domingo, 23 de setembro de 2007

UMA ALFINETADA (2)

Publiquei esse texto no Alfinete, lá de Pirajuí no final de Julho 2007 e saiu comentário até no Bom Dia aqui de Bauru. Continuo (continuarei...) pensando e agindo da mesma forma. E nem por isso mudei um tiquinho de minhas convicções.

ESTÁ TUDO CONFUSO E EU MESMO JÁ NÃO ME SINTO MUITO BEM
Tem semana em que a escrita fica curta, os temas embaralham-se dentro da cabeça e fico em dúvida sobre o que devo colocar no papel e repassar para os leitores d'O ALFINETE (ó dúvida cruel, ser ou não ser, eis a questão). Sou daqueles que não sai das ruas e o meu coração vira um buraco quando vejo crianças dormindo ao relento, com os pés para fora de uma suja coberta, espichada para dois ou três. E cada vez que tento lhes dar alguma coisa para comer, sou criticado pela grande maioria das pessoas, que diz ser minha a culpa desses "assassinos" não fazerem nada. "Quisera eu ter a vida maravilhosa desses garotos, de só comer e dormir...", comentam. Afinal, quem come e dorme? Quem tem uma vida de dar inveja? Quem são os assassinos? Estou cada vez menos entendendo certas coisas.

Tenho que confessar minha desorientação (perdi minha bússola) e desilusão também em matéria de política. Ando sem paciência com o caso Renan. Aqui por Bauru vivo algo sui-generis para mim. Apoio um provável candidato a prefeito, lançado por um partido que sempre repugnei, o hoje DEM, ontem PFL, ARENA, UDN... Porém, apoio ele sem qualquer constrangimento, pois sei que ele é o que de melhor teremos para as próximas eleições, o conheço, tem comprovada qualificação pública, é honesto, trabalhador e ético. Eu, que continuo de esquerda, votarei num candidato de um partido de direita. E o farei sem traumas, pois todos nossos partidos são muito parecidos hoje em dia. O diferencial são as pessoas e o meu candidato faz a diferença. Não dá para citar um só partido que não está um verdadeiro balaio de gatos. Não escapa nenhum.

Chego à conclusão de que não existem mais os partidos. Não existe o PT (ai que saudade). Não existe o DEM, nem o PSB (socialistas, aonde?). Não existe o PSDB (Aldir Blanc diz que são galinhas travestidas de tucanos). Não há, nem remotamente, resquícios do velho PMDB. O PDT (volta Brizola) e o PPS (cadê os comunas?) não existem. O velho e bom Partidão não é nem sombra do que foi no passado. Existe sim, uma casta em todas essas siglas, que vivem aferradas às "oportunidades" e ao dinheiro, enquanto a grande maioria dos brasileiros passa fome, ralam durante o dia todo e se matam nas ruas. Diante de tudo isso eu pouco me lixo para as siglas existentes. Continuarei votando e escolhendo meus candidatos, onde eles estiverem. Afinal, todos são parecidos uns com os outros. Não vejo diferença nenhuma entre Zé Dirceu e Renan, Duda Mendonça e Roriz, Alckmin e Marcos Valério, José Genoíno e Arthur Virgílio.

Lutarei até a morte pela minha utopia, mas me cansei de defender uma sigla e os aproveitadores encastelados nela. Hoje defendo nomes. Todos fomos enganados e estou cansado de fazer papel de otário. Faço uma lista de gente boa e gente muito ruim e má em cada sigla partidária. E voto naqueles em que acredito, pela trajetória individual, que transcende os partidos. Não nego que continuo vomitando muito com tudo o que presencio, mas não desisto. Esse o motivo por ter escolhido votar em pessoas e não em siglas. Elas caíram no descrédito. Vou parando por aqui, pois a ambulância já está no meu portão, com a sirene ligada. Sigo daqui para a UTI, provavelmente sem vagas.

Henrique Perazzi de Aquino, 47 anos, querendo comprovar que as siglas partidárias brasileiras não suportam um leve empurrão. Desmoronam feito obra do metrô em Sampa.
Obs.: a ilustração lá de cima é do Luiz Gê e saiu publicada no seu livro "Mocambúzios e Sorumbáticos", caindo como uma luva para esse meu texto. Apliquei um delicado Gilete Press, porém, com citação da fonte de origem.

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