terça-feira, 31 de dezembro de 2019

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (81)


O MAFUÁ NAS PARADAS DE SUCESSO
Tem quem não goste de me ver escrevendo sobre mim mesmo. Peço que me tolerem, enfim, hoje é o último dia do ano e fui arrebatado pelos acontecimentos. Escrevo isso aqui teclando no celular, escapulindo do país bolsonarista, modo avião, sem conexão possível, só saindo publicado quando encontrar um wi-fi pela frente. Tenho todo o tempo do mundo, mais ou menos cinco horas pela frente e na memória, tudo junto, alguns afagos recebidos nos últimos dias. Conto para dividir a boa sensação com todos acompanhando essas mal traçadas.

Vamos aos fatos a encher de orgulho e contentamento. No primeiro fui conhecer de perto o paraíso do francês Eric Schmitt, sua casa na Colina, convidado há tempos, pois a cada reencontro me dizia ter acervo para doar ao Mafuá. Estava ficando chato, fui lá, filei a bóia e ganhei uns mimos: caixa cheia de escritos, CDs e livros em português e francês. Enaltecido, o mafuento enriqueceu o acervo de algo que, um dia ainda há de virar um Centro de Pesquisa e Memória, se as águas bostentas do rio Bauru permitirem e essas dores sentidas dia após dia não interromperem meus sonhos.

Num segundo momento, recebo ligação do Gilberto De Almeida Bessa, emérito tradutor de alemão, larga experiência em gastar sola de sapato mundo agora, envolvido com reformas em sua casa, faz oferta tentadora: tempos atrás, envolvido com sua tese de doutorado, pesquisas feitas na Alemanha, Brasil e muita coisa na Biblioteca do Congresso, quando teve acesso a raros documentos. Versava sobre essa eterna dependência brasileira, acreditando que instituições internacionais o defenda, quando na verdade o apunhalada. Escrevo mais da documentação deixada aos meus cuidados, primeiro em busca de quem dê continuidade na pesquisa. Me deliciei com o mimo, ainda não de todo degustado e digerido. Essa viagem interrompe meu orgasmo diante da preciosidade.

E na semana do Natal, me torno amigo facebookiano de uma jovem me propondo um bate papo sobre um tema bauruense, algo que seu namorado quer desenvolver como TCC, com um algo a mais, algo de envolvimento pra bom tempo da vida de ambos. A coisa gira em torno da Casa da Eni e a conversa a três se deu dia 29/12 numa das mesas da Padaria Pão Gostoso, ali na Duque de Caxias. Em mais de uma hora, creio eu, acendi mais o fogo do casal e só de vê-los com os olhos brilhando, creio estar dando o meu quinhão para alavancar boas e incandescentes pesquisas. Não declino ainda o nome deles e nem retalho mais do proposto e do conversado, para não ter surpresas com atravessadores de ideias.

Uma caixa de discos antigos, ir buscar CDs de alguém mudando, uma caixa de preciosidades musicais de alguém que, infelizmente virou evangélico neopentecostal e renegando MPB pede se posso ficar com seu acervo. Busco tudo e, por enquanto tento deixar a salvo na atual sede mafuenta. Planos diabólicos para 202, justamente neste momento de perdição conservadora e criminosa bolsonarista. Aos 60, ou beirando isso, quero insistir nesse sonho, não meu, mas coletivo, o de ter um espaço e local a mais na cidade para propor o novo, a subversão, conspiração e a desobediência civil. Cultura neles.

Por essas e outras, tenho comigo que, o Mafuá ainda tem uma missão não cumprida pela frente e pelos sinais recebidos, muitos acreditam nessa maluquice saída de minha cabeça e já conquistando a de outros tantos. Por isso tudo, enquanto segue me vôo pela aí, escrevo e viajo. Sonhar é preciso. O que seria de mim sem essa infinidade de gente crendo estar fazendo algo de bom, uma semente plantada, cuja colheita um dia há de ser colhida com fartura de frutos. Logo estarei de volta, recarregado e pronto não só prós embates futuros, como tirando água de pedra pra tocar a vida adiante. O Mafuá foi e é um achado em minha vida.

EIS O ÚLTIMO TEXTO DO MAFUENTO HPA PUBLICADO PELA AÍ, ESSE NO HEBDOMADÁRIO DE LENÇÓIS PAULISTA E DE AGUDOS, O "PEDRA DE FOGO", DO JORNALISTA CHU ARROYO

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (128)


MAS ISSO TAMBÉM ACONTECE EM BAURU?

Guardião, o super-herói bauruense é irônico por natureza, ainda mais quando versa sobre os malversadores dessa cidade varonil, dita como "Sem Limites" e dominada de cabo a rabo por uns tais ditos e vistos como "Forças Vivas". Final de ano é tempo de retrospectivas, mas se ele for relembrar tudo o que foi cravado de estacas nos costados do povo bauruense, a tarefa se tornaria infindável, daí ele relembrando dois fatos, junta neles tudo o mais e produz uma avaliação das mais interessantes e somente hilária, se não fosse trágica.


"Eu na qualidade de super-herói observo tudo e não me espanto com mais nada, mas alguns fatos ainda chamam a atenção, pois não só destoam, como servem para determinar de fato a quantas anda a cabeça dos ditos donos do poder, não só locais, como estaduais e nacionais. A malversação está na ordem do dia e acomete a quase tudo e todos. E a mental é a mais danosa, hoje com advento do destrambelhamento do país, muitos dos que estavam até então contidos, hoje não mais, pois colocaram todos as manguinhas mais que de fora. Os fatos são tantos, repetitivos e escabrosos, mas citar todos tomaria muito tempo. Ninguém mais lê textos longos, então vou logo no cerne da questão", começa Guardião a destrinchar sua fala.

"O escândalo das malas der dinheiro chegou a Bauru e o fez em grande pompa. Na residência do presidente da Cohab uma importância toda muito bem distribuída em malas, seguindo o que já foi visto país afora em incontáveis circunstâncias. Por aqui não é novidade, pois tempos atrás foi apreendida nos mesmos moldes algo semelhante no apartamento do filho do dono da empreiteira Bauruense. Apreensão feita nunca mais se falou do destino da grana, em algo que talvez volte a ocorrer. Desta feita, sem maiores explicações, ou melhor, com as de praxe, tudo foi resultado da venda de umas "vaquinhas". O fato é que a apreensão ocorre dentro de um dos condomínios fechados mais conhecidos da cidade e dias antes algo também havia ocorrido em outro desses condomínios, o que o bom interpretador reconhece como lugar para inusitados acontecimentos por essas plagas. Num outro, com imenso lago artificial, todo fechado com altos muros, o que não impediu o acesso de um bando de capivaras, essas nativas da região e no local onde sempre estiveram. Os novos moradores do lugar, chegando bem depois dos mamíferos, querem por toda via expulsá-las pra bem longe da vista de tão refinada população", continua.

Ele até expõe mais, divaga sobre o assunto, ri em voz alta, faz muitas comparações sobre isso da dinheirama estar ali escondida e as capivaras estarem sendo expulsas desses lugares. "A desfaçatez é a regra dessa nova elite, os novos ricos, insanos por dentro e por fora. Não conseguem esconder nem com vestimenta cara o pouco caso que fazem dos pobres mortais. Se apresentam como reserva moral, os detentores do bem bom, da bufunfa, venha ela de onde vier, enfim conquistá-la hoje é sinal de esperteza. E os espertos não toleram invasores em seus domínios, sejam eles racionais ou irracionais. tentam se mostrar espertos, mas na verdade, o lado que não conseguem ocultar é escabroso d revelador desses tempos atuais. O desGoverno do seu Jair, o morador da Casa 58 de outro condomínio, esse no Rio, o Vivendas da Barra Pesada é bem a cara disso tudo, revelando os descaminhos pelos quais nos enfiaram. São banais até a medula, boçais até não mais poderem, fazem e acontecem, porém nada consegue esconder o quanto são pequenos e o quanto com gente como esse nos postos de comando, essa cidade, estado e país estará cada ve mais no fundo do poço. Tenham todos uma ótima passada de ano, mas adianto, as perspectivas diante do que observo daqui com minha luneta supersônica não é nada alvissareira", conclui.

