O SAMBA CARNAVALESCO NO SEU DEVIDO LUGAR
O domingo de Carnaval foi de intenso trabalho para o pessoal da Secretaria Municipal de Cultura de Bauru. Afinal, a festa estava voltando à avenida, mais precisamente para a Nações Unidas e o desfile de blocos iria ocorrer na noite desse dia. Os preparativos começaram logo cedo, tudo para transformar o local numa passarela do samba. A Brahma instalou seus luminosos, uma cerca plástica revestiu os dois lados da avenida, dois palanques foram montados e foi viabilizada as interrupções do trânsito. Vinagre, o secretário da Cultura circulou pelo local desde cedo, para que tudo saísse a contento. E saiu. Nada a contestar. Uma equipe grandiosa esteve envolvida o tempo todo, o dia todo, cuidando de todos os detalhes, inclusive a distribuição de lanches para funcionários e policiais militares, feitas numa espécie de QG, dentro do pátio da COAB. Não faltou empenho, nem disposição, mesmo com o falecimento do Nildo, aos 45 anos, de câncer, dos quadros da Cultura bauruense. A festa teve que continuar.
São seis blocos inscritos e o festejo tem hora marcada para começar, 19h. Tudo pronto na pista, o pessoal da organização, todos de camiseta azul-marinho, com o patrocínio da FIB estão a postos. Cada um tendo um papel a cumprir, uns recepcionando a comissão julgadora, outros contando os participantes a adentrarem a pista, outro com cronômetro verificando se cumprirão o tempo determinado, outros no carro de som e microfones e assim por diante. Em todos, o contentamento, por estarem de volta a avenida, no contato com o povo, trabalhando e também se divertindo. Unindo as duas coisas, nada melhor e mais gratificante. A movimentação maior é colocar o bloco Amigos da Folia, com o tema do filme "101 Dálmatas" dentro da passarela sem grandes atrasos. Tudo começa ainda sob os efeitos de um forte sol e da claridade do fim do dia. Cléo Antonello é quem diz da disposição do grupo; "Íamos sair somente no baile do Luso, mas quando vimos a possibilidade única de batizarmos a avenida, não resistimos. Nossas famílias estão aqui, reunidas e se divertindo"No palanque de som, ao lado do dos jurados, Terezinha comanda a animação e procura encontrar palavras para animar a todos.Vinagre circula de um lado para outro, tendo ao seu lado, Sivaldo Camargo, também responsável pela organização de tudo, recepcionando muita gente, como o secretário Rodrigo Agostinho, que assiste tudo dali, o presidente do DAE Clemente Resende, os vereadores Marcelo Borges e Majô, entre outros. Espalhados por toda avenida, a Brahma montou barracas onde vende principalmente cerveja, consumida aos borbotões, pois o calor é grande. Enquanto rola isso tudo, o bloco Em Cima da Hora, do núcleo Mary Dota desce com um carro alegórico montado com reciclados variados e velhos CDs. Começa a escurecer na avenida e ambos os lados estão lotando. No pico da movimentação, falou-se em até 7 mil pessoas, com nenhum incidente sendo registrado. As TVs estão todas ali, num retorno de mídia considerável. Quem circula pelos bastidores percebe que muitos preferem circular pelos 500m da avenida, hora sendo encontrados no início da concentração, como no final, na dispersão. Um deles é Paulo Pantaleão, até pouco tempo proprietário da Digital Vídeo: "Subo e desço com a namorada, acompanhando os dois lados e dá uma vontade danada de entrar na pista e sambar". Essa é a vontade de muitos e alguns não resistem, como o ex-secretário da Cultura e professor da UNESP, Geraldo Bérgamo que, vendo vários amigos prontos para descer a avenida, mesmo não estando em trajes festeiros, adere e decide ir com eles no bloco Tudo Junto e Misturado e Variados das Idéias. Os blocos descem juntos para aumentar o número de participantes, pois muitos acabaram faltando e como a preocupação deles não é com a pontuação e sim, com a folia, tudo é valido. "Como poderia ficar sozinho se todos os meus amigos estavam prontos para desfilar, inclusive a vereadora Majô. Não resisti", conta Geraldo. O psicólogo Dorival Vieira capitaneou essa descida coletiva, recebendo adesões de última hora: "Aqui não existe fantasia pronta, cada um veio como quis e a ordem é se divertir".
