* Neste domingo, TRÊS escritos perdidos, postados desordenados, deste pedaço perdido do mundo, que minha companheira carioca, quando aqui aportou doze anos atrás me dizia, ser o fim do mundo e hoje, constato, mas sei também, que o fim do mundo está disperso e dividido entre tantos outros lugares, enfim todos muito parecidos, numa semelhança assustadora.
Noite de sexta, 25/06, mil velas no Vitória Régia, protesto pelas mil mortes na cidade. |
Manhã de sábado, 26/06, mil cruzes na Nações Unidas, protesto pelas mil mortes na cidade. |
"Desde o começo, eu sempre disse que o problema de Bolsonaro com as vacinas e o tal tratamento precoce estava na propina. Nunca foi negacionismo, mas sim pragmatismo e oportunismo canalha. As vacinas que funcionam, como são escassas no momento, não demandam propina para serem vendidas. A cloroquina e o remédio para verme, por seu turno, estão disponíveis aos montes no mercado. Bolsonaro usou a pandemia como um pretexto para lucrar. Foi assim que mais de 500 mil brasileiros morreram. Para que uma família de parasitas pudessem ganhar algum”, jornalista Rodrigo Ferrari, Catanduva SP. A charge do amigo carioca Carlos Latuff vai na mesma veia, agora revelada e o fio da meada para defenestrar de vez o charlatão, perverso e insano do poder. O que o Brasil menos precisa é de gente assim, dele e dos seus, todos que o rodeiam.
Estava com saudade dele e de seu ambiente, desses lugares onde dá de tudo um pouco e acontece também de tudo numa manhã dominical, ali junto de nossa maior feira e nas franjas da ferrovia. Barba está aberto, vendendo caldinho de feijão e mocotó, alguns salgados e refrigerantes, além é claro, dos sucos que revende numa banca próxima do bar. Queria muito abraça-lo, mas me contenho e pergunto: “Como vão as coisas? Você tá vendendo bebida alcoólica hoje?”. Sua resposta é direta é reta: “De jeito nenhum. Eu sei que o momento é muito ruim, a cidade está virada, muita gente doente e os hospitais lotados. Eu respeito a legislação e não vacilo. Mas te respondendo a outra pergunta, só eu sei o que tenho feito para pagar minhas contas e manter as portas abertas. Só para você ter uma ideia, tive que começar a vender algumas coisas de minha cozinha e do próprio bar, pois o movimento está muito ruim. Tive que vender minha maior preciosidade, a SANFONA e mesmo assim continuo aberto nem sei como. Tudo muito difícil”.
Eu tive que me encostar num poste para não cair. Revendo a história do Barba, ele e sua sanfona tiveram um momento auspicioso quando numa descida da escola de samba do Geisel, a Coroa Imperial e ele junto da bateria num dia de chuva, todo encapado, ou melhor, envelopado. Depois abriu o bar e sempre que lá estivemos, aparecida com o instrumento e tocava para deleite de todos. Era uma espécie de troféu pendurado num nobre lugar dentro do seu estabelecimento. Hoje, ele faz das tripas coração para continuar com as portas abertas e se tudo voltar ao normal um dia, não mais teremos a sanfona para alegrar os frequentadores. Barba e tantos outros tentam não fechar as portas de vez, não sabe mais o que fazer e conta com o seu público, o dali da feira, pois dos demais que vinham sempre, há mais de um ano, muito poucos por ali passarem. Ao contar essa história deste abnegado dono de bar, penso em todos os outros e culpo esse abre e fecha brasileiro como o provocador do agravamento da situação dos pequenos neste país. Não tivemos um lockdawn decente e no vai e vem, quem mais sofre são estes, sujeitos a legislação tacanha, precária e meia boca, junto do desdém de outro tanto de inconsequentes.
De uma coisa eu tenho certeza e nem isso vai resolver sua situação, mas algo precisa ser feito para resgatar seu bem maior, a sanfona. Porém, além disso, o vejo consciente e levando a coisa a sério, seguindo as regras, porém, cansado e lutando contra uma correnteza muito forte. Esse o painel da maioria dos pequenos desta cidade e país, labutando e remando contra a maré. Culpo os atuais governantes, principalmente o desGoverno Federal, negacionista até a medula, por tudo o que deixou de fazer e também a imPerfeita (sic) bauruense, que seguidora do capiroto, faz pouco caso e toma medidas paliativas, tornando a vida, principalmente de pequenos comerciantes, como o Barba, uma luta insana e diária pela sobrevivência. Ou seja, estamos todos num mato e sem cachorro, governado pelo que de pior poderíamos esperar. Com estes no comando e na continuidade da pandemia, o caos é mais do que inevitável.