OBS.: Guardião é obra do traço do artista Gonçalez Leandro, com pitacos escrevinhativos deste mafuento HPA.

domingo, 29 de dezembro de 2019

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (137)


O CAPO ITALIANO FRANCO MAZZOTTI NO BAR DO GENARO - BATE PAPO NA CALÇADA
Franco é italiano e esteve passando o Natal em Bauru. Dono de uma pequena propriedade da região da Emiglia Romagna (nordeste da Itália), se auto intitula fazendeiro, termo diferente do empregado no país. As diferenças são enormes, o que aqui seria uma chácara, lá fazenda e lá o proprietário não só mora no lugar, como trabalha na propriedade, aqui nem pensar, pois o fazendeiro dá as ordens e não pega no pesado. Franco não é comunista, nem socialista, mas atua numa das regiões onde ocorre a maior influência da esquerda na vida italiana e dessa forma, vivenciando como tem sido esse potencial revertido na política do dia-a-dia tem muito a dizer. E diz, na noite do dia 26, reunimos convidados para estar ao seu lado num bate papo realizado na calçada no Bar do Genaro na vila Falcão. Num clima de congraçamento, Franco preferiu não proferir uma palestra, mas proporcionar um bate papo, uma conversa de perguntas e respostas.

Falou de tudo. Tive o prazer de comandar o microfone e o questionei por hora e meia, mediando também a participação dos presentes. O clima no bar, sempre propício para esse tipo de evento, acaba atraindo para seu interior pessoas propensas a debater, conversar, pensamento livre e solto, sem nenhum tipo de conservadorismo. Franco esteve presente firmando esse lado, esse posicionamento do próprio bar já dentro do contexto bauruense, o de reunir pessoas não só para beber, mas juntar isso com a boa conversa. O começo da conversa foi para explicar o termo capô, que para nós pode ter uma conotação de máfia, mas para eles é somente de liderança, no caso dele, liderança comunitária rural. Muito interessante o sistema em forma de cooperativa da região de Bologna, onde a maioria dos "fazendeiros" estão vinculados e se beneficiam de fato, bem diferente de algumas cooperativas brasileiras só de fachada.

E o papo rolou sobre tudo, desde futebol, saúde, imigrantes, crise, esquerda e direita, Berlusconi e Salvini, sindicalismo, classe trabalhadora, religião, televisão, movimentos sociais, cinema, música e o momento atual com essa onda de conservadorismo querendo ocupar espaços. Na sequência, a reprodução da gravação, mesmo com todas as imperfeições, mas audível.
Eis o link do vídeo feito por Ana Bia Andrade: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/pcb.3139426219420699/3139432389420082/?type=3&theater
Mazzotti e Fabrício Genaro, o capo e o dono do bar.
Cláudio Lago, presidente do Diretório Municipal do PT perguntando...

O PAPEL DO HISTORIADOR

HOBSBAWM E O ESQUECIMENTO DA HISTÓRIA, LEMBRADO POR GILBERTO MARINGONI
Desde que li pela primeira vez, há mais de vinte anos, "A era dos extremos", este trecho de Eric Hobsbawm não me sai da cabeça. Ele é especialmente dramático se observado no Brasil de nossos dias:

"A destruição do passado — ou melhor, dos mecanismos sociais que vin­culam nossa experiência pessoal à das gerações passadas — é um dos fenôme­nos mais característicos e lúgubres do final do século xx. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer rela­ção orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os his­toriadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tomam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio. Por esse mesmo motivo, porém, eles têm de ser mais que simples cronistas, memorialistas e compiladores". (Hobsbawm, 1996, p. 13)

E TUDO PODE VOLTAR A ACONTECER SE NADA FOR FEITO AGORA, LEMBRADO PELO BRIZOLISTA CARIOCA , MEU AMIGO EDUARDO HOMEM DA COSTA
Em 17 de agosto de 1971 a estilista Zuzu Angel escreveu uma carta para dona Terezinha, esposa de general, que a propósito do desaparecimento do filho de Zuzu, Stuart, lhe escreveu dizendo que "todo mundo morre".

Coloco aqui a carta na integra, um documento:
"Terezinha, Agradeço a sua bem intencionada carta, mas gostaria que vc compreendesse que a sua expressão: "todos vão para lá, não interessa o que tenham feito ou como tenham vivido", me magoou e feriu profundamente.

Quero que vc saiba que nem ao menos tenho certeza se meu filho esta morto, pois não me entregaram o corpo. Do dia 12 a 18 de maio ele foi torturado, espancado e por fim arrastado por um Jeep da Gloriosa Aeronáutica Brasileira no Galeão, porque se recusou a assinar confissão do que lhe era atribuido, e que logicamente ele nunca fizera.

Um dos seus professores esteve aqui e disse: "Stuart era tão humilde, delicado, bom e calado que ninguém poderia imaginar quanta cultura e sabedoria ele podia carregar dentro de si." Ainda disse ele: "Estou vendo o Stuart até pedindo desculpas aos seus algozes por lhes dar esse trabalho de espanca-lo, tortura-lo e arrasta-lo num jeep para arrancar confissões hipotéticas."

Terezinha, enquanto houver pessoas como você e outras que acreditam que a nossa melhor juventude, que esta sendo torturada e morta nos cárceres brasileiros realmente comete crimes, tudo continuara a ruir ao nosso redor, conforme expressão sua.

Meu filho passou toda a sua existência estudando, estudando, estudando, só linguas falava 8, que eu tenha conhecimento, talvez umas mais pois ele não gostava de mostrar os seus conhecimentos nem para as pessoas da casa. Enquanto o Brasil silencia sobre o martírio deste jovem, este fato é noticiado em 8.000 jornais no mundo inteiro. O futuro mostrará o Tiradentes da época dos computadores. Zuzu Angel."

Na foto Stuart Angel Jones, um dos muitos brasileiros mortos pela Ditadura Militar.
Foto: Reinaldo Elias, colorizando o passado.

sábado, 28 de dezembro de 2019

CARTAS (208)


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES E POSICIONAMENTOS DE FINAL DE ANO

