sexta-feira, 18 de julho de 2014
O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (49)
ENCONTRADA A MELHOR DEFINIÇÃO DE BAURU NO MOMENTO - PRONTO, SOMOS MESMO A “CAPITAL NACIONAL DA COBRANÇA”
Ouvindo ontem a rádio FM Unesp Bauru (a melhor no quesito música ao meu estilo), horário do almoço, entrevista da ELEIDE BÉRGAMO (adoro suas entrevistas, estilo caseiro, sem ró-có-cós) com o Secretário do Desenvolvimento Econômico da Prefeitura Municipal de Bauru, ARNALDO RIBEIRO no programa UNESP NOTÍCIAS. Não estava focado na entrevista, mas algo ficou gravado em minha memória, tipo aquelas frases inesquecíveis, marcantes e delas me utilizarei pelo restante da vida. Disse ele num certo momento: “BAURU ESTÁ SE TORNANDO A CAPITAL DA COBRANÇA”. Risos, a própria Eleide e o Arnaldo ainda salientaram de que não é que a cidade seja o foco dos devedores, mas tornou-se o foco dos cobradores. Nada pejorativo, nem o fizeram em tom de crítica, só de mera constatação. Mais risos.
E é isso mesmo. Empresas desse setor multiplicaram-se pela cidade e hoje dominam o mercado nacional. Bauru virou o foco delas. Eles, os empresários do setor, gostam de ressaltar a quantidade de empregos, milhares e para uma nova geração de pessoas. A força do setor é tão grande que um deles comprou a sede do antigo BTC – Bauru Tênis Clube, outra onde funcionava um mini shopping no centro da cidade e outro patrocina o time de basquete local, na mais alta divisão da categoria nacional. Informo e deixo registrado onde me posiciono nisso tudo: Não faço parte do time dos COBRADORES e sim, dos DEVEDORES. E mais, ouvia demais por aí sermos uma cidade do chamado Turismo de Negócio, hoje já vejo Bauru como muito bem Arnaldo a definiu. Sem tirar nem por, enquanto Ibitinga é do Bordado, Jaú do Calçado Feminino, Marília da Bolacha, Lençóis da Pinga e do Livro e assim por diante, encontramos nosso exponencial segmento. Relembro aqui um texto que havia publicado sobre eles, numa forma jocosa de tratar o que ocorre na cidade. Fica o registro:
SE EXISTE CÉU, ESSA MOÇA LÁ ESTARÁ
T. foi funcionária de uma dessas imensas empresas cobradoras com sede em Bauru. A maior delas, com edificações suntuosas e funcionários aos borbotões. Foi contratada para permanecer diante de um terminal de computador, com um telefone plugado na orelha e ligando durante todo o seu expediente para devedores país afora. Na maioria, os detentores das dívidas não tinham mais como saldar o montante. O valor crescia a cada dia. Juros em cima de juros. Para a empresa cobradora, eles todos, são tidos como casos perdidos, mas o lucro da mesma reside exatamente quando consegue fazer acordos e receber destes. Tenta-se de tudo. Jovens são treinados para cobrar e descontos são oferecidos. Tudo com certo limite. Nada de desconto abusivo. E a T. começa a escutar ashistórias dos devedores, uma atrás de outra, uma mais problemática que a outra. Aquilo começa a lhe calar lá no fundo. Muitos choravam diante dela. Ela já não conseguia mais dormir. Foi quando tomou a decisão mais acertada em sua vida. Ligava para os de sua lista diária e ao ouvir os lamentos em tristes histórias, não resistia e acabava por conceder descontos muito além do permitido. Chegava a dar 80% e até 90% para alguns. Sentia a alegria do outro lado da linha telefônica. Ela sentia o mesmo. Inicialmente os chefes adoraram, pois seus índices de fechamento de acordos eram de uns vinte contratos por dia, enquanto o dos colegas chegava ao máximo nuns cinco. Por ali, todos mantêm o emprego com esses índices alcançados, do contrário, não servem para o negócio. Ruim mesmo foi quando estes descobriram os reais motivos dos altos índices. Ela batia recordes em estatística, mas quase nada em valor agregado para os cofres da empresa. Não pensaram duas vezes e a demitiram imediatamente. Saiu de lá em prantos, mas logo estava numa muito melhor. Agora, digam-me, se céu existir, essa vai ou não para ele?
Obs.: Essa história é real e me foi contada pela protagonista, que não quer se identificar. Não resisto em contar o caso, o santo (ou seria santa?) eu omito. História publicada originalmente no blog em 09/06/2010.
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7 comentários:
Já ouvi muito aqui ... que as grandes empresas de Bauru são: Nelson Pagapoco e Multipobre, que dózinha, rsrsrsr.
Ana Paula Aissa
primeiro trabalho registrado de minha filha foi numa dessas empresas, ela vendia cartões de crédito. Ou seja, eles fazem o serviço completo, vendem cartões, o sujeito se enforca e depois a parceira faz a cobrança. Me contava histórias horríveis sobre falta de educação dos clientes e ofensas que ela recebia apenas por estar trabalhando...
Silvio Selva
Diz a lenda que um advogado que trabalhou numa dessas empresas ajuizou uma ação - ele era o autor da ação e não quem a patrocinava - na Justiça do Trabalho de Bauru. Diz a lenda que na ação era relatado o trabalho em "baias" - menores e mais apertadas do que as de cavalos - e que ele, advogado, reclamava danos morais pelas condições precárias de trabalho. Diz a lenda que na data aguardada a sala de audiências ficou lotada, e que muitos advogados se solidarizaram com este reclamante, talvez por terem trabalhado nas tais baias e não terem tido a ousadia de insurgir-se. Essas lendas, diz a lenda, atentam contra a empregabilidade!
Daniel Pestana Mota
Henrique
Sempre perpiscaz nas postagens, o fato que tem gente ganhando muito dinheiro com isso ,mas cobrar é fácil, quero ver quando eles serão cobrados.
João Neto
Excelente pelos empregos p nossos jovens .... mas reflete o Brasil dos endividados ...... dos caloteiros , dos desesperados ,.....
E pena q os salários não cheguem nem perto dos mil dólares, q seria minimo ,,, ou 2 , 2 mil reais , p um país sério .
E claro, um tipo de trabalho burocratico q não gera nem uma agulha como produto acabado .
Adriano Coelho Hernandes
Obrigada, Henrique! Em algum momento surge uma pérola como essa!!! Abs
Eleide Volpini Bergamo
JAU A CAPITAL DO CALÇADO FEMININO; FRANC A CAPITAL DO CALÇADO MASCULINO. BAURU A CAPITAL DOS ESCRITÓRIOS DE COBRANÇA, OPS. .......S.......DO DIREITO.
GILBERTO TRUIJO
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