DICA (76)
FILA DO GARGAREJO EM TUDO DO III ENCONTRO LATINO AMERICANO DO D’INCAO
Esse domingo, 05/06, começa com algo desagradável, outro alentador e uma grande expectativa. O desagradável é a eleição de Merval Pereira para a ABL (Academia Brasileira de Letras), uma pessoa que escreveu muito pouco e derrotou Antonio Torres, com 17 livros escritos e uma folha corrida literária admirável. É a degeneração comprovada de tudo. Como alguém em sã consciência pode aceitar isso? Teria vergonha em assumir e ter que encarar olho no olho as pessoas na minha frente. O alento vem de um jogador, desses tido como problema, o ex-craque Maradona, que diante de tanta sujeira na FIFA (igualzinho na CBF de Ricardo Teixeira) vêem a público e escorraça com tudo e todos, exatamente no momento em que assume o cargo de técnico de um time árabe. Que outro monstro sagrado do futebol teria essa coragem? (Por aqui, só Sócrates). Quando muitos se aliam e fazem acordos com a excrescência, com os corruptos dinossauros esse cresce no meu conceito, pois chuta o balde. A expectativa vem do Peru, que hoje pode dar uma banana para seu passado mais sujo, o representado pela eleição da filha de Fujimori, a Keiko, que reviverá o nefasto, mas está diante de algo novo, alguém a olhar para o social, Humala, que nada tem de revolucionário, mas possui um olhar para a miserabilidade humana. Isso incomoda, aqui e alhures, tanto que a mesma campanha sórdida feita aqui, na Argentina, na Venezuela, no Equador, no Chile, na Bolívia ocorre lá. Torço desbragadamente por Humala.
Em Bauru um lugar para discutir um pouco dessa nossa América Latina. Mas como isso é possível? Sim, e no mais inusitado possível. O III Encontro Latino Americano do Colégio D’Incao (o cartaz atrasou e fica pronto amanhã, segunda), o mais caro da cidade é o único a produzir algo onde verdadeiramente ocorre uma pluralidade na discussão do tema América Latina. Ali não são levados os vaquinhas de presépio a confirmarem nossa passividade. Pelo contrário, o diretor da escola, marxista por sinal, tem na disciplina de História um professor exemplar, PAULO NEVES (hoje em Curitiba, amanhã aqui à frente de tudo) e é dele a idéia dessa semana, como é dele a organização de tudo. Eu, como amigo do Paulo, indico alguns nomes como participantes e ao ver os escolhidos do ano, uma grata surpresa. Indiquei três e o outro, amigo pessoal, figura renomada, tendo participado de todas suas edições, engrandece e fortalece essa realização. Escrevo de cada um abaixo. A programação começa amanhã, 19h30, no mais novo espaço cultural da cidade, o auditório (comporta quase 150 pessoas) da Livraria Nobel, na rua Alberto Segalla (rua defronte o Shopping) e tem tudo para agitar a semana bauruense.
Na segunda, 06/06, a discussão começa com GILBERTO MARINGONI, jornalista e desenhista bauruense, com livros belíssimos (tenho aqui no mafuá os da Venezuela e um divinal sobre a trajetória do Barão de Mauá) e um lançamento ocorrido nessa semana a agitar o mercado editorial brasileiro, o “Angelo Agostini – A imprensa ilustrada da Corte à Capital Federal, 1864-1910”, pesquisa de dez anos em cima desse conservador a revolucionar a ilustração tupiniquim. No livro algo a confirmar que passado e presente possuem suas semelhanças, pois nos primeiros governos da República, como nos de hoje, o domínio quase absoluto de um pensamento único, respaldado pelo poder dominante. Maringoni deverá falar disso, um mal que assola a eleição peruana e assolou a nossa, além de outros males causadores do atraso de nossa América Latina. É o único a ter participado de todos os três encontros. Boca do gargarejo.
Na terça, 07/06, quem estará com o microfone na mão é JOSÉ LARANJEIRA, emérito professor da Unesp local, artista plástico dos mais renomados por aqui (é dele a escultura da Praça da Paz, com a asa quebrada – perguntem a ele por que?). Sua trajetória é inustitada para nós, interioranos, pois nasceu aqui e foi com 3 anos morar no Uruguai, permanecendo lá por décadas. Vivenciou a mais cruel ditadura militar do continente e voltou de lá com um espírito dos mais libertários que conheço dentro do mundinho acadêmico local, além de um sotaque que muitos não entendem: Mas como, bauruense com sotaque castelhano? A arte desse continente e muito desse espírito inquieto de suas produções deve estar embutido na sua fala. Seu trabalho na universidade pública é único, divisor de águas e só por isso, sofre perseguições e padecimentos mil. Paulo Neves me pediu sugestão de um nome dentro do circuito acadêmico local e fui eu quem o indiquei, alguém a agir e possuir algo realmente a ser dito para uma nova geração despontando por aí. Ansioso por essa fala estarei na boca do gargarejo.