1.) ALGO QUE NUNCA OCORRERIA DENTRE OS HOJE OCUPANTES DO PODER NO BRASIL - ROUBO DE LIVROS
https://www.cartacapital.com.br/mundo/embaixador-mexicano-renuncia-a-cargo-apos-roubar-livro-na-argentina/?fbclid=IwAR0TnGf8WJvpWdz7cpqtkreTPB2ejo4Gs49iTn8X7AIWGU15DRn5NBk_T20
A MANCHETE É ESSA: "Embaixador mexicano renincia a cargo após roubar livro na Argentina".
MINHA CONCLUSÃO É A SEGUINTE: Roubar livros não é tão de tirar o sono. Conto a história lida de Fausto Wolff, jornalista gaúcho e dos tempos quando era jovem. Circulava numa livraria em Poa, sem grana e vez ou outra levava um livro debaixo da camisa. Nunca foi pego, porém no dia em que ousou levar, ao invés do livro um pacote de bolacha, o dono o segurou pelo braço e disse: "Livro pode, comida não". Nunca a esqueço. Algo como o ocorrido com o embaixador mexicano na Argentina, seria impensável entre o pessoal do desGoverno Bolsonaro. Todos possuem sérios desvios de caráter, conduta, psicológicos, psiquiátricos, psicomotores, porém não lêem nada. Não ousem perguntar, como um dia Bial fez para Sergio Moro qual o último livro lido, pois a resposta será o embaraço. Como roubar algo que não os interessa? Podem ser pegos com a mão na botija em muitas outras coisas, nunca com livros. Isso, por si só, algo a denegrir a imagem no país, muito mais do que um livro colocado debaixo da camisa numa livraria. Isso me faz lembrar uma das únicas histórias guardada na memória do padre Beto, o excomungado bauruense, acho que ouvida quando tinha um programa de rádio. Ele esquecia livros dentro do carro, próximo ao vidro traseiro e uma ouvinte o alertou do perigo de quebrarem o vidro para roubarem seus livros. Ele responde mais ou menos assim: "Seria um orgulho se isso de fato ocorresse, mas roubo de livros é algo que dificilmente ocorre desta forma, ainda mais no Brasil". Acrescento com um algo a mais: dentre os bolsonaristas, praticamente impossível. O que poderia ocorrer é livros terem seus preços superfaturados e revendidos por preços impraticáveis, como li recentemente feito por Prefeituras espalhadas pelo país afora. Por fim, fosse eu o dono da livraria buenarista, encerraria o caso com o embaixador ligando para ele e doando o tal livro, mas solicitando a resenha tão logo fosse concluída a leitura.

2.) DEVO UMA EXPLICAÇÃO SOBRE O HOTEL ESTORIL
Foto de Pedro Romualdo
Esse hotel é aquele cujas paredes frontais caíram semanas atrás, deixando o rombo exposto, a calçada interditada e uma sinalização de que tudo possa vir a ser inteiramente demolido. O prédio é tombado pelo CODEPAC, o órgão local de preservação do patrimônio histórico e cultural, mas a pressão é imensa para o terra arrasada, como no prédio do INSS (lá não existia lei de tombamento), que recentemente veio abaixo e por lá agora, só um terreno e nada mais de história. Ouvi algo dos comentários pela rua e produzi um texto onde deixei hipóteses para a queda: descaso do proprietário (Beneficência Portuguesa) ou do poder público (Prefeitura Municipal), ação do tempo ou alguma interferência do atual locador em obras ocasionando o dano, o Clã. Devo uma explicação após ouvir o relato me passado por Ivo Fernandes, sambista de quatro costados e integrante do grupo Clã - Coletivo Livre de Artes, o que conseguiu o imóvel junto à Beneficência, pois o mesmo é particular e não público. Fizeram sua defesa num longo texto endereçado a mim, de forma particular, tanto que não o reproduzo, mas faço abaixo minhas observações, concluindo o entendimento sobre o que de fato aconteceu.

Eles possuíam ideia de atrair a cidade, principalmente a classe artística para essa revitalização, como forma de valorização da cultura e de um espaço único na cidade. O fato é que de uma inicial mobilização com show na praça Machado de Mello, depois a interlocução com professores e técnicos, algo foi idealizado, mas ainda impossibilitado de ser concretizado ou mesmo inciado. Ou seja, eles haviam recebido o imóvel, mas nada foi feito no mesmo, nenhuma obra. "Ou seja, a queda da estrutura não se deu por conta de nenhum trabalho ou reforma que poderia estar sendo feita no espaço, e sim por imposição do tempo e, principalmente, da chuva que caiu na madrugada de segunda para terça-feira, dia 17 de dezembro. Acreditávamos que teríamos mais apoio da sociedade, da iniciativa privada e do próprio poder público municipal, o que lamentavelmente não houve". Com esse novo problema pela frente, talvez a cessão do imóvel possa até ser revertida, pois o alto custo o inviabilizaria.

A batata quente nesse momento volta para as mãos do proprietário do imóvel e do CODEPAC, com a decisão de manter ou não o tombamento. O Grupo Cultural/ONG Clã bem que tentou, mas chega na conclusão de ser quase impossível realizar tudo o que terá pela frente sem ajuda, apoio e incentivos. Esclareço para que não fique dúvidas sobre a lisura da ação dos artistas e de suas intenções. Uma pena não terem conseguido viabilizar algo de concreto, mas não é de se assustar, pois num país onde o mais importante museu histórico brasileiro pega fogo no Rio de Janeiro e muito pouco se consegue de parcerias para sua recuperação, com alguns daqui preferindo investir na do Notre Dame, do que no patrimônio local, isso ocorrido em Bauru só vem a comprovar o quanto é cada vez mais difícil querer fazer a defesa da preservação num país remando pro lado oposto.

Tenho dito. O Clã encontrará seu caminho e espaços para atuar. A luta continua...

3.) PARA OS RELIGIOSOS BUSCANDO MINHA CONVERSÃO
Desvendando o real motivo da perseguição à Jesus... Artigo: Jesus não morreu pelos “nossos pecados” e sim por enfrentar o sistema - Os Evangelhos são claríssimos: Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres. Texto de Alberto Maggi, escrito para o site Outras Palavras. Eis o link: https://www.brasildefato.com.br/2018/03/31/artigo-or-jesus-nao-morreu-pelos-nossos-pecados-e-sim-por-enfrentar-o-sistema/index.html?fbclid=IwAR03WDszfNAIqfu9RykgQE6FWDrk_C3lTHB87n3lpLB4GBKBH8rYpaICKvg

4.) BUSCANDO ALGO PARA LER NESSES MODORRENTOS DIAS? EIS MINHA SUGESTÃO - MEROS R$ 16 REAIS, NAS BANCAS
Na edição desta semana de CartaCapital: ELE NÃO. Presente de Natal: uma edição inteira sem falar em... "você sabe quem".
A favor do absurdo, por Mino Carta: "Esta é uma edição insólita de CartaCapital. Estamos saindo por aí sem lenço e sem documento, em busca de um suspiro de alívio, longe de uma faina diária que nos leva a pensamentos soturnos. Não somos flamenguistas, não somos festeiros, mas não perdemos a esperança porque, como disse Tertuliano, um dos pais fundadores da Igreja: “Acredito porque é absurdo”".
O agora e o amanhã, por Dilma Rousseff: Combater a desigualdade e preservar o meio ambiente são os maiores desafios da humanidade.
A pirralha faz escola, por Donna Ferguson, do TheObserver: Greta Thunberg, a jovem ativista, estimula outros adolescentes a escrever e ler sobre o meio ambiente.
O tripé e a balança, por Celso Amorim: Em meio à bipolaridade geopolítica entre Washington e Pequim, não se pode esquecer de Moscou.
Avacalharam a tecnologia, por Juca Kfouri: No Patropi, o árbitro de vídeo presta-se a produzir o mínimo de benefícios com o máximo de interferência.
Quatro teses sobre o trabalho, por Marcio Pochmann: Como explicar o valor cada vez menor da atividade humana na globalização.
Sonho no país do Sol, por Sidarta Ribeiro: A força propulsora do acúmulo cultural tão abrupto da humanidade foi nossa capacidade de idealizar, lembrar e contar.
Teoria do medalhão revisitada, por José Sócrates: A atividade política moderna transformou-se numa verdadeira indústria de assessores, consultores e especialistas.
Que falta ele faz, por Roberto Saturnino Braga: Mais do que brilhante economista, Celso Furtado foi um pensador do campo das ciências históricas e sociais.
O comércio da dor, por Cynara Menezes: A epidemia de opioides espalha-se nos Estados Unidos, país onde mais gente morre de overdose do que de acidente de carro.
Alegria, alegria, por Esther Solano: Ela é a ponte que constrói horizontes. A tristeza, ao contrário, é derrota, incapacidade.
O ano que terminou, por Alberto Villas: Liberdade era uma calça velha, azul e desbotada.
Os pedágios em cada esquina, por Ladislau Dowbor: As consequências da financeirização da economia e da vida cotidiana.
O golpe de 1º de abril, por Anita Leocadia Prestes: Trecho do livro Viver é tomar partido: Memórias.
Na real? Por Marcio Alemão: Falemos de distopia, tão em moda nas séries de tevê.
Raul, Lennon e o baião, por Jotabê Medeiros: Histórias do roqueiro baiano em andanças pela América.
Entre safras e cifrões, por Cadu Oliveira: Avanços e recuos no debate e no comércio da maconha.
Ruínas do liberalismo iluminista, por Luiz Gonzaga Belluzzo: Diante das misérias da vida e de uma vida de misérias, as vítimas dos deuses mundanos buscam refúgio no incompreensível.
Por 1 grama de racionalidade, por Djamila Ribeiro: Um episódio explícito de racismo e a loucura do sistema carcerário brasileiro.
Lawfare: Origem e evolução, por Cristiano Zanin, Valeska Teixeira Zanin Martins e Rafael Valim: Quando se apela às leis para perseguir os inimigos.
Eis o bate papo do fechamento dessa edição: https://www.youtube.com/watch?v=MKJ4S4GW8m8

