ANDRÉ CRIOU SEU MEIO DE SOBREVIVÊNCIA NA DUQUE DE CAXIAS
Capa JC de hoje desmente seu colunista Cafeo |
No JC de hoje uma manchete a demonstrar como o país golpista está só que piorando: “Cresce muito em dois anos o total de catadores de recicláveis nas ruas”. A manchete diz muito mais do que todos os artigos do colunista do mesmo jornal, Reinaldo Cafeo, também visto como economista, quando tenta elevar e demonstrar sem sucesso o país estar reencontrando seu caminho. Quem circula pelas ruas sabe que a situação piorou e muito após o golpe de 2016, o que destituiu Dilma e colocou no seu lugar de forma insana os piores desta República. Com um país à deriva, pululam pelas ruas os casos dos desvalidos, sem rumo, sem outras opções e daí se valem da criatividade para sobreviverem. As histórias são muitas e hoje conto uma que muito me sensibiliza.
ANDRÉ MARCOS, 37 anos, vive nas ruas e escolheu um quadrilátero da cidade para chamar de seu e ali sobreviver ao seu modo e jeito. Mora na rua há quatro anos e desde então, o faz dormindo debaixo de marquises, nas imediações da avenida Duque de Caxias, abordando motoristas de veículos quando da parada nos sinais, nas esquinas das ruas Araújo Leite, Antonio Alves, Gustavo Maciel e Rio Branco. Criou um meio de abordagem e assim sobrevive. Ele pega junto das muitas farmácias existentes no local um punhado de folhetos com as promoções e com elas nas mãos chega junto do vidro do veículo, entrega para o motorista e mesmo diante da pessoa, independente de como se encontra, saca um: “Como o sr está bonito hoje? Caprichou no visual, hem! Lindo assim vai acabar me ajudando”. E assim conquista a maioria dos que por ali circulam. Conhecido por todos, sempre sorrindo, passa os dias nessa rotina. André chegou em Bauru em 1996 e o fez para trabalhar na construção civil. Perdeu empregos, referências e documentos e mesmo os familiares vê cada vez menos. A mãe faleceu em 1998 e os três irmãos lutam pela sobrevivência e não podem lhe dar a devida atenção (moram no Ferradura, Dutra e Redentor). Vive com uma sacola contendo poucas roupas e duas cobertas, guardadas no posto de combustível da esquina com a Antonio Alves, onde vez ou outra toma banho de mangueira. Diz nunca ter sido procurado por nenhuma entidade assistencial e o que mais quer é ter outra oportunidade na vida e alguém que o ajude a tirar novamente seus documentos. Segue a vida, abordando pessoas e em alguns dias ganha R$ 30, noutros perto de R$ 50 e com isso compra o que comer e mesmo para beber. “A minha região é essa. Vivo aqui, gosto daqui e aqui sou conhecido por todos. Vou levando a vida desse jeito”, diz.
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