terça-feira, 3 de setembro de 2013

COMENTÁRIO QUALQUER (115)


DOS SHOWS DA PARADA, QUEM MELHOR SE MOSTROU NO PALCO, NADA GANHOU
Sempre fui um entusiasta da realização da Parada da Diversidade. Participei do lado de lá de uma delas, como membro da comissão organizadora da Secretaria Municipal de Cultura de Bauru, a primeira, em 1998 e depois, nas demais, como ativista e, porque não, desfilando. Domingo passado mais uma e quero deixar aqui, não uma crítica ao que vi, mas uma observação, que pode ou não ser levada em consideração. Não opino sobre a escolha dos shows para esse evento e da mesma forma com os valores gastos para essa finalidade. Não sou totalmente contrário a esses eventos terem ajuda financeira do poder público, porém acredito que, quando bancadas por esses, a escolha deveria primar por algo onde o povo pudesse ter a possibilidade de presenciar eventos com qualidade reconhecida. Não me peçam para opinar sobre Kelly Kye, pois me recuso.

O motivo desse meu escrito é outro. Antes do show da mesma, presenciei apresentações de artistas locais, de muito melhor qualidade do que vi depois, com a entrada em cena da citada cantora. Escrevo particularmente desses números artísticos, todos de gente daqui, testados constantemente em palcos da cidade e regionais. Gostei do que vi. Não cito nomes, pois temo esquecer de alguns. Cada um apresentou show particular, somente uma música, porém algo não realizado de forma isolada, sozinhos no palco, mas com muita gente, coreografia bem trabalhada, som e iluminação impecáveis. Infelizmente, na sequência o visto não pode ser considerado como show.
 

Acredito que todos os que atuam em shows dessa natureza devam primar por possuírem um algo mais no quesito sensibilidade humana. Acho inconcebível e faço questão de deixar registrado algo entristecedor no que vi e ouvi. Não consigo entender como um produtor, gerenciando algo tão grandioso, pagando o que deve ter pago para a artista de expressão nacional, não tenha contemplado dentro do orçamento do evento nenhum centavo para os artistas locais. Quando ouvi alguns deles e os apresentadores se pronunciando que, todos ali estavam se apresentando em forma de doação, aquilo me chocou. Explico.

O artista local não vive de brisa. Ele come, bebe, tem contas a pagar e necessita ser remunerado em tudo que faz. Já se doa muito durante o ano e quando ocorrem eventos grandiosos, como o do domingo, envolvendo quantias altas em cachês e despesas de bastidores, ali o momento ideal para ser reconhecido. Sou cético ao texto que ouvi de todos (as): “Estamos aqui pela causa, pelo espetáculo, por Bauru e aceitamos cordialmente a apresentação sem nenhum tipo de cachê”. Pode ter ocorrido exatamente isso, mas acredito que é também exatamente aí que entra a sensibilidade de quem trata com o ser humano, suas dificuldades e o entende em todos os seus momentos, tendo também o poder de decidir nesses momentos. Os que enxergam e valorizam as necessidades dos seus semelhantes, não fazem vista grossa a elas, esses são verdadeiramente "os caras".

O fato pode ter passado despercebido pela maioria, não por mim. Eu sei o quanto existe de necessidade por detrás de cada pessoa se apresentando por aí em forma de doação. Não quero interpretar nada dos bastidores desse evento em específico, pois o desconheço e vejo nele muitos amigos e conhecidos. Escrevo isso não levando em consideração somente esse, mas todos os demais onde ocorra algo parecido. Dentro do mundo onde vivemos, onde quem impõe as condições de tudo é o dito “deus dinheiro”, alguém trabalhar de graça é algo que não pode agradar aos olhos e ouvidos dos mais sensíveis. Ninguém vive de brisa, foi assim que aprendi de um dos lemas do próprio sistema político. Dêem um jeito, por favor, remunerem todos da próxima vez, arrumem um jeito, valorizem esses artistas, pois o que vi dos que atuaram de graça foi o que mais abrilhantou a noite no Vitória Régia. Eles não são merecedores somente de aplausos. No mais tudo foi maravilhoso, uma bonita festa, com aproximadamente 60 mil pessoas nas ruas e sem nenhum incidente. Na última foto, algo significativo desse evento e que também ressalto, Duval e Faneco, ele evangélico, ela católica, ele batateiro, ela pipoqueira, ambos com barracas de ambulantes nas ruas e praças, harmonicamente se entendendo e não tendo que pagar um tostão pelo uso do espaço público, num justo reconhecimento de que organizadamente, todos merecem um quinhão da festa. Eles representam o espírito humano de nossas ruas, algo que sempre deve prevalecer.