5.) CHEGAREMOS LÁ
"Os manifestantes haviam sido contatados no Facebook, Twitter e YouTube. Ninguém sabia exatamente quem eram os líderes por trás dos atos. Via-se apenas a multidão de anônimos. Partidos e sindicatos negavam qualquer envolvimento direto", Branco di Fátima (Em Dias de Tormenta, Geração Editorial).
Tomamos dessa ontem e não deciframos a charada...

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

CENA BAURUENSE (195)


DEZ LUGARES, PESSOAS, CENAS POR ONDE ESTIVERAM CRAVADOS OLHOS DESTE HPA*

* A cada mês, por uma, no máximo duas vezes, as fotos deste mafuento com alguma observação.

01. No bar da dona Dalva, bem defronte o Cemitério Cristo Rei, junto ao Assentamento Primavera, os seus frequentadores podem optar por tomar a cervejinha na frente do estabelecimento ou do lado de lá da rua, encostado ao muro, tendo do outro lado os túmulos e o entardecer de mais um dia.
02. Edifício Terra Branca, esquina da avenida Rodrigues Alves com rua Antônio Alves, dos mais antigos da cidade e hoje território quase exclusivo, residencial de aposentados, principalmente mulheres.
03. Juan, argentino, comemorando aniversário hoje, 08/12 e trabalhando pela manhã no cruzamento da Rodrigues com a Nações, como malabarista de sinal fechado/vermelho.
04. Pé de valsas inconsoláveis com o fechamento da choperia e danceteria Victória, quase junto ao Parque Vitória Régia, já com placa de "aluga" fixado na sua fachada.
05. Na descida das Nações, perua carregada até as tampas, numa clara demonstração do esforço feito rotineiramente para se continuar sobrevivendo das sobras coletadas pela aí.
06. Em área interna da EE Christino Cabral, lá nos Altos da Cidade, a livre expressão dos alunos está estampada nas paredes, local das apresentações todas ocorrendo naquela histórica escola estadual. Foto de Mauro Landolffi, sacada de um belo ensaio feito por ele no local.
07. Jeitinho com requinte de crueldade impedindo a sentada debaixo de área coberta na esquina das ruas Cussy Junior com Treze de Maio.
08. O arco-íris bem dentro do Residencial Spazio Verde, lá nos altos da Comendador dá a entender que os potes de ouro estariam todos muito bem ocultos dentro de lugares como esse, rodeados de altos muros.
09. Tradicional mercearia Praça das Cerejeiras.
10. Trailers de lanches dos dois lados da Rubens Arruda, defronte o Pronto Socorro Central, dão o tom da intensa movimentação, durante as 24h do dia.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

UM LUGAR POR AÍ (130)


NÃO QUEIRA MUDAR A ROTINA DE UMA CIDADE PEQUENA – O CASO BORACEIA
Chegamos em Boraceia no final da tarde desta sexta, 26/12, creio que por volta das 17h, pouco antes, vindos de Itapuí, via balsa pelo rio Tietê, já no caminho de volta para Bauru. O combustível deu sinais de estar chegando ao fim e isso ao terminar de atravessar a cidade. Um posto logo na saída, beirada da rodovia. Estaciono ao lado da bomba de combustível e algo estranho no ar. Sinais de movimentação, mas ninguém para nos atender. Um rapaz saindo do bar ao lado passa pro nós e diz:

- Eles não funcionam em todos os horários. Agora mesmo estava aberto, nem vi quando fecharam, mas aqui é assim, uma hora estão funcionando, outras já estão fechados. Mas o outro posto da cidade é também deles, desce por essa rua, vira na rodoviária e vai ver. Tudo aqui é perto.
Com medo do combustível não dar nem para chegar em Pederneiras, sigo o caminho indicado e lá chegando comento com o frentista sobre o outro posto estar fechado. Ele me explica:

- Lá, mesmo na beirada da rodovia fecha às 16h30, mas neste mês tem alguns funcionários de férias e os horários não estão muito certos. Esse aqui sim, esse fecha todo dia às 21h e domingo às 12h. Não adianta vir em outro horário, mas aqui todos sabem, ninguém fica sem combustível, pois sabe que tem que colocar antes desses horários, mas se ocorrer algum aperto eles sabem onde o dono mora. Quando o encontram ele até resolve abrir e resolver o problema, mas isso só acontece com gente de fora.

Já percebei, em cidades pequenas tudo segue certas regras e as mesmas devem ser seguidas à risca, pois do contrário muita chance de ficar na mão. Ainda no posto, um dos parceiros na aventura pelas estradas hoje pergunta sobre o cara que faz famosa linguiça, famosa nas cercanias. O frentista explica:

- O cara da linguiça morreu faz uns três meses, uma pena, bom sujeito, muito boa a linguiça dele, mas no lugar hoje tem a Beth, também muito boa de linguiça, seguiu tudo o que lhe foi ensinado durante anos. Vai lá é fácil, segue na rua principal, depois da igreja, entre duas lojas agropecuárias, esquina, açougue da Beth.

Lá fomos, mas o açougue estava fechado, 17h de sexta. Um que passava pela calçada nos diz:
- Oh, moço, a Beth abriu hoje, já vi o açougue aberto, mas deve ter ido embora ou foi fazer alguma outra coisa e ainda volta, mas não posso te afirmar. Se o senhor esperar pode ser que ela volte, mas também que não e pode ser que só amanhã, fica a seu critério.

Fomos embora e falei para eles sobre um pão, dito como o melhor da cidade, indicado por conhecida moradora, numa padaria ali na mesma quadra, quase na saída da cidade, mas ao passar defronte a padaria, a mesma estava fechada. Um olhou para a cara do outro e resolvemos ir embora, pois pelo visto e já havíamos entendido, “pode ser que ela ainda abra, mas pode ser que só amanhã”.

