sábado, 22 de dezembro de 2007

UMA ALFINETADA (13)
Essa eu cabo de publicar hoje lá n'O ALFINETE e sai simultaneamente com o jornal impresso. É uma singela mensagem de felicidade que, poderia até ser usada como algo de muito bom nesses dias de Natal e Passagem de Ano.


UMA FELIZ HISTÓRIA, QUE BEM PODERIA SER NATALINA

O casal é de uma cidade aqui próxima das nossas. Ele, Francisco, 52 anos, desempregado, vivendo de bicos e alcóolatra inveterado. Já teve várias oportunidades na vida e hoje, só não cai numa sarjeta como um mendigo, graças à ex-esposa, Carolina, 52 anos, com quem ainda vive, como bons e eternos amigos. O casamento foi prolongado por causa dos filhos e do amor ao próximo que, ambos souberam cultivar ao longo dos anos. Quanto ao relacionamento a dois, tudo estava mais do que consumado e resolvido, mas juntos permanecem. Afinal, não havia mesmo como abandonar Francisco à própria sorte. O barco é tocado, com a vida levando a ambos, como na música de Zeca Pagodinho.

Ela, sempre muito ativa, viajava diariamente para uma cidade vizinha, maior que a sua, em busca do ganha pão. Por causa dessas viagens acaba conhecendo o caminhoneiro Armando, 49 anos, que diariamente sai daqui de Bauru por volta das 3h da manhã, com uma carga de jornais, cuja distribuição faz por um monte de cidades da região. Passando diariamente pela cidade onde ela mora, no exato horário em que ela está no ponto a esperar sua condução, o encontro era inevitável. Um dia ela perde essa condução e acaba aceitando a carona amiga de Armando, tendo início ali uma nova amizade, que logo desemboca numa mútua atração. Daí para assumirem algo foi um pulo. Pronto, estava nascendo um novo relacionamento.


Em casa não ocorre problema algum, pois com Francisco tudo estava mais doque resolvido. Chato são os comentários inevitáveis em uma pequena cidade, passando a chamá-la de “Dona Flor e seus dois maridos”, pois Armando encerra seu relacionamento em Bauru, cai nos braços de Carolina e passam a morar juntos. A solução foi alugar uma pequena casa para instalar Francisco e um dos filhos. A comida ela continuou fazendo e levando para ambos. Ela passa a viajar diariamente com o novo amor, juntos na boléia, como ajudante e paixão de todas as horas.


Dias atrás, o pacato Francisco, por causa da bebida, acaba se envolvendo numa briga besta com um vizinho e leva um tiro. Precisando de cuidados, quem ao acolhe é Carolina. Faz os curativos todos, desativa a casa onde ele morava e o ampara novamente no antigo e aconchegante lar. Quando essa não pode vir até Bauru com seu Armando, quem o faz é Francisco, pois ambos são muito amigos. A vida segue mais tranquila do que nunca. O filho pensa em construir uma casa só para o pai, talvez ali ao lado, no que Armando apóia e diz, dará toda ajuda possível. Carolina está feliz, vive sua vida sem sobressaltos e sem dar ouvidos à comentários desairosos sobre suas vidas. Já superou essa fase. É o que basta. Diz não precisar de mais nada, pois tem tudo o que quer.


A verdadeira felicidade talvez resida nessas histórias simples do nosso dia-a-dia, pois delas o mundo está cheio. O que vale é sermos todos felizes, não importando muito a forma. E viva o Natal!


Henrique Perazzi de Aquino, 47 anos, lutando uma vida contra os falsos moralistas que, com suas regras pré-concebidas ficam tentando impedir que sejamos felizes. Feliz entradas e saídas para todos.
OBS.: a ilustração é do Erasmo, Jornal de Piracicaba e foi retirada do www.chargeonline.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Que beleza teu blog, meu irmão! Que beleza! Um putabraço e continue assim, vigilante com as coisas do Brasil!