quarta-feira, 23 de junho de 2021

AMIGOS DO PEITO (186)


QUE ESPERAR DA VIDA AOS 61...
Chego na marca fatídica, ou seja, consegui sobreviver mais um ano de minha existência humana, ainda mais dentro dessa pandemia. Grande feito. Hoje, 23 de junho completo meu record, enfim, estou na lida há exatos 61 anos. Fico sem palavras, pois sei ter muita gente que não gosta nem um pouco de mim, mas por outro lado, tem uma pá que ainda consegue me admirar e até gosta de mim e do que represento. Muita responsabilidade. Aqui e agora, sentado dentro de casa, muita reflexão, paro e penso na vida, em tudo o que já fiz, onde já estive metido e no que estou no momento. Os altos e baixos, os picos, os pontos fora da curva, as pisadas na bola, os erros e acertos. A cabeça gira e no frigir dos avos, nem sei como consegui chegar até aqui. Minha vida, confesso, a levei meio que aos trancos e barrancos. De tudo, tive mais sorte que azar. Olho para trás e me deparo com tantos momentos onde chego a chorar. Creio não ter muito mais tempo para grandes reflexões e do que me resta de tempo, tenho muita briga ainda pela frente. Isso sempre me moveu, as tantas brigas compradas ao longo do tempo, envolvimentos por causas pelas quais considero as acertadas e delas o motor pra tocar a coisa adiante. Esperar da vida, depois de tudo e dentro do momento atual, não dá para ter esperanças de grandes coisas, mas de algo eu tenho a mais absoluta certeza: não posso me aquietar justamente agora. Não é momento para me calar, me conter, muito menos me esconder e se fingir de morto. Se lutei muito, agora quando o país está no fundo do poço, posso até me gabar e sair de fininho, ir fazer outra coisa, buscar refúgio em lugar mais seguro, mas não, não consigo. O que devo e vou continuar fazendo é essa exposição diária, contínua, incessante e sem tréguas, pois além de me fortalecer, dar mais força para seguir adiante, é assim que sei e sempre fiz.
Serei um eterno comprador de brigas. Estarei sempre ao lado dos injustiçados e no meu caso em específico, reúno forças e histórias dos ditos por mim como do Lado B, os tantos invisíveis deste mundo e se possível, mesmo sem pouco contato com as ruas, meus escritos continuam, mais de memória do que da forma como gosto, a presencial. Considero ainda ter alguma lenha para queimar, daí, a uso da minha forma e jeito, nem sempre a mais correta, mas sempre estarei posicionado contra as injustiças deste mundo e em busca de outro mundo, que a gente sabe, se o esforço for significativo e coletivo, talvez até consigamos. Essa minha luta. Eu não permito que a depressão se aproxime de mim, pois ocupo todo meu espaço livre e o preencho com o que mais gosto de fazer, ler, escrever e multiplicar ideias. Dos escritos, nem sempre adequados, corretos, mas seguindo uma linha, a da defesa do mais fraco. Até no futebol sou assim, deixo de torcer para meu time do coração, tudo para estar ao lado daquele que hoje está na condição inferior. Esses são os que me atraem e só de estar ao lado destes, nem que seja só na torcida, já me sinto revigorado. A luta de uma vida inteira, sei que nunca será devidamente concluída, pois sempre existirá o algo mais a ser feito, aquilo onde me emprenhei pouco, mas mesmo que o faço de forma insipiente, estarei por lá, sendo, fazendo e acontecendo. Não existe como me brecar, pois mesmo que forças adversas me contenham, estarei tentando dar meu jeito de continuar na lida, na luta e esgrimando contra os perversos todos. Eles são muitos e sei que, assim como eu, somos milhões e temos também uma força mais do que disposta a não desistir. É isso. Poderia continuar com essa ladainha por tempo infindável, mas creio já ter conseguido passar minha mensagem e todos que me conhecem sabem onde estou e estarei. Tomara ainda me seja permitido mais um tempinho de vida pra que essa luta possa ter continuidade, pois ainda vencemos tão pouco e seria mesmo uma merda a luta ser vencida e eu já ter me retirado dela, morto ou sei lá o que. Assim espero, forças para continuar fazendo o que sempre fiz, até com mais esmero e perseverança. Beijo para tudo, todas e todos. Muito agradecido pelas considerações todas. A luta continua!
OBS FINAL: Se por acaso não conseguir agradecer a todos, segue a charge da Laerte, que uso todos os anos, aqui o último anexo, cainda como uma luva para as considerações finais.


