DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (105)

TRÊS PEQUENAS AMOSTRAS DE PERSONAGENS DO CENÁRIO BAURUENSE
Criei e continuo mantendo aos trancos e barrancos via facebook o perfil de bauruenses no “Personagens sem Carimbo – O Lado B de Bauru”, próximos de chegar ao seu número 500. Comecei com um por dia e hoje produzo cinco por semana. Aqui uma pequena amostra do que sai diariamente no facebook:

EDSON CAVALIERI é uma espécie de faz tudo lá pelos lados do distrito de Tibiriçá, que segundo me diz está hoje com aproximadamente uns mil habitantes. Escrevo faz tudo, porque esse sujeito, cabelos ao vento, barbudo e com todo o resto já mais para o esbranquiçado, mesmo aposentado, continua em plena atividade pela sua comunidade. Durante anos foi o sub-prefeito do distrito, hoje não mais, porém sem que isso tenha interrompido uma vida em prol de tudo e todos daquele pedaço de chão. O Edson já entrou em cada uma que nem lhe conto, já foi até presidente do Noroeste e hoje, torcedor doente, não perde jogo, nem um prolongado papo sobre o time do coração. De Tibiriçá então nem se fala, lá o motivo de tudo o que faz, desde as andanças pra lá e pra cá, sempre em busca de melhorias e brigando pela aldeia onde escolheu viver. Lindo ouvi-lo contar das histórias dos antigos que adentraram casas abandonadas por lá e hoje os ajuda na efetivação com a aplicação da usucapião. Lindo também ter vindo buscar médico para atender de graça numa noite aos que tinham dificuldade em fazer exames de oculista. Seu mote hoje é a creche do lugar, da qual é muito mais que um benemérito. Não posso vê-lo que já quero parar para ouvir histórias, relatos de suas passagens, relembrando de quando por lá teve até cinema, hoje nem agência do Correios tem mais. Celular não pega, mas internet ele conseguiu que fosse implantada via rádio. Ele briga por ele, por todos os outros e faz tudo assim de um jeito tão simples, tão cheio de prazer e contentamento, que não tem como não lhe dar um baita abraço a cada reencontro.

JAIR PARREIRA DE MIRANDA é irmão de outros com o mesmo sobrenome. Um é famoso pastor (ali onde era o antigo Clube dos Bancários) e o outro ex-vereador e um dos mais famosos corretores de imóveis da cidade. Jair não obteve o mesmo sucesso na vida, nem por isso deixou de ser feliz, pois tem histórias mil para contar. Diferente dos outros foi ser gauche na vida, enfrentou-a aos trombalhões, deu murros em ponta de faca, viu o diabo de perto, mas não se vergou, só buscou enfrentar a vida por caminhos diferenciados dos demais. Teve problemas mil, superou outros tantos e hoje está lá num terreno perto do shopping, de propriedade de um dos famosos irmãos cuidando de um estacionamento. Ganha a vida assim, chegando cedo, batendo papo com tudo e todos e contando a grana no final no mês para pagar suas contas. O terreno pode ser vendido a qualquer momento e ele perder o ganha pão, mas isso não o preocupa, pois sabe que os irmãos não o deixarão na mão e dessa forma segue sua vida, fazendo amigos, brigando por suas idéias e trilhando seu caminhar de um jeitão mais liberto, ousado, tendo já visto quase de tudo nessa vida. Seu Jair não renega seu passado, nem o enaltece, olha mais para frente do que para os lados e sua vida segue desse jeito maneiro e tranqüilo, sem os sobressaltos dos demais manos. Bom de discussão e no convencimento alheio. Um sujeito boa praça, mesmo quando se discorde de seu ponto de vista.

ADÉLIO LOPES ASTOLFO é um parrudo senhor, mesmo diante dos seus 70 anos, bem vividos e cheios de histórias para contar. Primeiro dentro da Polícia Militar, hoje reformado como Primeiro Sargento, “época do arrastão da PM”, como lembra com saudade. Assumido linha dura, atuou nas ruas na época da Ditadura Militar e diz ter sabido impor a autoridade e respeito. Fez o mesmo nas quatro linhas do campo, atuando como famoso juiz de futebol em Bauru e região, apitando pelo Amador. Foi juiz de 1971 até 2007 e hoje continua apitando no society. Morador da Vila Bela, sua rotina hoje é outra, com o carro defronte o estacionamento do supermercado Confiança Falcão, vende salames feitos em Itapuí, isso de terça a domingo (folga nas segundas), tudo para complemente de renda e para “não ficar preso dentro de casa”. Não liga de ser chamado de “casca dura”, pois segundo ele “não dava mesmo moleza”. Diz que certa vez foi no presidente da Liga, o Milagre reclamando dele ser escalado em locais difíceis e onde o presidente nem aparecida. A resposta desse: “Onde você vai resolve, não preciso ir”. Fez questão de lembrar nomes de outros juízes considerados os durões na época: Tatinha, Batistão, Schiavo, Fernando Fávero e Hermes Ferro. Continua durão, mas sorrindo bem mais.