Saímos pela rodovia e para minha absoluta e incontida surpresa olho pro posto de combustível, o que fecha às 16h30 e tinha alguém abastecendo um carro lá e isso já era passado das 17h20. Acelerei fundo e fui embora matutando sobre isso de horários numa cidade pequena. Não entendi muita coisa, mas me disseram que é fácil, basta entrar no ritmo.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

DIÁRIO DE CUBA (115)


NATAL*

* Hoje sem tempo, saco e vontade de escrever/publicar nada além disso...

1.) O NATAL É UMA FESTA CRISTÃ
"E embora tenha minhas restrições a dogmas e pensamentos lacrados, respeito a fé alheia.
Mas me espanta mesmo é ver certos humanóides, vestidos da mais bela bravata cristã, emitirem opiniøes e concretizarem ações que fariam as páginas da Biblia virarem pó (idéia genial para vender em alguns templos menos eruditos..pó de Bíblia).
O Profeta maior das igrejas cristãs, Jesus de Nazaré, tinha propostas geniais para a sociedade. E não falo de morrer e ir pro céu..
No meu mínimo minimorum conhecimento bíblico, as dicas são claras.
Ele, segundo o livro sagrado criståo, pregava a liberdade..."é para a liberdade que Cristo nos libertou"(GI 5,1), pregava a igualdade..." não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos são um em Jesus" (Gálatas 3 26-28). Pregava a não violência..."não tenhas inveja do homem violento nem escolha nenhum dos seus caminhos...(provérbios 3:31). Odiava a Xenofobia "sejam hospitaleiros uns aos outros, sem reclamação" (1 Pedro 4:9), deixa clara a opção pelo amor a TODOS Independente de sexo, raça, cor, credo...
Mas o "tipinho" que me referi acima, arrota cristianismo enquanto transpira ignorância.
Ante o principio da liberdade, adora censura.
Ante a gentileza e a educação, faz "arminha" com as mãos, e reverbera que "bandido bom é bandido morto". Enaltece torturadores.
Ante o flagelo e a degradaçåo dos refugiados e imigrantes, esbraveja feito um papagaio retardado sobre a chegada de venezuelanos, sirios, africanos.
Podia falar do nojo que sinto desse tipo de postura por horas.
Mss por agora, quero desejar um feliz natal, cheio de liberdade, consciência, trabalho farto, saúde plena, diversão e arte, para qualquer parte, diversão ballet, como a vida quer. Um natal de reflexão e principalmente de "ele não".
Cristão ou não, baita abraço", transcrito de publicação de Wilson Maceri Jr.

2.) AH, COMO GOSTARIA DE ESCREVER COMO FAUSTO WOLFF
"Acreditem senhores, é fácil ser cristão, basta manter, como Cristo, uma atitude crítica em relação ao poder. Não é nem necessário ler a Bíblia. Basta seguir alguns dos dez mandamentos, basta comportar-se como um ser humano. Mas como é que era mesmo? Lembrem-se senhores a maioria de vocês que agora reverencia o Cristo o reverencia porque ele está morto e pode ser reverenciado sem riscos. Quando vocês estiverem hoje abrindo os presentes, bebendo a champanhe, brincando de cristãos, pensem bem antes de mandar o porteiro botar para fora aquele crioulo sujo,desdentado, cheirando a álcool, humilhação e mijo: pode ser o aniversariante. Feliz Natal!", jornalista Fausto Wolff
Natal no Brasil: ele não vem dar, vem tomar. 
Viva o Piratas do Tietê!

3.) NAS E DAS RUAS, HOJE PELA MANHÃ
Nas vazias ruas da cidade na manhã deste 25 de dezembro, ele anonimamente perambula sem rumo, desorientado, andando em círculos e acenando amistosamente para quem lhe dá atenção pela avenida Octávio Pinheiro Brisolla.



terça-feira, 24 de dezembro de 2019

ALGO DA INTERNET (159)


BOAS ENTRADAS E BOAS SAÍDAS SÃO OS VOTOS DO HPA

O mundo anda cada vez mais perdido, dos pés à cabeça e além dos enfrentamentos todos onde a gente se envolve nos 365 dias, o algo a mais fica reservado para a ironia e a irreverência. Eu levo quase tudo a ferro e fogo, mas também abro a guarda e tento levar o que me resta de existência por essas plagas da melhor forma possível. Busco estar rodeado de gente que goste de mim, procuro fazer o que mais me apetece, aparto tudo aquilo que me faz mal, traz maus agouros e assim sigo em frente, enfrentando todos os meus dragões e com a afiada lança quixotesca, enferrujada, mas ainda com algum veneno. É dessa forma e jeito que chego a esse momento, dia 24, quase feriado, eu tentando tratar tudo como mais um dia normal dentro de minha existência. O máximo que consegui foi juntar esses quatro retratinhos e enviar por aqui mesmo, de forma coletiva, sem especificar o nome de todos, mas quem os vê nesse momento, tenha certeza, foi feito pensando em ti. Que tenham todos Boas Entradas e Boas Saídas hoje, amanhã e sempre, são os votos deste mafuento HPA.

UMA DAS FRASES MAIS IMPACTANTES DO ANO QUE SE ENCERRA:
“Para que? Por que eu quero 10 Ferraris, 20 relógios de diamantes ou 2 aviões? O que eles farão por mim e pelo mundo? Sofri fome, trabalhei no campo, sobrevivi às guerras, joguei futebol descalço, não tinha educação e muitas outras coisas, mas hoje com o que ganho graças ao futebol, posso ajudar o meu povo. Eu construí escolas, um estádio, fornecemos roupas, sapatos, alimentos para pessoas de extrema pobreza. Além disso, dou 70 euros por mês a cada pessoa de uma região muito pobre do Senegal o que contribue para a economia familiar. Não preciso exibir carros de luxo, mansões luxuosas, viagens e muito menos aviões; prefiro que os meus irmãos do Senegal recebam um pouco do que a vida me deu", SADIO MANÉ: senegalês, ponta esquerda do Liverpool. 

MEU NOEL
Seu Flor é um dos muitos envergando a vestimenta de Papai Noel aos finais de ano, quase sempre atuando profissionalmente para algum estabelecimento comercial, mas possui um diferencial, passada a festa, corta sua barba uma única vez ao ano e a deixa crescer pelos seguintes 365 dias, criando um ritual de vida bem ao seu modo e jeito. 


Postando sua foto, presto reverência a todos os que se travestem com o vermelho deste Noel, imbuídos pelo tal espírito natalino, mas muito mais pelo da necessidade em amealhar algum a mais, engordando assim sua festa. Aqui, seu Flor, ou melhor, Florisvaldo Avelino, moto-taxista aposentado, quando trabalhou anos atrás para o Pereirão, na então loja defronte Estação da NOB, praça Machado de Mello.

Segue o jogo...