O LIVRO DO PAULO NEVES – HOJE O LANÇAMENTO E ELE ME PRESENTEIA COM UM EXEMPLAR
Paulo Neves em Bauru dispensa apresentações e depois de uma trajetória vitoriosa e cheia de boas histórias, lança hoje seu livro de memórias, onde conta suas histórias. Trata-se do “Palco de Memória – 50 anos de teatro e luta, autobiografia comentada de Paulo Neves”, Mireveja Editora, Bauru SP, 2021, 144 páginas.

Poucos são os que nesta cidade não possuem uma história com Paulo Neves. Eu tenho algumas e em todas, ou na imensa maioria delas, ele como protagonista e eu como expectador, seja quando das Semanas de Teatro ou nas aulas de História, nas memoráveis da Semana Latino-americana que fazia no Colégio D’incao. Ou mesmo nos jantares no Esquinão Lanches quando ele ainda existia no endereço ali perto da praça Portugal. Quantas vezes não fomos ali lanchar e ele jantar, sendo que a conversa ia além do servido. De todas, a que mais me marcou foi num dia, coisa de dez anos atrás, na entrada de uma de suas semanas eu adentro o local junto de meu filho e logo no pé da escada ele me aborda, puxa meu filho de lado e lhe diz: “Tenha muito orgulho de seu pai, porque ele é um baita de um cara”. Falou coisas maravilhosas a meu respeito e para meu filho. Se já gostava do Paulão, passei a ser desses apaixonados.

Paulo deu muito murro em ponta de faca nesta cidade. Num dos seus momentos, que nada tem a ver com teatro, anunciou no jornal que estava se desfazendo de sua coleção de jornais do Pasquim. Eu que tinha a minha, só não liguei para comprar, exatamente porque tinha a minha e não tinha grana para tanto. Logo depois, numa enchente perco parte significativa da minha. Ou seja, o mais importante, tanto eu como ele bebemos na mesma fonte. Somos pasquineiros com muito orgulho. Somos também professores de História, ele na acepção da palavra, eu mequetrefe, devagar quase parando. De sua arte, sou fiel devoto e seguidor. Ele vez ou outra, corajosamente, publica cartas na Tribuna do Leitor e abre seu coração, sem medo de ser piegas ou mesmo confessar coisas em público. Fui em quase todos os festivais, primeira fila, fotografei muito em alguns deles. Lembro bem de um dia, eu, ele e o artista do traço, Carlos Latuff, numa mesa de bar trocando figurinhas.

Enfim, falar do Paulo eu ficaria horas, cheio de histórias e recordações. Até hoje não compreendo direito como o deixaram sair lá do D’incao, pois além de dar aulas, era uma instituição, dessas que só pela presença física, enaltecia o lugar. Hoje, tanto ele como eu estamos confinados em nossos “aparelhos”, que alguns dizem ser apartamentos, mas na verdade são meros lugares onde nos escondemos nestes tempos, para depois, lá na frente a gente voltar a aprontar nas ruas. Paulo lança seu livro hoje e o lançamento será de forma não presencial, através de um link disponibilizado pela editora, mas acabo de ser por ele presenteado por um exemplar. Seus filhos, Thiago e Talita estivera maqui no portão de casa e me entregaram autografado o livro e quase chorei no portão. Essa deferência dele para comigo é a mesma que tenho para com ele. Somos dois velhos rabugentos, ranzinzas e rancorosos, mas também cheios de ternura e boas recordações. Eu ainda emocionado escrevo essas linhas, louco para ler logo o livro e confabular o quanto antes com o Paulo, pois conversa nunca nos faltou. E da boa.


