terça-feira, 18 de setembro de 2018

AMIGOS DO PEITO (150)


ALEMÃO, O DO KANANGA BAIXOU NO ESTALEIRO...** Eu vivo também para reverenciar os amigos. Hoje poderia ser um dia muito alegre, pois Haddad sob desmedidamente nas pesquisas e ninguém mais (de forma normal) lhe tira a participação no segundo turno. Será uma das possibilidades de reverter a bestialidade produzida pelo golpe nos costados do povo brasileiro. Escrevo PODERIA, pois estou triste, primeiro soube do amigo Juvêncio que se foi e agora do outro, um chapa do fundo do coração que está no hospital. Vamos dar a volta por cima também aqui.

Eu não tenho notícias frescas, mas sei que o amigão de todas as horas, o Alemão da famosa Kananga do Alemão baixou no hospital enfartado. Está no Hospital da Unimed e recebe visitas regularmente, uma pessoa de cada vez e sem poder tocar seu violão (por enquanto). Essa vida é cheia de percalços. Drummond, o poeta escreveu bem lá atrás sobre isso das pedras no caminho, as que servem de obstáculos, mas também para serem puladas e superadas. A maioria a gente até pula, mas em algumas a agente esbarra, enrosca a barra da calça e cai. Nem por isso não levantamos e continuamos a caminhada. O Alemão já levou vários tropicões nessa vida e em todos conseguiu dar a volta por cima. Desta feita mais uma pedra e ele se quedou momentâneamente.


Cá comigo, tenho uma enorme alegria a cada reencontro com esse distinto cidadão. Aprendi a gostar dele e de sua esposa, a Cleusa Madruga, uma gaúcha a lhe domar os passos (que seria de nós, boêmios sem uma austera do nosso lado). Um cantor como nos velhos tempos, desses soltando a voz por amor. Muitas vezes contratamos ele e seu grupo para cantoria no bloco do Tomate, preço irrisório e sei que na divisão, ele o fez com tudo para os músicos e não ficava com nada. O grande prazer de sua vida era tocar, se apresentar e fazer a festa pela aí. Isso move sua vida e, particularmente, aprendi a gostar demais do Kananga Do Alemão, até porque nos acompanha desde a criação do Tomate, sete anos atrás, tocando conosco ininterruptamente em todos os ensaios, festas e no desfile de Carnaval na Batista. Sem a música ele não vive.

Meses atrás ele me procurou, estava triste e dizia dos problemas que estava tendo por causa da interrupção do seu salário. Ele trabalhou a vida inteira na CESP, subiu em postes, fez ligações por esse mundão afora, tomou choque adoidado e também levou a luz para muito lugar no breu. A CESP repassa o valor do salário de alguns dos antigos servidores aposentados para essas prestadoras de serviços, empresas que ganharam licitações de décadas e essas fazem o pagamento. Ano passado Alemão entrou com um processo para correção dos salários. Foi o bastante para interromperem o seu e já faz mais de seis meses que não recebe um centavo de aposentadoria. Se vira nem sei como, dos shows, das reservas e de tudo à sua volta. Tenta receber os atrasados e isso o chateava demais da conta. Me pediu para escrever um texto e botar a boca no mundo. Trabalhar uma vida e não receber a devida aposentadoria é mesmo para adoecer qualquer um. Já entrou com processo, mas diante da morosidade (só com o Lula tudo é rápido), tocava seu barco, mas seu semblante foi entristecendo.

Pode até ser que uma coisa não teve nada a ver com outra, mas para mim, quando a gente se entristece demais da conta, tudo no organismo deixa de funcionar a contento. A carcaça segue em frente, mas o interior se dilacera. Hoje o danado está lá numa cama de hospital, assistido pela companheira de todas as horas, a Cleusa Madruga e no restabelecimento. Fico do lado de cá numa torcida dessais maior da que tenho pelo Norusca ou o Corinthians, pois esse aqui é amigo mesmo, um baita de um seujeito, desses que ficaria horas escrevinhando coisas e relembrando conversas. Muita energia positiuva para ele e aqui publico fotos da última vez que pisou aqui no mafuá.

LEMBRANDO DE UM AMIGO QUE SE FOI... JUVÊNCIO

Em 16.10.2013 fiz um breve relato na sessão que mantenho aqui no facebook, a "Personagens sem Carimbo - o Lado B de Bauru", sobre o JUVÊNCIO ALVES CASTRO NETO. Sempre gostei muito dele, morador ali do Guadalajara, corintiano de quatro costados e por alguns anos trabalhou comigo nas hostes do Bradesco, eu na Corretora Bradescor e ele na Previdência Privada. Viajávamos diariamente para Jaú, agência central, ali na praça principal do centro da cidade. Na maioria das vezes íamos de Reunidas, mas naquele tempo funcionava o trem e vez ou outra pegávamos o danado, desciamos na estação de Jaú e o percurso da descida até o centro era num papo que hoje me recordo, danado de bom. Ele fazia a minha alegria e pelo que sei e me recordo, nunca pagou o trem, sempre viajava de penetra. Entrava e se escondia do bilheteiro. Um danado. Ríamos muito das peripécias dele se escondendo e num dia se pendurando do lado de fora até a passagem do fiscal. Pois é, JUVÊNCIO morreu essa semana e só fiquei sabendo pelo meu mano, Edson que viu seu nome numa lista de oração e terço lá na igreja onde frequenta. Eu poderia ficar lembrando histórias bem alegres vivenciadas ao seu lado, um cara sempre de bem com a vida, mesmo quando essa lhe aprontava poucas e boas. Se já ando triste pelos descaminhos deste país, hoje estou um pouco mais ao saber do seu passamento. Lá se foi o Embaixador do Jardim Guadalajara...
OBS.: Eu até tenho belas fotos dele, mas o que achei foi a de meu texto de 2013 e nele a foto dele sorrindo no meio da feira.

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