quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (104)


CHURRASQUEIRO JURAMENTO DE MIAU E AFINS NAS RUAS E CALÇADAS

Ufa! Enfim Lula conseguiu registrar sua candidatura à Presidência da República e com muita gente nas ruas. Ouço na bestial Jovem Pan que o número de pessoas nas ruas esteve aquém das expectativas. Como são bobões e banais. Não existe nenhum outro candidato conseguindo colocar tanta gente nas ruas. A mobilização hoje somente feita pelas esquerdas e Lula seu carro chefe. Dito isto, comento em caráter de destaque sobre outra bestial afirmação dita pelo mesmo insano microfone, a de que em Brasília, dentre os manifestantes vigorou o tal sanduíche de MORTADELA. Sim, deve ter sido isso mesmo. Adoro mortadela, como sem neuras e até a prefiro, na comparação com presuntos. Podem me chamar de caipira, pobre e tudo o mais. Sou tudo isso e muito mais, ou seja, mortadeleiro assumido. Quando citam a mortadela, nítido o caráter preconceituoso para com o que ocorre nas ruas e lutas país afora. Para esses insanos, tudo o que vem do povão é visto de forma depreciativa.

Aproveito o ensejo para ocupar esse espaço com outra guloseima das ruas, o CHURRASQUINHO dito de MIAU, ou seja, de GATO, que todos sabemos não é de felino coisa nenhuma e sim, de gado mesmo, talvez de suas partes menos nobres. Vendido na beirada das calçadas daqui e de alhures, faz sucesso e cai no gosto popular, até pelo preço. Fui ao jogo do Noroeste no Alfredão, 20h, noite fria e na chegada, do lado de fora do estádio uma churrasqueira montada ali na calçada e com dois produtos sendo ali oferecidos, o tal churrasquinho e cerveja (que não pode ser vendida somente dentro dos estádios brasileiros). Comemos um cada, eu e o nobre advogado Gilberto Truijo. Sem jantar, o regabofe não foi suficiente para aplacar minha fome. Do lado de fora, paguei R$ 4 reais e ao adentrar o estádio, antes da contenda começar (perdemos de 1 x 0 para o Red Bull), eu e o mesmo Truijo, ambos esfomeados, comemos mais um. Lá dentro o preço foi de R$ 5 reais e havia mais diversidade de opções. Degustação feita sem nenhum problema e, nem o do Truijo, muito menos o meu fizeram “miau”.

Aproveito o ensejo para relembrar outra história, essa do meu dileto amigo Sivaldo Camargo, bailarino de renomada história, chegado numa comida balanceada, tudo para evitar os percalços de bailar com excesso de volume na região abdominal. Faz o que pode, mas não resiste, como eu e tantos outros, a um churrasquinho de rua. Estivemos juntos na Argentina, mais precisamente em Buenos Aires no começo deste mês e ele me disse textualmente quando estava presente nas manifestações de rua defronte o Congresso daquele país, dos favoráveis á regulamentação da lei de aborto. “Henrique, me chamou muito a atenção a quantidade de churrasco nas ruas nessas concentrações populares. Eles pegam esses tambores grandes, cortam ao meio e assam carne com o corte deles na beirada das calçadas. Esquentam o pão, cortam ao meio, colocam o pedaço assado no meio junto com algum molho e traçam ali mesmo. Fiquei morrendo de vontade de provar”, me disse.
Glutão come de tudo e sobrevive a tudo.

Ficamos de provar e só não o conseguimos fazer por absoluta falta de oportunidade. Esse tipo de churrasco e carne assada nas ruas de Buenos Aires é muito comum por lá e pouco difere da que vemos sendo feita por aqui. Por aqui, ainda as pequenas e grandes churrasqueiras, lá os tambores. A diferença está no corte da carne e, é claro, nos temperos. Esse gosto de comer nas ruas é algo mundial, popular e sempre mereceu um olhar dos que o enxergam como “repugnantes”. Pura besteira de quem nunca provou, deve morrer de vontade e não o fazendo, eleva o tom, se diz contra só para tentar manter aquele ar de estar numa vivência com maior grau de civilidade, o que é outra grande besteira.

Adoro essas comidas populares e de rua. Como por onde estou. Em Cuba, comi lascas de pernil de porco numa esquina, assado ali e com um pão deles crocante. Delicioso. Ainda em Buenos Aires, sempre no último domingo de julho, perto da Casa Rosada uma festa peruana ocupa as ruas e as carnes deles são de efervescer as narinas, daí não resisto. Sigo sempre um velho ditado, para esse e todos os demais procedimentos de comidinhas nas ruas: “Coma sem neuras e não queira ver a cozinha”. Melhor assim. Sou adepto do lema: “Esquentou, ferveu, queimou, com o calor se vão os males e até vermes, junto o complexo de culpa”. O que abomino é essa pegação de pé com as comidinhas populares, advindas das ruas e feitas nas esquinas da vida. Quem nunca comeu um lanche de rua do Rivelino ali na Rodrigues perto da Câmara não sabe o que está perdendo. Eu já comi, como também o faço na barraca do Uau-uau, tanto na praça Rui Barbosa como no ginásio da Panela de Pressão. Defronte o Bauru Shopping Center uma barraquinha oferece um com grife, seu dono chegando numa reluzente caminhonete, avental no pescoço e tudo nos trinques. O bestial hoje é continuarmos dando trela para essa onda preconceituosa pra cima de tudo o que é feito na rua.


Com esse texto deixo bem claro algo bem simples: podem pegar no meu pé a vontade. No estádio mesmo, Truijo me agraciou com algo a mais do que o churrasquinho comido, me flagrando com o palitão já vazio entre os dentes. A foto pode não ser sugestiva, mas como não existia possibilidades de fio dental naquele local, tasquei ali mesmo o tal para limpeza dos restos presos no dentifrício. Basta de perseguições por sere e estar nas ruas. Quem critica o pão com mortadela é o mesmo que faz vistas grossas para o churrasquinho de gato. Eu nem ligo, escrevo só para causar e me posicionar. Digo mais, como degustador oficialmente regulamentado das ruas, becos, transversais e vielas brasileiras, com certificação atestando o comparecimento nesses lugares todos, já experimentei de tudo e como continuo vivo e sem bactérias no organismo além das de praxe, do alto dos 58 anos, assim continuarei agindo até bater com a dez. Viva as ruas e suas possibilidades. Além de tudo, o papo que flui nessa convivência é inigualável e intransponível. Só ali, portanto, estou neles.

OBS.: A segunda foto é do churrasquinho tirada nas ruas de Buenos Aires numa manifestação de professores. O cheiro era mais que ótimo e só não provei por absoluta falta de oportunidade.

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