1.) NEGACIONISTA DERRUBADOR DE CRUZESAqui por Bauru, felizmente, a ficha já caiu para milhares e se existia apoio para o capiroto e os seus, isso está em baixa e deve se acelerar, pois no próximo sábado, pelo que leio e me empolgo, 03/07, nova manifestação nas ruas e desta feita, como não poderia deixar de ser, mais e mais encorpada. Cresce também em Bauru a quantidade de munícipes descontentes com o modo como a imperfeita (sic), a novíssima (sic) alcaide, saída do mundo mais obscuro do fundamentalismo negacionista e bolsonarista toca a cidade nestes tempos de pandemia. Não será simplesmente produzindo uma Lei Seca aos finais de semana que colocaremos fim à tragédia. Esse jogar pra torcida já não produz efeito como dantes e, ela praticamente encurralada não pode mais nem querer ir fazer suas lives em postos de saúde, como como já se viu no do Geisel, teve que de lá sair escoltada. Está se transformando em apenas seis meses em unanimidade de como não deve ser a atuação de um alcaide municipal. Bauru reage e se mostra nas ruas, em dois auspiciosos momentos deste final de semana, protestos silenciosos, mas com uma amplitude incomensurável. No primeiro, na noite sexta, os mil copinhos sob a arquibancada e palco no parque Vitória Régia e no dia seguinte, ontem, sábado, 26/06, cruzes no canteiro central da avenida Nações Unidas nos lembrando as mil mortes. Muitas poderiam ter sido evitadas e pouco é feito nesse sentido. Em Bauru ainda se ministra kit preventivo nos ambulatório públicos e isto, mais que caso de saúde, deveria ser caso de polícia. Existem os ainda cegos, guiados pelo ódio destes tempos, mentes curtas, diria mesmo mentecaptos, como este cidadão que parou sua moto na avenida e foi lá, de forma isolada derrubar todas as cruzes ali fincada. Representam uma minoria, violenta e destes que, se hoje, mesmo diante de tudo o que se sabe do envolvimento do presidente com a corrupção na compra de vacinas da Índia, é capaz de segui-lo. Nós temos que, o restante da população provar que somos diferentes e não desistir de eliminar esses incompetentes e criminosos governantes. Ser eleito não é sinal para que siga promovendo boçalidades quando investidos dos seus cargos. Já passou da hora de colocar todos estes pra correr. E as cruzes lá da avenida, se um derruba, que nós todos juntos, vamos lá e a levantemos novamente, pois não dá mais para tapar o sol com peneira.
2.) O FIM DO MUNDO SE LEVANTADesço antes do almoço para tarefas inadiáveis no Mafuá, uma limpeza que sei quando começa, mas não sei quando termina, pois a coisa lá anda feia. Na primeira parada, a banca de revistas e todos por lá reverberando os dois auspiciosos feitos de resistência desta insólita Bauru. Mesmo com a parte contrária ainda querendo espernear, Bauru reage e se alevanta. Dali para no posto de combustível e o frentista, velho conhecido, me cumprimenta efusivamente com o toque os punhos cerrados e me pede: "Tem ainda adesivos do Fora Bolsonaro?". Dou alguns, os últimos, pois todo o estoque do que consegui com os amigos da Apeoesp já estão distribuídos e em circulação. Ele me diz algo mais e me animo: "Sabe que, agora já posso falar sobre o assunto com clientes, pois antes nem isso era possível, hoje muitos param e falamos dessa maldição bolsonarista numa boa". O que me diz é sinal de que, algo está em curso e mudando o cenário. No mercado, a próxima parada, diante de minha máscara Fora Bolsonaro, dois se aproximam e me cumprimentam e muitos sinais de positivo. Só um senhor, este de meia idade, me vira a cara, emburrado e com cara de poucos amigos. Provoco, diante de sua manifestação, passo muitas vezes diante dele e não consegue esboçar nenhum muchocho. O dia segue assim, mais altos que baixos e creio que, o ato marcado já para o dia 03/07, próximo final de semana deve ser mais do que auspicioso. Não passei ainda na Nações e se encontrar as cruzes arriadas, eu mesmo desço e as enfinco novamente na terra. Faço parte do time dos que resistem, insistem e persistem, possuidores da absoluta certeza de que, capiroto e todos os seus estão na contramão do mundo e precisam ser defenestrados da vida nacional, pelo bem da oxigenação necessária daqui por diante. Sabemos que, ainda existem muitos derrubadores de cruzes espalhados entre nós e um deles encontrei ao retornar para casa na farmácia, minha última parada. O cara estava na fila e esbravejava contra tudo, falando sozinho e em busca de palanque. Quando disse que escolheria a vacina, pois algumas não eram recomendáveis, não me segurei nas calças: "Meu senhor, pare de falar abobrinhas e tome logo a que lhe aprouver, a que houver no seu momento e se quiser dar uma de macho, permaneça em casa, quieto e não venha expor todos os aqui junto de ti neste momento". Sua mulher, junto dele, o puxa e me diz, olhando para todos na fila: "Eu canso de dizer a ele, mas não se emenda. Ele se finge de bobo, mas já tomou a vacina e fala isso só da boca pra fora". Sabe o que aconteceu? O danado levou uma sonora vaia no meio da farmácia e ficou desenxabido. Quebro as pernas dos negacionistas e se todos fizermos o mesmo, algo está mudando aqui deste lado do fim do mundo. Assim a gente faz o imPerfeita e seu vice deixarem também de andar por aí de braços cruzados.
