ATÉ AS DEUSAS ENVELHECEM - OS 50 ANOS DE CAMILA CAPARROZ
Ana Bia, a companheira de todas as horas, não vai ficar brava por ter aqui aberto um flanco e feito uma ODE para a grande e incomensurável CAMILA CAPARROZ, que por algum tempo foi nossa estimada vizinha. Não me peçam para tecer loas para nenhum dondoca destas plagas, pois me recuso terminantemente. Na verdade, as ignoro. Já de uma doce pessoa que, sabe gravitar por todos os lugares imagináveis e inimagináveis destas plagas, tendo já desfilado em destaque no Estrela do Samba, de Tibiriçá, depois no Bauru Sem Tomate é Mixto e com mesma galhardia e sapiência, circula pelos redutos da Zona Sul, onde se diverte até não mais poder.
Camila é isso e muito mais. Fez de tudo um pouco nesta cidade, desde ser atriz, dançarina, socialite e diva. Sim, Camila, com este baita sorriso, de orelha a orelha, conquista quem lhe cerca e esbanja algo impossível de ser adquirido pela imensa maioria dos seres humanos: sabe ser simpática, sem se esforçar para tanto, naturalmente, assim como toca sua vida. Eu e Ana circulamos pelo seu concorrido níver de - pasmem - 50 anos. Seria bobagem repetir que "nem parece". Ela sabe que o tempo está passando e só por causa disto, intensifica a circulação pelos mais diferentes redutos. Tenta se fechar em copas, dentro de um apartamento, mas Bauru, como se sabe, é pequena para tamanha empolgação.
Camila é isso, uma luz própria que lá lhe dá mobilidade e autenticidade. Quando abre a boca para se pronunciar, primeiro vem o baita sorriso e depois uma fala, não feita para agradar, mas expressando seu modo de ser e agir. Ela desfila garbosamente pelas ruas desta cidade do sanduíche. Tira tudo e todos de letra, uma flâneuse, a vertende feminina de flâneur. Ela é uma observadora da cidade, uma caminhante sem pressa que vaga pelas ruas para absorver a vida urbana, a arquitetura e as pessoas, sendo uma figura literária e filosófica popularizada por Baudelaire e Walter Benjamin, simbolizando a experiência moderna e a arte de ver sem ser visto. Enquanto o flâneur é tradicionalmente masculino, a flâneuse é sua contraparte feminina, que ocupa o espaço público, adaptando o conceito à realidade contemporânea e brasileira.
É isso, não só isso. Camila permite-se perder-se na multidão, observando os detalhes da vida urbana, as vitrines e as interações humanas. O ato de caminhar (flânerie) é sem destino, um exercício de ócio e exploração, não de trabalho ou obrigação. Ela o faz conhece as ruas, os cantos e as histórias da cidade, transformando o espaço urbano em um palco para sua experiência. Reflete a experiência da metrópole moderna, a relação entre o indivíduo, a multidão e o capitalismo. Enfim, além de musa inspiradora para milhares de seres - dentre os quais me incluo garbosamente -, ser Camila é algo totalmente único. Não tentem imitá-la, será impossível, pois com a naturalidade dela, mesmo com uso de IA, impossível. Ainda bem ela reside nestas plagas bauruenses e nos alegra bocadinho mais os dias e noites.
OBS.: Antes que me cobrem, escreveria - e escrevo - isso tudo e muito mais de Ana Bia e de algumas poucas pessoas deste cantinho do mundo, o onde vivo.

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