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

COMENTÁRIO QUALQUER (196)


A CIDADE CONTRA O CRIME - INSENSATEZ DOS TEMPOS ATUAIS
Bauru é muito surreal. Não sei se todas cidades brasileiras agem da mesma forma diante das atrocidades do momento, mas em Bauru a regra é se ocultar por detrás de um manto. Seus cidadãos parece possuir espécie de cagaço, algo que o fazer se omitir diante da ação dos que a tentam conduzir. Nem as maiores atrocidades, desde que vindas dos poderosos, produzem algo a alterar o rumo inexorável de sua trajetória. O último escândalo, o da Cohab, com envolvimentos ainda não revelados de muita gente graúda, não abala as suas estruturas. Tem gente de todos os meios envolvidos no escândalo, onde até agora só o nome do presidente e suas malas veio à publico. Claro existir algum receio de muitos em ter seus meios de vida nababesca revelados, mas rudo segue o ciclo normal, quase certeza de impunidade. Os graúdos tudo podem, fazem e acontecem e os dos andares ou degrau de baixo, cabem seguirem calados, reverenciando e bajulando os malversadores de sempre. O que seria do mundo sem todos esses bajulando os atos dos poderosos? Aqui isso é praga, gente que segue usufruindo de migalhas, que lhe são suficientes. Nunca chegarão lá, mas agem como se lá estivessem, tão cruéis como os que tanto se espelham. Atitudes vesgas, pois se dizem contrários à corrupção, principalmente a de governos populares, mas se calam diante das barbaridades desses tempos insanos. Não se espantam com o ocorrido na Cohab, pois muitos dos seus fazem parte do butim, essa uma antiga prática, a de se locupletar com benefícios advindos do negócio público. Não pensam em nenhum momento no coletivo, mas somente em si próprio, no que fazem, como fazem e em cada vez se enricar mais, usufruir das benesses todas, sem se importar em como fazem para sobreviver os nas rebarbas do sistema. Para esses, o desGoverno do seu Jair dá possibilidade de continuar agindo na escrotice de pisotear no zé povinho. Cansei, esse desabafo para com essa parcela ignóbil dessa cidade onde nasci, cresci, vivo e tento sobreviver. Por sorte existe uma parcela de gente como eu, neles me escoro, me inspiro, me associo para continuar tocando meu barco. Com esse sentimento chego a esses dias de festa de final de ano. Ando sem paciência para todos os que, de uma forma ou de outra propiciaram o retrocesso do país, os bestiais da insensatez. Vomito para esses todos.

CONFRATERNIZANDO COM UM QUASE VIZINHO
O Gebara é um comerciante de tecidos finos desde que me conheço por gente. Tradição familiar que se estende desde a chegada dos seus ancestrais ao país, sempre no mesmo ramo, nome mais que consolidado no segmento. Conta histórias dos tios lá do Rio, saga que não se acaba, pois seguem em frente. Esse daqui, alto como um vara pau, simpático demais, faz questão de papear comigo em toda trombada pelos cantos desta cidade. Hoje o reencontro na padaria, 6h40 da manhã, ele ali tomando café, eu comprando pães. Somos quase vizinhos, ele morando num prédio, eu noutro, desses que se encontram na praça em frente de vez em quando. Seu estabelecimento é na Zona Sul, a mais abastada da cidade e eu vendi a ele tempos atrás uma chancela, algo a mais para nos aproximarmos. Não tem uma vez que não o reencontro e não me faz perguntas mil sobre mim, esposa, negócios e me dá fraterno abraço. Comerciante à moda antiga, como não se vê mais hoje, todo final de ano distribui para clientes e diletos amigos um mino, calendário do próximo ano em forma de toalha de cozinha. Tenho de alguns anos, o desse me arrasta hoje pra fora da padaria, me leva até seu carro e ganho o meu. Converso de tudo com Gebara, menos de política, nos respeitamos, somos do time dos civilizados mesmo em campos opostos, dos que se entendem mesmo diferentes e sempre foi assim, muito antes do golpe de 2016 e dessa brutalidade nos relacionamentos de hoje em dia. Ele não mudou como muitos o fizeram. Como não gostar de uma pessoa assim? Na padaria hoje, pelos menos uma dez pessoas, muitos me conhecem, outros nem tanto, mas ele o único que abre um sorriso de orelha a orelha quando me vê e sei, faz isso com todos, mas não deixa de fazer. Esse seu jeito de ir tocando seu negócio, algo aprendido com os seus mais antigos, passado de pai para filho, trato diferenciado. É um encanto, gosto muito e só de saber ainda existir pessoas cordiais pela aí, entendo que tudo possa ter um jeito, mesmo diante dessa balbúrdia toda.

LADEIRA REFUGA ATÉ CUMPRIMENTO - QUEM SE BANDEOU PARA O LADO DE LÁ FOGE ATÉ EM CUMPRIMENTAR VELHOS CONHECIDOS
Hoje cruzo dentro do Confiança Flex, o da Nações Unidas, com nada menos que Carlos Roberto Ladeira, o ex-vereador bauruense, um que tempos atrás foi prócer da esquerda, mas seduzido por uma sereia de rabo colorido e doce, acabou tucano, sendo hoje considerado de alta plumagem nas hostes do PSDB. Chegou a ser considerado promissor político, com esse seu único mandato, visto por muito como exemplo de bom exercício da vereança. Não passou disso, pois logo a seguir, mudou totalmente de rumo, esqueceu dos amigos do lado de cá e foi de mala e cuia se abrigar no seio tucano, que lhe garantiu empregos e até a gerência num órgão construtor de moradias no estado de SP. Mesmo assim, acabei sentando com ele algumas vezes, até em bares e me dizia ser papo dos mais agradáveis. Isso foi se reduzindo, gerando meros cumprimentos quando de trombadas inesperadas, por exemplo, na banca do Carioca, Feira do Rolo, onde íamos em busca de livros. Ladeira se tornou provocador, chegando a ironizar nesses encontros do fato do PT e esquerda estar envolvida em escândalo, mesmo ciente de muitos deles ser construídos. o tempo passou e hoje, ciente de que a situação se inverteu e quem pode ser ironizado é ele, sua reação na tarde de hoje, quando me vê na fila do mercado, quase lado a lado é a de abaixar a cabeça e fingir não me conhecer. Não mereço nem mais o cumprimento, ao menos como velhos conhecidos. Eu, altivo, tentei encarar o gajo, mas não houve jeito, ele refugou, desviava o olhar e assim o fez até sair do marcado. As pessoas mudam quando trocam de lado e, como se dá com Ladeira, hoje os amigos são outros, os interesses idem, daí, melhor se manter distante, pois a conversa, se ocorrer, pode não ser das mais agradáveis. Relembro o fato logo depois quando cruzo com Cláudio Lago, o presidente do Diretório Municipal do PT em Bauru e ele me diz tê-lo visto recentemente no Calçadão da Batista, quando passa pelo grupo de petistas reunido na Esquina da Resistência. Lago o vê descendo a rua segurando de um jeito um tanto desanimado uma bandeira do Dória, talvez até pelo fato de estar cruzando com ex-aliados e chama sua atenção: "Ô Ladeira, levanta essa bandeira". Só a partir daí ele sacode a mesma e dá aquele risinho sem graça para o lado do velho conhecido. Agora, pelo visto, ele já foge até dos cumprimentos. Eu não, pois continuo convicto de estar do lado certo na contenda da vida e daí sem medo de cumprimentar as pessoas, mesmo sendo elas adversários.
OBS.: Creio eu, Marcelo Borges, outro que se bandeou para o lado de lá, mesmo com todas as diferenças, quando me vê não se furta em cumprimentar e até parar para um papo.

domingo, 22 de dezembro de 2019

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (132)


