É COM BAITA ORGULHO DENTRO DO PEITO QUE CONVIDO TUDO, TODAS E TODOS PARA...
O 50ª “Lado B – A importância dos Desimportantes”, este bate papo semanal deste desinportantíssimo cidadão, o mafuento HPA. Essa pandemia além de todos seus males, tem outro, o de apartar todos, isolar cada um em sua casa e desta forma, todos adoecem mais rapidamente. Logo no começo eu lia muito, me enfronhei demais nas lituras, mas sentia falta da rua, do contato com as pessoas, de minhas idas e vindas pras cidades todas onde sempre estive, vendendo meus penduricalhos e assim tocando a vida, sobrevivendo e vendo pessoas, conhecendo gente nova a cada nova situação. Sem isso, eu vi que ia enlouquecer. Tenho os meus aqui em casa, mas desde que tudo começou, eu e ela permanecemos os dois trancados, só nós dois e nada mais. Não posso dizer que isso não é bom – e continua sendo -, mas faltava algo e para amenizar isso eu tive uma ideia. Começaram a pipocar lives por todos os lados e em todas os importantões, o figurões, os colunáveis, os donos da cocada preta. Para vê-los já bastava ligar a TV, o rádio ou pegar as revistas e jornais. A maioria dos espaços é dedicada a estes e destes eu não quero ler mais nada. A vida destes não me interessa nem um pouco.
Não foi preciso muito para bolar algo e colocar em prática, sempre da forma mais rudimentar deste mundo, ou seja, o meu jeito de fazer as coisas, sempre pelo jeito mais complicado. Eu bolei que poderia começar a dar voz para os que possuem pouca voz, visibilidade e pouco são ouvidos. E se o são, mais para ressaltar tragédias, ou algo inusitado que fizeram, nunca para contar das batalhas e lutas pela transformação deste mundo. Eu que sempre vive enfronhado com estes todo, conheço um bocado de gente possuidora de belas histórias pra contar e daí, o negócio foi esse, alguém que me ensinasse a fazer live. Não gosto deste termo, passei a usar outro, BATE PAPO e assim dei o pontapé inicial. Nem sei quem me ensinou a fazer o primeiro, quem me apresentou ao Stream Yard, mas foi fácil e comecei. Logo no primeiro, o Marnasci estava enfurnado no interior de Minas e não conseguiu fazer o acesso. Gravei ele pelo whatts e assim em três etapas soltei o primeiro traque. Depois no segundo já acertei, no terceiro ficou melhor e peguei gosto, não parei mais. Muitos pegaram no meu pé por causa do negócio de “Importância dos Desimportantes”, mas inisti, já expliquei dos motivos por aqui e a cada dia tenho a mais plena certeza, somos os mais importantes do meu mundo. É o que me basta.
E então, semana após semana, só uma de descanso ou interrupção, quando o amigo Roque Ferreira morreu e não tinha clima para entrevistar ninguém. Agora chego ao 50º, um feito e tanto. Tenho mais cinquenta pessoas na fila, todas com algo dos mais importantes para deixar aqui registrado. E a cada semana vou tentando mesclar, trazer gente de todas estirpes possíveis. Esse Lado B é eclético e para abrilhantar esse número redondo, teria que trazer alguém pra lá do balacobaco. Todos são muito especiais para mim, todos representam algo de grandioso dentro do cenário onde vivo e toco minha vida e a cad semana penso muito, preparo com antecedência a conversa. Mas quem poderia trazer no 50º? Matutei muito e aqui está ANA MARIA LOMBARDI DAIBEN, uma das mais respeitadas educadoras desta aldeia bauruense. Alguém cuja conversa é sempre das mais aprazíveis, flui gostosa, sempre cheia de muita luz, o que mais precisamos no momento. Ana se aposentou alguns anos atrás e creio eu, está trabalhando mais agora e mais ainda nestes tempos de pandemia, quando faz e acontece pelo modal online. Eu sempre tive um carinho mais do que especial pelo casal representado por ela e meu dileto amigo Isaías Daiben. Foram algumas histórias juntas e daí, querendo também reviver algumas delas, nada melhor do que quem viveu com ele para nos contar.
