DESABAFO DE SEXTA - O DEBATE ELEITORAL, A SANFONA, O FASCISMO E O QUE AINDA PODE SER FEITO – SE É QUE PODE...
Hoje é sexta, dia de alguma festa, mas o país encontra-se num estado de pré-apreensão, expectativa de que os dias horrorosos de hoje podem se transformar num pesadelo ainda pior após o resultado das eleições em outubro. Hoje todos querem só saber de conversar sobre um quase debate ocorrido na noite de ontem na TV Band, o primeiro dentre outros programados até o dia da eleição. Não assisti. Lula não estaria presente e nem seu vice, o Haddad. Perdi o interesse. Outro debate ocorreu paralelo a esse, com Haddad e Manuela, a vice do vice, nessa chapa, a qual me encontro engajado, enfronhado e brigando por votos, mas também não vi. Resisti e resolvi sair com os daqui de casa no horário das contendas. Fomos numa sanfonada lá no Aldeia Bar e revivi alguém da velha guarda, o José Carlos, conhecido nas rodas noturnicas de forró, onde era conhecido como Caio. Arrastava seu som no frio bauruense e ali permaneci, distante do que ocorrida, paralelo ao embrutecido furdunço político. Não perdi nada.
SANFONEIRO QUE ME LIVROU DO DEBATE |
Eu me interesse muito pela vida política deste país, mas nem um pouco pelo que me induz a ver como o adequado e sendo difundido via mídia massiva. Esses se perderam e hoje, poucos ainda confiam no que ali é difundido. Cansado de informação enviesada, me abasteço cada vez menos desses, pois sei que tudo o que dali sai é tendencioso. E por que teria que ver a tal disputa entre o Bolsonaro e o Ciro? Já sei de antemão que o Ciro daria um banho no fascista, pois é mais preparado que esse, anos luz à frente. Teria que suportar Marina, Meirelles e até esse Amoedo, que infelizmente um dia foi eleito pelo PSOL, traiu a todos e mostrou sua verdadeira face, a mais nefasta possível, bem próxima do que essa parcela ignóbil de brasileiros hoje credita como a que irá salvar o país, mais o tornará mais moralista, banal, idiotizado e servil para interesses que não os seus. A sanfona me é muito mais agradável do que ver esse teatro de banalidades pela TV. Amoedo é tão vil quanto Temer, ambos traidores, já o restante, teatro de horrores. Um vinho me apetece muito mais neste ignóbil momento.
Faço a minha parte e espalho algo mais, como essa curta mensagem cifrada e para os ainda querendo tentar salvar esse país de algo insano despontando pela aí: “Entender o mecanismo das forças que mantêm as chances de Bolsonaro em bases relativamente confortáveis parece o melhor caminho para combatê-lo eficientemente enquanto há tempo” (jornalista Fred Melo Paiva). Será que esses querendo votar nele o enxergam como algo novo, um rebelde, uma opção a tudo o que se apresenta hoje, alguém se contrapondo ao sistema? Creio que sim. Outro jornalista, Marcos Coimbra alerta para algo mais: “Ele fala errado, diz bobagens e o povo se vê representado”. Ele foi se construindo nesse vácuo, cavou um espaço e de algo surreal, bestial e até irônico, galgou mais, soube se aproveitar das brechas e cresceu. Hoje, o lema que vejo proliferando nas ruas, triste lema diante das barbaridades feitas em cima dos costados do povo é para se pensar: “Tá no inferno, abraço o Bolsonaro”. Muitos caem nessa e foram no vai da valsa. Ainda não mensurei se vai passar do atual percentual, mas nenhum outro candidato de direita, pelo visto, terá mais votos que ele. Se Lula ou Haddad não ganhar no primeiro turno terão que enfrenta-lo no segundo. Será isso mesmo? Só vendo para crer. Eu tenho por preferência sair porás ruas desde já e provocar algo a alterar tudo o que estão montando e preparando contra nossos costados. Sei que, os golpistas fizeram tudo isso que estamos vendo e não vão entregar de mão beijada o país para quem quer desfazer as maldades todas.
Eu sei que sem povo nas ruas dificilmente será possível alguém propondo o algo novo, reverter a bestialidade implantada. Mas como colocar o povo nas ruas? Já que ninguém sai, eu também não gasto minhas últimas energias sozinho e continuo tentando lançar algumas fagulhas daqui de onde me encontro. Barulho internético não é a mesma coisa que povo nas ruas, fazendo e acontecendo, mas diante da pasmaceira e não querendo ficar sem fazer nada, esgrimo por essa via. O que seria por demais desagradável para este país, já tão penalizado seria ver no Palácio do Planalto alguém talhado a tratar na ponta da botina os movimentos populares e aprofundando as privatizações e retiradas dos direitos dos trabalhadores. Por causa disto continuo com Lula. Não suportaria viver dentro de um estado de capitalismo mais autoritário do que o vigente hoje, seria algo onde minha diabetes acabaria comigo antes de ver o final da história. Não precisaria nem ser torturado, pois meu corpo, creio eu, não suportaria a amargura de viver, beirando os 60 anos, num estado onde nem mais possa escrever e dizer o que penso sem medo de represálias. Luto com essas minhas parcas armas, pois não sei se conseguiria viver num Estado onde o policial assassino não se sentiria um assassino, mas um herói. Sei que é assim que se enxerga Bolsonaro e os seus quando ele afirma que bandido bom é bandido morto. Nem sei se entre ele e Alckmin teriam grandes diferenças, ambos são nefastos. O som da sanfona me faz dispersar esses pensamentos ruins, pelo menos por enquanto. Tomo mais um gole de vinho, isso também ajuda, não sei até quando, mas no momento me alivia.
Eu estou desolado disso tudo: escrevo por aqui ou vou pras ruas esgrimar contra os moinhos? |
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