FAUSTO WOLFF NO JB E O CASO CHÁVEZ/REI DA ESPANHA
Fausto Wolff é um escritor da velha cepa. Seus textos me atraem desde que deles me aproximei no velho e bom (insubstituível) O Pasquim, no final dos anos 70. Lá, logo de cara, com algo contundente, não parei mais de me enveredar por seus escritos. Dele, tenho aqui no meu mafuá alguns livros, como “Matem o cantor e chamem o garçom”, “O dia em que comeram o ministro” e “O acrobata pede desculpas e cai”. Quando o jornal terminou, ainda o encontrei na revista Bundas e logo a seguir n’O Pasquim 21. Com o fim desses, só mesmo num site, que uns amigos lhe propiciaram, mas nem sempre possuía textos atualizados. Voltei a ler diariamente, como um operário obrigado a bater cartão todo santo dia, quando o Jornal do Brasil, ou simplesmente o JB do Rio o contratou e ele abrilhantou o famoso Caderno B, um dos culturais mais famosos do Brasil. Abro o site do jornal (http://www.jb.com.br/), viro todas as páginas, amplio a onde está sua crônica diária, dou aquela lida rápida, imprimo, só depois desligo o computador e vou trabalhar. Imprimia grande maioria delas e as tenho aqui, como um livro, tudo na seqüência, guardadinhas e aguardando a encadernação. “Coisa de velho metódico”, isso quem me disse foram as amigas Maria Luiza e Gi, que já se depararam com o amontoado de folhas e folhas.
Meio adoentado, sem poder tomar suas biritas em paz nos pés sujos de Copacabana, ele se debate violentamente, atira para todos os lados e resiste bravamente, como deve ser mesmo a vida da gente. O seu ressentimento maior nos dias de hoje é com o presidente Lula, que ele acidamente chama de sr Luiz Silva e até de molusco (chama FHC de F.C. de M., F.H. do vosso C. e Cardoso Argentoso). Ele não perdoa Lula, talvez pela traição eleitoral (afinal, era nosso depositário de muitas esperanças, de anos e anos). Particularmente o acho um pouco injusto com Lula, pois do país herdado por FHC, demos uma baita de uma positiva caminhada, não nos encontrando mais naquela situação de pires eternamente na mão e subserviente até a medula. Não discuto com meu mestre. Leio, assimilo o que gosto, tanto que passo para frente muita coisa e guardo só para mim o que não gosto muito. Agorinha mesmo, enquanto os jornalões (viciados em bajular nossa elite predadora) batem no venezuelano Chávez, por causa do bate boca com o rei espanhol, Fausto me alegrou por demais com as palavras publicadas em duas belas crônicas: “O inca e o rei(15/11)” e “O gesto atrás do gesto(19/11)”. Alguém tinha que fazer a defesa do índio latino, contra 500 anos de espanhóis, portugueses, ingleses e norte-americanos a nos calar. Ele foi impecável, dizendo tudo o que ficou engasgado na minha garganta. Para aqueles que, ainda ousaram ficar ao lado do rei, leiam o que foi profetizado por Fausto
Não importa se o plano deu inteiramente certo. O que importa é que, para os mal-informados, Chávez cometeu um pecado mortal, pois meteram na cabeça dos católicos que os reis são reis pela gracia de Diós. Começou o plano para derrubar Hugo Chávez, o aventureiro que recuperou a economia da Venezuela (o PIB atual mais elevado da América Latina), convocou e convoca referendos sobre temas importantes para ouvir a opinião do povo. Acabou com os abusos dos bancos; sofreu um golpe de Estado tendo à frente uma rede de TV que tem liberdade para criticá-lo diariamente e assim o faz. Finalmente, a gasolina custa cinco centavos de real o litro. O novo golpe contra Chávez começou essa semana em Madri. Para dar certo depende das nações como a nossa, onde por enquanto, a Espanha já e dona das nossas estradas e campeã em número de agências bancárias no país. Alguém precisa fazer alguma coisa em relação a este inca. Acho que se o Brasil declarar guerra à Bolívia, à Venezuela e ao Equador e acabar com essa farra, receberá uma boa ajuda do Tio Sam."
Nenhum comentário:
Postar um comentário