terça-feira, 8 de julho de 2014

COMENTÁRIO QUALQUER (128)


A HISTÓRIA DE UMA TATUAGEM E DE UMA INSCRIÇÃO NUMA CAMISETA E DAÍ ESSES PAÍSES NA FINAL DE UMA COPA DO MUNDO – É PELO QUE TORÇO

“O PASSADO EM TATUAGEM – Di Maria faz coraçãozinho mas tem uma história forte como a de Cafu – O grandiloqüente, febril futebol de Angel di Maria não tem muito a ver com o muchacho de feições infantis que faz coraçãozinho com as mãos após marcar o gol. Mas frase tatuada no seu braço esquerdo, tem: “Nascer em La Perdriel foi e será o melhor que me passou na vida”, diz a enfática mensagem. La Perdriel é a zona barra-pesada do bairro operário La Cerâmica, ao sul de Rosário Central, onde Di Maria começou sua carreira (ele atua hoje no Real Madrid). Garoto que nasce ali não encontra muita facilidade na vida. O orgulho do craque por suas raízes lembra o Cafu do final da Copa de 2002. Ao empunhar a taça de campeão, o capitão trazia no peito, rabiscaba em garranchos de hidrocor, a mensagem: “100% Jardim Irene”. Extremo sul de São Paulo, subdistrito do Capão Redondo, o Jardim Irene é La Perdriel de Cafu e de muito garoto que sonha com a felicidade do gol de placa”, texto que me fez chorar ontem, na seção QI/Estilo, revista Carta Capital nº 807, nas bancas.

Eu nunca fui adepto de tatuagens, mas não menosprezo nem abomino quem as usa. Nessa Copa e em muitos esportes vejo sendo utilizada em larga escala. Tem gente (o próprio Di Maria um deles), com grande parte do corpo já tatuado. Sei que, em muitos casos, o dele isso, são expressões bem próprias, demarcatórias de um extrato periférico. Dessa pequena história do craque argentino, nasce mais uma profunda identificação, admiração e respeito. Se já era um craque cujo olhar lhe era muito favorável, cresceu e muito minha consideração. Da mesma forma que Cafu, desde o gesto lá na Copa, com a improvisada inscrição feita momentos antes de receber a taça, de lá para cá, sempre esteve dentre os meus grandes ídolos. Gosto demais de quem não se esquece de suas origens, não lhes dá as costas após o sucesso. Essa foi a forma como ambos encontraram para se manifestar e expor ao mundo algo bem deles, algo que me tocou profundamente. Nós, os considerados PERIFERIA do mundo chegando na final de uma Copa. Isso é tudo de bom!

Daí, volto para os próximos dois decisivos jogos da Copa do Mundo, quando estarei torcendo desbragadamente para uma final latino-americana, pois esse continente, mais do que nunca vive muito dessas injeções de ânimo. Diante de uma impecável Copa, diante de um futebol sem grandes novidades em nenhum selecionado, onde não ocorreu o despontar de nenhum bicho papão, acredito que a final mais sensata será entre BRASIL X ARGENTINA. Vai servir para que ocorra não um distanciamento, mas uma aproximação entre esses povos, tão sofridos e tão irmãos, talvez por isso, de difícil entendimento. Quando esse jogo chegar, domingo próximo, daí não haverá jeito, torcerei pelo meu escrete, mas não odiarei meu adversário nas quatro linhas, nem farei chacotas bobocas como vejo se repetindo nas propagandas de TV. Será mais um jogo de futebol, um grande jogo de futebol, sem Neymar, com Messi e com Di Maria. Com tatuagem ou com hidrocor, sempre uma surpresa estará à nossa espera na grande final. Torço por isso, mas tudo começa com uma vitória hoje.

4 comentários:

Anônimo disse...

PACHECOS DO BRASIL
Quero começar este texto primeiramente fazendo uma saudação a arte do futebol, arte que um dia, num passado já distante o Brasil já teve, mas hoje a Alemanha me fez feliz, não apenas por proporcionar um momento de puro apreciar da arte por este Camarada, mas também possibilitar muitas reflexões sobre nosso país.

Hoje podemos fazer um paralelo entre o futebol brasileiro e o estado brasileiro, para ficar um pouco no jogo, a partida mostrou mais uma vez, assim como o Barcelona já havia feito com o Santos em outra oportunidade que o futebol brasileiro morreu em sua incompetência, em todo o seu escalão a bagunça, corrupção e inoperância ditam os caminhos que tomamos, técnicos medíocres, categorias de base que são apenas puro caça-niqueis.

A partida de hoje serve não somente como reflexão do futebol ridículo, mas como levamos todas as coisas neste país, o Brasil é a nação do oba-oba, do pachequismo, não se tem leitura e entendimento de nada, como a seleção não teve e com um meio de campo inexistente, preferimos o velho "pra frente Brasil" a evoluir com conhecimento e sensatez.