DOMINGO VALE TUDO

1.) AINDA SOBRE FUTEBOL
Eis o técnico do time inglês. 
Torci pelo Flamengo, não nego, um time de massas, como o que torço, o Corinthians, mas ao tomar conhecimento dos bastidores dos dois, o Liverpool e seu técnico Jurgen Klopp estão muito à frente, principalmente na linha de pensamento e ação sendo seguidas. Admiráveis, o título está em boas mãos. Ah, se o futebol brasileiro tivesse gente atuando com a mesma concepção e sem se vergar aos ditames dos donos de poder do país? Daí, não escondo de ninguém, ter gostado muito da passagem do argentino Sampaoli no Santos. Um ótimo técnico, tirando leite de pedra e fora do campo, lúcido, corajoso e combativo. O Luxemburgo no Vasco da Gama, no Bahia o Roger Machado e o Marcão no Fluminense também me encheram os olhos, tanto em declarações extra-campo, como o que conseguiram fazer dentro das quatro linhas, com elencos não tão grandiosos. É o que tinha para escrever sobre futebol antes de cerrar as cortinas e ir pensar em outras coisas com o final de ano batendo na minha porta. Começo o ano mais noroestino que nunca e nunca entendendo como um time como esse que torço, o de minha aldeia, consegue sobreviver e a cada ano renasce das cinzas, monta elencos inesperados, sem apoios e o jogo segue. Se fosse torcer para um time no Brasil e com os olhos voltados para o que acontece em seus bastidores, creio não torceria para nenhum, pois em todos ocorrem coisas inacreditáveis. Torço, gosto de futebol e sou obrigado a fazer vista grossa para tanto coisa, dentro e fora do futebol. Vivemos engolindo sapões. Eis o link para saber mais sobre o técnico do time inglês: https://www.dw.com/pt-br/j%C3%BCrgen-klopp-muito-al%C3%A9m-do-futebol/a-49046757?fbclid=IwAR32ldy5m10mJY97T9wFiHqYdHm9fDluhL9wu3rEfAjNnBkn-94CvNYtNo4

2.) UTILIZAÇÃO DO TERMO "LIBERTÁRIO"
Anteontem fui abordado por um liberal, desses defensores do liberalismo como salvação pra tudo. Queria fazer de meus ouvidos penico, descarregando sobre mim tudo o que estava armazenado em sua mente e pior, forçando o meu consentimento, concordância. Nos atritamos quando afirmou ser "o individualismo capitalista radical uma das formas mais autênticas de liberdade. Isso sim é ser libertário", me cuspiu solenemente. Subi nas tamancas (no meu caso, alpargatas, o meu pisante preferido). Esse termo, o "libertário" não pode e nem deve ser utilizado ou mesmo, incorporado por quem prega e pratica algo pensando somente em benefício próprio, ainda mais para definir quem vence na vida dentro do sistema excludente. São abusados e desviam tudo para o bel prazer. Se não me engano o termo sempre foi utilizado para designar os militantes antiautoritários do movimento operário e não essa bestialidade que é sujeito vencer na vida de forma individual dentro do sistema capitalista. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Libertário, para mim, tem a ver com essa movimentação em busca de soltar as amarras, se desvencilhar de quem nos oprime, união contra toda forma de exploração, daí, nunca poderia ser utilizado pela direita e, sim pela esquerda. Se deixar, os caras, além da loucura em curso, mudam tudo e nos engambelam até na utilização dos termos antes sugestionados a gente envolvida na luta coletiva. Mandei-o às favas, caçar coquinho. Saiu estrebuchando.

3.) QUANDO SUA FOTO SAI ESTAMPADA NO "BAURU ILUSTRADO"...
"Bauru Ilustrado" é o jornal a relembrar o passado bauruense, pela vertente dos donos do poder e sob a ótica do JC - Jornal da Cidade, único diário impresso da aldeia bauruense, antes propriedade de Alcides Franciscato, hoje domínio de Érico Braga. O encarte mensal, comemorando com essa edição 45 anos de existência é todo produzido pelo jornalista Luciano Dias Pires, dono do maior acervo de fotos históricas dessas plagas e em cada mês, algo a reverenciar a elite dessas plagas em suas mais diversas manifestações. Vez ou outra algo sobre futebol, Cultura, pouquíssima abordagens sobre gente do povo e suas manifestações. Não reclamo, constato. Se o jornal possui uma linha editorial definida, tudo o que nele sai publicado deve obrigatoriamente seguir essa linha. Esse o jornalismo praticado pelas famílias donas da mídia massiva neste país. Dito isso do BI - Bauru Ilustrado, posto aqui uma inusitada foto de antiga composição do Cine Clube bauruense, algo libertário, conseguindo se utilizar dos cinemas locais para levar ao público dessas plagas filmes cults e provocando acalorados debates e quase sempre com casa cheia. O pessoal da foto foi realmente grandioso e merece elogios variados e múltiplos. Muitos amigos na mesma e deles, da atuação que tiveram no passado, não tão "risonho e franco", como sugere o título da seção do periódico, prefiro ressaltar o reconhecimento por terem contribuído e muito para Bauru ter ao menos navegado de forma mais arejada quando esses puderam dar o seu quinhão na área cultural. Termino com a brincadeira que ouvimos pelas ruas da cidade e a repito com eles, os ali na foto estampando a página final do BI: quando sua foto sai estampada no BI é sinal mais que evidente de ter adentrado a terceira idade. Será? Prefiro rir com a brincadeira e deixar registrado do orgulho de em Bauru alguém (esses aí da foto) terem passado por nossas vidas e a agitado um bocadinho mais. Olhando para o passado, constato mais: como teria sido pobre, pequena, reduzida, limitada a vida nessas plagas sem gente como esses da foto. Muitos continuam aprontando até hoje, o que é ótimo. Detesto os que se mudam de lado.

4.) GATO ESCALDADO
Caros amigos do Gato Escaldado (programa de rádio na 750 AM, de Buenos Aires, todo domingo, das 6 às 9h) - Ouço quase todo domingo o brilhante programa de vocês, alento para meus ouvidos, pois aqui no Brasil já não se produz mais programas ao estilo como esse, com total liberdade de expressão. Por aqui, Bauru SP Brasil, tudo dominado, ou seja, somente um dos lados da questão vai ao ar, o lado neoliberal dominando tudo. NÃO EXISTE UMA ÚNICA RÁDIO NA MÍDIA MASSIVA BRASILEIRA DE CUNHO LIBERTÁRIA. Uma perdição. Ouço diariamente a 750 e gosto de quase tudo. No caso de vocês, acordo aos domingos e ligo a versão virtual, computador ligado, tomando café e lendo os jornais e revistas. Peço algo aos amigos do Gato, nesse penúltimo programa. Estou em vias de criar um programa de rádio virtual por aqui, sendo retransmitido via internet e creio que um dos nomes mais sugestivos que possa dar ao mesmo seria GATO ESCALDADO, vindo claro, da inspiração advinda do seu programa. Posso me utilizar? Prometo que, no primeiro programa farei um relato contundente de onde me veio a sugestão para o nome e com a citação desse belo programa, que desde já, sinto falta antes mesmo que termine. Repensem e voltem atrás, pois nossos domingos nunca mais serão os mesmo sem esse GATO miando em nossos ouvidos. Abracito bauruense, paulista e brasileiro do HENRIQUE PERAZZI DE AQUINO - periodista, professor de História, militante político de esquerda e pequeno comerciante (www.mafuadohpa.blogspot.com).

sábado, 21 de dezembro de 2019

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (136)


HIPOCRISIA DO SILÊNCIO – ESSA É A BAURU QUE EU CONHEÇO

O escândalo financeiro na Cohab Bauru aconteceu pouco menos de uma semana, onde foi encontrado mais de R$ 1 milhão e seiscentos mil na casa do presidente da entidade, tudo devidamente fotografado. Ele acabou permanecendo solto e a partir daí algumas especulações, mas de registros via mídia mais nada. Vigora em Bauru a Lei do Bico Calado, ou do "quem tem __ tem medo". O que foi dito e revelado no dia é tudo o que se sabe. Especulações ocorreram, mas é como se nada disso tivesse acontecido e o rio segue seu curso sem nenhum percalço ou intercorrência. Vigora em Bauru velada Lei do Silêncio e ela vale pra tudo. É como se tudo já tivesse sido devidamente superado ou mesmo, nem tivesse acontecido. Não existe mídia investigativa na cidade, pois a maioria dos meios de comunicação locais estão entrelaçados com os donos do poder e esses, pelo que se vê preferem que tudo caia no esquecimento o mais rápido possível.