AJUDA PARA LUARAL LUAR CONSEGUIR BATER ASAS, CAIR NA ESTRADA, FICAR NA BR
Quem está passando por mal bocados nestes tempos que levante a mão? Difícil ver alguém continuando de mão abaixada nos tempos atuais. Todos, cada qual ao seu modo e jeito estamos num barco sem remo e direção. À deriva e em busca de algum porto seguro. Admiro demais da conta os que, mesmo nas maiores adversidades não desistem, ou seja, insistem e persistem. Conto aqui uma história rápida e a qual se pudermos ajudar seria ótimo, pois seria algo libertador para alguém em busca de paz consigo mesmo.

Tenho profunda admiração pelo trabalho, modo de vida e pelo ser humano que é o mult e polivalente artista Luaraul Luar, antigo Raul Magaine (https://www.facebook.com/raul.magaine.9). Cantou por diferentes lugares em Bauru e região, deu muito murro em ponta de faca e pelo modal alternativo, ousado, libertário, paga seu preço. A pandemia o ceifou, podou e o fez permanecer trancado em casa, com seus compromissos batendo a porta sem dó e piedade. Fez o que pode e o que não pode. Chegou no limite e agora, depois de já ter tentado tudo, desiste de Bauru e vai em busca de um luz, considerada por ele algo novo, talvez o que almeje. Ele vai tentar, não desiste e para fazê-lo se desfez de tudo o que possuía, a começar pelos móveis de sua casa. Pagou alguns compromissos pendentes e pega estrada Nos próximos dias, quase com uma mão na frente e outra atrás. Um caraminguás no bolso. Ele não tem nenhuma vergonha disso, pois já o fez em outros momentos da sua vida. Como ele mesmo diz, “meu negócio é a estrada, a BR, o semáforo, a rua e quando vejo que aqui a coisa estagnou, minha saída é sair por aí”.

Desta feita quer sair do casulo onde está enfurnado, atado dos pés à cabeça e sai pelo mundo, com um trabalho certo. Dele quer conquistar outro, o da compra de uma perua Kombi, talvez uma vã, quiçá um trailer e com ele rodar o mundo, cantar por aí, expor seu trabalha de forma mambembe. Bauru já deu e aqui ele sabe, “desse mato no momento não sairá mais coelho”. Conheceu por aqui outra artista como ele, estradeira como ele, Hellen, malabarista, se encantaram e vão pegar o trecho juntos, sem eira nem beira, muitos caminhos, nada definido. Ele não pede nada, mas eu e Amanda Helena queríamos proporcionar ao artista, por tudo o que já nos fez de bom, um algo a mais. Por que não uma última ajuda, rápida, imediata, pois ele entrega sua casa na quinta, fica uns dias mais na casa de uma parente e semana que vem alça voo. Daí, estamos pedindo algo em grana viva. Um bocadinho de cada um e assim ele não vai passar por maiores dificuldades até dar o prumo necessário para sua vida neste momento. Se algo foi feito tem que ser hoje, terça, 22/06 ou no máximo quarta, 23/06, pois quinta ele pega a estrada, sem lenço e documento, cheio de plano e sonhos, mas quase sem nada no bolso. Eu como adoro os sonhadores e só não faço o mesmo que ele, pelas amarras me prendendo à aldeia bauruense, muito também pela falta de coragem, não me furto em escrever dele, passar aqui seu contato e pedir assim de última hora:

VAMOS AJUDÁ-LO? Podem ligar para ele e ver como, pelo número 14.99801.7150 ou mesmo depositar já para:

Hellen Pimenta Ferreira – Banco Caixa CEF – Agência 3178 - Operação: 013 - Conta Corrente: 00010771-8

Hellen é sua atual companheira, ela é malabarista e atuou aqui em alguns sinais de trânsito da cidade. Ela diz conhecer lugares por aí onde ele possa se apresentar e daí, saem juntos em busca do sonho de suas vidas, que não é nada grandioso financeiramente, mas de encontrarem algo onde possam tocar suas vidas da forma como gostam, produzindo arte. Tudo o que puder ser feito neste momento, será ao menos uma espécie de Couvert Artístico de Despedida por tudo o que ele já fez por nós, cantando e embalando nossos sonhos.
OBS.: Amanhã tento fazer um texto com a Hellen, contando pouco de sua história e do que pretendem encontrar daqui por diante nas BRs da vida.

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