Na quarta, 08/06, CARLOS LATUFF, um nome que hoje dispensa apresentações, pois está inserido mundialmente nas hostes de lutas dos povos sofridos e espoliados mundo afora. Um artista que coloca seu trabalho gratuitamente à serviço desses povos. Seu traço está espalhado no planeta, conquista a ira dos cruéis poderosos e a paixão dos injustiçados. Sua fala não poupa ninguém e nem doura a pílula. Ao JC, em entrevista por telefone disse: “Na mídia discutem se sou ativista ou cartunista, sou ativista e quero botar fogo no mundo, enquanto os outros cartunistas, como Jaguar e essa turminha querem construir uma mídia democrática para o Brasil. Pára com isso”. Latuff sabe ser isso impossível, tanto que não abre mão de procedimentos, como o de não dar entrevistas para nada ligado ao no campo oposto, como a Rede Globo, etc. Indiquei seu nome para edição ano passado, ficamos amigos e por ter agradado, volta e deve descer a lenha novamente na reinante hipocrisia nacional. Só perco se estiver internado ou preso, fila do gargarejo obrigatória.
E por fim, na quinta, 09/06 quem fala é o cineasta argentino CARLOS PRONZATO. Conheci Pronzato ano passado na Bienal da UNE no Rio e comprei alguns de seus documentários. É um militante com uma câmera na mão e uma idéia na cabeça, a de estar ao lado das lutas em prol de uma América Latina livre e soberana. Viaja com os recursos que possui e vai filmando e registrando as histórias desse povo. Tem coisas lindas, desde a Argentina até o México, sendo que um sobre a questão da água boliviana fez história e outro sobre o Panelaço argentino. Mora atualmente em Salvador, e nem por isso deixou de ser argentino. Podem esperar que trará junto cópias de todos seus filmes, revendidos a preços ínfimos. Além disso é também escritor e seus livros possuem a mesma temática. De sua fala, dará alento para essa geração um tanto perdida, sem um ideal de luta definido (inserida num mercado consumista e excludente), mostrando que precisamos estar mais integrados no continente onde moramos e atentos para deixarmos de ser enganados por uma corja insana, espoliando as liberdades de um judiado e indiferente povo. Paulo Neves queria um nome novo e indiquei esse. Caiu como uma luva no evento e a fila de gargarejo será algo obrigatória.
De segunda a quinta, tenham certeza, das 19h30 às 22h é aqui que estarei. Por que outras instituições de ensino particulares de Bauru nada fazem nesse sentido? Essa resposta é do conhecimento até das pedras do reino mineral, mas o D’Incao aposta em cabeças pensantes e livres e não tenho como escrevinhar mal deles, mesmo sendo nossa escola mais cara. Uma verdadeira luz no fim do túnel...
domingo, 5 de junho de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
9 comentários:
Henrique,
Isso nem parece coisa de Bauru.
Não seria tudo isso algo fantasioso de sua engenhosa cabeça?
Posso ir sem medo de bater com a cara na porta e não existir nada disso?
André Ramos
Henrique no Peru não torço para nenhum dos nomes citados, é a manutenção de tudo de ruim daquele país irmao. No Peru sou Sendero Luminoso, sou Abimael Guzman e não abro mão.
Marcos Paulo
Comunismo em Ação
HENRIQUE
VOCE SABE SE O BETO MARINGONI VAI TRAZER O LIVRO DELE PARA VENDER OU SE A LIVRARIA NOBEL TERÁ OS MESMOS LÁ PARA COMPRAR E OS AUTÓGRAFOS?
DÁ PARA SABER ANTECIPADAMENTE.
REGINA
A região Leste iniciou um debate que vale a pena conhecer. Abraços
Malu Salgado
Copa Prá Quem?
No sábado, dia 3 de junho, aconteceu no Conjunto Habitacional José Bonifácio (COHAB II) a primeira reunião de lideranças populares sobre o impacto que a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 causará em Itaquera e em bairros próximos. Estiveram presentes representantes da Central de Movimentos Populares, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, do Coletivo Dolores Boca Aberta, jornal Inverta, e Trabalhadores da Educação-Unidade Classista, dirigentes de associações comunitárias, moradores da região, assessoria do mandato do deputado estadual Simão Pedro e este que chegou quando a reunião se encaminhava para o final.
