sexta-feira, 13 de setembro de 2019

MÚSICA (177)


DE COMO A SIMPLES UTILIZAÇÃO DE UM BEBEDOURO ESCANCARA A INSENSIBILIDADE ADMINISTRATIVA

A Secretaria Municipal de Saúde de Bauru tem problemas imensos para administrar nos últimos tempos, indo desde denúncias de graves irregularidades até a falta de medicamentos, essa agravada pela insanidade dos governos estadual e federal, que atrasam o envios dos mesmos e em outras nem mais envia. O estado de calamidade está mais do que grave e para piorar, ainda no seu relacionamento com as coisas miúdas, de pequena monta, existem pessoas colocadas em funções administrativas que, ao invés de ajudar, atrapalham e ajudam a denegrir a imagem de um órgão hoje preocupado em mais se defender do que mostrar a que veio. Conto uma triste história de algo escabroso acontecendo no dia-a-dia do Núcleo de Saúde Centro, antigo Postão, localizado na rua Quintino Bocaiuva, centro da cidade e ocupando um quarteirão praticamente inteiro.

Dando uma olhada em toda essa estrutura, ela está um tanto defasada, descapacitada e necessitando de reparos e uma ampla reforma. São inúmeros os problemas elencados pelos servidores e usuários das instalações. Numa relação rápida, colhida em rápida circulada pelo local verifica-se que uma imensa caixa d'água verde foi ali levantada anos atrás para suprir necessidades do posto, mas nunca funcionou e um poste de iluminação novo foi fixado numa das entradas, para abastecer novos computadores, num total de dezessete, mas os computadores chegaram, foram depois distribuídos para outras unidades e o poste nunca funcionou. Em fotos a mim mostradas, fica evidente que tanto a caixa d'água, enferrujando pela ação do tempo e inatividade, como o poste sendo constantemente motivo de roubo de fios, denota que a equipe técnica, que deveria dar suporte ao secretário Fogolin, deixa a desejar e aos invés de trazer soluções, acabam por acrescentar problemas novos aos já existentes.

Explico. Somado a isso, outros problemas no local. Um estacionamento inadequado na porta de uma unidade, terrão que entra e se espalha para dentro da unidade com o vento desses dias. Ninguém pensa em corrigir isso. Câmeras filmam a unidade, mas segundo ouço dos funcionários, menos para salvaguardar a segurança e mais para vigiar os passos dos mesmos. Um portão quebrado, pendendo para um dos lados, podendo cair em cima de usuários e nada de solução. Compressor quebrado e as inalações interrompidas, sem que a equipe técnica dê solução. Ou seja, os problemas são muitos e poderiam ser minimizados com um atendimento mais condizente. Os funcionários, cada um faz o que pode, mas quando se depende da tal da Equipe Técnica da Saúde, a preocupação aumenta. Sou levado a unidade por representantes do Conselho Gestor de Saúde (não cito nomes, para evitar problemas para esses), tudo para tentar solução mais sensível para um probleminha sendo transformado num problemão, desses que, na observação dos seus desdobramentos verifica-se como ocorrem as decisões de cima para baixo, sem uma constatação in loco do que de fato ocorre.