Vamos aos boatos rolando nas rodas de conversa espalhadas pela cidade. A dinheirama foi encontrada em espécie, dividida em malas e pelo que se vê nos vídeos e fotos divulgadas, parte do dinheiro estava separada em pequenos pacotes. Muitos se perguntam do motivo de tudo estar já dividido? Nada disso veio à tona. A rádio peão difunde a ideia de já ser divisão para a paga de políticos locais. Mera especulação. Isso foi aventado numa roda de gaiatos e na mesma roda, entre risadas outro disse não ser possível um montante como o visto pelas imagens (alguns contaram a grana só de bater os olhos na grossura de cada pacote) para políticos locais, pois esses se vendem por muito menos e o cacife deles não é assim tão alto. Algo é certo, a origem e destinação do dinheiro ainda é desconhecida, mas a certeza na boca dos especialistas de botequim é que, não seria meramente para políticos atuais. Nas rodas de conversa dizem de tudo, que grana dessa natureza abastece políticos desde muito tempo e se puxarem o fio dessa meada, castelos de areia iriam facilmente voar com o vento, várias administrações passadas. Especula-se nesses lugares algo ainda a ser descoberto: De onde vem e para onde ia a grana. Se político local se vende por muito menos, quando se vende, como ouvi sendo repetido nas rodas de conversa, o buraco é muito mais embaixo do que possa imaginar nossa vã filosofia.

Das perguntas ainda sem resposta vai-se direto para o cerne da questão: a Lava Jatinho bauruense foi desbaratada em partes, ou melhor, em drops, chupada (ou digerida) aos poucos e nesse primeiro capítulo, fotos na casa do presidente e tudo o mais sem resposta. O mesmo nem preso foi. Ficou sem a grana de origem duvidosa e continua em liberdade. A cidade carece de informações concretas e verdadeiras, pois a fofoca corre solta. Corria, pois tudo aqui por Bauru tem um prazo. O que era quente ontem, hoje não mais. Em menos de uma semana o tema já está caindo no esquecimento e daqui uns poucos dias, mais nada se falará do assunto. Assim como Caso do Mensalão da AHB navega em mares tranquilos, com seus mentores se safando maravilhosamente, esse caso atual faz relembrar o da grana recolhida no apartamento do filho do Daré, então proprietário da empreiteira Bauruense, tudo oriundo de grana de Furnas, Aécio Neves. Como ninguém mais fala disso pela cidade, logo mais, ninguém mais vai nem mais se lembrar do Caso Cohab, demonstrando o grau de imaturidade e insanidade dos escândalos neste país, todos nunca conhecido num todo. E os que dela se beneficiariam se fingindo de mortos.

Vá aos mesmos bares hoje e constate que, o que se falava dois dias atrás já é assunto superado. E assim com a memória curta e recebendo informações truncadas, fracionadas, segue o jogo por essas plagas.

VAI COMEÇAR O FUTEBOL...
Tantos motivos pra irmos pras ruas e só o fazemos com o futebol
"Ocorre que no Brasil viceja a religião da bola e o País continua de chuteiras. (...) Somente nessas ocasiões avulta a fé brasileira, o patriotismo das bandeiras e do hino em terra que muito pouco produziu fora dos gramados. (...) ...constatar que esse povo espezinhado só vai às ruas para torcer. Haveria de ter outras razões para tanto, mas elas se perdem diante da prepotência da casa-grande, da ignorância geral, da insensatez galopante", Mino Carta.

HPA, que também assistiu Flamengo 0 x 1 Liverpool e assim, faz parte da galera de chuteiras.

SÍMBOLO FOSFORESCENTE DE RESISTÊNCIA

Essa designação do título eu copiei de uma carta publicada na edição desse mês na revista Piauí, agora em dezembro nº 159 (tenho todos os números) e feita pela redação da mesma após ler de dedicado leitor, que além de a ler por inteiro, ainda a marca inteira com “algo excêntrico em mim, que trabalho ainda com marca-texto amarelo-limão”. Eu não saio para a rua sem portar num dos bolsos um caneta qualquer e junto dela o meu marca-texto, também com a cor preferida recaindo no tal do amarelo-limão. O costume de rabiscar e deixar grifado tudo o que leio é antigo e dele não consigo me afastar. Uma praga, pois todos os livros lidos lá no Mafuá eu vou marcando, como os cães machos fazem ao ir demarcando território, fazendo pipi por onde passem, principalmente nos postes, árvores e portões. Grifo tudo. Livros todos demarcados e minha coleção de revistas, todas com meu carimbo pessoal. Penso em consultas posteriores, quase nunca feitas, mas como o acervo é desde mafuento, tudo por aqui tem minha marca gravada a ferro e fogo.

Conto uma historinha por causa deste vício. Certa feita meu compadre, o ator Paulo Betti passou por Bauru e se engraçou de levar na viagem de volta de avião a revista que estava lendo, a edição da semana da Carta Capital. Ofereci de passar numa banca e lhe comprar uma nova, pois a minha já quase toda lida, toda marcada. O danado me deu a resposta a me encher de orgulho: “Quero essa, pois assim já irei sabendo o que mais gostou nos textos. Darei mais atenção exatamente no que foi grifado”. E levou minha revista, tendo eu que, não só comprar outra, como ler inteira, pois sem o grifo não seria a mesma coisa junto das outras.

Outra história, esse quando não podia grifar. Outra mania é a de juntar frases lidas nos livros e depois repassar para um caderno, tudo a mão. Havia emprestado um livro do Rubem Alves, da amiga Gisele Pertinhes, tendo encontrado frases aos borbotões e como não podia grifar com minha caneta marca-texto, coloquei um pontinho de caneta na frente de cada trecho. Terminada a leitura, ia copiando um por um para um caderno. Devolvo o livro e meses depois a Giselle me encontra e diz no meio de um monte de amigos: “Emprestar livro pro Henrique é um saco, pois volta todo cheio de pontinhos nas margens”. Não sabia onde enfiar a cara.

A última história é do furdunço acontecido no Mafuá, encontro de final de ano do bloco Bauru Sem Tomate é Mixto. Empresto livros do acervo, marco quem levou e o nome da obra num caderno e o danado vai viajar por uns tempos, como deve mesmo acontecer com os livros. Desta feita quem levou um foi a Amanda Helena e o escolhido foi um com crônicas da Marilene Felinto, dos tempos quando atuava na Folha de SP como colunista, pouco antes de ser demitida por, segundo eles, esquerdizar demais da conta nos seus escritos. Ela se interessou justamente por aquele pelo simples fato de ir lendo as frases grifadas por mim. Fiquei todo orgulhoso quando a vi mostrando o livro pro advogado Laércio Donizete Gasparini e ambos, lendo as frases todas em voz alta. Levou por causa dos grifos, pois me disse não conhecer a jornalista.

Sou assim e pronto. Cada um com suas manias. Essa uma das minhas, não das piores. Tenho outras, algumas inconfessáveis. Gostei demais do termo “símbolo fosforescente de resistência” e acho adequado para quem o usa como forma de ir grifando as coisas mais aproveitáveis que vai encontrando pela frente.