As informações socializadas permitiram formar a certeza de que a população pagará um alto preço pela realização da Copa 2014. Remoções, despejos, demolições e outras formas de intervenção são previstas pelos poderes públicos associados nas obras que se iniciarão em breve. Falou-se que não só haverá a remoção da favela Vila da Paz, mas da população favelada que reside às margens do Rio Verde para a criação do Parque Linear que se estende da proximidade do estádio do Corinthians até o Parque do Carmo, como também dos milhares de moradores da Rua Caititu, cujas residências resultam de uma ocupação. Além disso, está prevista a ampliação da Radial Leste o que só poderá ser feita com desapropriações, comprimida esta avenida entre os trilhos do metrô e casas, estabelecimentos comerciais e Cohab I em Artur Alvim.
O que ficou patente é que tais informações foram obtidas via imprensa, em uma ou outra declaração de autoridades, pois não se divulgou até momento o que será feito na região em sua totalidade. Decidiu-se interpelar os poderes públicos pelas vias institucionais, ocupando o mandato do deputado Simão Pedro esta responsabilidade. Decidiu-se também pela palavra de ordem de um real paras obras, um real para benefícios sociais. Discutiu-se muito qual o nome do movimento que se criava, Itaquera Nossa, Copa Prá Quem? Não se chegando a um termo consensual, mas ficará por enquanto Itaquera Nossa para fazer contraponto ao Nossa Itaquera que articula comerciantes, empresários, políticos e moradores de Itaquera.
De nossa parte, conversamos com algumas pessoas e indicamos que este caminho por mais significativo que seja não poderia prevalecer sobre a mobilização da população que será atingida. Será pela mobilização popular que benefícios poderão ser obtidos para a população, como também, não se pensa apenas em ter reivindicações atendidas, mas organizar a população e conscientizá-la para futuros embates contra o capital. Os petistas articulados pelo mandato do Simão Pedro chegaram a propor a utilização de termos como exclusão e inclusão. De nossa parte, sem confrontar diretamente, conseguimos que essas ideias não fossem aprovadas por todos. Isso porque tais termos escondem a exploração de classe, como se um favelado obtendo uma casa tivesse seus problemas resolvidos no capitalismo. Nessa linha outros participantes propuseram ações diretas como ocupações das obras, bloqueio da Radial Leste, panfletagens, etc. Tais propostas foram aprovadas e serão executadas na medida em que haja mobilização.
Lembrando ainda que a reunião foi marcada como desagravo à reunião do Movimento Nossa Itaquera de 14 de maio quando as lideranças populares não tiveram espaço para se manifestar ficando a condução do evento nas mãos de empresários e representantes dos poderes públicos que nada esclareceram sobre o que será realizado na região. Pior ainda, endossando as ações da Prefeitura na remoção de camelôs, ainda que licenciados, do centro de Itaquera e de Guaianases, caracterizando um processo de limpeza social.
O Coletivo Dolores ficou de fazer a ata da reunião e socializá-la por meio de e-mails a todos.
A próxima reunião será em 18 de junho às 14h na subsede da APEOSP em Itaquera R. Colonial das Missões, 204, próxima à igreja matriz.
Antonio
Trabalhadores da Educação-UC
CONSTRUINDO A INTERSINDICAL
cara Regina:
Não liguei a ele, mas passei e-mail pedindo que trouxesse os livros, pois tanto eu como o Paulo Neves queremos comprar já. Não me respondeu, mas reforço pedido nesse momento. Tomara que traga, pois contigo já somos três.
Até logo mais amanhã à noite lá na Nobel.
Henrique - direto do mafuá
Caro Henrique - grato pelo convite.É uma turma de peso mesmo essa do D Incao acompanhado do Professor Paulo Neves militante respeitado no Magistério e na Cultura, Grato - Isaias Daibem
Onde está a divulgação disso?
Tem um pessoal ávido por isso e não tem nada a não ser o que li no Jornal da Cidade.
Vamos espalhar isso para os amigos.
João CUT
Caro Henrique
Pois é, das areias do Flamengo às terras baruenses!
Já estou com tudo preparado por aqui, Salvador BA. Em breve estou partindo. Foi muito bom o seu contato. Conheço o Latuff e espero encontrá-lo por lá..
Se quiser pode programar alguma atividade no Cine Clube local, já que antes de retornar teria um tempinho a mais,se quiserem. Antes de retornar a Salvador vou participar da Convençao Nacional de Solidariedade a Cuba no Memorial da AL em SP,com lançamento de livro e estréia do doc.sobre a segunda viagem do Guevara pela AL.
forte abraço a todos ali e
Hasta...
carlos pronzato
Caro Henrique
Lendo teu belíssimo blog,que já divulguei por ali, deparei me com a materia sobre o PÁGINA 12. portanto, te envio a entrevista que aquele jornal fez no dia da estréia do meu filme sobre o Che e lotou a sala graças a essa materia.
Abs também ao Paulo Neves, já recebi todos os contatos. Obrigado.
carlos pronzato
http://www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/espectaculos/5-9061-2008-01-30.html
Postar um comentário