3.) SINAIS DOS DE BAIXO PARA CIMA - BARBA VENDEU SUA SANFONA PARA TENTAR PAGAR CONTAS E MANTER PORTAS ABERTASEu não circulo entre os mais abastados e o faço hoje de forma insipiente dentre os que gosto de ser e estar, os que me movem, os dos andares de baixo. Da feira dominical, um sinal evidente de conscientização. Todos os ali atuando ou quase a maioria o fazem por necessidade, por não terem outra saída e ali estão, sendo, fazendo e acontecendo para continuar levantando algum para sua subsistência. A tal da Lei Seca bauruense é uma piada, de muito mal gosto. Todos sabem que, os points visados estão fechados e os nas vicinais vendem e se bebe muito. Alguns comerciantes são conscientes, outros nem um pouco. Outros, como ouço, me dizem que, o fechamento deveria ser geral e não só em alguns setores. Seriedade de araque. De um comerciante, o querido Barba, do bar do mesmo nome na esquina da Julio Prestes com Gustavo Maciel, boca de entrada da Feira do Rolo, ouço algo a me estremecer e, como sei muito bem, a sua situação é a da maioria dos pequenos comerciantes aqui a reverbero.
Estava com saudade dele e de seu ambiente, desses lugares onde dá de tudo um pouco e acontece também de tudo numa manhã dominical, ali junto de nossa maior feira e nas franjas da ferrovia. Barba está aberto, vendendo caldinho de feijão e mocotó, alguns salgados e refrigerantes, além é claro, dos sucos que revende numa banca próxima do bar. Queria muito abraça-lo, mas me contenho e pergunto: “Como vão as coisas? Você tá vendendo bebida alcoólica hoje?”. Sua resposta é direta é reta: “De jeito nenhum. Eu sei que o momento é muito ruim, a cidade está virada, muita gente doente e os hospitais lotados. Eu respeito a legislação e não vacilo. Mas te respondendo a outra pergunta, só eu sei o que tenho feito para pagar minhas contas e manter as portas abertas. Só para você ter uma ideia, tive que começar a vender algumas coisas de minha cozinha e do próprio bar, pois o movimento está muito ruim. Tive que vender minha maior preciosidade, a SANFONA e mesmo assim continuo aberto nem sei como. Tudo muito difícil”.
Eu tive que me encostar num poste para não cair. Revendo a história do Barba, ele e sua sanfona tiveram um momento auspicioso quando numa descida da escola de samba do Geisel, a Coroa Imperial e ele junto da bateria num dia de chuva, todo encapado, ou melhor, envelopado. Depois abriu o bar e sempre que lá estivemos, aparecida com o instrumento e tocava para deleite de todos. Era uma espécie de troféu pendurado num nobre lugar dentro do seu estabelecimento. Hoje, ele faz das tripas coração para continuar com as portas abertas e se tudo voltar ao normal um dia, não mais teremos a sanfona para alegrar os frequentadores. Barba e tantos outros tentam não fechar as portas de vez, não sabe mais o que fazer e conta com o seu público, o dali da feira, pois dos demais que vinham sempre, há mais de um ano, muito poucos por ali passarem. Ao contar essa história deste abnegado dono de bar, penso em todos os outros e culpo esse abre e fecha brasileiro como o provocador do agravamento da situação dos pequenos neste país. Não tivemos um lockdawn decente e no vai e vem, quem mais sofre são estes, sujeitos a legislação tacanha, precária e meia boca, junto do desdém de outro tanto de inconsequentes.
De uma coisa eu tenho certeza e nem isso vai resolver sua situação, mas algo precisa ser feito para resgatar seu bem maior, a sanfona. Porém, além disso, o vejo consciente e levando a coisa a sério, seguindo as regras, porém, cansado e lutando contra uma correnteza muito forte. Esse o painel da maioria dos pequenos desta cidade e país, labutando e remando contra a maré. Culpo os atuais governantes, principalmente o desGoverno Federal, negacionista até a medula, por tudo o que deixou de fazer e também a imPerfeita (sic) bauruense, que seguidora do capiroto, faz pouco caso e toma medidas paliativas, tornando a vida, principalmente de pequenos comerciantes, como o Barba, uma luta insana e diária pela sobrevivência. Ou seja, estamos todos num mato e sem cachorro, governado pelo que de pior poderíamos esperar. Com estes no comando e na continuidade da pandemia, o caos é mais do que inevitável.
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