Vamos aos fatos. Existem no local alguns bebedouros públicos, desses de metais, com várias torneiras e para uso coletivo, tanto de funcionários, como de usuários e afins. Numa época como essa de intenso calor, também utilizado por outros, como por exemplo, alguns catadores de reciclados que, recolhendo material nas portas e lixeiras da unidade, adentram para beber água e até por moradores da redondeza, se utilizando para saciar a sede e enchendo algumas pequenas garrafinhas do precioso líquido. Alegando esse fluxo diferenciado estar gerando filas no local, o Diretor Departamento Administrativo, Flávio Jun Kitazume, cargo de confiança no setor, proibiu que isso continuasse a ocorrer, instituindo através de um aviso fixado no bebedouro, ou seja, por decreto o advento da LEI DA GARGANTA SECA. Dizem que tudo ocorreu por causa de uma única moradora da região, dona Iara, paciente da unidade há mais de 15 anos e em algumas vezes adentrando o local com uma ou outra garrafinha plástica. Dias atrás o diretor discutiu por telefone com a mesma e foi taxativo na continuidade da medida impeditiva.
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Estamos diante de tempos diferenciados, onde grassa a insensibilidade humana para com o semelhante e esse é um bom exemplo de como tudo poderia ser resolvido numa bate papo amigável, mas resultou num aviso proibitivo e até num bate boca. "Pra que isso?", o próprio secretário deverá se perguntar ao tomar conhecimento desse enredo de triste encenação e desfecho. Estive no local por quase uma hora e em nenhum momento vi algum tipo de fila ou algo parecido. Vi sim, a tal placa ali causando comoção, enfim, negar a utilização da água para uma senhora de idade, denota como deve ser as decisões desse setor no restante das suas ações. Diante de tantos problemas gravíssimos, alguns citados aqui, todos aguardando solução, o setor administrativo vai se preocupar em não permitir que se bebem água e restringir seu uso. Falta agora só instalar uma catraca na porta, um cartão magnético controlando entrada e saída, além de restringir os copos consumidos por cada pessoa se utilizando do bebedouro. Esses são os exemplos do Brasil que não dá certo, do país retrógrado, onde não se consegue uma solução simples para algo tão pequeno. Como pode uma Secretaria como essa, com tanta coisa para ser resolvida, tomar medidas como essas? Histórias como essa precisam mesmo ser divulgadas, espalhadas ao vento, até para que algo coletivo ocorra, uma tomada de consciência sobre o papel do servidor e da relação deste com a sua comunidade. O que menos precisamos nesse momento é de medidas autoritárias, sem nexo, fundamento e na contramão do bom senso. O registro vale não só para essa ocorrência, mas para tantas outras ocorrendo na mesma proporção por tantos outros locais. Tomara que esse toque aqui dado propicie uma nova tomada de atitude, não só neste local aqui indicado no texto, mas em tantos outros.
Em tempo: O próprio bebedouro não tem manutenção, pois encontra-se com o pé quebrado, mas a preocupação dos abalizados técnicos é para com a utilização da água, que pelo andar da carruagem, poderia ser revendida, auferindo recursos para a manutenção do equipamento.


VITROLINHA DO HPA
"UMA VOZ ANUNCIOU, MEU SINHÔ, EU SÓ QUERO BEBER ÁGUA"

Em Bauru acontece de tudo, até um servidor público baixar uma proibição de que pessoas de fora de uma determinada repartição possam beber água. O sujeito é escolhido, ou mesmo, caí no colo de um serviço e sem o tino para o trato com o próximo, estabelece seu jeito próprio de tocar a coisa, sem o traquejo e o bom senso para com o semelhante. Ao me deparar com o inusitado da história (que bem poderia ser uma estória, mas não o é), do impedimento por decreto das pessoas se servirem de um bebedouro, isso me fez ir buscar no acervo mafuento por um CD, o "Samba da Cidade" (Lua Discos/2003), do MOACYR LUZ, com uma letra e música de sua autoria, uma que participou de um dos últimos festivais de música da TV Globo, com a "EU SÓ QUERO BEBER ÁGUA". A alusão é mais que propícia. Descobri uma coisa e aqui a coloco em prática: muitas vezes a pessoa insensível não se dá conta do seu erro, mas com um toque a mais, talvez a ficha até venha a cair, nesse caso só acontecerá com a liberação da beberagem de água, livre, leve e solta. Tempos difíceis esses, hem!


Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=qqve2Z4Dm8c

Quando o samba chegou
Na curva de um rio que passou
Foi o mar roçando a pedra
Tanto cantou, noite alta
Que o galo serenou
E uma voz anunciou, meu "sinhô"
Eu só quero beber água

Tanto cantou, noite alta
Que o galo serenou
E uma voz anunciou, meu "sinhô"
Eu só quero beber água


E assim o tempo passou
Fez poeira pro ganzá
Fez a lua pratear
Fez o som da revoada
Tempo passou, noite altA
Que o galo serenou
E uma voz anunciou, meu "sinhô"
Eu só quero beber água

E tudo cantou
O vento no meio da mata
Veio me chamar
Eu nasci daí,
Eu só quero água

3 comentários:

Anônimo disse...

Pra vc ver como anda (ou não anda) a saúde aqui na capital da terra branca. Sou do Conselho Gestor da USF do Residencial Nova Bauru e nessa unidade estamos sem atendimento dentário por causa de que?
Pasmem todos, por causa de um compressor.
Sem contar que a Unidade está atendendo os usuários da v.s.Paulo por conta de uma reforma.Isso dito, chegamos à seguinte conclusão : fodam-se os pobres. Pobre não precisa de dente.
Sonia Santos Medeiros

Anônimo disse...

É uma ingerência generalizada em nossa cidade. São decisões e normativas sem nexo nenhum, sem fundamentação. Digo que estamos vivendo num momento que podemos chamar de antigestão. Um dia vamos sentar e te conto mais.
Daniel Dalla Valle

Anônimo disse...

Prefeito Gazetta e sua equipe militar. Enquanto um coronel não consegue reformar o wc da rodoviária o outro proíbe o povo de beber água.
Antonio Pedroso Junior