4 comentários:

Helena Aquino disse...

Gostei do que relatou irmão... a festa é dos anônimos...
Realmente deve ser repensado o caso dos cachês, também acho que os daqui merecem reconhecimento, vivem disso e apresentam um belo trabalho...e como vc disse, eles precisam comer, pagar ctas etc e tal ...
Fica aqui um grito ...

Helena Aquino

Anônimo disse...

HENRIQUE, HENRIQUE, HENRIQUE, 3X HENRIQUE...FALTA MUITO MAIS GENTE/BAURUENSE, NA SUA LISTA...E FALAR O QUE DAS PATRICINHAS DE MERDA VAIANDO O MEDICO NEGRO CUBANO. FALAR O QUE? OLHA AS CARINHAS DELAS...CARRINHO IMPORTADO...BALADINHAS NA NOITE...GOSTOSINHAS DE PLANTÃO...FACULDADE PARTICULAR...5 ANINHOS E NÃO GOSTAM DE SANGUE...ASQUEROSO ESSA ATITUDE...SOMOS O QUE SOMOS, MESMO! HENRIQUE, HENRIQUE, HENRIQUE, 3X HENRIQUE...CONTINUE SUA BATALHA, ESTAMOS AQUI ...SEMPRE! CANSEI DE PEDIR ESMOLAS!
PAULO NEVES

Anônimo disse...

HENRIQUE

QUEM É ARTISTA E EM CIDADES DO TAMANHO DE BAURU SABEM MUITO BEM O QUE SÃO PEDIDOS PARA APRESENTAÇÕES SEM CACHÊ, TANTO EM CASAS NOTURNAS, COMO AS DESSE TIPO.

IMAGINE SÓ O QUE OCORREU. DEVEM TER PAGOS MAIS DE 40 MIL REAIS PARA A KELLY KYE E NÃO RESERVARAM NEM UNS CINCO MIL PARA DIVIDIR ENTRE TODOS OS DEMAIS, ENTRE APRESENTADORES E OS ARTISTAS TODOS ENVOLVIDOS NO QUE ANTECEDEU AO SHOW.

QUANDO UM PRODUTOR É SENSÍVEL ELE NÃO DEIXA ISSO ESCAPAR E QUEM RECEBE PRIMEIRO SÃO OS DA CIDADE, PORQUE ESSES, MESMO QUANDO ACEITAM CANTAR DE GRAÇA O FAZEM PORQUE NEGANDO ESTARIAM SENDO PRIVADOS DE CONVITES FUTUROS, PASSAM A SER BARRADOS.

É MUITO SÉRIO O QUE ESCREVE E MUITO OPORTUNO EM TUDO. CIRCULA NA INTERNET ALGO ASSIM, DISTRIBUÍDO POR ARTISTAS, SOBRE ESSE NEGÓCIO DE CANTAR DE GRAÇA, POR APOIO.

VAI DAR O QUE FALAR

AURORA

Anônimo disse...

Mais do que oportuno seu texto.
Tomara que seja ao menos lido pelas pessoas a quem foram direcionadas e esses se toquem.
O mundo vive de uns mais espertos explorando os menos espertos.
Só que os menos espertos sem saberem a força que tem poderiam muito bem se rebelar e não aceitar isso. Quando isso acontecer o mais esperto vai ter que pagar a todos e deixar de explorar o menos forte.
O explorado nem sabe direito o quanto é explorado pelos que ganham mais, lucrando em cima da ação gratuita dos que se sujeitam a trabalhar de graça para enriquecer cada vez mais o mais esperto.
É o que entendo e vejo no processo todo de nossas vidas.
André Ramos