LER E
OUVIR – publicado edição de hoje, 14.09.2013:
A
solução para todas essas crises atuais não está e nunca esteve nas mídias
sociais. Vejo essas sendo por demais sobrecarregadas e todo um passado de luta
sendo desmerecido. Ainda mais porque a ressonância das ruas, essa vibrando em
meus ouvidos possui algo de muito dúbio. Presto atenção, apuro os sentidos e
para meu espanto constato: a maioria dos que hoje estão nas ruas são mais
conservadores que os de minha geração e não estão propondo nada de
revolucionário. E onde poderei então buscar a acertada reflexão, o
encaminhamento mais correto? Não me peçam para seguir e apostar minhas fichas
nos mascarados nas ruas. Não o farei. Eles já me decepcionaram por demais.
Primeiro o Anonymous, no Brasil os únicos do planeta com postura conservadora,
beirando fascismo. Depois os Blacks Blocs, intitulando-se anarquistas, porém
sem nenhuma teoria, atirando para todos os lados, quebrando tudo e querendo com
isso o que nem eles mesmo sabem. Já tiveram os seus quinze minutos de fama e se
mostram muito parecidos um com o outro, na postura e apresentação de
propósitos. Não me representam. As certezas que sempre tive na vida continuam
mais válidas que nunca. O atual sistema político está falido, o capitalismo
remendado e tentando se mostrar humano. Nada disso me convence. No frigir dos
ovos a conta nunca fecha. Sempre serão cruéis e favorecendo uns poucos
privilegiados. Luto por algo diferente, um mundo mais justo, sem desigualdades
e opressão, onde o ser humano valha mais que o deus dinheiro. Formulo a
pergunta e a respondo. A solução para mim está onde sempre esteve: nos livros.
A teoria que defendo está neles muito bem fundamentada. No vazio de ideias e
pensamentos nada será construído de edificante. Das ruas vejo despontar algo
altamente negativo. Os dois grupos citados não querem ouvir ninguém, se acham
prontos e baluartes de algo que nem conseguem conduzir. E, consequentemente,
leram muito pouco e insistem nesse erro. “Esqueceram que ler e ouvir é mais
saber”, li outro dia numa revista. Queria que entendessem isso, cresceriam
tanto. Esse só um toque de alguém com um pouco mais de experiência de vida.
ENGESSADO, JAMAIS! – publicado na edição de 07.09.2013
GARRAFINHAS COLORIDAS – publicado na edição de 31.08.2013
Não tenho muita coisa contra
produtos importados (gosto de muitos), mas no caso que vou citar (com
impactante justificativa), sim e quanto ao seu uso. Explico. Quando estou numa
palestra, reunião com importantões, show de artistas, adentro um chique
lançamento, vernissages e acabo me deparando com esses portando suas próprias
garrafinhas de água, sendo essas das cores azul ou verde, fico logo com um pé
atrás. Não entenderam? É simples. A garrafinha azul, importada é água da marca
Evian, francesa e a verde, Perrier, também importada, francesa. Nada diferente
das nossas águas vendidas em garrafinhas, tamanhos e embalagens variadas. O
conteúdo, sendo inspecionado, de boa procedência, todas possuem o mesmo
intuito, o de saciar a sede dos mortais. Necessidade elementar desse líquido
para nossa sobrevivência. Fora disso, algo preocupante. Não sou afeito a
patrulhar procedimentos, afinal cada um toca sua vida ao seu jeito e modo, mas
nesse caso expresso uma ressalva. Portadores dessas duas embalagens, a azul e a
verde, na maioria das vezes não consomem esse produto no seu dia a dia, mas em
casos específicos, quando querem aparecer, mostrarem-se diferenciados, o fazem
sacando uma de suas bolsas e as colocando bem visíveis, diante dos olhos de
todos, tudo para que a percebam com outros olhos. “Nossa, como Matilde está
podendo, só bebe Evian!”, é o comentário esperado pela portadora. Já vi gente
carregando uma dessa vazia e quando a peguei no flagra enchendo-a num bebedouro
(essa sim de procedência discutível), ficou com cara de tacho. Mesmo assim
colocou a tal garrafa sobre a mesa diante do grupo tomando uma mineral normal,
dessas encontradas em qualquer geladeirinha de posto de combustível, marcas
conhecidas de todos nós. Queria aparecer, impactar. Escrevo esse texto e o uso
exemplificando como alguns gostam de ser tratados no Brasil atual, diferentes
dos ditos normais. Parcela dos médicos brasileiros rejeitando trabalhar nos
rincões e querendo impedir que outros o façam devem adorar a água da garrafa
colorida.
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