Amenidades. Conto uma para espairecer e preencher esse espaço diário. Ano passado, nesse mesmo período do ano, viajei com Ana e antes do embarque passamos uma noite na casa de dona Darcy, a sogra, na capital paulista. Eu adoro todas as minhas sogras, confesso ter tido a maior sorte do mundo com todas elas e nem entendo essas piadas que fazem delas, pois as minhas me são muito gratas. Pois bem, viajamos e passados alguns dias, um barulhinho infernal começa a atormentar a vida do casal (ela e seu Moacyr). Um “pim”, que ocorria de uns quinze em quinze minutos. Aquilo começou a incomodar e eles desesperados vasculhando de onde poderia estar vindo barulho tão persistente. Dias atrás haviam contado com os serviços de um eletricista, trocando parte da fiação da casa e estavam prestes a chamá-lo de volta, pois o tal do persistente “pim” só podia ser proveniente de algum serviço mal feito e reverberando pela casa toda. Reviraram a casa do avesso.
Nem dormiam mais direito e já aguardavam a vinda do próximo “pim”. Ele vinha e nada de descobrir seu paradeiro. Nisso a moça que faz a faxina, passando por lá para seus serviços, a primeira coisa que lhe questionam é se não ouve o tal barulho. Sim, ouvia e passou a persegui-lo até que num rastreamento, que a impedia até de trabalhar normalmente, achou que o mesmo vinha de uma mala que lá deixei ao viajar. O mistério foi desvendado. Lá dentro um celular que não pegaria onde estávamos, portanto foi deixado para trás e por um descuido quase fatal, nem o desliguei. Simplesmente o abandonei ligado e quando estava perdendo força, bateria zerando (o que demora dias), o sinal para repor sua carga é o tal do “pim”, persistente e chato. Quase enlouqueci meus sogros e na volta levo um sonoro puxão de orelhas, entre risadas. Hoje, aqui distante, deixei outro lá com eles, mas fiz questão de desligar esse desse mundo. Agora me digam, o celular pode ou não enlouquecer as pessoas? Essa é só uma das muitas possibilidades. Existem outras pioradas e realmente de endoidecer gente sã. Fuja de todas elas. O meu não pega por aqui onde estamos e vivo maravilhosamente sem esse penduricalho a me servir somente como relógio, pois por culpa dele até o meu de pulso aboli (penso em voltar a usá-lo). E olha que nem sabia como era viver sem ele. Sim, confirmo, existe vida saudável sem celular e faço parte dela.
Quem espia meus escritos aqui pelo facebook e pelo Mafuá do HPA devem ter percebido minha profunda admiração por reproduzir escritos, imagens e citar colaboradores do diário argentino Página 12 (www.pagina12.com.ar), hoje pra mim, um dos melhores jornais dários do planeta. Primeiro, vejo nele algo inexistente no Brasil, um jornal diário com posicionamento de esquerda, com textos bem elaborados, mais para formação da pessoa, algo consistente. Circulam em todo território argentino. No Brasil nenhum assim. Depois, possuem a visão de mundo que é também a minha. São latinoamericanos na essência e escrevem de todos esses países. Dão mais importância às suas histórias do que as do resto do mundo. Me informo mais desses países por ele do que por qualquer outro. Desde que o conheci virei leitor virtual e me cadastrando recebo diariamente sua versão virtual. Virou hábito, dar uma passada rápida pelos seus textos logo ao acordar, isso desde 2008. Reproduzo sempre as tiras do Miguel REP como ilustração aos meus textos. O conheci dois anos atrás e escrevi dele um belo texto, depois publicado na Carta Capital, apresentando ao Brasil que vem a ser essemuralista dos nossos tempos.
Ano passado e retrado passei na frente da redação, chegando no máximo na portaria. Fui em horário onde o pessoal não estava atuando. Passo todos os anos no quiosque deles e trago livros, cadernos, agendas, DVDs e principalmente CDs, todos muito baratos e com o que de melhor existe aqui e também no Uruguai. Dessa vez trouxe uns 12 CDs e na conta não paguei mais que R$ 50 reais. Na redação, da calle Solis 1525, criei coragem e lá estive. Fui recebido pelo porteiro e adentrei o santuário de onde são produzidos os textos que aprecio diariamente, a redação. Como gosto de redações de jornais. Fiquei meio que navegando por ali. O máquinário nem é dos mais modernos, mas os escritos o são e isso me satisfaz. Conheci pessoas, fiquei atento a cada cantinho e passei boa parte da tarde por ali, navegando e flanando. Tentei estabelecer uma conversação entendível, dentro do meu macarronico portunhol. Na saída, algo inusitado, a região onde está plantado o jornal é onde ocorre uma intensa prostituição na capital argentina. Não pude fotografar (nem deveria sem autorização deles), mas curti ficar observando como se dá a relações com cafetões e as profissionais do sexo, de todos os sexos. Esse lado da capital argentina, tenho certeza, poucos que aqui estiveram tiveram o prazer de conhecer. Saliento, conheci, não desbravei. Sou com o passar dos anos mais observador do que experimentador. Meu excesso de peso ao retornar ao Brasil se dá quase somente com papéis e os muitos jornais que quero levar. Os consigo e deles não quero mais me separar. Minha tarde de ontem foi dedicada a conhecer um pouco mais de um dos jornais que leio.
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