Ana vai falar disso tudo, de Educação, o que pratica com um sapiência como poucos, depois outro tema que acho dos primordiais nos tempos atuais, a importância da religiosidade nas transformações em curso. Ela e Isaías souberam como ninguém tocar algo que foi a fé transformadora, que ela denomina de espiritualidade transformadora. Eles sempre foram gente de fé, mas uma fé com os pés no chão, olhos e ação voltados para o bem comum, o dividir o pão, semelhantes no mesmo patamar e com justiça social. Quero entender melhor como consegue e se vê esperança na continuidade dessa empreitada. E falar da vida a dois, dos envolvimentos do Isaías e dela, no quanto isso possibilitou ser o que essa Bauru respeita e admira. Enfim, um bate papo com Ana Daiben é coisa para gente fazer e se dizer privilegiado. O gostoso foi fazer uma chamada de sete minutos e fazê-la rir de um jeito tão gostoso, que acho que a conversa vai render mais do que esperava. Espero ter a sapiência de saber conduzi-la a contento. Ela tem muito pra dizer e eu preciso me preparar para não desperdiçar do grande feito de tê-la ao meu lado em uma hora numa prosa. Que seja proveitosa.
Em 02.01.2016 escrevi dela no meu blog, o Mafuá do HPA – ANA MARIA DAIBEN, PROFESSORA NA ETERNA RESISTÊNCIA: Ela é professora universitária aposentada, onde militou por décadas na Unesp Bauru. Tranquila da boca para fora, calma em quase tudo o que faz, gestos comedidos, é dessas que parece fazer tudo milimetricamente de caso pensado, bem refletido. Acredito ser isso mesmo, mas no quesito linha de pensamento não abre mão da justeza social, de estar sempre ao lado da incessante luta por dias melhores das camadas deixadas de lado quando da divisão do bolo brasileiro, do injusto sistema vigente. Além de professora, foi também por certo período Secretária Municipal de Educação de Bauru, administração Tuga Angerami e soube administrar, sem se deixar sair do tom necessário e justo ao lado das reivindicações de alunos e de uma categoria clamando sempre por algo mais representativo. Esposa do também professor e falecido militante político Isaías Daiben, ambos católicos sociais (ou até socialistas católicos), vivenciou a pluralidade de opiniões no seio de sua casa desde sempre. Nasceu em Corumbá, mas desde muito cedo em Bauru, graduada em Pedagogia pela FAFIL, hoje USC, depois Mestrado em Piracicaba e doutorado em 1998, pela própria Unesp, milita na Educação desde quando iniciou suas atividades profissionais até o momento da aposentadoria, quando coordenava o NEPP – Núcleo de Estudos e Práticas Pedagógicas da Unesp, ligado à sua Pós Graduação. Se existe alguém com uma fleuma maior que a dela, desconheço e diante de tão aflitivos momentos como os de hoje, puro confronto, onde de um provável debate pipoca uma agressão raivosa, Ana é dessas que sabe tirar de letra isso tudo, pois não entra em divididas desnecessárias com quem não vai lhe acrescentar nada. Prefere fazê-lo, e o faz, com aqueles (as) todos com ainda garrafas vazias para vender. Deixa o ódio para quem tem, preferindo nunca ampliar espaço a esses, além do que já possuem. Melhor forma de encarar isso, só com ela mesmo. Pois então, nada como começar 2016 compreendendo melhor isso tudo e tentando fazer uso dessa magistral forma de ação. É o que tento fazer a partir de agora, não copiando nada, mas usufruindo de ensinamentos que farão tão bem, não só a mim, mas para todos à minha volta”.
Percebam a responsabilidade que tenho em mãos...