Do lado de fora, quando a fome bate, os PMs, todos munidos de vales, vão retirando seus lanches e se recarregando. Quem sobe e desce a avenida é o vereador Marcelo Borges, parando a todo instante para uma conversa com populares. Pela expressão de sua face, as conversas devem girar em torno desse revival do carnaval na cidade. Outro que conversa muito é Clemente Resende, acompanhado da esposa, preferindo ficar no alambrado ao palanque. É impossível evitar o assédio nesses momentos. Nisso, quem desce é o bloco Ouro Verde 100% Arte, cujo diferencial é a contundente batida de sua bateria, bem ao estilo baiano. Os imensos bonecões de papel-machê encantam a molecada e não tem quem não queira tocá-los. Desceram com um estoque de preservativos, todos distribuídos rapidamente.
Na seqüência quem desfila é o tão esperado Sementes do Azulão, do Jaraguá. Na verdade, a estrutura vista já é de uma verdadeira escola de samba interiorana, nos moldes de muitas que já tivemos por aqui. Dona Cidinha, Aparecida Brito Caleda é quem comanda tudo, só chegando à concentração momentos antes do desfile começar. Sai de porta-bandeiras, encerrando o desfile do bloco e antes dos bumbos entrarem em ação, pega o microfone e ao estilo de uma verdadeira escola, faz um exaltado discurso sobre a volta definitiva dos desfiles. Recebe muitos aplausos e quando um ao meu lado tenta iniciar um questionamento sobre o distanciamento com os demais e se havia recebido ajuda externa, foi rechaçado de imediato por outro presente: "Ela merece. É a única que não deixou a peteca cair. Trabalha o ano inteiro e o resultado não poderia ser outro". Já na avenida, não tem como não prestar atenção no refrão do samba entoado por todos: "A nova era do Azulão vai começar. Quem viver verá". Eles apostam no futuro e o fazem acontecer. A escola, perdão, ainda bloco, encerra seu desfile estabelecendo uma certeza nos presentes, não veio para brincar e tem tudo para ganhar. Quando todos achavam que o desfile havia terminado, o bloco retardatário aparece. O atrasado Unidos do Bauru 16 que, deveria ter desfilado bem antes, adentra a avenida, com um refrão praticamente ironizando a própria situação: "Deixe o 16 cantar, deixa o 16 passar". E ele passou e a festa teve fim. Ou melhor, a festa do desfile, pois o batuque na dispersão demorou a ter fim. Lá junto ao palanque de som, um encontro acontece entre a vereadora Majô e Rodrigo Agostinho. Brinco com os dois e faço a pergunta: "Estaremos diante de um candidato a prefeito e a vice?". Ambos concordam entre risos, só que não revelam quem deverá ocupar um papel e o outro.
Muita gente ainda passaria por ali e tudo foi sendo desmobilizado lentamente, enquanto equipes da retaguarda desmontavam tudo. Antes da meia noite, o trânsito já estava liberado, palanques todos removidos e alambrados retirados. A avenida voltava ao seu normal e uns tantos procuravam espaço nos bares da região. Na fisionomia do secretário Vinagre, uma expressão de missão cumprida. O pontapé inicial para o retorno definitivo do Carnaval estava dado e em grande estilo.
Legenda das Fotos: Bloco Amigos da Folia abrindo a festa / Mesa dos jurados / Bloco Em Cima da Hora na Avenida / Vinagre e Rodrigo Agostinho nos bastidores / Bloco Ouro Verde 100% Arte pronto para descer avenida / A festa do Variado das Idéias na dispersão / Dona Cidinha do Azulão arrasando na avenida como porta-bandeira / Majô, Geraldo Bérgamo e Rodrigo Agostinho se encontram no final do desfile / No final, a confraternização dos que trabalharam na avenida.Henrique Perazzi de Aquino, escrito em 04/fevereiro/2008.
2 comentários:
Muita coisa ainda precisa ser feita para termos um verdadeiro carnaval na cidade. Para quem nada tinha foi um recomeço.
Soares carnavalesco do asfalto
Emcima da Hora um lindo Bloco. Eles Fizerão o Carnaval De Bauru Voutar Pena Que os Donos Do Bloco Tão No Carnaval de São paulo Trabalhão Numa Grande Escola X9 Paulistana? Mais Um Dia Eles Voltão
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