O Brasil teve seus grandes momentos num passado, em todos os níveis, mas deixamos passar e enterramos a chance de sermos uma grande nação socialmente desenvolvida, assim como ficamos para trás no futebol técnico, evoluído, também retrocedemos como um país que pensa profundamente e estrutura seu povo como um todo.

Não somos um país da ciência, somos um país da superstição, tudo achamos que algo sobrenatural vai resolver, não buscamos entender a humanidade e sim inventamos uma humanidade fictícia, não somos uma nação dos grandes professores, filósofos, físicos, biólogos, políticos, somos uma nação que prefere ouvir padres, pastores, pai de santo, não temos uma grande referência histórica sequer para inspirar novos horizontes e nem buscamos conhecer e trazer estas referências de países vizinhos, porque aqui se adota o pior e mais maquiado discurso nazista e tradicionalista, nada se olha para frente, temos que continuar fazendo dança da chuva, acreditar no saci pererê.

Essa constatação, e diante de uma inoperante seleção, revela a verdade nua e crua em como se toma decisões e administra este país afora, uma terra onde as pessoas são condicionadas desde as escolas, igrejas, arquibancadas, no dia a dia, a serem meros pachecos, torcedores insanos em seus fanatismos, uma real massa de manobra, aceitamos paliativos que tapeiam o problema e nos colocamos nesta condição de marionetes, ao invés de entendermos situações e buscar a solução do problema. Um país que aceita e justifica corrupção ao invés de odiá-la e erradicá-la da nação.

É por observar esses fatores que me faz ter a triste certeza que este é um país sem um futuro por um caminho diferente, não tomamos só bailes e goleadas em campo, mas também estamos tomando em todas as outras áreas, em pleno século 21 somos um país não evoluído intelectualmente e cientificamente, somos a nação dos sectarismos, das fofocas das celebridades, onde o indivíduo pensa na frente do coletivo e acha a vida real ser como a novela das 8.

continua...

Anônimo disse...

continuação...

Fazemos a corrente pra frente, o "vai Brasil", falamos o que determina uma cartilha e divulgamos isso como um mantra em nossas vidas, desde a tal mística da camisa canarinho a coisas politicamente babacas como "hoje o país é outro, uma maravilha", esse é o pachequismo total, não só das arquibancadas mas também no cotidiano de nossas vidas, e o pior é que não aprendemos mesmo depois de um tombo enorme, como no futebol. São rostos em choque, surpresos pelo óbvio que a cegueira impediu de ver.

Quero terminar dando os parabéns mais uma vez a seleção da Alemanha, a sua torcida com seus cânticos belíssimos, sem essa coisa horrível de "eeuuuu souu brasileirooo...", e principalmente por entoarem o belo coro Seven Nation Army, seven, de sete, esta sim uma verdadeira festa do sete.

Que os pachecos comecem a acordar agora, porque o povo tem estádios superfaturados para pagarem, domingo a Fifa vai embora de bolsos cheios, graças a nossa lei de exceção, ao nosso entreguismo, despertem logo para pagar o prejuízo.

Não sei se os pachecos entenderão esta reflexão, mas dedico-lhes este texto, em especial a um que foi um grande camarada um dia, um belo escritor, uma fonte de inspiração para eu escrever muitas coisas nesta vida, mas que infelizmente quis ser um dos maiores pachecos políticos da cidade, isolou-se dos ideais, alienou-se, definhou-se.

Um abraço a todos e eu se pudesse esta noite, adoraria passar em Berlim com uma bela alemã e uma cerveja dos bávaros, um brinde a arte, porque em 100 anos de seleção, "Nunca antes na história desse país....tomamos uma goleada e um vexame desses".

MARCOS PAULO, agora incluindo GALEANO, Camarada Insurgente

Anônimo disse...

ATÉ SEMPRE PLÍNIO

A notícia triste desta terça 08/07/14 é a morte de Plínio Arruda Sampaio aos 84 anos, ele estava internado vítima de um câncer, vencido pela doença mas jamais pelas desonras do capital.

Tive duas oportunidades de conversar pessoalmente com Plínio, era uma figura divertidíssima, sempre a certeza de altos papos e muitas risadas, foi o último a participar de debates eleitorais de forma totalmente espontânea, inteligente, sem textos preparados por assessoria de imprensa e publicitários, era um show vê-lo na TV em 2010 destruindo e deixando nus o trio Serra/Dilma/Marina.

Morreu coerente com a esquerda e rompido com a falsa, com certeza é uma daquelas figuras bocudas da política como o velho Brizola que fará falta.

Até sempre Plínio!!!

MARCOS PAULO, agora incluindo GALEANO, Camarada Insurgente

Anônimo disse...

A Seleção da Copa de 1970 jogou assim :
(?), Carlos Alberto, (?), (?) e (?).
Clodoaldo, Gerson e Rivelino. Jairzinho,
Tostão e Pelé.
A de 2014 assim : (?), (?), (?), (?) e (?).
(?), (?), (?) e (?). Neymar Jr. e (?).
Na Copa de 1970 a seleção tinha 7
craques que fizeram a diferença. Na
de Copa de 2014 somente 1.

ALDO WELLICHAM