CHEGOU A HORA DO 50º LADO B, HOJE COM A EDUCADORA ANA MARIA LOMBARDI DAIBEM, PROSA PRA LÁ DE METRO... Eis o link da gravação do bate papo com 1h21: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/4649964685033504
Ana Daibem pede pra ler um texto extraído de uma fala em formatura da PUC SP e ele é bem elucidativo de como ela pensa e age em relação ao servilismo de alguns ao poder vigente. Um bilhete encontrado num campo de concentração alemão na época da guerra e nele: “Prezado professor, sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver. Câmaras de gás construídas por engenheiros formados. Crianças envenenadas por médicos diplomados. Recém nascidos mortos por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados em colégios e universidades. Assim tenho minhas suspeitas com a Educação. Meu pedido é ajudem seus alunos a tornarem-se mais humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros refinados ou psicopatas hábeis. Ler, escrever e aprender aritmética só são importantes se tornarem nossas crianças mais humanas”.Quando ela lembra do marido falecido, Isaías Daibem: “Nós sempre tivemos uma convivência fraterna com pessoas das mais diferentes convicções. Sejam religiosas, sejam políticas. Dentro da nossa casa receber à mesa, um ateu, um marxista, um isso ou aquilo, não me interessava. Era alguém que tinha algo para nos dizer. Nossa casa sempre foi aberta a todos, independente das matizes de linha de pensamento. Isso nos manteve juntos, sem perder as origens, sem perder as bases da fé. A fé naquele Cristo revolucionário, inclusive com os materialistas, pois há momentos em que eles muito nos ensinam, são muito mais coerentes do que os que vivem se benzendo. Eu sentia que acontecia conosco, guardadas as devidas proporções, ao que acontecia com Paulo Freire. Ele era massacrado pro cristãos que diziam que ele era comunista e tinha muito marxista, materialista que acabava com Paulo Freire porque ele tinha as suas origens intelectuais na igreja. Então ele apanhava de todo lado, daí conosco, comigo e com o Isaías não foi diferente. Já vivemos essas coisas aqui na cidade, de não ser devidamente compreendido. Imagina tipo assim, que esquerdista é esse papa hóstia. Quando você tem clareza das suas opções, essas coisas aborrecem, mas a gente vai em frente”.
Muito interessante, sua fala sobre conter alguém com ímpeto transformador como Isaías: “Sempre tive um respeito profundo pelas opções dele. E que muitas vezes a política nos fazia ser privados de momentos mais nossos, mas que egoísmo seria o meu querê-lo pra mim em detrimento de uma missão que ele tinha. Eu sempre tive essa clareza e isso nunca foi problema, pelo contrário, só aprendemos”.
Quase no final ela discorre sobre as divisões da esquerda
para obtenção de seus objetivos: “A perspectiva do diálogo, propositura
fraterna, independente das diferenças que possamos ter. Vou te lembrar Antonio
Maria Baggio, intelectual italiano e o livro dele é o Princípio Esquecido. Ele
diz assim, sabe por que até hoje a liberdade e a igualdade não foi conquistada?
Porque o princípio da fraternidade ficou esquecido. Porque quando a gente quer
lutar por igualdade e liberdade e a gente se agride, a gente fica em posições
opostas, medindo forças, isso não vai acontecer. Você pode me dizer, isso é
poético, ingênuo. A História está aí para mostrar o que que deu, até querer
pensar em igualdade e liberdade, sem o respeito a fraternidade e a dignidade
humana. Taí a história pra contar”.
Falou muito mais, mas mais não conto. Assistam e vamos então conversar a respeito.
ALGO MAIS DA MANIFESTAÇÃO BAURUENSE DE ONTEM PELAS RUAS E LUTAS
1.Meu vídeo de 8 minutos, gravado quando subi no canteiro
central da avenida Rodrigues Alves e de lá puder registrar parte do ato. Eis o
link: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/4647796801916959
2. Alguns artistas cantavam contra os desmandos de Bolsonaro
e também da imperfeita (sic) Suéllen Rossim: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/4647759985253974
3. O jornal Dois gravou boa parte do ato. Eis o link: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/4647699088593397
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