem educados, comportados ao extremo, valorizando a etiqueta de recepção de autoridades ou algo está totalmente errado na forma como questionamos e nos relacionamos com esses medalhões.

As manchetes de nossos telejornais, jornais e a dos rádios poderiam ser bem outras: “CM gagueja nas explicações sobre achaque”, “CM é cobrado sobre denúncias de achaque durante festa” ou até outra assim “CM foge das explicações sobre achaque petebista”. Nenhuma delas ocorreu, simplesmente pelo fato de que nenhuma foi feita. “Por que?”, pergunto eu. Também nenhum sobre algo que ele, o deputado está fazendo questão de reproduzir com estardalhaço pelos outdoors nas cidades paulistas, impondo sua vontade pessoal em querer antecipar a maioridade de 18 para 16 anos de idade. Tudo bem que isso não trará efeito nenhum sem serem modificadas as condições de entendimento da sociedade como um todo, mas o que vale mesmo nessas circunstâncias é o aproveitamento do momento para engambelar os incautos, os que veem na medida algo para diminuir a violência urbana. Nadica de questionamento a ele nesse sentido. Ele saiu ileso da cidade, sem nenhum tipo de escoriação. Uma pena! Bauru, a Cidade Boazinha!